quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Uma luz ao fundo do túnel


HOJE NO TRIBUNAL DE CASTELO DE VIDE


Segundo notícia divulgada pela Rádio Portalegre The Edge Group apresentou uma proposta de 750 mil euros para a compra do Golf de Marvão.

Duas propostas, uma delas em branco, foram entregues no processo de venda em hasta pública do Golf de Marvão. A proposta apresentada pelo The Edge Group, detido em cinquenta por cento por Pais do Amaral, foi de 750 mil euros, valor inferior aos dois milhões do valor da globalidade dos bens, tendo sido recusada.
A comissão de credores deverá reunir agora com grupo interessado no sentido de chegar a um acordo. Logo que a compra fique concretizada o grupo The Edge Group pretende iniciar de imediato as obras de recuperação do Campo de Golf e do Empreendimento Turístico e aponta o prazo de um ano e meio para a conclusão. O administrador do Edge Group só acredita na viabilidade do Golf e do Empreendimento Turístico com um funcionamento em simultâneo.
(Notícia retirada de http://castelodevide.blogspot.com/)
Grande Abraço
Bonito Dias

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Situação Financeira e Estratégias da Câmara – o Passado, o Presente e o Futuro…

I - OS DADOS

1- A herança de Manuel Bugalho

2 - Evolução da dívida de curto prazo em 2005


3 - Mapa da dívida bancária no fim de 2005


4 - Em 2006, 1º empréstimo de longo prazo deste mandato - €195.000,00


5 - Situação financeira em 2006 - Os problemas de liquidez agravam-se


6 - Evolução da dívida em 2006 - Crescimento da dívida de C/P


7 - Mapa da dívida bancária no fim de 2006


8 - Aprovada abertura de crédito de C/P em 2007 - €352.000,00

9 - Capacidade de endividamento em Setembro de 2007


10 - Em 2007, 2º empréstimo de longo prazo deste mandato - €750.000,00


11 - Autorização de Abertura de crédito de C/P para 2008


12 - Situação financeira em 2007 - Os problemas de liquidez continuam


13 - Evolução da dívida em 2007 - Dívida de C/P estabiliza


14 - Mapa da dívida bancária no fim de 2007


15 - Em 2007, 3º empréstimo de longo prazo deste mandato - €800.000,00


16 - Anunciada verba (+/- €2.500.000,00) no âmbito do QREN em Julho de 2008


17 - Orçamento 2009 - Projectos em fase de aprovação para concorrer aos fundos comunitários


18 - Projectos (continuação) e Grandes Opções do Plano (GOP) para 2009



19 - GOP 2009 - Indústria




II - A INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

1 – Manuel Bugalho deixou a Câmara com problemas de liquidez. Apesar de existirem apenas três empréstimos de Longo Prazo, no montante global de €688.248,40, verificou-se um acréscimo substancial do endividamento (financiamento e funcionamento) em 2005, ano de eleições. No entanto, os problemas de liquidez já tinham, também, alguma origem nos dois principais projectos em início de execução (rede subterrânea de infra-estruturas em Marvão e enquadramento paisagístico da piscina coberta de S.A.A.).

2 – No princípio de 2006 os projectos da rede subterrânea de Marvão (€ 1.900.000,00) e os arranjos exteriores da piscina de SAA (€600.000,00) estavam no início da sua execução financeira. O primeiro dependia em 22% do orçamento camarário, enquanto que o segundo dependia em 50% desse orçamento. No conjunto, a Câmara viria a alocar cerca de €700.000,00 das suas receitas para investimento a esses projectos no biénio 2006/2007. Atendendo ao atraso no recebimento de grande parte da verba subsidiada, estas obras “sufocaram” a tesouraria da Câmara, causando graves problemas de liquidez. No fim de 2006 faltavam receber €1.235.000,00 de fundos comunitários referentes a obra já executada.

3 – Em Junho de 2007 foi aprovado um empréstimo de curto prazo, no montante de €352.094,00, e em Dezembro do mesmo ano foi aprovada pela AM a possibilidade da Câmara utilizar até ao máximo possível de endividamento de curto prazo para 2008 (cerca de 350.000,00). Estas aberturas de crédito serviram para fazer face aos problemas de tesouraria, não tendo sido utilizadas na totalidade e sendo pagas no período máximo de um ano.

4 – A dívida do Município (financiamento e funcionamento) cresceu cerca de €450.000,00 de 2005 para 2007.

5 - Durante o período em que o actual executivo está em funções foram aprovados três empréstimos de Longo Prazo (20 anos) no montante global de €1.745.000,00. Deste montante, no final de 2007 estava utilizado apenas o primeiro empréstimo, no valor de €195.000,00. Segundo o recente comunicado da Câmara, actualmente estão utilizados €725.000,00, sendo que, portanto, ainda estão por utilizar cerca de €1.000.000,00.

6 – Se agruparmos por grandes rubricas, o montante global dos três empréstimos tem como finalidades:

a) – Vias de comunicação - €215.000,00 (12,32%)
b) – Saneamento básico - €20.000,00 (1,16%)
c) – Infra-estruturas para habitação e prédios rústicos - €1.115.000,00 (63,90%)
d) – Apoio ao desenvolvimento empresarial - € 10.000,00 (1,16%)
e) – Património natural e arquitectónico - €95.000,00 (5,44%)
f) – Projecto campo dos Outeiros - €85.000,00 (4,87%)
g) – Projecto envolvente piscina SAA - €150.000,00 (8,60%)
h) - Projecto do reordenamento das escolas - € 45.000,00 (2,55%)

7 – Antes da aprovação dos segundo e terceiro empréstimos (€1.550.000,00) a capacidade de endividamento de médio longo prazo da Câmara era de cerca de €3.500.000,00 pelo que, agora, a mesma será, “grosso modo”, ainda de € 2.000.000,00.

8 – Em Julho de 2008 foram contratualizadas a verbas do QREN com a Associação de Municípios de Portalegre, cabendo ao concelho de Marvão cerca de €2.500.000,00, cuja execução deverá arrancar já este ano.

9 – As Grandes Opções do Plano para 2009, no que se refere a investimento definido, prevêem €1.592.500,00 (34,8%) para habitação e urbanismo.

10 - As Grandes Opções do Plano para 2009, no que se refere a financiamento definido, prevêem €493.500,00 para desenvolvimento económico (indústria).

11 – O orçamento para o ano de 2009 e seguintes e o mapa dos projectos a concurso aos fundos comunitários permitem verificar que, por um lado, através sobretudo dos empréstimos bancários, a grande aposta já para 2009 é nas infra-estruturas para habitação; por outro lado, no que se refere aos restantes prioridades pode-se afirmar que, para além da modernização do campo dos Outeiros (já aprovado), do saneamento básico e das vias de comunicação, os três grandes projectos para os próximos anos são:

a) – Requalificação do castelo de Marvão e sua envolvente - €1.290.000,00
b) - Apoio ao desenvolvimento empresarial (ninho de empresas e loteamento industrial) - €951.335,00
c) – Requalificação margens rio Sever - €1.228.077,00


III - OS PONTOS A SUBLINHAR

1 - Asfixia inicial da tesouraria da Câmara devida, sobretudo, à demora no pagamento dos fundos comunitários;

2 - Empréstimos de curto prazo para combater os problemas de tesouraria;

3 - Estratégia inicial do executivo condicionada pelos dois grandes projectos iniciados anteriormente;

4- Empréstimos de longo prazo essencialmente para infra-estrutura com habitação;

5 - O montante existente em contas bancárias - €1.405.000,00- (segundo a informação prestada pela Município em 22 de Dezembro último) foi, certamente, uma situação pontual que terá tido a ver com recebimentos recentes, visto que normalmente, pela informação prestada à AM, este valor cifra-se em apenas cerca de ¼ daquele;

6 - Desafogo financeiro para 2009: falta receber €1.000.000,00 dos empréstimos de Longo Prazo; só já falta receber 5% dos fundos comunitários referentes aos dois grandes projectos anteriormente referidos, segundo informação dada na última AM, pelo que a Câmara terá recebido recentemente cerca de €800.000,00 em atraso; margem de endividamento de longo prazo ainda disponível - €2.000.000,000; início da implementação do QREN.


IV - A OPINIÃO

A gestão financeira e estratégica deste executivo esteve muito condicionada, inicialmente, pela situação difícil de tesouraria herdada e, posteriormente, pelos atrasos nos pagamentos das verbas comunitárias. Perante estes condicionalismos parece-me que foi feita uma gestão financeira acertada.

Atendendo à capacidade de endividamento disponível, concordo com o recurso ao crédito para impulsionar a economia do concelho, desde que seja para financiar projectos com esse desiderato.

Perante os dados apresentados parece-me exagerada a verba alocada à habitação e urbanismo e a prioridade dada a esta área. Julgo que o apoio ao desenvolvimento empresarial era mais premente, pelo que esta vertente deveria ter um maior peso relativo e ter sido implementada com maior prioridade.

Na minha opinião, os três grandes projectos para os próximos anos fazem sentido: requalificar a “jóia da coroa” (principal factor de diferenciação e garante do turismo); apoiar o desenvolvimento empresarial (criação de postos de trabalho) e requalificar as margens do rio Sever (aproveitamento das características endógenas, para a promoção turística).

A opção de concorrer ao QREN no âmbito da Associação de Municípios revelou-se acertada.

Não foram alocadas verbas significativas (nem estão previstas) para a promoção da imagem/marca do concelho. Uma terra que se quer turística, se não tem parcerias (como é o caso), tem que se estruturar e investir sozinha na sua promoção/imagem.

Não foi, também, desenvolvido qualquer projecto na implementação de circuitos (pedestres ou outros) que promovessem o contacto com a natureza (área onde somos fortes) e que possibilitassem, em conjunto com a requalificação de pontos de interesse espalhados pelo concelho, a ocupação/permanência dos visitantes.

Neste contexto, 2009 vai ser o ano de maior investimento deste mandato em obras do actual executivo (sendo ano de eleições, vem mesmo a calhar a Victor Frutuoso) e os anos seguintes também serão, de certa forma, desafogados ao nível financeiro, já que prossegue a execução do QREN, haverá, provavelmente, retorno financeiro dos vários loteamentos habitacionais e estará disponível, ainda, uma margem significativa para endividamento.

Boas notícias para o próximo Executivo!


Como prometido, atendendo ao interesse despertado pela troca de acusações recentes entre Executivo e PS, apresentei aqui um resumo sobre a situação financeira da CMM. Julgo que, como membro da AM, esta era também a minha obrigação. Aliás, tenho sempre defendido o esclarecimento e o debate, visto pensar que têm sido, ambos, muito “mal tratados” neste concelho.

As opiniões pessoais versaram apenas sobre aspectos de gestão estratégica da Câmara. Não pretendi, com esta análise, defender/atacar esta ou aquela personagem/facção. Tentei ser isento, só me interessando o esclarecimento e o desenvolvimento do Marvão.

Aguardemos, então, pelas contas de 2008 para complementarmos o cenário…


Nota 1: Os dados apresentados tiveram como fonte actas de reuniões da Câmara e da Assembleia Municipal, bem como os relatórios e contas e orçamentos do Município. Documentos públicos que, aliás, penso que deveriam ser mais divulgados pela Câmara (no seu site/blog oficial, por exemplo).

Nota 2: Se cometi erros na análise dos dados foi por distracção, desconhecimento ou incapacidade.


Grande Abraço
Bonito Dias

domingo, 25 de janeiro de 2009

Este presépio no alto de uma rocha plantado – 1º NO RANKING DOS JARDINS PÚBLICOS PORTUGUESES

Quem em Marvão contacta directamente com turistas está habituado a receber os mais variados comentários, felizmente quase todos positivos. Comentários que não precisam de ser falados: pode ser uma expressão gestual, um transparecer de sensações de qualquer outra ordem.
Se não fosse o meu maldito desleixo com as coisas, já tinha arranjado um bloco de notas onde registar todas aquelas “frases épicas” sobre Marvão de que me é conhecimento, substituindo assim este disco rígido mal arrumado que se aloja por baixo das sobrancelhas.
Lembro-me por exemplo, aquando da I Feira de Gastronomia de Marvão, (já lá vão anos, e eu cada vez menos novo) levei o José Salgueiro, dos Gaiteiros de Lisboa, a ver o pôr-do-sol nos baluartes ocidentais do Castelo. Ele não disse nada que se aproveitasse, mas chorou. Chorou por ver tamanha beleza.

Há, no entanto, uma frase que jamais esquecerei. Passeando pelos Jardins de Marvão, à noite, uma pessoa amiga diz: Isto é como um presépio.
Marvão é de facto um presépio. Um presépio natural, não falemos dos restantes protagonistas do presépio, porque agora não vem ao caso mudar de assunto.

E é um presépio graças ao extraordinário trabalho do meu colega Dionísio Gomes, cujo trabalho artístico não há dinheiro que pague (e das suas ajudantes, como é óbvio). Como o tempo é que “amadura” os figos, veremos se o futuro me dará (ou não) a razão.


Certamente já repararam que o meu poder de síntese não existe, pois a única coisa que eu queria era chamar-vos a atenção para a página:



http://www.floreseplantas.com.pt/

Entrem e votem, sff. Marvão merece.

Onde está a decorrer um concurso dos melhores jardins públicos nacionais.


António Garraio

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

VIVA O 24 DE JANEIRO

UM POUCO DE HISTÓRIA

(EPÍLOGO)

Em princípios de 1897, os Regeneradores no Governo Central caíram enfraquecidos pela acção das oposições, e D. Carlos de acordo com a lei da rotatividade, chamou os Progressistas a formarem governo, que após eleições que promoveram, haveriam de vencer, e assim, serem legitimados nas urnas.

Logo de início este Governo Progressista, começou a tentar criar condições para a restauração da reforma administrativa de Mouzinho da Silveira. Assim em 13 de Janeiro de 1898, fez sair um decreto com o seguinte conteúdo: “Artigo nº 1: São Restaurados os concelhos mencionados no mapa nº 1, que com o presente decreto baixa devidamente autenticado, ficando constituídos com as freguesias que no mesmo mapa lhes são respectivamente designadas e sendo incorporados nos distritos administrativos a que o mapa alude.”

Assim, e pelo mesmo método, com que tinha sido anexado (por decreto central), Marvão e as suas 3 freguesias, voltava a ser uma unidade administrativa, e era de novo Concelho, incorporado no distrito de Portalegre.

Não perderam tempo estes nossos antepassados, e 11 dias depois, em 24 de Janeiro de 1898, os de Castelo de Vide, marcando encontro com os de Marvão, na povoação de Escusa, ali mesmo restituíram aos marvanenses, aquilo que dois anos antes lhes haviam levado. Em acta de 27 de Janeiro da nova vereação de Castelo de Vide, era explicado o seguinte sobre esse acto “… em 24 de Janeiro, na melhor ordem, e de acordo com as instruções do magistrado distrital, fora feita a entrega dos utensílios, mobília e arquivo, que pertenciam ao concelho de Marvão.”

Por Marvão, sabemos hoje, que estava presente António Matos de Magalhães, mas também, muitos marvanenses anónimos.

Em 27 de Janeiro de1898, em cerimónia da Restaurada Câmara Municipal de Marvão, foi nomeada pelo novo Administrador do Concelho, João José Magalhães, uma comissão administrativa que viria a gerir o concelho até à realização de eleições. Essa comissão era presidida por Matos de Magalhães, que era coadjuvado pelos vogais Manuel Joaquim Semedo, Francisco José de Carvalho, José Maria Forte e José Machado.

Na acta da sessão extraordinária que se seguiu a esta posse, ficou lavrado o seguinte: “… estando presentes todos os membros da comissão municipal do concelho, o Sr. Presidente julgando interpretar os sentimentos dos cidadãos d´este concelho, propoz, sendo approvado por unanimidade, um voto de louvor a todos os cooperadores da grande obra patriótica da restauração deste concelho, sendo esta deliberação aclamada entusiasticamente por todos os cidadãos presentes à sessão.”

Opinião do autor:

A um leitor desatento ou apressado, será levado a pensar que os colaboradores heróicos referidos poderiam ser os membros dessa mesma comissão, ou alguns marvanenses anónimos. No entanto, em minha opinião, e da análise que faço do descrito anteriormente, Matos de Magalhães estaria a referir-se a “colaboradores externos”. Esta tese pode ser sustentada em Ofícios que esta comissão municipal endereçou a diversas personalidades e assinados por José Maria Forte, das quais destacamos o Chefe do Governo Central, José Luciano de Castro, a quem foi endereçado o seguinte: “…Tenho a honra de levar ao conhecimento de V. Ex.ª que a Câmara da minha presidência resolveu, como protesto da mais viva gratidão e agradecimento pelo restabelecimento d´este concelho, que o retrato de V. Ex.ª fosse collocado na sala das suas sessões a fim de que a posteridade possa attestar os serviços prestados por V. Ex.ª à causa dos municípios pequenos.”

Outro com teor diferente foi enviado, simultaneamente, ao Governador Civil de Portalegre João de Pina Callado e a José Frederico Laranjo, que dizia o seguinte: “… Tenho a honra de comunicar a V. Ex.ª que a câmara da minha presidência resolveu que à custa d´este município se obtivesse o retrato de V. Ex.ª a fim de ser collocado na sala das sessões, prestando o mais vivo protesto da gratidão e agradecimento pelos serviços que sinceramente prestou à câmara do restabelecimento d´este concelho.”
Por estranho que pareça, consta no Livro de Correspondência Expedida que, um Ofício com o mesmo teor terá sido enviado a António Matos de Magalhães!

Quem terá sido afinal o “HEROI” e a quem se deve a restauração do concelho de Marvão?

Quanto a esse dia 24 de Janeiro, haveria de ser proclamado por muitos anos FERIADO MUNICIPAL EM MARVÃO…

Nota Bibliográfica: A maioria dos factos históricos aqui descritos tiveram por base a Obra de Maria Ana Rodrigues Bernardo: “Centenário da Restauração do Concelho de Marvão”, as opiniões, são do autor destas pobres crónicas.

No comments!

(Clicar para ampliar)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

03 - O QUE NOS RESTA


Leve, leve a lembrança que me resta daquele dia em que, por causa de uns homens que andavam aos tiros lá por Lisboa, não tive de ir à escola.
Foi um dia diferente, pelo inesperado dos acontecimentos, e porque, como não podia ficar sozinho em casa nesse dia de lutas, devido à minha tenra idade, tive que acompanhar a minha mãe para o seu trabalho, na fábrica.

Claro que, teria que me manter quieto e sossegado, para não lhe interromper a labuta, ou chamar a atenção reprovadora do “Mestre Gomes”, que, por ser ali dos lados de Nisa, esticava algumas sílabas no inicio e no fim das palavras que pronunciava.

Várias gerações, antes da minha, tinham lutado por aquele dia que finalmente chegara, e com ele, a esperança.

A esperança num País com liberdade, acima de tudo, mas também com justiça, saúde, educação, habitação, igualdade social e modernização.

Expectativas justas e legitimas, num futuro melhor para esses lutadores populares e seus descendentes, enfim, para o País.

Onde param essas esperanças, essas expectativas, esses sonhos?

Onde param as causas?

Onde pára a vontade daqueles que viveram 74?
Desapareceu ou está adormecida?
Foi arrancada ou está perdida?

Os anos continuam a passar, e quase todos, quase todos os dias nos percorre o sentimento de que caminhamos para coisa nenhuma, que a estrada que palmilhamos não é a nossa, que seguimos sem esperança, sem expectativa ou convicção.
E o pior, parece que não nos importamos.

Deixa andar, talvez amanhã ou no outro dia, apareça novo salvador, e, se também ele for crucificado, resta-nos a esperança de que seremos salvos.
Sentimos que a vida que vivemos não deveria ser a nossa.

O esforço que se faz, para não parecer esforçada a tarefa de ter que educar os filhos.
Os pais e avós a viver em casa dos filhos, muitas vezes devido à força dos laços familiares, é certo, mas quantas vezes não é por não haver dinheiro para pagar os lares ou casas de repouso, ou quantas vezes não é para os filhos poderem contar com as raquíticas pensões dos mais idosos.
As prestações acumulam-se.

O desemprego está à espreita, à espera de apanhar o próximo que passe.
As empresas, umas encerram por tudo, outras por nada.

A frustração vai engolindo geração após geração.
A indignação apodera-se de nós, pela oportunidade perdida.

Ai, Ai que me fogem os sonhos, o futuro e a confiança.

O que somos nós neste laboratório português, em que se experimenta, faz e refaz, destrói e conserta há mais de 30 anos?

A consciência colectiva na melhoria é quase nula.

Ao menos temos o “Magalhães”, mas do que nos serve um ignorante com um computador nas mãos?

O que nos resta?
Talvez a esperança de quem acredita em Portugal, de quem acredita que somos nós, diariamente, os responsáveis pela mudança e pelo sacrifício na preparação do nosso futuro.
Exigindo dignidade e responsabilidade no exercício das funções públicas e privadas.

Todos temos responsabilidades na construção do País, mesmo que desalentados e convictos que entre nós há muitos que não querem saber, que não querem acreditar.
Acredita ou resigna-te.

Ai revolução o que te fizeram, o que te fizemos.

O povo unido já estará arrependido?


Mário Bugalhão

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O CONCELHO DE MARVÃO VAI DESAPARECER? - RELATO DE UM SONHO (I PARTE - A CIMEIRA DO PINO)

DEPOIS DE TER LIDO ATENTAMENTE TODOS ESTES RECORDATÓRIOS HISTÓRICOS QUE O AMIGO JOÃO BUGALHÃO TEVE A AMABILIDADE DE NOS PREPARAR, FUI-ME DEITAR. E TIVE UM SONHO... SONHEI QUE O CONCELHO DE MARVÃO ESTAVA EM RISCOS DE DESAPARECER, TAL E COMO ELE EXISTE ACTUALMENTE. ORA LEIAM... (SE VOS APETECER)


Sentados à mesa, no reservado da tasca do amigo Tonho Zé e da Estrela, ali para os lados do Pino, Zapatero e Sócrates sorriem. Está a terminar mais uma cimeira luso - espanhola, e ao que parece, os resultados agradam a ambos os líderes políticos.

A divina feijoada de marisco já faz parte da história e na pequena sala, paira o aroma do café Delta, embrulhado com uma excelente aguardente caseira. Da raia para lá, Sócrates pode bebê-la sem infringir nenhuma das mil estúpidas normas que, para o efeito, criou.

O tasqueiro Tonho Zé, com um sorriso meio sacana, pede licença para entrar. Em cima da bandeja, transporta uma caixa de excelentes Vega Fina nº 1, importados da República Dominicana, que um cliente despistado deixara esquecidos em cima da mesa onde jantara. Nenhum dos dois líderes se fez rogado, e, enquanto repetiam, uma a uma, as conclusões dos pontos da agenda de trabalhos daquela cimeira, os charutos foram ardendo, sem pressa, mas sem pausa.

Zapatero agradece a Sócrates pelo facto deste ter comunicado que vai legislar a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A partir de agora, Zapatero não será o único Anti-Cristo à luz dos ortodoxos do Vaticano, ao mesmo tempo que o português dá um passo na direcção de uma esquerda que anda mais que escamada com a sua política neo-salazarista (sem ofensa para Salazar).

Em contrapartida, Sócrates quer fazer um TGV não se sabe bem para quê, e um aeroporto cuja prioridade é largamente discutível, em face do estado caótico do país. Para isso tem que eliminar despesas. Ele já fechou repartições, já encerrou infantários e escolas. Já mandou as prenhas ir parir a Badajoz. Mas nada disto chegou. Assim que, para pagar o favor do lobbie gay, Zapatero terá que tomar conta de alguns municípios fronteiriços deprimidos e com pouca população, na sua maioria, da terceira idade.

«Estes municípios, encaixam melhor dentro da realidade espanhola – argumenta Sócrates, tentando convencer “Z” – são velhotes, precisam de medicamentos; em Espanha eles são gratuitos para os reformados. Também necessitam hospitais e centros de saúde, tu em Espanha tens, mas eu quero fechar os meus, resumindo os serviços aos hospitais distritais e às clínicas privadas da capital. Nesta conjuntura, amigo Zapatero, cada português que eu te “der” vai ser mais um voto para ti, e é muito provável que eles te venham a dar a maioria absoluta nas próximas eleições - termina o líder português».
“Zapa" sorriu, sem acreditar muito no que Sócrates estava, a todo o custo, a querer-lhe impingir.
«Poucas pessoas, dão poucos votos, isto é Espanha, não é o teu quintal à beira-mar plantado, ó Zé – retorquiu JL Zapatero, entre duas pensativas passas no charuto – Olha, estou disposto a ajudar-te, de novo. Mas vamos fazer um acordo: eu fico com os teus concelhos fronteiriços, mas arranjas maneira das grandes empresas espanholas ganharem as obras que tu queres fazer. Se não sabes como isso se faz, perguntas ao Dias Loureiro, ou ao Paulo Portas. De acuerdo? Eu dou remédios aos teus velhos, mas preciso de ganhar essas obras. Prevê-se que em 2009, Espanha possa atingir 4 milhões de desempregados e tu vais dar trabalhinho a alguns. De todas as maneiras, não dizes que em Portugal ninguém quer trabalhar? Que os índices de produtividade estão tão baixos que é precisos por-nos de joelhos para os ver?
O nosso Zézito depressa percebeu que, se queria obras megalómanas tinha que engolir o sapo que o seu colega lhe acabava de colocar à frente, mas, estava num beco sem saída. E assumiu o compromisso.

Beberam um copo de água, pediram a conta, ficaram surpreendidíssimos ao pagar tão pouco e lá foram, cada um à sua vida.
Sócrates ainda voltou para trás a pedir desculpa à família portuguesa, por causa daquela coisa da ASAE, mas ele não levaram a mal e até lhe agradeceram, já que agora têm muito mais clientela.
NESTE MOMENTO ACORDEI... E ENTRE AGUARDENTES E COPOS DE ÁGUA, REPAREI QUE TINHA VONTADE DE IR À CASA DE BANHO. VOLTEI A CORRER PARA A CAMA, COM A ESPERANÇA DE REATAR O SONHO E VER O SEU DESENVOLVIMENTO FUTURO...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A PROPÓSITO DA RESTAURAÇÃO DO CONCELHO DE MARVÃO EM 1898


UM POUCO DE HISTÓRIA

(CAPÍTULO III)

De acordo com as fontes que consultámos, tudo aponta, para que integração do concelho de Marvão no de Castelo de Vide em 1895, se tenha feito de uma forma pacífica e com total concordância de todas as partes.

Em nossa opinião, se a reacção do povo nos parece normal, numa época em que a maioria dos habitantes do concelho era gente pobre e dependente de alguns proprietários endinheirados, preocupada muito mais com a sua sobrevivência, do que com questões politicas ou de poder, já muito nos admira a reacção passiva dos dirigentes do concelho, de quem não se conhece qualquer oposição ou resistência aos factos aqui relatados. Sinal que, ou estiveram de acordo, ou foram de facto aliciados pelo Partido Progressista a integrarem uma vereação futura conjunta em Castelo de Vide.

A bem da verdade histórica, é bom que se saiba, que a maioria dos dirigentes autárquicos da época não eram profissionais, eram grandes proprietários da região, que desempenhavam essas funções, mas que, simultaneamente, tinham poder sobre o povo, que deles dependia, e se quisessem (ou pudessem), com facilidade teriam liderado o povo a revoltar-se contra a integração no concelho vizinho. Ora tal, como sabemos não aconteceu!

Em jeito de conclusão do que descrevemos, ficam as palavras de Maria Ana Bernardo, autora da obra – Centenário da Restauração do Concelho de Marvão, quando nos diz que “… de tudo o que se mencionou sobre o sentido das informações inclusas em documentação da administração municipal e concelhia de Castelo de Vide ressalta, por um lado, a satisfação com que os responsáveis por Castelo de Vide receberam o preceituado do decreto de 26 de Setembro de 1895, por outro, o ambiente de normalidade administrativa em que decorreu a anexação e, finalmente, a ausência de indicações sobre protestos oficiais oriundos dos antigos dirigentes de Marvão, ou sobre levantamentos populares.”

Durante estes dois anos em que durou a integração, muito pouco nos chegou até hoje, já que em Marvão não são conhecidos quaisquer documentos de como terá decorrido a vida no concelho durante esse período. E em Castelo de Vide, também as referências são poucas, à excepção de referências a pequenos delitos ou fuga de mancebos ao recenseamento militar.

Ficamos assim sem saber se esta integração terá aproveitado alguma coisa aos marvanenses, pois já o mesmo, não se poderá dizer dos de Castelo de Vide, que em acta de 27 de Janeiro de 1898, da sua vereação, nos chegou a seguinte declaração, com que analisavam o final da anexação de Marvão: “… esta vereação concorreu quanto pode para assinalar as vantagens da anexação dos concelhos de Castelo de Vide e de Marvão, agora desanexados, com grave prejuízo dos povos dos dois concelhos, que sempre viveram na melhor harmonia e assim hão-de continuar, estreitando-se cada vez mais as relações de família que os ligam e a comunidade de interesses comerciais e industriais que convergem a Castelo de Vide pela sua situação e elementos da vida. Crê que a desanexação não será duradoura, por quanto ela não exprime a vontade geral e obedeceu apenas, às veleidades de alguns homens, que levados de “nimio” amor pelas suas ideias sacrificaram a consciência e legítimos interesses dos povos aos seus caprichos. Apela para os testemunhos dos mesmos povos e eles dirão como nos dois anos que estiveram unidos experimentaram benefícios e melhoramentos que chegaram aos lugares mais distantes e como em tudo se revelou melhoria na administração municipal, e d´ora em diante hão-de ver retraídos esses benefícios, principalmente nas freguesias de Marvão onde faltam indivíduos habilitados para a necessária rotação dos cargos públicos, e rendimentos para fazer face às despesas de administração e aos melhoramentos privativos das localidades…”


Parece ser sempre a mesma história os integradores ou colonizadores paternalistas, face aos "desgraçadinhos" integrados ou colonizados…

Passados cem anos, ainda por cá andamos e separados. Com prejuízo? Talvez!
Por muito mais tempo? O futuro dirá…, mas se houver junção, cá por mim e por uma questão de rotatividade (à boa maneira monárquica da época), a Sede, desta vez, será em Marvão.

Veremos como pensam os de Castelo de Vide…

domingo, 18 de janeiro de 2009

A PROPÓSITO DA RESTAURAÇÃO DO CONCELHO DE MARVÃO

UM POUCO DE HISTÓRIA

(CAPÍTULO II)


De facto, se em Marvão, não são conhecidos quaisquer actos nesses dois anos (1895-1897), que revelem que a integração no concelho de Castelo de Vide, tenha sido alvo de resistências ou insurreições por parte dos marvanenses, sobretudo por parte dos seus dirigentes, a quem, certamente, competia liderar essas reações, já o mesmo se não pode dizer em relação aos “integradores castelovidenses”, que esfregaram as mãos de contentes, por verem o seu pobre concelho, passar de 3ª para “2ª classe”, à custa dos marvanenses.

Assim, em Acta da Câmara Municipal de Castelo de Vide, de 1 de Outubro de 1895, uma semana depois da integração, o seu Presidente Pinto Sequeira da Costa (Regenerador), afirmava: “… sendo classificado em segunda ordem o concelho de Castelo de Vide, anexando-lhe o de Marvão, e resultando d’ esse facto, um grande melhoramento que a todo este município deve satisfazer, entendi convidar os meus colegas, para uma sessão solene e especial para comemorarmos este acontecimento e significarmos o nosso reconhecimento a todos os que contribuíram para tão grande benefício…”.

Propôs ainda Sequeira da Costa, que a vereação agradecesse ao Ministro do Reino e ao Governador Civil de Portalegre “… que muito cooperara para conseguir que o concelho fosse elevado a 2ª ordem.” (São sempre os mesmos, e já nessa altura nos lixavam, digo eu!).

Nessa mesma reunião, o Vereador Sequeira pronunciou-se também sobre o acontecido, mostrando igual satisfação, e disponibilizou-se para organizar todas as manifestações públicas relativas ao acto (não se sabe se os marvanenses, sobretudo os seus dirigentes, foram convidados como “animadores” das festividades!!!).
Já no fim dessa reunião, tomou a palavra o Administrador do concelho, Joaquim Fiusa Guião, que afirmou: “… associar-se ao justo contentamento da câmara, e agradecia como delegado do Poder Central, as manifestações endereçadas ao governo e ao magistrado distrital”

De realçar ainda, que na acta da reunião seguinte, o Secretário do Município de Castelo de Vide afirmou que de acordo com o as orientações “… se tinha deslocado à vila de Marvão onde tinha recebido, das mãos de Luís Pinto de Sousa Júnior, Secretário da extinta câmara, o respectivo arquivo”. Acrescentando também, “… que a transição se efectuara na melhor ordem e sossego e que isso ficava lançado em acta, para que a todos os tempos ser conhecido”.

POR ONDE ANDARIAM OS HEROIS DE MARVÃO?

Analise política do autor:

Como foi dito no Capítulo anterior, à data da supressão do concelho de Marvão em 1895 a Vereação de Marvão era presidida por Matos de Magalhães, conotado com o Partido Progressista; enquanto a Vereação de Castelo de Vide era presidida por Sequeira da Costa, do partido Regenerador, que por essa altura era também Governo do Reino, logo, como é lógico, os centralistas facilitaram o sentido dessa integração.

Consta ainda que, nessa altura o partido Progressista era liderado a nível distrital por Frederico Laranjo, que terá prometido e convencido os “dirigentes marvanenses” (Progressistas) a aceitarem a integração em Castelo de Vide, com a promessa de lhes arranjar “um tacho”, no próximo “elenco progressista” camarário de Castelo de Vide, em futuras eleições autárquicas que se realizaram em 1896, e que esses nossos “heróis” aceitaram sem fazer ondas…

Só que Frederico Laranjo nunca cumpriu a promessa. E mesmo que o fizesse, de nada lhe valeria, pois os Regeneradores voltaram a ganhar as eleições na “vala” de Castelo de Vide! O que não se sabe, é se terá sido com o voto dos marvanenses….

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A PROPÓSITO DA RESTAURAÇÃO DO CONCELHO DE MARVÃO EM 1898

UM POUCO DE HISTÓRIA


(CAPÍTULO I)

Situação Política Nacional da Época

Em 26 de Setembro de 1895, por Decreto de Hintz Ribeiro do Partido Regenerador Monárquico, foi suprimido o concelho de Marvão e anexado ao de Castelo de Vide.
Para além de Marvão, foram suprimidos, simultaneamente, no distrito de Portalegre, os concelhos de Gavião, Sousel e Monforte. Pelo que a supressão do concelho de Marvão não deve ser vista como um caso isolado, mas fruto de uma política centralista seguida pelo Partido Regenerador, então no poder.

Mas esta visão centralista, não era apenas dos Regeneradores, já que, também o outro Partido da alternância, o Partido Progressista, concordava. José Luciano, chefe desse partido, afirmava em 1892: “… o Poder Local só servia para gastar impostos e contrair dívidas, são um embaraço e perigo para o futuro e que o melhor era fundir” (onde é que eu já ouvi isto?).

No entanto, a nível Regional, outros dirigentes Progressistas, como Frederico Laranjo em Portalegre, não pensavam assim, e dizia que isso era politica dos Regeneradores: “… que decepavam liceus, suprimiam distritos, extinguiam concelhos e que os povos se deviam revoltar!”

Situação Política Local da Época

Em Marvão em 1895 a então Vereação Camarária era conectada com o Partido Progressista, presidida por António Matos de Magalhães, que tinha como vice-presidente Manuel Rodrigues Pinheiro, e os vereadores José Maria Forte, José Serra Júnior e Francisco Rosado.

Dos documentos que nos chegaram até hoje, esta vereação reuniu pela última vez em 5 de Setembro de 1895, portanto antes da supressão do concelho, para decidir sobre um assunto que nada tinha a ver com este problema (escolher uma representação ao Rei, para que permitisse a entrada de pão vindo de Espanha, em ano de fome).

Até 24 de Janeiro de 1898, data em que se processou a devolução do concelho por parte de Castelo de Vide, não são conhecidos quaisquer actos ou iniciativas, que manifestassem por parte destes, ou restante população de Marvão, qualquer contrariedade ou revolta, contra a “integração centralista” em Castelo de Vide.

Um pouco estranho, não?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

‘Paraíso’ dos Schweikert

‘Paraíso’ dos Schweikert

A melhor forma que tenho de começar este Post, é remeter-vos para o meu comentário, à “Ilha do Paraíso”.
Não existem verdades absolutas, no entanto jamais me poderei dissociar do facto de ser um funcionário da justiça, com formação em Serviço Social.

O que está em causa não é um modelo ou forma de vida, mas sim um grave atropelo aos direitos universais das crianças, o pai deu àquelas crianças a possibilidade de conhecer outras formas de vida?
– Parece-me que não!

O que poderia, segundo alguns ser uma moda, para outros foi uma realidade que os nossos avós e nalguns casos os pais sofreram!
Se o regresso às origens, fosse o caminho pretendido não teríamos saído das cavernas…

Levanto ainda outra questão; Porque vieram para o nosso país?
Será que não fogem de nada?

Realmente o que me preocupa é aquilo que fica nas entrelinhas, e agora não tenho duvidas a família vai abandonar o nosso país e alojar-se noutro paraíso até ser descoberta, é assim que estas comunidades funcionam…

Um abraço

Jorge Miranda

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

INFORMAÇÃO FÓRUM

Um dos temas mais debatidos em Dezembro passado, aqui no Fórum foi - A Ilha Paraíso, que volta agora à actualidade na Edição de Hoje do Jornal Fonte Nova, e que aqui vos deixamos na íntegra.

Paraíso’ dos Schweikert nas mãos da justiça

Em Outubro último, o nosso jornal deu a conhecer a história da família Schweikert e da sua ‘Paradise Island Family’, situada em Marvão, nomeadamente na freguesia da Beirã. Uma família alemã que vive longe da civilização, que apenas come aquilo que a terra lhe dá e que tem hábitos de vida indubitavelmente distintos dos tradicionais.

Esta família não voltaria a ser notícia, não fosse o facto de em Portugal existir uma escolaridade obrigatória e de naquele clã viverem seis menores que não frequentam, nem nunca frequentaram, qualquer estabelecimento de ensino. Posto isto, o Ministério Público decidiu conhecer melhor e averiguar esta história com o objectivo fulcral de saber se existe alguma espécie de perigo para os menores da família alemã.

No âmbito deste processo administrativo, no qual por enquanto está apenas a decorrer uma recolha de informação, Reinhold Schweikert, o patriarca da família, esteve no tribunal Judicial de Castelo de Vide, na passada sexta-feira. Dias antes, também técnicas da Segurança Social e dois militares da GNR haviam passado pelo tribunal para serem ouvidos, uma vez que conhecem a quinta e já lá estiveram.

Depois de cerca de cinco horas a falar com Alexandra Nunes, procuradora e curadora de menores do Ministério Público, Reinhold Schweikert era um homem sereno. À saída do tribunal Reinhold falou com os jornalistas para dizer que "expliquei muito, acho que foi bom". O patriarca da ‘Ilha Paraíso’ garantiu que "eles disseram-me para não ter medo, para não me preocupar porque não vão lá tirar as crianças à força".

Segundo as declarações de Reinhold, ter-lhe-á sido questionado se haveria a possibilidade de uma professora ir até à quinta dos Schweikert, pergunta à qual o alemão respondeu afirmativamente, dizendo que "qualquer pessoa pode lá entrar, é uma escola aberta a todos, com ou sem licença, há sempre algo para ensinar e aprender".

Reinhold explicou que "isto é um processo para explicar todas as nossas coisas, explicar como funciona a nossa escola e quando nos conhecem melhor, já nos entendemos".

Aliviado e satisfeito com a conversa que teve com a procuradora, Reinhold garantiu que "vou continuar por aqui", ao contrário do que havia dito antes de entrar no tribunal, quando deixou no ar a possibilidade de ir para outro país. Apesar de ter mudado de ideias ao longo das horas em que esteve no tribunal, Reinhold lembrou que "quero fazer mais ilhas lá fora, queremos conhecer mais países mas agora vou continuar aqui". Na Beirã ou em qualquer outro local, o patriarca dos Schweikert só tem um objectivo: "queremos viver em família, em contacto com a natureza e sem doenças".

O maior medo de Reinhold está relacionado com o contacto dos seus filhos com a civilização, que ele considera ser "uma droga e que só faz mal às pessoas". O patriarca da ‘ilha paraíso’ receia que "nos tentem trazer à força para a civilização porque quando se faz uma vida na natureza depois a adaptação não é fácil, isso custa muito", chegando mesmo a afirmar que "não quero trazer os meus filhos para esta porcaria porque depois é muito difícil voltarem a sair daqui".

Reinhold deixou a certeza que está disponível para aceitar as sugestões que a justiça lhe venha a apresentar, sublinhando que "agora vamos complementar a escola, ter aulas públicas e fazer tudo de forma mais transparente", referindo-se ao projecto que tem em mente de fazer uma escola dentro da sua quinta, ainda que seja mais direccionada para adultos.

Outra questão que também está certamente a ser averiguada neste processo está relacionada com a higiene, uma vez que na quinta ninguém usa casa-de-banho e, quando alguém tem de expelir fezes ou urina, essas necessidades são feitas na rua. Quanto a isso, Reinhold lembrou que "na casa temos isso, canalizações e tudo, mas isso para nós é uma vergonha, é um dos pecados grandes porque tiras tudo da terra e não devolves nada".

Reinhold terminou, dizendo que se sentiu bem durante toda a conversa com a procuradora e que "correu muito bem".

A ver vamos..., como diz o cego!

domingo, 11 de janeiro de 2009

Movimento por Marvão


(clicar para ampliar)


Ora aí está: mais uma candidatura independente às próximas eleições autárquicas em Marvão!

Este fim-de-semana surgiu o folheto acima digitalizado que publicita o Movimento por Marvão, o qual é constituído por dezassete jovens, com idades compreendidas entre os 21 e 40 anos. Este grupo assume-se como um movimento cívico e político que irá apresentar uma candidatura independente nas eleições autárquicas em Marvão.

Numa primeira análise diria o seguinte:

1 - Parece um grupo organizado (e com financiamento), visto ter apresentado este movimento num folheto atractivo e bem estruturado, com imagem e texto cuidadosamente escolhidos. Apresenta já o endereço do movimento, correio electrónico e um site http://www.movimentopormarvao.com/ já criado (mas ainda sem conteúdos).

2 – Os nomes dos elementos do movimento são apresentados por ordem alfabética, não destacando, propositadamente, nenhum líder. No entanto, parece claro que o mesmo será o Fernando Gomes. O objectivo poderá ser, nesta fase inicial, atrair o maior número possível de apoiantes para engrossar o grupo.

3 – O movimento destaca como objectivos prioritários para o concelho a formação e qualificação dos marvanenses, dinamização da actividade económica, enriquecimento cultural e salvaguarda do património histórico e atenção especial aos jovens e idosos. Contudo, não são, ainda, apontadas as políticas que o grupo preconiza para atingir estes objectivos. Aguardemos por novas comunicações!

4 – A escolha do slogan “Movimento por Marvão” não parece muito feliz já que lembra o da outra candidatura independente cujo slogan apresentado foi “Juntos por Marvão”.


Se todas as candidaturas já publicitadas forem concretizadas, serão pelo menos cinco os candidatos a presidente da Câmara de Marvão nas eleições deste ano. Será interessante esta campanha!

E será que ficamos por aqui?


Grande Abraço
Bonito Dias

Na raia da vergonha!

(clicar para ampliar)



Interessante texto, este, sobre um dos assuntos que ultimamente têm sido por aqui debatidos: a degradação do património na fronteira dos Galegos.

Tendo crescido perto da fronteira, o Garraio, tem uma visão impar sobre este assunto. Alia a razão, que qualquer um pode pôr em prática, com a emoção que, só quem ali cresceu, pode sentir.

Muito curioso este texto!

Deste assunto sublinho, ainda, a informação sobre o projecto da auto-estrada espanhola que, futuramente, poderá chegar até à fronteira. A concretização desse projecto espanhol seria muito importante para Marvão. Implicaria, com certeza, que este concelho tivesse melhores acessibilidades, também, para o lado português.

E isso era bom, muito bom!


Grande Abraço
Bonito Dias

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Análise política séria



E aqui estamos em 2009, ano de muita conversação política.
Como é sabido decide-se este ano quem vamos ter na orientação do país ao longo de mais quatro anos bem como, ao nível autárquico, teremos na condução do nosso concelho.

E a fazer jus do que foi debatido e aceite na Assembleia do passado dia 26, nada de bom se me afigura quer para 2009 quer para o período 2010-2013. E o porquê é muito simples.

Não se trata de dotar de mais verba esta ou aquela rúbrica, nem de fazer mais este ou aquele loteamento. A questão é que na falta de investimento privado deve haver investimento público para activar os poucos agentes económicos e para despoletar a vida deste concelho que definha a cada ano que passa.

Porém, com toda esta situação que se vem arrastando, assisto a uma passividade total do tipo 'laisser faire laisser passé ... la nature est bonne' de uns e o espartilhar das opções partidárias por outros na tentativa de demonstrar que a minha visão é que é a boa, tudo como se os recursos não fossem escassos.

Como uma andorinha por si só não define a Primavera e como para fazer um muro são precisos muitos tijolos, limito-me a trazer para este Forum a minha contribuição.

Assim para os mais estudiosos aconselho, neste dia em que os Reis Magos, entregam as suas prendas ao Menino, duas situações:
a) O livro do Medina Carreira e Ricardo Costa intitulado 'O dever da verdade' (preço 13€)
b) A exploração do site do Instituto Francisco Sá Carneiro em http://www.institutosacarneiro.pt/ onde a diversos níveis são feitas análises e concentradas informações desde o Instituto Nacional de Estatística ao Banco de Portugal, entre outros.

Na proposta a) encontrarão os leitores uma visão muito dura do nosso Portugal. Realista para mim, derrotista para outros. E não obstante o desafio do autor para ser proporcionado um debate com 'optimistas' o certo é que ainda não se verificou.

A proposta b) é uma proposta séria lançada recentemente e que me parece de muito boa qualidade. Poderá parecer tendenciosa por vir de onde vem, mas aconselho vivamente a sua consulta antes de emitirem qualquer opinião.


Termino recomendando a todos o melhor ano de 2009.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Avém 2009

Entrámos em 2009, o ano que parece ser o de todas as desgraças, a julgar pelo que nos quer vender uma Imprensa catastrófica, que mais não pretende que nos prender aos ecrãs ou pasquins jornalísticos, pensando apenas nos seus lucros e tratando-nos como se fossemos meros carneirinhos ou formigas no carreiro.

A situação não é boa, a conjuntura não parece favorável, mas isso é uma situação que em Portugal tem quase nove séculos de história, e, isto por cá se vai mantendo…

Nunca fui um optimista genuíno, mas não quero embarcar em pessimismos "bacocos", e quero acreditar que havemos de ter futuro, crendo naquela máxima que “sempre que se fecha uma porta, se há-de abrir uma janela” e vamos em frente que atrás vem gente!

Quero começar este ano, trazendo aqui ao Fórum uma temática, com que terminámos 2008: A Música, e brindarmos com o Tema que aqui vos deixo. Tendo em conta que, enquanto existirem portugueses com esta criatividade e qualidade, este país tem futuro, assim saibamos expurgar algumas ervas daninhas que por aí têm crescido desmesuradamente.

Garanto-vos que quando ouvi pela primeira vez este tema me arrepiei…

Para todos vós, e, em especial para o meu amigo Pedro Sobreiro os MADREDEUS & A BANDA CÓSMICA. Como seria um concerto desta Banda em Marvão?





Os Madredeus estão de volta. Ou o que resta deles. Sem Teresa Salgueiro, mas com uma banda cósmica. Uma ruptura clara com as sonoridades a que nos habituámos.Especialmente depois do álbum “Faluas do Tejo”, em que a sonoridade do Fado parecia estar a intricar-se cada vez mais na música tradicional Portuguesa que os Madredeus tão garbosamente praticavam. O acordeão já houvera desaparecido. Os timbres eram pautados por delicadas cordas acústicas e sons etéreos. Tudo isso se foi.


Agora surge-nos um trabalho na qual a electrónica tem direito a entrar com protagonismo na guitarra e no baixo. Junte-se uma harpa. Mas sobretudo juntem-se violinos. Muito violino. E de repente parece que estamos num universo de Yann Tiersen ou Rodrigo Leão. As vozes não destoam muito, mesmo assim. A sua colocação ainda relembra a Teresa, embora destituídas do misticismo que a acompanhava.A duração do opus é outra mais-valia: robusta. Acompanha-nos e solidifica-se em nós. Não mais um efémero tom que se esvanece no marketing e na sociedade de consumo desenfreada.Depois, é só deleitarmo-nos por uma viagem por uma banda sonora de cores e sabores interculturais. Brasil e África aparecem-nos a espaços e a tempos.

Vivamos 2009, não existe outro!

João Bugalhão