quinta-feira, 3 de julho de 2008

Mudam-se os tempos...mudam-se as vontades...

Lembro-me nos finais dos anos 80 (talvez em 87 ou 88), no início da presidência de António Andrade, se ter organizado em Marvão, a 1ª Feira de Artesanato e Gastronomia, com localização no Largo do Terreiro, na sede do concelho, sem me recordar muito bem do porquê, não teve este evento continuidade.

Uma década depois, já no final dos anos 90, na presidência de Manuel Bugalho, este evento voltou a animar a Vila de Marvão. Com a particularidade de manter a denominação da anterior (Feira de Artesanato e Gastronomia de Marvão), mas esquecendo-se a história inicial, tendo sido denominada de “PRIMEIRA”, como se de um novo “invento” se tratasse.

Foram os formatos dos tempos das “vacas gordas”, com os “fartos” eventos gastronómicos medievais, a decorrerem no Castelo durante 3 dias consecutivos. Convites ao “jet7” de todo o distrito e alguns nacionais; os grandes concertos musicais onde se faziam deslocar os melhores artistas e grupos de Portugal; usada, inclusivamente, como motivo da promoção de Marvão a Património Mundial; numa feira de vaidades que todos sabíamos que não poderia manter-se por muitos anos.
Foi assim até 2005, ano em que o executivo de Manuel Bugalho terminou o seu mandato.

Veio então o consulado de Vítor Frutuoso e, com ele, novas mudanças de formato, como consequência da entrada em tempo de recessão, mas também, a mudança de domicílio da dita, agora para a povoação da Portagem, nas frondosas margens do Sever. Uns com a desculpa das Obras em Marvão, outros, mais radicais, defendendo que era o “local” privilegiado do concelho para esta iniciativa.

Nestes dois últimos anos, para além da mudança de local, o que pudemos observar foi a entrega da gastronomia ao sector privado da restauração do concelho (principais interessados nestes eventos), livrando-se a CMM de alguns custos directos, com a diminuição, certamente, de muitos “adesivas convidados” que por lá andavam no anterior formato, pois agora em vez de convites para as “refeições medievais”, passou a fazer-se apenas um pequeno “beberete” no dia da inauguração e servido pelos restaurantes participantes.

Quanto ao artesanato, esse passou de fraco a fraquinho, com poucas condições para os escassos artesãos que participam, com uma representação praticamente “vinda de fora”, com apenas duas ou três representações locais do concelho.

Quanto a custos, de acordo com os Relatórios de Gestão da CMM, estes foram reduzidos para metade, 20 000€ em 2005, para 10 000€ em 2006 (em 2007 não consegui apurar os custos porque o Relatório de Contas está imperceptível, mais uma vez a desinformação).

Entretanto as Obras da Vila de Marvão estão prontas e o novo evento do género parece parir mais uma novidade para este ano de 2008, com o anúncio da agora “I Feira de Artesanato Urbano a realizar na Portagem”, e em simultâneo, a “10ª Feira de Gastronomia”, no 2º fim-de-semana de Julho, data em que tradicionalmente se realizavam os anteriores eventos.

A gastronomia volta ao formato de "prato único” (ementa fixa), certamente da responsabilidade da autarquia (ai os custos...).

Explicações para a mudança, mais uma vez não existiram, nem na A. Municipal, que deveria ser um Órgão privilegiado do Executivo, principalmente aqueles que o suportam.

Entretanto, para quem não sabe, urge questionar quem saiba responder:

Esta é uma decisão fundamentada com a Restauração do concelho, ou obra de uma mente iluminada?

O que pensam os marvanenses desta mudança? E os da vila de Marvão, que tão reticentes foram, quando a dita foi transferida para a Portagem?

E porquê a aposta no “Artesanato Urbano”? Não deveria ser uma aposta no Rural e privilegiar o artesanato marvanense e seus vizinhos?

Quem souber que responda…

9 comentários:

Tiago Pereira disse...

Olá a tod@s,

Em primeiro lugar, gostava de saudar todos os que fundaram este novo espaço de debate – onde parece reinar a pluralidade de ideias, algo tem faltado nos últimos anos no concelho de Marvão.
A Feira de Artesanato e Gastronomia é, sem dúvida, um bom exemplo da falta de planeamento estratégico do actual executivo. Uma política desgarrada, marcada pelos sucessivos avanços e recuos, que têm consequências gritantes na vida de Marvão.
Mas podíamos, chamar a nós, outros exemplos, como é o caso do RockFest e da Feira da Castanha. O primeiro que teve a sua primeira edição há dois anos, ao que parecia tinha vindo para se afirmar na agenda cultural do Concelho; no ano passado, teve uma pequena, grande, alteração – o pagamento de um bilhete, mesmo que simbólico, vinha em desacordo com o propósito para o qual foi criado. E este ano quando é que foi o RockFest? Eu não o (ou)vi… Relativamente à Feira da Castanha, aconteceu no ano passado, algo que considero, um suicídio para uma das Festas mais emblemáticas do nosso Distrito – o pagamento de uma entrada, também simbólica. O que é que vai acontecer este ano? Estamos expectantes…
Vamos então ao assunto central, deste post, a Feira de Artesanato e Gastronomia, que a mim, como Marvanense, me diz algo em especial. Este executivo decidiu de forma prioritária que a, referida, Feira não se iria realizar mais em Marvão; criaram em sua substituição a Feira Islâmica “Al Mossassa”, que divergiu entre o primeiro e o segundo ano, também pelo pagamento de uma entrada. Visto isto, e sabendo à partida que as obras foram somente uma desculpa para a deslocação da Feira; estão à vista as consequências, os avanços e recuos, onde num ano são os restaurantes e os artesãos do concelho a esporem as suas potencialidades; e no outro, fruto da péssima afluência, a gastronomia volta à fórmula antiga, e há a necessidade de se fundir, a Feira, com um conceito de artesanato urbano.
Podemos retirar como conclusão que a deslocação da Feira de Artesanto e Gastronomia foi um erro; não digo isto só por ser residente de Marvão, defendo, aliás, que a oferta cultural deve ser repartida por todo o Concelho (o RockFest vinha precisamente nesta lógica), mas porque esta política da indecisão, do cinzentismo e do vazio ideológico, matou, ou está a matar, todas as Feiras e Eventos que mantinham a chama de Marvão acesa nos corações de muita gente, espalhada pelo Mundo. Espero que o D. Sebastião Popular, intervenha e traga novamente estas Feiras como elas eram, a servir quem deviam de servir (os artesãos e agricultores do Concelho), ainda que, redesenhadas em termos orçamentais porque o tempo assim o exige.
O que queria que ficasse aqui ressalvado é que tem de haver uma política concreta, assente em pressupostos duradouros e que valorize o capital social do Concelho de Marvão.

Bem Hajam,
Tiago Pereira

Clarimundo Lança disse...

Consulado ou Consolado.....

Clarimundo Lança disse...

É gostoso....
Ninguém tem opinião....
Não há dinheiro?????
E outrora havia..
Antigamente as verbas eram pernetas, agora são, mancas….
Vejo, como alguns vêem, o programa da RTP 1, (estou de férias em casa, o meu efectivamente não chega, nem culpo o Sócrates), mas com atenção vejo o referido programa quer seja de Serpa ou de Mértola, ou até de fora do nosso Alentejo, e dizem os autarcas e os munícipes, que estão de parabéns os seus Presidentes pelo trabalho executado, nestes últimos três anos……
Pergunto ???’???
O Dinheiro para uns é fêmea?
Dão-lhe outro destino?
Tratam-no bem?
Etc….
Agora não há Guitolão!!!!!!!!
Não há noites na Portagem!!!!!
Não há ………………nada?????

Para onde vai o dinheiro??????
O que ficou e o que entretanto contrataram……(Milhares)
Em gasóleo, pela cultura não vai……
Pelo desporto, ibidem,
Restam poucas actividades….
Só se for no passeio????

Bonito disse...

O assunto é algo polémico e, portanto, merecedor de discussão.

Vão surgindo, no entanto, outros temas por arrasto. Todos misturados, criando grande confusão. Enfim, não é esclarecedor! Não vou, por isso, agora opinar sobre outras questões, entretanto, levantadas.

Na questão em análise, devo dizer, em primeiro lugar, que sentia alguma repulsa relativamente à feira no castelo. Não pela localização, mas sim pela despesismo que a aquele formato promovia. Relembre-se que, naquele tempo, os convidados eram, normalmente, em maior número que os pagantes!

O formato mais recente, com os restaurantes a servir nas margens do rio Sever e sem “comensais à pala” era mais do meu agrado. E dinamizava a Portagem, o que considero muito importante! Em compensação, Marvão viu nascer aquele que é, na minha opinião, o evento mais bem conseguido deste executivo: a “Almossassa”.

O formato deste ano surge envolto em alguma polémica.

(Não me refiro às polémicas levantadas por aqueles que vestem a camisola do partido como vestem a do seu clube. Há-os em todos os quadrantes e fazem-me impressão.)

Refiro-me às mudanças drásticas encetadas sem ser feita uma prévia apresentação/explicação das coisas.

Um exemplo: Este ano os restaurantes não participam porquê? Foi opção da Câmara ou foram os mesmos que não quiseram participar?

Em qualquer organização, quando se quer promover a mudança devem-se esclarecer, antecipadamente, as pessoas para as envolver e, portanto, ter mais probabilidade de êxito.

Eu sei que a Câmara não é uma organização qualquer. Tem pequenas/grandes particularidades que em muito alteram esta regra. Contudo, parece-me que se há coisa em que esta Câmara tem falhado é na comunicação com os seus munícipes.

Como neste caso. E em desaproveito próprio!


Grande Abraço
Bonito Dias

Garraio disse...

Manuel Bugalho ou Madalena Tavares
(ou talvez os dois em conjunto) decidiram que a "sua" Feira seria a I FAG, porque, na verdade, ela era a primeira realizada na íntegra pelo Município.

A anterior foi organizada pela RTSM, com o apoio da Câmara e realizou-se em moldes completamente distintos da criada pelo team Bugalho. Foi uma decisão discutível, mas, em meu entender, o realmente importante foi a qualidade e a repercussão mediática que chegou a adquirir, fazendo "soar" Marvão, de forma bastante alta. Não sei se o dinheiro gasto teve todo o retorno desejável, mas é muito provável que sim.

O actual executivo (?) resolveu não investir em cultura, não por incapacidade organizativa, porque ao Pedro ninguém lhe bate nas unhas, antes pelo contrário, mas por outras razões, outras estratégias. Quando formos a votos, veremos se essa mudança de estratégia foi bem sucedida ou não.

A Almossassa, made in Pedro Sobreiro, foi uma invenção extraordinário, que está condenada ao sucesso, sempre que seja feito nos mesmos moldes. É uma coisa diferente, que respira saúde, ao passo que o modelo das FAG's e das outras festas medievais está a cair na banalidade e já estão muito vistas.

Também tenho as minhas dúvidas em relação à Feira da Castanha 2008, mas a ver vamos qual a reacção dos visitantes.

O RockFest foi uma ideia genial, que só não teve um grande sucesso, porque neste caso, omoletes não se fazem sem ovos, e deveria ter havido dinheiro para contratar, pelo menos, uma banda de primeira linha, sendo que as que participaram nas edições levadas a cabo soavam muito bem, mas não tinham esse "nome" necessário para encher o anfiteatro da Portagem. Investimento insuficiente, é o meu diagnóstico.

Termino dando as boas vindas ao Tiago, que chegou com um excelente comentário e que espero esteja atento e participe nas conversas que por aqui forem sucedendo.

José Boto disse...

Sempre que me é possível passo pelo blog e dou os meus parabéns aos mentores do mesmo, pois contribuem para a informação e discussão de assuntos de interesse para o Concelho.

Nem sempre darei as minhas opiniões, mas sempre que considere que tal é útil não deixarei de o fazer.

É o que acontece com o tema da Feira de Gastronomia e Artesanato.

Em primeiro lugar para dizer que concordei desde o início com a decisão do presente executivo em realizar a Feira na Portagem e com a colaboração dos restaurantes do concelho; em contraposição com a forma como o evento foi organizado nos mandatos do Dr. Bugalho à frente da Câmara.

Por esse motivo, no ano passado e com bastante esforço do nosso grupo de trabalho, o “Restaurante O Poejo” participou no evento; e no 1º ano não participámos porque o Poejo estava em obras e não tínhamos ainda restaurante.

O que se passou este ano e motivou o desinteresse dos restaurantes merece ser clarificado.

O executivo camarário convocou uma reunião com os restaurantes para preparação (?) do evento, com a antecedência devida.

Comparecemos à mesma representantes de 4 restaurantes que o ano passado participámos na Feira e à partida todos estávamos interessados em voltar a participar no evento do corrente ano.

Para abertura da reunião foi-nos explicado, pelo vereador responsável pelo pelouro, que a decisão do executivo camarário era acabar com o evento; no entanto, se os restaurantes se pretendessem envolver financeiramente nos custos do projecto o executivo reavaliava o processo.

Como é evidente este tipo de abordagem deu origem a que o tema fosse vivamente discutido; mas no final tiraram-se 2 conclusões principais (para além de outras, eventualmente):

a) Os 4 restaurantes presentes revelaram disponibilidade para comparticipar financeiramente nos custos do evento, com o valor que lhes foi apontado;

b) Os representantes dos restaurantes solicitaram uma nova reunião com a presença do Presidente da Câmara para que pessoalmente explicasse (e clarificasse) os objectivos do executivo e para que fosse discutida a forma de organização do evento.

Passado bastante tempo, recebemos uma carta da Câmara, revelando-nos em que moldes a Feira iria ser organizada e dando-nos um prazo de pouquíssimos dias para confirmar a nossa participação (ou seja, a nova reunião com a presença do Presidente da Câmara, não se iria realizar).

Sem falar com nenhum colega nosso e por considerarmos que o processo foi muito mal conduzido desde o início, respondemos à carta e informámos que o “Restaurante O Poejo” decidiu não participar na Feira de 2008.

Posteriormente o executivo camarário deu-nos conhecimento de que também os outros restaurantes tinham decidido não participar e que iria ser a Câmara isoladamente a levar a cabo o projecto (afinal agora já há verbas para a realização do evento e o executivo já considera o mesmo importante).

Fica aqui um relato da forma como vi o processo ser tratado e que merece o meu total desacordo, que por escrito revelei ao vereador responsável pelo pelouro, logo que “O Poejo” recebeu a comunicação que referi no parágrafo anterior.

Face ao exposto, é inaceitável, em minha opinião, a forma como os empresários da restauração (neste caso) foram envolvidos no processo; e mais inaceitável ainda, é fazer recair sobre os mesmos o ónus de terem deixado cair o projecto.

José Boto

Jorge Miranda disse...

Em minha opinião a problemática da localização do evento é apenas acessória, o fundamental é percebermos a forma como este é alterado, se existe algum critério ou se é feito ao sabor do vento (para não dizer das vontades…), senão vejamos:
A forma como o evento está anunciado, apenas revela que a Autarquia quer dormir com Deus e com o Capeta ao mesmo tempo, parece-me, salvo melhor opinião que esta realização não é mais do que uma operação de charme por parte da Autarquia.
Sobretudo após termos lido a forma como o processo foi conduzido, atendendo às palavras do Drº José Boto.
Desculpem o desabafo, mas estou farto de um discurso miserabilista, não se faz porque não há dinheiro, será que também perdemos o engenho?
Será que este discurso miserabilista repetido até à exaustão, que não existem verbas, não nos torna mais complacentes com a situação, e simultaneamente menos contestatários?
Jorge

Luísa Garraio disse...

Boas "foristas",

O comentário breve a este tema passa pela minha experiência vivida nas diferentes "fórmulas" de realização do evento.
Na década de 80( não sei se 86 ou 87?), participava eu no programa de ocupação de tempos livres e fui trabalhar para a Feira de Gastronomia, a tal do Largo do Terreiro, servi até umas carpas ao Sérgio Godinho que veio actuar nessa época a Marvão...Naquela altura penso que foi um evento que correu bem, as pessoas gostaram e assemelhava-se ao que se ia fazendo no resto do país...

Alguns anos depois...surgiu a FAG no castelo e estive presente 2 ou 3 anos como visitante pagadora e sinceramente gostei muito daquele ambiente que se vivia no castelo...quanto ao resto, verbas, convites, não estou informada o suficiente para opinar...recordo que convidei alguns colegas, oriundos doutras partes do país, e apreciaram muito ...também foi por ocasião deste evento que ouvi a Marisa, O Jorge Palma...os Toranja. Claro que foram outros tempos...e a Candidatura de Marvão a Património Mundial...outras "verbas"...

Nos últimos anos não estive presente, por estar fora durante esse fim de semana e não sei muito bem como correu, apesar de a localização na Portagem, junto ao Sever oferecer boas "garantias" de sucesso, dada a envolvência natural.
O que me preocupa é a falta de "coerência" na organização deste evento, de acordo com opiniões e factos já aqui descritos...

Bonito disse...

Apesar de algum frio, estava muita gente, ontem, na feira!

Os jantares estiveram super-lotados, a zona do artesanato bem movimentada e o espaço musical bem composto.

Vi alguns estrangeiros, sobretudo espanhóis, e muita gente de Portalegre.

Com um orçamento de tostões a feira estava muito para além de digna.

Um amigo meu até disse: Assim, se calhar, esta feira até dá lucro!

Independentemente da polémica da sua localização, diria que ontem, sem cartaz musical apelativo, se provaram as potencialidades da Portagem!


Grande Abraço
Bonito Dias