sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Direito ao Contraditório

Impossibilitado de o fazer pessoalmente, por problemas técnicos, Manuel Isaac, director do AA, solicitou-me, por mail, que colocasse um seu comentário no Post “Juntos por Marvão em Folheto”.
Atendendo à sua extensão, o texto enviado não pode ser colocado como comentário porque excede o número máximo de caracteres permitidos e daí, eventualmente, os “problemas técnicos”…
Desta forma, visto que Manuel Isaac foi “visado” nos comentários do referido Post e não vendo eu qualquer necessidade de lhe solicitar que reduzisse o seu comentário aqui vos deixo o texto completo:

"Respondo a quem assina como Madalena:

O folheto por acaso não me parece grande coisa, mas pode ser porque não o vi fisicamente.

Quanto às fotos, não creio que sejam minhas porque não me lembro que mas tenham pedido nem as reconheço (e reconheço-as todas). Mas se mas pedirem têm-nas de imediato, porque tenho o péssimo hábito de dar (não vendo) as minhas fotos seja a quem for que as queira usar para um fim legítimo. É que entendo que não sou proprietário da imagem mas fiel depositário dela (esquisitices!...)

Mas por acaso não cobri pessoalmente qualquer acção política deste Movimento, pelo que não poderia ceder quaisquer fotos que envolvessem terceiros, mas isso são as regras deontológicas pelas quais cada um se guia.
Quanto ao apoio, nem apoio nem deixo de apoiar qualquer lista.

Por um lado não voto em Marvão, por outro não costumo tomar partido em situações destas, o que não significa que não tenha opções ou que seja capado.

O facto de ser director de um jornal não me impede, se quiser, de apoiar pessoalmente qualquer lista ou candidatura, como aliás não me impede de ser filiado num Partido em que habitualmente não voto nos últimos anos.

Por acaso não apoio, mas se apoiasse isso não retiraria ao jornal um grama de isenção, isenção essa que por opção mantemos, como declaramos no estatuto editorial que a qualquer momento podemos alterar e registar, mas a que nada nem ninguém nos obriga, pois se quiser apoiar uma candidatura, um clube ou seja o que for, temos toda a legitimidade para o fazer. Só é preciso que isso seja claro e evidente para os leitores.

Aliás, no mundo inteiro há inúmeros órgãos de comunicação que apoiam candidaturas. E nos EUA, por exemplo, a maioria define-se nesse apoio. Não sei se reparou, mas grande número de importantes jornais assumiu o apoio a Obama, e isso nem sequer significa que façam campanha por quem apoiam ou não sejam rigorosamente isentos na notícia.

Não vejo onde é que esteja o mal, mal esse que já encontro quando, a coberto da equidistância se fazem campanhas negras contra alguns ou se promovem outros, mas por aí não entro.

Por acaso até sou dos que defendo que devíamos saber sempre a cor política do juiz, porque assim temos mais certeza da isenção da sentença.
... Mas são opiniões.

Pode ainda ficar a saber que no jornal que dirijo optámos por ser regionalistas, ou seja, por assumir a defesa da nossa região, pelo que, e só para lhe dar um exemplo, nada nos impede, até pelo contrário, de defender os interesses de um Município ou da região face ao Poder Central ou até regional. E nem temos de ser isentos, porque se necessário for, não o seremos nessa defesa.
A qualquer momento podemos assumir o ataque ao Governo – a este ou outro qualquer -, à CCDR, a uma Direcção Regional, à TMN ou à EDP, por exemplo, na defesa de um município da nossa região, de uma freguesia, de um grupo de cidadãos, de uma escola ou do que seja.

Aí, se preciso for, na nossa defesa colectiva, o jornal poderá ser uma arma. Mas isso está assumido e é assim.

Não é normal em Portugal isto, mas no nosso jornal assumimos publicamente uma posição contra a introdução de portagens na A23, posição que obviamente não agradou a muitos em termos políticos, mas estamo-nos completamente a borrifar nisso. Considero que a introdução das portagens prejudica a nossa região e todo o corredor em geral, que a estrada foi financiada no pressuposto de não ter portagens e que não há alternativas viárias à A23, por isso assumo essa posição de modo claro e inequívoco, de modo que se for preciso fazer, até fazemos uma campanha.

É a nossa liberdade.

Por último não confundo amigos com candidaturas. E felizmente julgo contar com amigos em várias listas e de diferentes quadrantes em Marvão. No caso da lista da Madalena, sou, com orgulho, amigo de muitos que a integram, como do Alexandre, da Teresa ou do Gomes Esteves, para citar só alguns. E da própria Madalena, claro. E acho mais sério comer com os amigos, ir ao café com os amigos e estar com os amigos - e isso ser visto por toda a gente - do que fugir dos amigos para aparentar isenção, equidistância ou o que seja.

Os amigos são os amigos, o trabalho é o trabalho e sempre, em todo o lado, respondi com a minha cara, seja pelo meu trabalho pessoal, seja pelo trabalho das equipas em que colaboro ou dos colaboradores que tenho, por isso estamos falados.

Se por acaso estivéssemos em Castelo de Vide já lhe dizia outra coisa. Acho as listas de lá tão "complicadas" que só para ser do contra (o que me dá enorme prazer e considero um exercício de cidadania) até disse a uns amigos que parece que vão fazer uma lista independente, para colocarem lá o meu nome como apoiante.
Claro que tenho a certeza que não ganham e até sei antecipadamente quem ganha, de modo que é mesmo uma posição crítica que quero assumir em termos pessoais. Quanto ao jornal, garanto-lhe que não terá preferência alguma. Mas, mais uma vez, podia ter, desde que fosse declarada.

No fim disto confesso-lhe que me agrada muito mais uma matança ou qualquer outra, uma procissão, uns trabalhos sobre património ou até mesmo uns roubos para noticiar, que as campanhas eleitorais, mas também temos de viver com elas.

Disponha sempre

Manuel Isaac Correia
(e sou mesmo eu, desta vez não é ninguém a fazer-se passar por mim)."

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