sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Os responsáveis que temos no Concelho

Acabada que foi a safra da azeitona e regressado ao domicílio primeiro, eis-me perante a minha primeira intervenção neste Forum.

A maioria dos leitores não me conhece mas por este texto fica de imediato a entender que defendo valores que julgo elementares e que para muitos já cairam em desuso. Assim tem sido ao longo da minha vida e assim espero nunca abdicar. A defesa dos valores é cada vez mais importante nos tempos que correm.

Como sabem alguns, por neste Forum já o ter sido publicado, decorreram no passado dia 28 de Novembro as eleições no seio do PSD, cujos reflexos se farão sentir no nosso Concelho.

A situação transportou-me para o ano de 1958.
Recordo-me perfeitamente de ter acompanhado meu pai à Mesa de Votação no Liceu Pedro Nunes da capital. À data era imperioso votar porquanto, à posteriori, era ‘apreciado’ ao pormenor quem tinha faltado. Ao contrário na provincía, a Mesa, já no final do dia e face ao conhecimento quase familiar dos eleitores, abatia nos cadernos eleitorais e colocava mais um voto favorável na urna.

Pois na invernosa noite do dia 28 e quando ainda mal íam decorridos 15 minutos da abertura da Mesa constatei uma tentativa velada de inserção de voto por outrém, ausente. Com a interpelação a respiração foi suspensa e ... voltou-se atrás. Mesmo assim logo alguém se apressou a afirmar que sem tal procedimento não havia quantidade de votos palpável. A estupetefacção deu lugar ao contraditório e daí se passou a outro tema, no intuito de ir preenchendo o tempo até às 23H00, hora do encerramento da Mesa.

Os militantes com e sem direito a voto lá foram aparecendo e até ao encerramento das urnas só haviam votado 9 dos possíveis 25, num universo estimado de 50.

E a surpresa estava para vir. Qual liturgia católica que na catequese se aprendeu como a parábola da duplicação dos pães e dos peixes.
Uma semana decorrida e eis que o relatório rubricado aponta para 13 votos recepcionados.

Como é que uma situação destas ocorre decorridos tantos anos de democracia, implantada no país? Com que objectivos? Como podemos confiar a condução do Concelho quando na presença do seu Presidente, a Mesa elabora o presente relatório?

Ele é nas coisas mais pequenas que nós podemos medir a honestidade das pessoas envolvidas. Um professor de inequívocas responsabilidades no Concelho e um colaborador da Câmara que se aponta como futuro vereador são os signatários, pois presidiram à Mesa, mas o certo é que o Sr Presidente da Concelhía e da Câmara ficou a acompanhar a atitude e não pode aqui ilibar-se de uma situação à qual não é por certo alheio.

A abstenção é uma forma de crítica e essa leitura tem de ser feita por quem de direito. Não vale a pena tapar o sol com a peneira.

Agora o que daqui se extrai é a questão da honestidade, do oportunismo para fazer crer que tudo vai bem no reino e que a atitude não é lesiva dos governados. Os indícios estão aí e isso é relevante da forma da condução dos bens pertença do Concelho. Os actos ficam com quem os pratica, mas como diz o povo ‘tão ladrão é o que rouba na vinha como o que fica a avisar’.

São para mim valores a defender, a honestidade, a transparência e a ética.
Não pactuarei com atropelos, nem me pessam para branquear determinadas atitudes.

É fácil reagir e criticar, mas o que se torna imperioso é agir.
Quem me quiser acompanhar, seja militante de qualquer causa ou independente, encontrará comigo forma de dar a volta por cima.

O Concelho merece e precisa de melhor.

Como se dizía num panfleto de Outubro de 2005 ‘É TEMPO DE MUDAR’.

8 comentários:

Fernando disse...

Caro Manuel Andrade,

Compreendo a sua indignação, mas não tenha ilusões, pois o apelo que faz, ou eu muito me engano ou não encontrará grande eco...

Todos pensamos que é preciso fazer algo, mas dar o passo muito poucos se dispõem a tal.

O que é preciso é uma nova forma de fazer política, assente nos ideais e nos princípios. Só assim os partidos políticos ganharão o respeito da sociedade.

Acredito que desta crise, que hoje começamos a enfrentar, emergirá uma nova geração de políticos que colocarão as pessoas no centro da actividade política, tendo em conta o respeito pelos seus direitos.

A actividade política só faz sentido, quando exercida no respeito pelos valores em que uma sociedade de direito se deve alicerçar.

Saúdo-o pela coragem do texto que aqui deixa...

Unknown disse...

Acabei de ler, com uma das maiores atenções, o texto do Sr. Manuel Andrade, intitulado " OS RESPONSÁVEIS QUE TEMOS NO CONCELHO" e deixe-me dizer-lhe que são actos como este que o Sr. acabou de demonstrar que valorizam e enaltecem a pessoa.

Para mim, os valores e princípios que o norteiam, são extremamente fundamentais e necessários sem dúvida alguma nos dias de hoje.

A sua Coragem, Frontalidade e Determinação, merecem da minha parte os mais sinceros elogios.

Mas voltando ao caso em concreto que aqui torna publicamente conhecido, deve dizer-se em voz clara e bem alta " É UMA VERGONHA ".

São pessoas como as que o Sr. aqui identifica, que querem e que se agarram ao poder de qualquer forma, que atropelam tudo e todos, que desvalorizam e minimizam os órgãos a que pertencem, ou que dito de outra forma se introduziram, na ânsia desmedida do poder.

São estes, que tanto criticavam e criticam as actuações e obras dos anteriores eleitos e responsáveis. ( NÃO SÓ DO ANTERIOR EXECUTIVO COMO DE OUTROS. )

Começamos todos a perceber porque ficaram ou fizeram por ficar certos nomes fora da lista para os órgãos da concelhia.

O acto destas eleições internas só pode ser designado desta forma " UM AUTÊNTICO CRIME ÉTICO E MORAL ".

Sr. Manuel Andrade, pode crer que não está só na intenção mais que urgente e necessária para mudar as pessoas que estão á frente actualmente do destino do nosso Concelho.

Diria para terminar o comentário que este episódio é tão triste, que claramente não chega apenas dizer,

FRANCAMENTE.

Clarimundo Lança disse...

Onde é que eu já vi isto?

Bonito disse...

O Fórum tem mais um colaborador!

Manuel Andrade mostrou vontade de colaborar no Fórum Marvão e, de acordo com os nossos princípios de acolher quem queira participar, enriquecendo assim este blog, o acesso foi-lhe disponibilizado.

A força deste espaço é a pluralidade!

Mais temas, mais ideias, mais opiniões, mais notícias, mais factos… só valorizam o Fórum Marvão. O Fórum não é nosso, é dos marvanenses. É de todos os marvanenses que queiram nele participar, enquadrados no espírito e valores que nortearam a sua criação.

Sublinhe-se que, até ao momento, tanto os post’s, como até os comentários têm mantido um nível elevadíssimo, indo ao encontro dos principais pilares do Fórum: Respeito e tolerância!

Refira-se, aliás, que temos ouvido os mais rasgados elogios ao Fórum Marvão, os quais incidem sobre todos os participantes. Incidem, portanto, sobre os marvanenses. Ouve-se dizer que não é nada normal que um blog desta natureza seja tão rico, no que diz respeito às temáticas desenvolvidas, e que mantenha tal elevação na apresentação e discussão de ideias e opiniões.

Seja bem-vindo Manuel Andrade!

Quanto ao teor deste seu, incontornável, primeiro post diria, apenas, que o mesmo nos relata uma situação inqualificável, lamentável, grave e triste.

Muito triste mesmo!


Grande Abraço
Bonito Dias

João, disse...

Tinha prometido a mim próprio não vir a público comentar esta situação. Porque sou militante do PSD, e considero que os factos aqui trazidos pelo Manuel Andrade são da esfera jurisdicional interna do Partido.

No entanto, decidi que devia fazê-lo. Em primeiro lugar, porque antes de ser militante partidário, sou cidadão deste país; em segundo lugar, pelo respeito que este espaço Fórum Marvão me merece, e com o qual me comprometi a não ter assuntos “tabu”; em terceiro lugar, porque já começaram por aqui a cair umas “pedradas” de quem tem “telhados de vidro” (ainda por cima com pseudónimos, revelando alguma falta de coragem, apesar de todos já sabermos quem são).

Tentarei também, neste comentário, abordar o menos possível, o caso concreto aqui Postado. Embora, se os Órgãos próprios, vierem a provar, os factos relatados como verdadeiros, será grave, e, no mínimo, os seus autores deverão ser responsabilizados pelo partido, que espero, tenham a coragem disso dar conhecimento aos marvanenses, seja qual for a conclusão (culpados ou inocentes).

Vem esta fundamentação a propósito, de uma outra situação, que foi pública no último Verão, passada numas eleições idênticas, num outro concelho, e com outro Partido, também na presidência da Câmara local, no caso o Partido Socialista (PS).

O caso tem relato simples e rápido: “um militante desse partido, chegou ao local à hora marcada para abertura da votação, a mesa era constituída por uma só pessoa, quando esse militante quis saber quem eram os militantes da lista concorrente, foi informado que a dita seria constituída à posteriori, de acordo com os votantes (era pois, na verdadeira acessão do termo “um voto em branco” o que se estava a pedir), quando o meu amigo militante foi votar (sendo o segundo a fazê-lo, já existiam 2 votos na urna, por capricho do destino, foi-lhe explicado, que 1 era o do sr. presidente da câmara, que não tinha posto lá os pés) …

Palavras para quê, é a “demo cracia” portuguesa e os “demos cratas” de m…, no seu melhor!

O que fez o meu amigo? Telefonou ao presidente da Distrital, chamou a Rádio Portalegre e denunciou publicamente essa “camorra”.
Resultados: A eleição foi anulada e até hoje, não voltaram a existir eleições nessa concelhia. Quem manda nessas bandas, nesse partido? O presidente da câmara!

Posto isto, companheiros e camaradas, como diria o Zeca “…é preciso avisar a malta”, ou chamar o “Jeremias Baltazar da Conceição, do Sérgio Godinho (sim aquele que tinha um olho no meio da testa, as orelhas equipadas com radar e tentava não se deixar enganar…., porque, isto de ser bom rapaz, não é só ser bem falante e dar “muitos muitos” beijinhos aos velhinhos e às senhoras ”).

Mas atenção, não será com ”independentes ressabiados”, ou serão recauchutados?

TA: Como diria o Luís: “… é bloco central no seu melhor”

jbuga: Candidato a nada, por enquanto…

João, disse...

No comentário em cima onde se lê Jeremias, deve ler-se Casimiro...

Ai o "alemão"...

Jorge Miranda disse...

Tinha pensado em não comentar este post, não por receio, mas sobretudo porque acho que o Srº Manuel Andrade entrou por um caminho sinuoso, e desculpe a frontalidade, parece que necessita de protagonismo.

Reconheço a coragem de mexer com o poder instituído, mas penso que haveria outras formas de demonstrá-lo, a historia que o Bugalhão aqui conta pode ser um exemplo.

Somos o único país da Europa, em que é fácil ser-se acusador, visto que o ónus da prova cabe ao acusado, para desta forma poder demonstrar a sua inocência.

O que deveríamos estar a comentar em minha opinião é o porquê?

Um partido com cinquenta militantes, participam nove numa eleição e desses nove alguns são os componentes da lista, algo vai mal.

Mas não posso deixar de perguntar onde estão os outros que não concordam com o caminho traçado pelo actual presidente da concelhia, algum se apresentou como alternativa? NÃO

Criticamos apenas por criticar, porque quando temos que nos chegar á frente a maioria fica sentada e tudo são sorrisos e palmadinhas nas costas, porque assumir a diferença tem custos, criam-se inimizades, provocam-se tensões, mas esta é a única forma de se agitar o marasmo em que o Concelho se encontra.

(Se) a versão aqui apresentada corresponder á verdade, aos actuais órgãos do PSD concelhio, só lhes resta uma alternativa, obviamente…

Por isso, Srº Manuel Andrade seja bem vindo a este nosso Fórum.

Um abraço

Jorge Miranda

mena antunes disse...

Li e reli o seu comentário e começo por dizer-lhe que estou de acordo com alguma parte do seu comentário, mas não posso deixar de lhe dizer que ele está carregado do assobramento que sempre perseguiu o maravilhoso concelho que temos, que foram as lutas intestinas que todas as facções politicas sempre tiveram como pratica comum.Assim estamos de acordo que Marvão merece mais, e esse mais seria se esse morro que separa uns dos outros fosse derrubado nas consciências de todos, para que todos unidos dessem a Marvão um futuro radioso, mas continuo a dizer que com os Marvanenses, e temos visto neste forum que existe muita gente com capacidade, não precisamos dos de fora.Quanto ao assunto propriamente dito, cada um toma as atitudes que quer, o semelhante terá capacidade para as julgar, mas sem pender só para um lado, e neste o seu artigo no que concerne á liturgia da igreja está correto no texto porque aqui trata da duplicação dos pães e dos peixes, porque um ,é a sua exposição contra o actual executivo e acima de tudo do PSD, e o outro o do João Bugalhão o PS, e nada tem a ver com a liturgia que diz multiplicação que representará no fundo as consciências de cada um. MENA ANTUNES