segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

"PRÓ-ACTIVOS/REACTIVOS"

No Post anterior vem o Fernando Bonito, a propósito da “recolha dos móveis” da Estação da Beirã pela CP, chamar-nos a atenção para um dos problemas de Gestão Estratégica, que denominou de “agir por pró-actividade ou por reactividade”. Ficando bem claro, que no caso concreto que nos apresenta, a Câmara Municipal de Marvão (a entidade que nos representa a todos nós marvanenses), apenas reagiu, quando, certamente, se aconselharia que tivesse sido pró-activa, e, através de uma qualquer acção preventiva, “talvez” tivesse evitado a perda do património em causa. Quiçá…?

Venho pois, trazer aqui ao Fórum uma outra situação, que apresentei na última Assembleia Municipal, que talvez venha a ter um desfecho idêntico, a julgar por aquilo que foi defendido, pelo actual edil Vítor Frutuoso. Refiro-me, concretamente, ao Património do Bairro da Fronteira do Porto Roque.


Como sabemos, este Bairro da Fronteira foi inaugurado em 1972, como aqui já nos foi dito pelo Kasa, e era constituído “por 20 fogos e 16 edifícios com uma área coberta de 3450m2, em 20 hectares de terreno com as mais elementares infra-estruturas (um luxo para a época), redes de energia, abastecimento de águas, estação depuradora de esgotos, distribuição de gás, telefones externos e internos, antenas de telecomunicações, etc. O custo total do empreendimento foi de 33 000 contos.”
Para além destas infra-estruturas tem ainda o Posto de Turismo, e um Restaurante.

Também é do conhecimento geral, que apesar deste Bairro se encontrar numa zona nobre do concelho – Porta de entrada em Portugal, para quem vem da Europa, o mesmo se encontra em avançado estado de degradação, com poucas casas ocupadas por moradores que, certamente, apenas esperam uma oportunidade para serem “indemnizados”, por uma qualquer “entidade”, para de lá saírem para melhores condições.



É também sabido que este Bairro é Património do Estado, isto é, em última análise de todos nós (portugueses), administrado por um qualquer Instituto a nível Central em Lisboa.

Em minha opinião, este espaço, dava para quase tudo, o que ali se quisesse construir e criar.

Defendi na altura, a ideia de um Projecto de “Aldeamento Social para a 3ª Idade”, porque me parece uma ideia inovadora, pouco vista em Portugal, mas que será no futuro fundamental, para as gerações que aí se adivinham. Com habitações para uma ou duas famílias, com espaços comuns e individuais, onde as pessoas se sentissem como em suas casas, mas com todos os cuidados de apoio social.

Claro que bem sei que isto não são competências autárquicas, nem é isso que estava a propor! À autarquia apenas se pretenderia que fosse o facilitador, o parceiro, o “enzima”, que numa primeira fase se apresentasse junto desse Instituto Central e negociasse o Património, e, se possível o adquirisse, por inteiro. Negociando-o de seguida, com uma Instituição Social, ou mesmo com Privados que garantissem essa finalidade.

Não me vou aqui alargar muito mais, apenas referir que o Sr. Presidente, acha isso um “absurdo”! Com a explicação de que, actualmente, essas infra-estruturas, não têm condições para tal Projecto….

Ao que eu respondo: A quem pertencia o actual Edifício da Unidade de Cuidados Continuados da Beirã? (R: A um qualquer Instituto Central, penso que até o mesmo que detém a propriedade do referido Bairro); Estava capaz de receber os Serviços que lá funcionam actualmente? (R: Não, tiveram que se fazer obras profundas); Foi um bom investimento? (R: Claro que foi, criou emprego e trás fundos exteriores ao concelho).

Então imagine-se o Projecto do Porto Roque? Que até podia ser transfronteiriço…





TA: Se não for este ramo, poderá ser outro depende da imaginação PRÓ-ACTIVA. Agora não percamos mais este Património. Senão, depois, vamos andar a ser “REACTIVOS” e a fazer como o S. Brás, que primeiro, não quis o “chibo” e depois vá de “correr” atraz dele…

2 comentários:

Jorge Miranda disse...

Não deixo de constatar com tristeza, que em relação a estes dois posts, estou mais parecido com um antigo primeiro-ministro (raramente me engano ou tenho duvidas).
Se no caso do mobiliário, toda esta exposição pública se deve apenas a uma pessoa à Dª Mimi (um grande bem haja), porque de outra forma tenho quase a certeza que o actual executivo, não teria mexido uma palha e toda esta acção passaria despercebida aos olhos dos Marvanenses.
Quando ouço o Presidente do Município dizer na RTP1, que a Autarquia não pode adquirir nada que não lhe seja proposto, está tudo dito, sensibilidade e bom senso cada um toma o que quer…
Mas não é só o mobiliário da CP que está em causa, o que está em causa é a nossa memória colectiva como Marvanenses.
Será que já alguém por exemplo pensou na possibilidade de fazer uma casa/museu dedicado à agricultura?
Será que alguém pensou no espólio etnográfico riquíssimo que a Herdade do Pereiro encerra, desde carroças, arreios, alfaias e instrumentos agrícolas de outras épocas?
Não será possível a Autarquia negociar com os proprietários a cedência deste espólio se ainda existir?
As obras são importantes, mas a memória das pessoas não deve ser esquecida!!!
Em relação á Aldeia Social do Bugalhão, irei apresentar um post brevemente.
Um abraço
Jorge Miranda

298 - Manuel Andrade disse...

Meu Caro João

Quando nos finais dos anos 90 andei atrás deste espólio, quer com a Brigada Fiscal, quer com a Direcção Geral das Alfândegas quer com as Pousadas de Portugal sempre pensei que atrás de mim viesse uma entidade que estando mais bem posicionada pudesse resolver a situação. Enganei-me mas tinha as mãos e os pés atados.

E estava nessa situação porque da mesma forma tinha um despacho da Direcção Geral do Património para 'dar uso' ao Prédio da Alfândega e eis se não quando dou por mim, o despacho fora rasgado vindo a prevalecer a bonita coisa que foi a compra por 10 mil contos.

Dessa hora em diante informei o responsável por todas as vicissitudes que a Associação a que presidía desistia de colaborar.

E quem foi esse responsável?, pergunta-se. Pois foi nada menos que o anterior edil.

Conheci ambos os patrimónios porque neles habitei e sei das suas capacidades e constrangimentos. Uma coisa é certa, quanto mais tarde acudirmos pior os recebemos. Já sugeri ao actual Presidente para os adquirir por 1 Euro, tal como estão e com essa prorrogativa despotelar a sua legalização e reparação.

Opino que tal como a Casa de D Dinis a edilidade pode muito bem lançar concursos para a sua exploração, enquanto lança o edifício central em multi-uso.
Tudo menos a ostentação do vandalismo patente.

Quem entra no País por esta nossa porta, e encara com o antigo Posto da Guarda Fiscal escancarado e de vidros partidos deve ficar bem impressionado.