sábado, 7 de fevereiro de 2009

Da ganância à CRISE!!!

(Caderno "Economia" do Expresso de hoje)

A “crise” de que há tanto tempo se fala está agora a começar a doer a sério:

O desemprego!

Nas últimas décadas, num crescendo de acesso a bens cada vez mais dados como certos e num incremento do nível de vida, habituei-me a ouvir alguns “antigos” (daqueles que sempre pouparam para a velhice porque “no seu tempo” não existia reforma) dizerem que isto, um dia, ainda ia dar para o torto!

Costumava responder-lhe, convencido, que estavam errados. Que esta evolução não teria retorno.

Enganei-me!

Agora, fico todos os dias “arrepiado”. Arrepiado com os milhares que, diariamente, pelo mundo fora perdem o emprego; arrepiado vendo reportagens que mostram milhares de cidadãos do país que tem comandado o mundo (U.S.A.) sem acesso a cuidados de saúde básicos, porque não têm capacidade financeira para subscreverem um seguro ((ai que bom é o nosso (deficiente) sistema de saúde!)); arrepiado quando vejo ministros de países até há pouco tempo considerados super-desenvolvidos “caírem” porque o seu carro é cercado por cidadãos do seu país desesperados; arrepiado quando vejo países super-desenvolvidos e super-liberais imporem quotas às empresas relativamente à nacionalidade dos seus empregados…

Temo, sobretudo, as convulsões sociais que estão para surgir.

Temo a insegurança!

E sinto-me, apesar de tudo, privilegiado. Privilegiado porque o desemprego, felizmente, não paira, ainda, sobre mim e sobre os meus; privilegiado porque a região onde vivo, não sendo muito desenvolvida, não sentirá muito o “abalo” e, sendo “rural”, tem uma a boa rede de sustentação social.

Oxalá os governos consigam engendrar boas almofadas de protecção social para que isto não dê mesmo para o torto…

Esta catástrofe é global. E por isso atinge Portugal e atinge Marvão!

Para quem esteja interessado, e tenha paciência para ler, aqui deixo um texto, escrito por um espanhol em meados de 2008, que explica muito bem a origem deste “mal”…

Explica-nos como para alguns ganharem milhões, estão agora milhões entalados!


Grande Abraço
Bonito Dias





15 comentários:

João, disse...

Meu caro, Fernando Manuel, que “ganda” confusão tu aqui arranjas-te! Embora muito séria.

Eu já aqui tinha publicado esse enredo há uns tempos atrás, mas em versão simplifica, para que toda a gente entenda, mas tu agora vens, publicar aqui uma “tese”, que só os “economeses” percebem (na minha terra chamam-se ciganos, com todo o respeito pelos “lelos”, que são mais sérios que essa gente toda).

Para te fazer frente, aqui fica a dita versão:

Entendam a Crise do Subprime

Para quem não entendeu ou não sabe bem o que é ou gerou a crise
americana,que afinal é nossa, segue breve relato económico para leigo entender.

É assim:

O Ti Jaquim tem uma tasca, na aldeia dos Cabeçudos, e decide que vai vender copos 'fiados'aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos tesos e desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose do tintol, da "çorveja" e da branquinha (a diferença é o sobre preço que os
pinguços pagam pelo crédito).

O gerente do banco lá da terra, um ousado tipo muito bem falante, decide que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheir ao estabelecimento, tendo o 'fiado' dos pinguços como garantia.

Uns seis zécutivos de bancos (que recebem chorudíssimos ordenados como prémio pelas decisões milagreiras que saiem daquelas cabacinhas, sim cabacinhas), mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os
transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro
acrónimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de
capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (os tais livrinhos das dívidas do Ti Jaquim).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos
sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bêbados da aldeia dos Cabeçudos não têm dinheiro para pagar as contas, e a tasca do Ti Jaquim vai à falência.
E toda a cadeia vai para a p... que a pariu!

Viu... é muito simples!!!

jbuga

Bonito disse...

Cuidado com o plágio J.Buga!

Essa versão é de um brasileiro e a matéria-prima era cachaça. Aliás, a mesma até já foi descrita, no dia 22 de Outubro de 2008, como comentário ao post “Banca Rota” publicado pelo Sabi no www.vendoomundodebinoculosdoaltodemarvao.blogspot.com.

Post esse que é o único da label “Economia” desse blog.

Abraço
Bonito

João, disse...

Já agora meu caro Fernando, para não estares preocupado com “plágios”, que eu não sei se te estás a referir àquele chefe Godo, irmão de Hermengarda, que se refugiou lá para as Astúrias e daí iniciou a reconquista da Ibéria, que havia sido conquistada pela mourama, vou contar-te uma “istorieta” mais fresquinha e pessoal, acerca do mesmo assunto.

Como tu sabes eu sou um rapaz também um pouco já marcado pela experiência dos anos e, incluo-me naqueles que citas no início do teu Post, os “antigos”, embora saiba que não era a mim que te estavas a referir. Mas dizia eu, que também me incluo naqueles que gosto de “poupar” um pouco, do pouco que ganho.

Assim, no último ano consegui amealhar, cerca de 10 000 eurozitos com as minhas poupanças. Com os quais, se fosse um rapaz modernaço, poderia passar à vontade umas feriazitas nas Caraíbas ou pelo menos na terra do Alberto João. Mas não, como sei que sou um desses tais “ninjas”, isto é, devedor de uma quantia avultada em relação às minhas posses, resolvi ontem dirigir-me à Instituição onde trabalhas, e perguntar se eu lá deixa-se a quantia supracitada, quanto diminuía na minha mesada.

A resposta chegou breve, cerca de 100 euros por mês, o que dará aproximadamente 1 200 euros/ano.

Significativo. Com a amortização de 10 000 euros, pago menos 1 200/ano (com a tal Euribor pelas horas da amargura)!!!

A maioria dessa "diminuição" é de juros, que eu e outros “pinguços” temos de pagar a essa “seita dos administradores bancários”, ou seja, os tais portadores de “cabacinhas” da história plagiada.

Evidentemente, que tinha sempre outra opção, era investir num dos tais produtos que os “cabacinhas” estão sempre dispostos a oferecer. Mas será que algum desses “produtos” me daria uns juros de 12%?

Da minha última experiência de aquisição dum desses "produtos", tinha arriscado 3 000 euros. Deram-me ao fim dum ano 24 Euros de juros (0,8%), como estamos a falar de uma quantia três vezes superior, dar-me-iam 75 euros. Ora 1 200-75=1 125 euros.

Claro que fiquei sem as dez dezenas de milhar de euros, mas à minha custa, essa malandragem dos “cabações”, no futuro vai ter poucas possibilidades de sobreviver.

O teu colega, ainda me avisou que a maioria dos outros "nijas" andam a fazer ao contrário, mas eu...

Naturalmente sou eu que ando bêbado!!!!!

jbuga

João, disse...

Onde de lê "nija" deve ler-se "ninja". De qualquer maneira não sei o que isso significa...

Garraio disse...

Excelente artigo, Fernando!

Por palavras que até eu posso entender, descreve-se uma situação que vai provocar grandes transformações nesta bolinha azul onde moramos.

Vejo-me a semear batatas e feijão verde se quero comer, como faziam os nossos avós e bisavós...

Eu cá acho que esta crise já nos bateu à porta há alguns anos. Com a diferença que a nossa economia começou a comprimir por iniciativa própria dos nossos governantes que não esperaram o "estoiro" da economia mundial para começarem a liquidar as pmes nacionais.

E já agora, tu que percebes disto a potes, podias fazer um retrato do assunto a nível nacional. É que nós temos ua colecção de cromos que deve dar para escrever uma autêntica novela. Ou não?

Bonito disse...

Amigo Buga:

Para quem “ganha pouco”, poupar € 10.000,00 num ano é obra. É obra, sim senhor! E é que nem o tenho visto por aí sub nutrido, nem mal vestido… e até vai bebendo umas bjecas de quando em vez…


Amigo Garraio:

Agora, deixaste-me tão inchado que até me saltaram uns botões do pijama!

Também não exageres, não tenho gabarito para opinar sobre “cromos” a nível nacional… Sobre os de cá do burgo já eu vou tendo dificuldades…quanto mais…


Aos dois:

E então uma caminhada, sai ou não sai? Talvez lá para depois do Carnaval… quando a chuvada acalmar, não?


Dois abraços
Bonito Dias

Bonito disse...

Já agora, JBuga:

O meu amigo, às vezes, sai da área que domina e aventura-se nos meandros do “economês” e faz umas afirmações esquisitas, assim tipo “ingenharias” financeiras:

Essa teoria dos 12% é um belo exemplo…


Outro abraço
Bonito

João, disse...

Caro Fernando, não fiques a pensar que os enfermeiros são administradores da coisa, não foi "tudo" fruto dos meus ordenados.

Como sabes perdi no ano passado a minha melhor amiga, a minha mãe, que coitada, devido às suas poupanças, ainda nos deixou uma pequenina herança.

Quanto aos 12%? Não percebi!!

Explica-te lá...

jbuga

Bonito disse...

A questão dos 12% é o seguinte:

O J.Buga sugere, de uma forma simplista e incorrecta, que estará a pagar 12% de juros ao banco pelo empréstimo uma vez que a amortização dos € 10.000,00 implicou uma diminuição na sua prestação mensal de € 120,00. E compara, “abusivamente”, essa taxa de juro com a que o banco lhe pagou pelo tal produto.

Na verdade, o facto da prestação ter diminuído €120,00 após essa amortização extraordinária não quer dizer que a taxa do empréstimo seja 12%. Para calcular essa taxa terá que levar em linha de conta outras variáveis como sejam, por exemplo, o prazo e montante do empréstimo.

Isto são “apenas” regras de cálculo financeiro, as quais não são inventadas e/ou alteradas pelos bancos.

Contudo, para saber a taxa de juro que paga no empréstimo, o amigo Buga não necessita de aprender cálculo financeiro, basta perguntar ao seu gestor de conta.

Mais um abraço
Bonito

Bonito disse...

Errata:

Onde se lê prestação mensal de €120,00, é €100,00, obviamente.

João, disse...

Meu amigo Fernando, espero que não estejamos para aqui a maçar a clientela, com estas questões de economia e finanças para ti, enquanto técnico que eu sei competente, e algumas reflexões pessoais minhas, de simples observador do fenómeno. Mas é que todos nós estamos metidos nessa embrulhada, e por isso parece que todos nós temos poucas certezas, incluindo os “experts”, ou talvez não.

Por mim, só volto aqui à carga, para esclarecer, que eu nunca quis dizer que o meu credor bancário me cobra 12% pelo empréstimo à habitação. Se tal dissesse, estava de acordo contigo, estava a ser incorrecto e mesmo a mentir à vista de todos, que sabem que isso não é verdade.

O que eu quis dizer, é que ao adquirir um “tal produto” que os bancos não querem vender, “amortizações”, posso ganhar 12% ao ano. Na minha modesta opinião, o que fiz foi apenas transformar um valor que era “meu passivo”, para “meu activo”, através de uma amortização. Que é o que basicamente fazem as tais “sociedades da treta”.

Podes sempre argumentar que fiquei sem os tais 10 000 euros (o que não é de desprezar), no entanto, se me indicares “o tal gestor de conta”, que me arranje “um produto” com os tais 12% seguros, da próxima vez será um caso a pensar.

Mas que não sejam CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro”!

Bonito disse...

hehehehehe

Ok, ficamos por aqui!!!

(que eu estou um BOCADO "nervoso" com aquele penalty do Porto)

José Boto disse...

O texto que o Bonito colocou no post explica muito bem como a crise começou na área financeira, mas o problema é que ninguém sabe explicar onde isto vai parar.

Assustam de facto as notícias diárias sobre fecho de empresas, ou de fábricas ou os despedimentos colectivos em empresas de todos os sectores e de todos os países, que ainda há poucos meses ninguém previa.

A frase do artigo do Expresso evidencia de facto a situação – “agora a crise está nas empresas, onde o pior ainda está para vir”.

Esta crise atinge todo o sistema económico mundial como já ninguém duvida; as consequências estamos ainda longe de as conhecer e a situação é de facto preocupante a todos os níveis – da área económica salta para outras com muita facilidade.

O Mundo (e os americanos em particular) está esperançado que a eleição do Sr. Obama vai solucionar o problema no Pais onde a crise rebentou; mas o tempo vai passar e, gostava de estar enganado, estou convencido que vai vir o desânimo por se verificar que o Homem não possui uma varinha mágica para solucionar os problemas a curto prazo.

Por todo o lado os governos esforçam-se em políticas expansionistas contrariamente ao que ainda há poucos meses impunham; mas a economia real reage ao contrário – os Bancos restringem o crédito às empresas por aumento do risco e da falta de confiança, as empresas fecham e/ou despedem pessoal, os consumidores reduzem o consumo e muitos milhões ou já estão desempregados ou para lá caminham, …

Por cá estamos em ano de eleições para praticamente tudo, e o Governo tudo tem feito e vai continuar a fazer para tapar os buracos que vão aparecendo e para adiar os confrontamento com os problemas.

Não nos resta outra solução que não seja ir assistindo ao passar do tempo, mas que será inevitável que venham aí fortes convulsões sociais a nível mundial não tenho muitas dúvidas – os sinais estão todos aí.

Luís Bugalhão disse...

eu sei que já venho tarde. eu sei que faz séculos que não vos ligo nenhuma. mas são só aparências, que eu tenho-vos sempre na minha mente...
mas cá vai uma explicação muito mais realista do que se passa, A SÉRIO, com esta cambada de neo-liberais (muito inteligentes e sofisticados) que pensa e age como se esta economia e esta sociedade não pudesse funcionar de outra maneira.

e não adianta vires com explicações fundamentadas fernando (não as desvalorizando, nem desprezando o excelente post que agora comento).
é que a coisa, a crise, tem apenas a ver com ganância e desprezo pela condição humana, em favor do sacro-santo lucro. e uma maneira engraçada, e esclarecedora, de o comprovar é ver/ouvir o que está no link abaixo. e o resto são cantigas do bandido(cm os documentos que apresentas). é tudo material para ensinar os universitários que são necessários aos escalões baixos do sistema financeiro ocidental-ó-democrático-ó-liberal-ó-sportinguista (5 a ó!? fesga-se!!).
claro que, à medida que os anos passam, os que cá estão em baixo, se se mostrarem competentes (ou seja, finos, espertos, ambiciosos, egoístas e positivos) vão subindo na hierarquia (na maior parte das vezes com muita lambidela de cús) e ganham o direito a pertencerem àquele núcleo de esclarecidos que conhecem e inventam as siglas e acrónimos que confundem o comum dos mortais, e que, como demonstra o comentário do jbuga mais atrás (apesar do plágio, que nem sequer é do do tal brasileiro, é muito mais antiga e surgiu a par duma estória de burros, ou macacos, para explicar o que é o capitalismo), chegam a entender melhor a coisa, a crise, que os 'técnicos peça de engrenagem' como tu, fernando, és.

espero que não te percas camarada. mas para isso tens que perceber que batatas e vacas e casas é que são o importante, não é o que os capitalistas dizem que elas valem, nem muito menos esse valor suplanta a suprema força duma economia, seja ela qual for: o trabalho produtivo de coisas concretas.

quanto aos subepraimes e quejandos, mais uma vez, mostraram o que valem. quantas mais crises e quantos mais milhões a sofrer (com a guerra sim jbuga) vão ser necessários para que se decida que o capitalismo, ao contrário do comunismo, já morreu?

pronto fernando, já podes começar a apelidar-me de ingénuo, ignorante e ultrapassado. mas antes disso vê o que está em:

http://www.youtube.com/watch?v=CmGTnveyG7E&eurl

e sem hf's (é uma cena. tb gosto de falar por siglas que ninguém, sem ser eu, entende)

grande abraço para todos e bom passeio.

lbuga

ps não quis ofender nem melindrar ninguém. se houve excesso de linguagem, ofensiva, peço desde já, modestamente, desculpa. tenho muita consideração e amizade pelos membros do forum, mm aqueles que não tenho o prazer de conhecer pessoalmente, cm o sr josé boto. as palavras, eventualmente, mais rudes são apenas uma bengala para suportar as minhas dificuldades de expressão, e tentam, ironicamente, desviar estas linhas da estrutura dum tratado de economês.

ps.2 abraço novamente

Luís Bugalhão disse...

5 a Ó!!!!!?

desculpem lá mas não consigo parar de rir. e o 'risco ó meio' ainda diz que '...temos que levantar a cabeça...'! têm é que despedir os gordos! isso sim.

espero é que não seja o SLB a comprá-los.

vivó sportém!