quinta-feira, 7 de maio de 2009

UM ANO DE VIDA…


O “Fórum Marvão” é um espaço de debate livre e independente, criado por um grupo de amigos, que têm como ponto de partida Marvão e vão por aí…
O “Fórum Marvão” tem como principal finalidade, estimular o debate em torno do conceito “Marvão” em todas as vertentes, num concelho e num país, caracterizados por défice de análise e crítica social sérias, centradas na “coisa pública”.
O “Fórum Marvão” pretende assim, debater ideias, opiniões e fazer o seu contraditório, com base no respeito e na tolerância. Aqui haverá lugar para todos os temas: da política ao desporto, da poesia à musica, da vida em sociedade à sexualidade, da saúde ao consumo de drogas, do amor à felicidade, da televisão à literatura, etc., etc. A excepção, será o “ataque ou ofensa pessoal”.
O “Fórum Marvão” é um espaço de Liberdade, um dos valores que consideramos fundamentais, apenas superado pelo da Justiça. Sem Justiça a vida em sociedade não faz sentido e uma sociedade sem Justiça, torna-se uma sociedade ao sabor dos mais fortes e dos mais poderosos. Os outros valores que aqui gostaríamos de ver estimados são: o respeito pela Pessoa Humana, como valor em si mesmo; a Dignidade; a Tolerância; a Igualdade; a Amizade; a Fraternidade; a Coragem; e alguma Democracia.
O “Fórum Marvão” não pretende ser um espaço de intelectuais perfeccionistas, aqui todos poderão entrar desde que se identifiquem e respeitem as ideias dos outros, mesmo que com elas não concordem. Pretende-se, essencialmente, um espaço aberto e de troca.
O “Fórum Marvão” não pretende roubar, copiar, nem fazer mal a ninguém. Este espaço, embora simples, terá que valer por si. Ou então morrerá, tal como nasceu, sem deixar bens nem dívidas aos seus herdeiros.
O “Fórum Marvão” não se identifica com qualquer formação política e a responsabilidade das opiniões aqui expostas serão dos seus autores.

O “Fórum Marvão” brinda ao futuro…

(Fórum Marvão 7/5/2008)

E houve vontades. Ainda bem!

A equipa agora constituída (em que todos os elementos são pilares com igual estatuto e importância) parece-me que tem a quantidade, qualidade e heterogeneidade suficientes para dar consistência a este projecto e possibilitar ao mesmo atingir aquilo a que se propõe.

E o ideal será que muitos outros se envolvam, também, permitindo que o “Fórum Marvão” possa ir perdurando, independentemente de vontades individuais!
Apelo, sobretudo, a que se faça o contraditório, através de comentários às diferentes intervenções. Do contraditório nasce o debate. E isso é que será enriquecedor.
Este blog é um espaço de cidadania!
Nesta primeira intervenção gostaria de deixar uma nota prévia:
Mesmo no período em que residia a 300 kms de distância do meu concelho (Marvão) sempre me senti envolvido no seu percurso. Informava-me do que nele se passava e emitia opiniões, mais ou menos públicas, sobre aquilo que eu considerava importante para o seu desenvolvimento.

Foi por isso (pelas ideias e opiniões) que, mais tarde, fui convidado a integrar, como independente, a lista do PSD à Assembleia Municipal. Como acreditava no projecto aceitei, tendo como único intuito disponibilizar a minha pequena contribuição para o desenvolvimento de Marvão. Estou, portanto, na Assembleia Municipal de Marvão como independente (puro e duro) regendo-me apenas, e só, pela minha consciência. Opino e voto, em cada matéria, subjugado somente à disciplina por ela imposta. Sou apartidário. Não sou apolítico.

Quero com isto dizer que, neste blog, não sou mandatário de ninguém! As minhas intervenções não serão de cariz partidário. Aqui, as minhas opiniões expressarão apenas, e só, as minhas análises das situações, as minhas ideias, as minhas sensações, as minhas perspectivas…

(Bonito Dias 8/7/2008)

Atão, pás???

É com muita surpresa e um bocado de desilusão que entro aqui, dia sim, dia sim, e vejo que dia sim, posts não.

Atão onde está a malta do Pino, esses espíritos sedentos de barómetros cibernéticos que avaliem a pressão da massa cinzenta marvanense?

Onde está o grupo de seus convidados, potenciais mentes acima da média, que aportariam luz, experiência, saber e cultura a este local?

Escrevam, senhoras e senhores. Escrevam.

Sinto-vos inibidos. Dispam-se os casacos da vergonha, as calças e saias dos preconceitos e sentem-se à vontade nos sofás desta tertúlia, que bem precisa de ser animada.

Façam posts. Sintam-se escritores. Faz bem ao ego. Eu adoro quando me dizem que escrevo bem. Sorrio, agradeço e faço que acredito numa coisa que o meu nível de exigência nunca admitiria.

Portanto, vamos lá a dinamizar isto um bocadinho. Sem entrar em competições de quem vai brilhar mais ou menos, é preciso quebrar o gelo e começar a dar tacadas (infelizmente, as que mais gosto de dar, as de golfe, não se podem dar, como seria desejável...) nos sistemas e nos anti-sistemas. Que tudo seja por Marvão.

Eu prometo trazer alguns assuntos à baila, ainda esta noite. Só que a minha filha está-me a chagar a miolêra que quer ir um bocadinho ao messenger. E como filha única, lá terá que ser...

Inté...

(Garraio 19/5/2008)

Por ti Marvão!

Ah Marvão, terra agreste,

dos canchos e das tapadas,

dos caminhos,das levadas,

tanto de bem me fizeste!

Por entre folhagens perenes,

com montanhas e com flores,

até com imberbes amores,

doados pelos meus genes...

Ah, altaneiro Marvão!

No meu sangue tuas gentes.

Azinhos, sobros, pingentes,

domados p'lo gavião,

fazem de ti raiano,

(entr'olivais e vimeiros, lidados por jornaleiros)

gelado, frio, magano!

Quanto de ti Marvão,

da Asseisseira ao Pereiro,

da aloja ao palheiro,

te resta sem ser no chão?

Que padrinhos,

manageiros,

que novos velhos-patrões,

onos teus e dos ganhões,

colhem ora teus castanheiros?

Velho e alto Marvão...

Que é feito dessa raça,

dessa mulher,

desse homem,

desses que da terra comem,

p'la tenrura da rabaça?

Que é feito dessa casta

qu'a linha tomou d'assalto,

levando ovos, café, tabaco,

e agora, velha, se arrasta?

D'aqui saiu o grão-mouro,

p'r'áqui chegou o cristão.

Mas então, porque razão,

não te agarras ao touro,

não esmagas o texugo,

não sufocas a toupeira,

não repousas da canseira,

não desprezas o verdugo?...

que é feito de ti Marvão,

que não sais d'onde eles'tão?

(Lisboa, 15 MAI08 - Luís Bugalhão)



Cultura ao preço da chuva

Frequentemente ouvimos anunciar concertos, exposições, estreias de filmes, mas tudo ou quase tudo, fica a uns kms de distância…nem sempre!!!Também já desfrutei em Marvão de bons momentos culturais… mas hoje apenas me apetece falar de um muito especial…Trata-se de uma coisa tão simples, tão simples que parece mentira…

Numa bela noite, em que não recordo o dia ao certo, mas durante a feira do livro, recebi um convite para participar numa coisa que se chamava, penso eu, se a memória não me falha, “Leituras Partilhadas”… Aceitei o convite, um pouco expectante sobre o que iria acontecer naquela noite, quem estaria por lá…e essas coisas…

Hoje, algum tempo depois, tenho presente que foi um dos melhores momentos nocturnos que já vivi na nossa” mui nobre e sempre leal vila de Marvão”…Convidei duas adolescentes para me ajudarem e a leitura fez-se a três…A partilha foi grande, e os cerca de dez participantes escolheram livros tão diferentes que o resultado foi espantoso …

Lembro-me de alguns escritores que estiveram “presentes”: José Luís Peixoto, Miguel Sousa Tavares, Sofia Mello B. Andersen, José Saramago, Sebastião da Gama…e falham-me alguns…Saí daquela sala tão acolhedora, cheia, a extravasar mesmo…como se tivesse acabado de assistir a um dos melhores concertos da minha vida.Por vezes, não é difícil ter bons momentos de “lazer” quando se fazem coisas tão simples como esta…Não sei se a iniciativa continua ou se já foi enterrada…custa-me a aceitar que estejamos sempre preocupados em mudar, em inovar para que sejamos vistos com excelentes ideias…do género… nós agora temos fazer nascer outro tipo de eventos…só porque é politicamente correcto!!?? Fomos nós que implementámos…Demos nome… e por aí fora.


Penso que umas leituras partilhadas descentralizadas, sugiro: No Verão, na Portagem; Na Primavera em Santo António das Areias; No Outono/Inverno em Marvão seriam, na minha opinião, momentos interessantes…e leitores jovens, menos jovens estariam disponíveis para em regime de voluntariado, note-se bem!!! …animarem alguns serões diferentes e enriquecedores…

A Cultura afinal, também está aqui tão perto!!!

(Luísa Garraio 22/5/2008)

QUEM NÃO TEM CÃO…

Respirar Marvão
O olhar perde-se no horizonte...
A cada passo, na subida
sentimos o respirar da natureza,
o canto das aves invade-nos
mais e cada vez mais, mavioso
O burgo cativa-nos a entrar
e a voltar mais vezes,
sem sabermos bem porquê
O silêncio impera, e, permite-nos ouvir os sons do mesmo
E subimos ... cada vez mais
Lá no cimo, bem no alto respiramos Marvão
Até à próxima visita...

(Maria -25/5/2008)



MARVÃO NÃO É SÓ MARVÃO…

Peço desculpa por este titulo, mas não posso deixar cair em esquecimento as pequenas localidades que fazem parte do nosso concelho.


Marvão é e será sempre Marvão, pela sua singularidade, a sua beleza, o seu encanto, a tranquilidade da sua paisagem...


Mas, e a minha terra, a aldeia macaca como eu lhe chamei há muitos anos...


Era no tempo de escola, onde vir para a parvalheira da minha terra era um suplicio todos os dias, o que hoje se torna perto, para quem se desloca de carro, era de morte (e ainda o é) para quem tinha que vir de camioneta da carreira. Vinha para o fim do mundo, não tinha lá nada... Pensava eu!

Hoje porém, tenho tudo, a minha familia, os encantos das suas ruas, as suas calçadas, o sossego, o cantar dos passarinhos, as belissimas paisagens que descobri por entre trilhos campestres e pelas carteiras no meio das serras...

Acreditem que é reconfortante, voltar às origens todas as sextas-feiras, depois de uma semana de stress, o corre... corre do dia a dia esquece-se quando chego à minha aldeia...

Bem, disse.. disse e ainda não disse o seu nome, não é dificil de adivinhar... é o meu Porto da Espada...


Já muito escrevi sobre ele... descobri sobre ele... e gostava de partilhar com todos...

A paixão que descobri pela minha aldeia, não pode ficar só para mim...

Por ela já fiz, faço e farei sempre tudo o que puder para a fazer conhecida e reconhecida...

Deixo um desafio... para quem quiser participar... não só na minha aldeia, mas por todas as aldeias do nosso concelho... agendarmos passeios, caminhadas e partilharmos com todos, os encantos das nossas terras... do nosso MARVÃO!

Que tal? Domingos de manhã? Aceitam-se sugestões...

(Dai – 27/5/2008)

Diferenças

O Chibo c’os cornos ao sol
O Gato desperta avareza
Grita no arvoredo o Rouxinol
O Burro passeia sua nobreza


O Ouriço á espera está
Que o vento dê um abanão
Se não apostas no “cá cá”
Para onde caminhas MARVÃO

A Toupeira apesar de cega
Escondida pelo chão anda
Não dá mão a quem a pega
Mas é,
quem nas entranhas manda

Roubando o nobre semeador
De horta em horta vagueia
Anda mirrado o agricultor
Com quem lhe saca o que semeia

Trigo roxo, trigo estio
Milho regado e sachado
Anda o sol doentio
Com maleita e acamado

A Lua também torta marcha
P’rá direita e p’rá esquerda
A tiros de lápis e borracha
(P’ra ti fazes e farás sempre)
Porcaria, caca, trampa e merda

(clarimundo lança – 30/5/2008)


INFORMAÇÃO OU FALTA DELA - O MUNÍCIPE/A GUARITA

“O MUNÍCIPE” foi, durante mais de uma dezena de anos, uma publicação de divulgação das iniciativas e obras levadas a cabo pela Autarquia (Câmara e Juntas de Freguesia), e simultaneamente, um elo de ligação entre todos os marvanenses.

Essa publicação chegava a quase todas as casas e famílias do nosso concelho, e era ao mesmo tempo, num concelho (talvez o único da região que não possui qualquer jornal ou outro meio de comunicação social), um dos poucos elos de ligação da diáspora marvanense, já que, quando os “deslocados ou afastados” visitavam as suas famílias, aí encontravam um meio de se informarem da evolução da sua terra e, porque não dizê-lo, do desempenho dos seus dirigentes.

Com a chegada da actual vereação ao governo da nossa autarquia, todos nós pensámos, que fazendo parte dela dois elementos que tinham estado no projecto do último jornal do concelho “O Altaneiro”, que o “Munícipe” não só continuasse, como poderia melhorar a sua qualidade, sobretudo, porque tendo no seu elenco governativo, uma pessoa dinâmica e empreendedora como é Pedro Sobreiro (licenciatura em jornalismo) e um apaixonado pela comunicação social.

Mas o que aconteceu foi o contrário, o pobre “Munícipe” desapareceu.

Ainda teve uma ténue substituição por um seu “irmão” mais novo, a “Guarita”, mas desde aí, e já lá vão 3 anos, que os dois desapareceram do nosso convívio.

Explicação pública não houve.

Quando questionado na Assembleia Municipal sobre o porquê do desaparecimento da publicação, o Presidente da Autarquia invocou como razão para o desaparecimento do boletim, contenção de custos.

Madalena Tavares, anterior vereadora responsável pela publicação do “Munícipe” disse à Assembleia, que os custos com cada Edição, ficava na altura, apenas por 1 000 Euros, o que daria com 4 publicações por ano, um total de 4 000Euros.

Perdeu-se assim, em nossa opinião, mais um elo de ligação entre os marvanenses. Como ao longo dos tempos, outros se têm perdido.

Com um movimento associativo moribundo, com poucas iniciativas sociais, o marvanense, fica assim, cada vez mais isolado, entregue à intoxicação televisiva e ao cultivo da intriga e mal dizer.

No caso do desaparecimento do Boletim Municipal, pelo módico custo de 1 Euro/Munícipe/ano (2 cafés).

Valerá a pena a poupança?

(Jorge Miranda 9/5/2008)

“FAMÍLIA DA ILHA PARAÍSO”

Ontem tive oportunidade de assistir no Canal de televisão SIC, a uma reportagem feita no concelho de Marvão (freguesia da Beirã), sobre uma família originária da Alemanha, e denominada “Família da Ilha Paraíso”.

Para quem não assistiu à reportagem, esta mostrava como é a vida de um grupo de 10 pessoas (4 adultos e 6 crianças), que vivem em comunidade, em convívio aberto com a natureza, com uma alimentação à base de vegetais que eles próprios cultivam sem recurso a produtos químicos, mas ingerindo alguns produtos de origem animal, tais como leite, mel e ovos.

Certamente para um país, de gente cada vez mais urbanizada, que pensam que não se pode sobreviver sem a ingestão das 100 ou 200 gramas de carne ou peixe, o duche diário tomado a horas certas e, que os filhos só podem começar a trabalhar aos 30 anos de idade; ao observarem aqueles “maltrapilhos”, que mais pareciam um grupo de selvagens, descobertos num qualquer local da selva amazónica; devem ter olhado para aquilo como asnáticos a olhar para um convento. Ignorando, certamente, que à excepção da não ingestão de carne ou peixe, e o não possuírem um Computador (como estes!), à 70 ou 80 anos atrás, ou menos, mais de metade da população do concelho de Marvão, vivia naquelas circunstâncias, não por opção, mas, porque não tinham outro remédio (a minha infância não foi muito diferente).

Para muita desta gente, não terá deixado de existir um certo desejo, e mesmo inveja, para experimentarem um tipo de “estilo de vida assim”! Pensarão mesmo alguns, iludidos pelo título da coisa, estarmos perante “o eden”, ou mesmo a felicidade suprema!

Convém no entanto, que aqui façamos algum contraditório e levantemos algumas questões que me parecem importantes para a vida destes “adãos e evas”, mas também para a comunidade onde habitam.

Compete ainda, realçar que nada tenho contra os estilos de vida, usos e costumes de cada um, e sou um devoto da liberdade individual, e cada um é como cada qual, e cada qual…O problema está em, quando essa liberdade individual, começa a por em causa a liberdade colectiva e o equilíbrio de uma comunidade e as suas próprias obrigações…

Há cerca de 15 dias, quando um autarca me falou dessa problemática da “ilha paraíso”, confidenciando-me: “que aquilo era um problema, pois viviam com os animais, as crianças não iam à escola, não consumiam água canalizada, defecavam ao ar livre…”, até pensei para comigo, e daí, quem é que tem a ver com tal, serão menos felizes por isso?Mas perguntei, e as vacinas? Estarão em dia…? Ontem ao ver a reportagem, soube a resposta: NÃO!

E mais, o “adão patriarca” é contra, nada de químicos, quem manda ali é a mãe natureza, e ele, claro!

Lembro aqui, que o problema das grandes epidemias infecciosas, que causaram milhões de mortes no passado, só foram debeladas graças à vacinação, e por isso o PNV, é considerado o mais importante Programa de Saúde, bem mais importante que o uso dos antibióticos, por exemplo.

Acresce ainda esclarecer, que a maioria dos microrganismos causadores das doenças, susceptíveis de prevenir pela vacinação, não foram extintos. Estão por aí, cada vez mais fortes, só à espera de terreno fértil, para atacarem, na sua luta pela sobrevivência.

São exemplos recentes, o surto de sarampo que no último verão, desabrochou na Europa Central, a Europa dos ricos (Alemanha, Áustria, Suiça, Holanda), com graves consequências; e cujas origens, se pensa terem sido este tipo de “ilhas paraíso”, pois por essas bandas, estes estilos de vida, são mais frequentes do que por cá.Convém relembrar, que estes microrganismos sofrem mutações e por isso não atacam só os não vacinados, atacam todos.

Se os nossos "amigos vírus” andarem por aquelas paragens, encontrarão nesta “ilha paraíso da Beirã”, algumas das condições ideais, para se reproduzirem, armarem e prepararem o ataque. Depois, é só apanharem boleia de um qualquer vector (até as abelhinhas lhes servem), e as primeiras consequências, serão para a comunidade marvanense, e sobretudo, as crianças. As deles e as dos outros.E numa comunidade tão dada à religiosidade, como parece ser aquela, convirá sempre perguntar: “… e as crianças meu Deus, que mal fizeram…?”

Por tudo isto, convirá questionar quais as diligências que as entidades responsáveis já tomaram? E as autoridades de saúde já foram alertadas?

Convirá mais uma vez realçar, que não se pretendem estratégias punitivas, mas dialogantes e assertivas, para que a tal “liberdade de poucos”, não interfira com a liberdade de muitos… e todos possamos viver em paz e harmonia!

Quanto ao dormirem ao relento, comerem cru, devolverem à natureza o que ela lhes dá, fumarem uns charros, ou mesmo não irem à escola, etc., etc. Bem, isso é lá com eles…

TA: Já agora, e porque aparecia no final da reportagem, que Marvão não possuía Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, isso não é responsabilidade da “ilha paraíso”, é das entidades locais. Ou será mais uma particularidade em que Marvão é diferente.

(João Bugalhão – 10/12/2009)






APOIO AO DESPORTO JOVEM


Lá estou eu, cara leve e esguia, olhos vivos e envergonhados.

Os outros estão como eu, também um pouco nervosos, afinal o momento é importante.- Agora, agora, diz o homem da máquina.- Já está, ficou bem à primeira.

Assim foi tirado o único retrato da época futebolística, à equipa de futebol. Pensei, agora só para o ano, quando já for Juvenil.

Recordo-me como se fosse hoje, sempre que olho para esta fotografia tirada há trinta anos. Que saudades, que tempo maravilhoso e despreocupado.O que ficou?

Tanto que, senão tivesse feito parte dessa equipa, esse grupo, essa família de irmãos de idade, de cumplicidade, de vivências várias, não seria certamente a pessoa que sou hoje.

Quantos não terão essas mesmas recordações? Quantos reconhecem a importância desse passado comum? Quantos foram moldados, pelas corridas, pelos chutes na bola, pelas conversas e traquinices aos colegas? Quantos aprenderam, sem dar conta, o que é trabalhar em equipa e para a equipa? Quantos aprenderam lições de bom comportamento e o que é respeitar os outros? Quantos ganharam autoconfiança, aprendendo a lidar e ultrapassar os problemas da equipa, o carácter, a capacidade de sacrifício, o trabalho?

Podia continuar a focar outros aspectos importantes, mas fico por aqui.

Os que tiveram esta experiência, sabem a resposta às perguntas feitas. O que é que pretendo com tudo isto?

Apenas alertar, para o importante papel que os clubes ou outras colectividades de futebol têm na formação dos jovens, e que, alguns teimam em esquecer. Jovens esses, que sem se aperceberem, já têm o homem que serão plantados no seu interior, e que mais tarde, há-de emergir com os valores e conquistas semeados nesses tenros anos.
Que importância tem isto? Toda, senão vejamos:

- Ao nível de saúde, os miúdos ganham desenvolvimento muscular em detrimento da obesidade, que lhes dará força, lhes molda o corpo, numa época em que a perfeição corporal é procurada a todo custo.

- Os jovens hiperactivos, com energia a mais, ficam mais calmos, com menos stress, e aprendem a dosear esses piques de energia, por outro lado, os mais calmos aprendem a ser mais espevitados.

- Serão confrontados com um dos aspectos mais importantes da vida, o ter que pensar e decidir com rapidez em prol da equipa, o resto da vida terão que o fazer.

- A nível social, estes jovens fazem amizades duradouras, para a vida.

- Aprendem a trabalhar em grupo, onde cada um tem a sua importância, onde cada um se sente importante, ganha-se a vaidade de fazer parte de algo, de se sentir útil, e mais tarde, entende melhor os conceitos de autoconfiança, do ser positivo e optimista, do que é capacidade de trabalho e humildade.

- Estes clubes ou colectividades de futebol, permitem-lhes deslocações a outros lugares que até então desconheciam, tendo acesso a outros comportamentos, a outras formas de pensar, vão aprendendo a conviver de outra forma.

- Um miúdo no campo de futebol pode ser artista e sonhador, disciplinado ou rebelde, companheiro ou individualista, reclamar o seu território, lutar, decidir, pode ser ele próprio, em liberdade.

Tudo isto sob o olhar atento do treinador, orientador, gestor, mentor, amigo, ou o que lhe quiserem chamar. Pessoalmente, prefiro chamar-lhe companheiro, porque a sua função mais importante não deverá ser a de apontar o dedo ao jovem atleta e indicar-lhe o caminho a seguir, mas sim, o de ser o primeiro a entrar nesse caminho chamando o jovem para seu lado. Tudo isto se irá reflectir na escola.

Claro que não é só nos clubes de futebol que se verifica esta realidade, ela verifica-se nas mais variadas colectividades e actividades, sempre que os jovens são chamados a participar. O fundamental e imperioso é chamar os jovens a participar.

Como é que isso se faz?

Com muita vontade, sacrifício e gosto pelo “fazer”, isto na grande maioria das vezes basta. Os jovens na maior parte do tempo estão só à espera, aborrecidos, esperançados, ansiosos que haja alguém com vontade de “fazer”.

Mas falta ainda outra parte, também ela muito importante e, que retira muitos ganhos futuros da simbiose clubes/jovens desportistas. Refiro-me às Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e empresas locais, que muitas vezes, com um pequeno grão, uma pequena ajuda, alimentam a vida de muitos jovens e tornam possível as coisas acontecerem.
Pensarão alguns, se calhar não é o momento certo para falar em apoios ou ajudas, estamos em crise económica. Não estou de acordo, o momento é certo, é sempre certo, porque a crise que está instalada, não é deste mês nem deste ano, talvez seja dos últimos 10/15 anos, porque a crise não é económica, é de mentalidades.

As Câmaras queixam-se que não têm pessoas, os jovens que representam o capital activo vão-se embora para as cidades que lhes fornecem melhores condições de trabalho. Pois é, prevejo que se vão continuar a queixar, até porque serve de desculpa para muita coisa.

Não há jovens, não há empresas, não há dinheiro, não há desenvolvimento, pára-se no tempo e mais grave na mentalidade.

Mas é legítimo, mais tarde perguntar, porque já se foi jovem, nasceu e cresceu nessas povoações, se pergunte às Câmaras, Juntas e empresas:

- O que fizeram por mim?

- O que me deram?

- Apostaram na minha formação, ou foi mais importante gastar umas massas na celebração de acordos que saem nos jornais, mas que só trazem benefícios fantasmas?

Afinal, somos alentejanos e por isso muito ligados à terra, não podemos por isso esquecer do sábio popular:

“Conforme semeares, assim colherás.”“Conforme fizeres, assim acharás.”
Os jovens devem ser cuidados, acarinhados, ensinados a gostar do que é seu, porque se assim não for, no futuro, aqueles que ficarem, pouca vontade terão de intervir e de melhorar as instituições da sua terra, afinal, só as raízes mais fortes são difíceis de arrancar.

Por isso, a única solução que estas instituições têm, é ajudar, porque na maior parte das vezes, o dinheiro gasto numa rotunda ou numa escultura que ninguém percebe e que nem sequer acrescenta nada à paisagem, dava para apoiar o futebol jovem num clube durante dois ou mais anos.

Não se devem enganar, nem enganar os outros, porque não estão a gastar dinheiro no futebol, estão a ajudar na formação de jovens.

Muito mais coisas haveria a dizer, algumas até desagradáveis, mas os tempos são de realçar o positivo, de encorajar os que têm capacidade mental para intervir, de fazer as coisas acontecer.

Parabéns e um abraço de estima àqueles que quando chegaram ao alto muro, não desistiram, saltaram-no, e a seu lado vão acompanhando os jovens de agora, e que daqui a trinta anos recordarão com saudade este tempos.

(Mário Bugalhão 16/10/2008)



REFLEXÕES DE FIM DE ANO

Permitam-me acrescentar uma reflexão também e que a Miguel Sousa Tavares pertence.

Face à nossa obsessão de vida tão movimentada e possessiva, o texto conduz a reflexão, pese embora tenha sido escrito à data do falecimento da mãe, Sophia de Mello-Breyner, encontro sempre nele muito de verdade.


"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

(Manuel Andrade - 31/12/2oo8)



PS: Os bonecos são da autoria de Hermínio Felizardo

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