segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Em jeito de 1ª Página...

Não resisto a trazer aqui à “1ª Página” do Fórum esta reflexão do Nuno Silva, que este publicou em jeito de comentário, no Post lá atrás de «Reflexão sobre a Feira da Castanha». Faço-o por me parecer que ele chama a atenção para uma problemática muito séria, e que será, certamente, condicionante do desenvolvimento do nosso concelho.

Não é que, em minha modesta opinião, esta Reflexão do Nuno, que poderia ter o título de “santos da terra não fazem milagres”, seja exclusiva do concelho de Marvão! Ela é, infelizmente, transversal a muitas outras pequenas terras do nosso Portugal, digamos que é por assim dizer “cultural”. No entanto, nunca será demais reflectirmos em conjunto sobre este fenómeno.

Pedindo desculpa ao Nuno Silva pela ousadia, aqui chamo o seu comentário à 1ª Página:

“Para além da reposição da verdade dos factos, há neste assunto um problema endógeno relacionado com a forma como tratamos os nossos conterrâneos. Se vem alguém de fora, um desconhecido, ouvimos com atenção o que tem a dizer, quais as suas ideias, a sua experiência de vida. Já se estivermos a falar de alguém com as nossas origens, temos uma tendência em não dar tanta importância ao seu saber, ao que faz pela promoção do Concelho e no impacto da sua acção económica para a dinamização do tecido produtivo.

É um problema que enfraquece o espírito empreendedor e criativo dos nativos locais e que é factor de degeneração da própria região. Não é uma cultura local que provoca esse impacto mas sim uma desconfiança com os próprios e uma certa inveja populista.

E posso dizer isto com um certo conhecimento de causa. Na minha família não sou o primeiro, o segundo, nem o terceiro que tem dado a conhecer Marvão aquém e além portas de forma desinteressada mas com muita paixão. No meu caso sou relativamente indiferente à desconfiança alheia. Mas no caso de outros (meus familiares e não só), sinto que houve e continua a haver uma falta de reconhecimento. Essa falta de reconhecimento diminui a ambição dos jovens e dá um exemplo perverso às gerações vindouras.

Dou um exemplo muito concreto. O meu avô foi empresário de inúmeros sectores no Concelho: Explorou um café, teve um táxi, dinamizou uma fábrica de luvas, tinha uma fábrica de rolhas, uma indústria de cozer cortiça, tinha uma adega, explorações agrícolas… Mas principalmente levou o nome do Concelho e de Santo António das Areias por esse país e essa Europa fora…. E qual foi o reconhecimento das Instituições Públicas locais para essa entrega bairrista? Apenas o esquecimento!

Isso acontece com muitas outras pessoas. Alguém reconheceu quem fundou em Sto António das Areias Grupos de música e de teatro, ou quem fundou em Marvão a associação de jovens (ou a Feira da Castanha), quem ganhou prémios nacionais na Telescola ou em outras escolas, quem fundou o Fórum Marvão, quem dinamizou a Sta. Casa da Misericórdia ou quem passou pela Edição da IBN Maruam...? Provavelmente ninguém! E há formas tão simples, baratas e singelas de promover esse reconhecimento: nomes de ruas, lápides, diplomas de mérito, atribuição da medalha ou chave do concelho, promover emissões filatélicas, etc., etc.

Aquilo que fazemos aos outros é igual ao que nos farão a nós próprios. Culturalmente temos uma limitação que nos bloqueia quando se trata de reconhecer o próximo! No entanto, as Instituições Públicas deveriam ser a antítese desse problema cultural…

Esta é apenas uma critica construtiva que não mudará nada mas se ninguém falar, continuará sempre tudo na mesma, com tendência a piorar!

Nuno Silva

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