quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Show off de trazer por casa




Numa raia sem fronteiras há por aí certas pessoas que ainda me conseguem espantar pela forma como ludibriam os seus congéneres.

A noite de 24 de Janeiro é histórica para Marvão, assinala o aniversário da Restauração do Concelho, assinala a forma como em 1898 um grupo de Marvanenses se deslocou a Castelo de Vide de forma a recuperar a autonomia da sua Terra. A época era muito parecida com a de hoje, o défice estava instalado e a instabilidade governativa era uma certeza, mas os protagonistas, esses, eram muito diferentes.

Numa noite tão histórica, como é possível a organização de um evento de uma forma tão despreocupada. Será que eles não sentem o mesmo que eu? Será que conseguem viver com o facto de fazerem apenas o necessário, e não arregaçar as mangas em prol de Marvão? Não tenho resposta para isto; tenho, sim, imensas dúvidas.

O evento que assinalou a Restauração do Concelho começou com uma apresentação do Vereador da Cultura. Uma apresentação do que ali se iria passar, e das pessoas (os convidados) que ali estavam passar assinalar aquela cerimónia. A primeira parte foi perceptível, mas a segunda confesso que não percebi, dado que o Vereador não sabia ou não se lembrava dos nomes da maioria das pessoas que apresentou, nomeadamente um Deputado Regional espanhol e o Presidente da CIMAA. São assim que os eventos são preparados no Concelho de Marvão, e digo-vos que o pessoal já começa a ficar farto. Sinónimo disso mesmo foi a expressão que vi na cara, dos poucos, munícipes que ali estavam.

Seguiu-se uma eloquente apresentação do professor Jorge Oliveira sobre as relações entre Marvão e Valência de Alcântara (da qual deixo um texto abaixo), que segundo ele datam do quarto milénio antes de cristo. Esta, em simultâneo com o espectáculo final das Escolas de Música de Marvão e Valência de Alcântara, foi a melhor parte de tal malfadado evento.

No meio é que costuma estar a virtude, mas neste caso não foi assim. Dado que subiram ao palanque o Presidente da Câmara Municipal de Marvão e o Alcaide de Valência de Alcântara, para a assinatura do Protocolo de Cooperação entre os dois municípios. O Presidente da Câmara Municipal de Marvão usou da palavra para fazer um discurso que começa a estar cada vez mais gasto, espelho disso mesmo foi que ao longo da sessão não conseguiu arrancar palmas da audiência. Por seu lado, o Alcaide de Valência de Alcântara com um discurso jovem e de futuro arrebatou o auditório. Até aqui tudo bem (e normal, digo eu).

Após estes discursos, o Presidente da Câmara Municipal de Marvão leu em voz alta o dito Protocolo, que não passa de mais um daqueles acordos que já existiam entre Marvão e Valência. Nada mais é do que um conjunto de princípios e intenções, em vez de se estabelecerem projectos concretos e troca de serviços efectivos, não; andamos a brincar aos românticos! Fixe! Tudo bem (digo eu), é a sua concepção de desenvolvimento territorial e transfronteiriço! Mas o que mais me CHOCOU foi um ponto que dizia que aquele o Protocolo iria ser assinado oficialmente a 24 de Agosto em Espanha e 8 de Setembro em Portugal. Mas o que é isto? Andam a brincar com os munícipes ou não tinham mais nada para colocar nesta cerimónia? O que assinaram (sim porque estiveram à frente das pessoas e dos jornalistas a rabiscar uns papéis) os responsáveis dos dois municípios, se a assinatura oficial vai ser no Verão?

Enfim, este evento foi como tantos outros, aquilo que serviu foi apenas fazer show off, mas daqueles de trazer por casa.

A Gente está farta disto Sr. Presidente!






(Clicar sobre o Documento para ler)

2 comentários:

João, disse...

Meu caro Tiago é bom saber que jovens como tu se indignam com estas questões da “organização”, mais concretamente, com a falta dela.

Em minha opinião, «a desorganização», é um dos cancros da sociedade portuguesa, e quiçá, um das causas mais responsáveis pela grave situação em que nos encontramos, como país e como povo.

Só assim se justifica que o português, quando fora do seu país, são das pessoas mais apreciadas consideradas, responsáveis por altos níveis de realização desses países, veja-se o caso de duas comunidades: Luxemburgo e Alemanha; e no seu próprio meio é aquilo que se sabe. Para mim a resposta está na “DESORGANIZAÇÃO”.

Isto não é um problema de quem executa, isto, como tu afirmavas num outro Post, é um problema de Liderança, mais concretamente de quem gere. Como afirmou o nosso grande Camões: “um fraco rei faz fraca a forte gente...”.

E é nestas pequenas coisas que tudo começa. É muito difícil admitir que quem falha nestas pequenas organizações, esteja à altura de médios e grandes eventos ou de maior complexidade.

No caso concreto do Executivo de Marvão, a «desorganização» tem sido recorrente. Veja-se os casos das cerimónias das comemorações dos vários “25 de Abril” e dos dias do feriado municipal. Vergonha atrás de vergonha.

Porque não aprendem? Bem, certamente, porque não a possuem. E como será nas coisas mais complexas? Ou como estará a ser?

Jorge Miranda disse...

Como diria o Diácono Remédios" Ó meussss amigos nan habia nesseciade disso",
Penso que a maior parte já percebeu a necessidade( afinal sei escrever a palavra)que algumas pessoas têm dos Holofotes, ser noticia, nem que seja pelo ridículo é sempre "bom".
Aprendi com um amigo há já muitos anos que o vinho é que induca e o fado é que instrói...
um abraço