quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O CONCELHO DE MARVÃO VAI DESAPARECER? - RELATO DE UM SONHO (I PARTE - A CIMEIRA DO PINO)

DEPOIS DE TER LIDO ATENTAMENTE TODOS ESTES RECORDATÓRIOS HISTÓRICOS QUE O AMIGO JOÃO BUGALHÃO TEVE A AMABILIDADE DE NOS PREPARAR, FUI-ME DEITAR. E TIVE UM SONHO... SONHEI QUE O CONCELHO DE MARVÃO ESTAVA EM RISCOS DE DESAPARECER, TAL E COMO ELE EXISTE ACTUALMENTE. ORA LEIAM... (SE VOS APETECER)


Sentados à mesa, no reservado da tasca do amigo Tonho Zé e da Estrela, ali para os lados do Pino, Zapatero e Sócrates sorriem. Está a terminar mais uma cimeira luso - espanhola, e ao que parece, os resultados agradam a ambos os líderes políticos.

A divina feijoada de marisco já faz parte da história e na pequena sala, paira o aroma do café Delta, embrulhado com uma excelente aguardente caseira. Da raia para lá, Sócrates pode bebê-la sem infringir nenhuma das mil estúpidas normas que, para o efeito, criou.

O tasqueiro Tonho Zé, com um sorriso meio sacana, pede licença para entrar. Em cima da bandeja, transporta uma caixa de excelentes Vega Fina nº 1, importados da República Dominicana, que um cliente despistado deixara esquecidos em cima da mesa onde jantara. Nenhum dos dois líderes se fez rogado, e, enquanto repetiam, uma a uma, as conclusões dos pontos da agenda de trabalhos daquela cimeira, os charutos foram ardendo, sem pressa, mas sem pausa.

Zapatero agradece a Sócrates pelo facto deste ter comunicado que vai legislar a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A partir de agora, Zapatero não será o único Anti-Cristo à luz dos ortodoxos do Vaticano, ao mesmo tempo que o português dá um passo na direcção de uma esquerda que anda mais que escamada com a sua política neo-salazarista (sem ofensa para Salazar).

Em contrapartida, Sócrates quer fazer um TGV não se sabe bem para quê, e um aeroporto cuja prioridade é largamente discutível, em face do estado caótico do país. Para isso tem que eliminar despesas. Ele já fechou repartições, já encerrou infantários e escolas. Já mandou as prenhas ir parir a Badajoz. Mas nada disto chegou. Assim que, para pagar o favor do lobbie gay, Zapatero terá que tomar conta de alguns municípios fronteiriços deprimidos e com pouca população, na sua maioria, da terceira idade.

«Estes municípios, encaixam melhor dentro da realidade espanhola – argumenta Sócrates, tentando convencer “Z” – são velhotes, precisam de medicamentos; em Espanha eles são gratuitos para os reformados. Também necessitam hospitais e centros de saúde, tu em Espanha tens, mas eu quero fechar os meus, resumindo os serviços aos hospitais distritais e às clínicas privadas da capital. Nesta conjuntura, amigo Zapatero, cada português que eu te “der” vai ser mais um voto para ti, e é muito provável que eles te venham a dar a maioria absoluta nas próximas eleições - termina o líder português».
“Zapa" sorriu, sem acreditar muito no que Sócrates estava, a todo o custo, a querer-lhe impingir.
«Poucas pessoas, dão poucos votos, isto é Espanha, não é o teu quintal à beira-mar plantado, ó Zé – retorquiu JL Zapatero, entre duas pensativas passas no charuto – Olha, estou disposto a ajudar-te, de novo. Mas vamos fazer um acordo: eu fico com os teus concelhos fronteiriços, mas arranjas maneira das grandes empresas espanholas ganharem as obras que tu queres fazer. Se não sabes como isso se faz, perguntas ao Dias Loureiro, ou ao Paulo Portas. De acuerdo? Eu dou remédios aos teus velhos, mas preciso de ganhar essas obras. Prevê-se que em 2009, Espanha possa atingir 4 milhões de desempregados e tu vais dar trabalhinho a alguns. De todas as maneiras, não dizes que em Portugal ninguém quer trabalhar? Que os índices de produtividade estão tão baixos que é precisos por-nos de joelhos para os ver?
O nosso Zézito depressa percebeu que, se queria obras megalómanas tinha que engolir o sapo que o seu colega lhe acabava de colocar à frente, mas, estava num beco sem saída. E assumiu o compromisso.

Beberam um copo de água, pediram a conta, ficaram surpreendidíssimos ao pagar tão pouco e lá foram, cada um à sua vida.
Sócrates ainda voltou para trás a pedir desculpa à família portuguesa, por causa daquela coisa da ASAE, mas ele não levaram a mal e até lhe agradeceram, já que agora têm muito mais clientela.
NESTE MOMENTO ACORDEI... E ENTRE AGUARDENTES E COPOS DE ÁGUA, REPAREI QUE TINHA VONTADE DE IR À CASA DE BANHO. VOLTEI A CORRER PARA A CAMA, COM A ESPERANÇA DE REATAR O SONHO E VER O SEU DESENVOLVIMENTO FUTURO...

4 comentários:

zira disse...

Ah!ah!ah! que imaginação tão fértil.Bem haja pela gargalhada que jorrou despois do "suspense" com que li ávida.Foi bom. Um abraço

victor disse...

Excelente o sonho mas o futuro está complicado desta lado da raia , e sabes que tal como disse Caio Julio César ,"Nos confins da Ibéria, vive um povo que não se governa, nem se deixa governar “

Portugal é mais provinciano e conservador que Espanha, e vivi tempo suficiente nos dois países para o dizer.
Que os índices de produtividade estão tão baixos que é preciso por-nos de joelhos para os ver ?
Que as prenhas vão parir a Badajoz?, claro que sim e Portugal vai aumentar exponencialmente os seus índices de produção, pelo menos no que diz respeito a um produto em especial.
Sim, porque a partir do momento em que fecharem as maternidades, e as criancinhas passarem a nascer em Espanha, Portugal passou a ser o segundo maior produtor mundial de espanhóis.
Acho piada, depois de tanta guerra e de tanta independência e respectivas restaurações, começar agora a produzir espanhóis. E não me venham com a treta de que é tudo Europa, porque essa não cola.
Os portugueses no estrangeiro, entre portugueses, são muito portugueses. Funcionam em pequenos grupos, olham mas não se misturam. Elogiam Espanha, criticam Portugal e, no minuto seguinte, fazem o contrário. São glutões pessimistas – queixas porque não havia pastéis de nata, porque os croquetes eram espanhóis. Salvou-se o queijo da serra, que em Espanha é Queso del Casar .

"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como se comportam os portugueses no dia a dia"

Verdadeiramente português é fazer questão de ser o último a sair.

Um comedor de paella

Garraio disse...

AHAHAHAHAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAH

EXTRAORDINÁRIO, VICTOR!!!

Pertenço a um grupo de famílias raianas, pais raianos, avós raianos, bisavós raianos, muitos deles antigos "comerciantes internacionais", que sempre confundiram isso das nacionalidades, ou melhor, nem se paravam a pensar nesse facto, já que, para eles, como ainda hoje para mim, seria impossível viver sem qualquer dos dois lados da linha imaginária que nos separa.

Por isso, não tenho receio de criticar seja a parte de cá, seja ade lá, porque essa crítica, na minha boca, implica sempre uma auto-crítica.

Há uns meses atrás, um anónimo de um blogue valenciano até tentou fuzilar-me porque eu escrevi que a Extremadura espanhola tinha algumas nuances terceiromundistas. Não exitou em chamar-me português, à laia e insulto, sem se aperceber o pobre, que era a minha costela espanhola a que estava a falar. Faço este comentário contigo, porque sei que o podes entender perfeitamente, mas àquele desgraçado nem me esforcei para explicar.

Acho que o teu comentário tem alguns dados extraordinários. O da nova fábrica de espanholitos é verdadeiramente sublime. Daqui a algumas gerações, se Aljubarrota se repetir, vamos necessitar pelo menos uma dúzia de padeiras!!!!

AHAHAHHAHAHA

Eu até estava farto de pensar nisto, sabia que alguma coisa não me soava bem, mas longe de mi poder resumir esse facto de uma maneira tão "objectiva". Parabéns.

Este tema dava pano para mangas, tanto para comentar os nativos de um lado, como os do outro. E garanto-te que há alguns sobre espanhóis visto á luz dos portugueses que são do melhorio, também.

Agora realidade, realidade, é que, por aqui ao lado da raia, seria melhor que todos se convencessem que a verdadeira força está na união, neste mundo em que cada vez mais, trabalhar de forma isolada, pensar por um só, sempre obterá resultados muito menos expressivos.


Ah.... e a paella, essa invenção dos deuses... (seriam deuses espanhóis!?!??!) AHAHAHAHAHAHAHAHA

Felizardo Cartoon disse...

Brincando desta forma irónica, divertida e certeira, podem dizer-se verdades muito sérias ! É o caso .
Parabéns ao autor e aos comentadores !

Hermínio Felizardo