sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A PROPÓSITO DA RESTAURAÇÃO DO CONCELHO DE MARVÃO EM 1898

UM POUCO DE HISTÓRIA


(CAPÍTULO I)

Situação Política Nacional da Época

Em 26 de Setembro de 1895, por Decreto de Hintz Ribeiro do Partido Regenerador Monárquico, foi suprimido o concelho de Marvão e anexado ao de Castelo de Vide.
Para além de Marvão, foram suprimidos, simultaneamente, no distrito de Portalegre, os concelhos de Gavião, Sousel e Monforte. Pelo que a supressão do concelho de Marvão não deve ser vista como um caso isolado, mas fruto de uma política centralista seguida pelo Partido Regenerador, então no poder.

Mas esta visão centralista, não era apenas dos Regeneradores, já que, também o outro Partido da alternância, o Partido Progressista, concordava. José Luciano, chefe desse partido, afirmava em 1892: “… o Poder Local só servia para gastar impostos e contrair dívidas, são um embaraço e perigo para o futuro e que o melhor era fundir” (onde é que eu já ouvi isto?).

No entanto, a nível Regional, outros dirigentes Progressistas, como Frederico Laranjo em Portalegre, não pensavam assim, e dizia que isso era politica dos Regeneradores: “… que decepavam liceus, suprimiam distritos, extinguiam concelhos e que os povos se deviam revoltar!”

Situação Política Local da Época

Em Marvão em 1895 a então Vereação Camarária era conectada com o Partido Progressista, presidida por António Matos de Magalhães, que tinha como vice-presidente Manuel Rodrigues Pinheiro, e os vereadores José Maria Forte, José Serra Júnior e Francisco Rosado.

Dos documentos que nos chegaram até hoje, esta vereação reuniu pela última vez em 5 de Setembro de 1895, portanto antes da supressão do concelho, para decidir sobre um assunto que nada tinha a ver com este problema (escolher uma representação ao Rei, para que permitisse a entrada de pão vindo de Espanha, em ano de fome).

Até 24 de Janeiro de 1898, data em que se processou a devolução do concelho por parte de Castelo de Vide, não são conhecidos quaisquer actos ou iniciativas, que manifestassem por parte destes, ou restante população de Marvão, qualquer contrariedade ou revolta, contra a “integração centralista” em Castelo de Vide.

Um pouco estranho, não?

Nenhum comentário: