terça-feira, 5 de abril de 2011

O homem que passou...



O homem do Tratado de Lisboa ("porreiro, pá") eclipsou-se. O homem que proclamava "Espanha! Espanha! Espanha!" regressou ao rectângulo lusitano. O europeísta entusiasta de todas as horas deu lugar ao político grave, que se agarra como náufrago a bóia à expressão "o meu país".

José Sócrates, na pior fase de sempre da sua vida política, percebe que lhe resta trilhar uma via estreita na mira da caça ao voto: a via nacionalista. Um terço da entrevista concedida ontem pelo primeiro-ministro à RTP foi passado a repetir até à náusea que tudo fará para evitar um auxílio internacional de emergência a Portugal.

É fácil detectar a linha argumentativa do PS nesta campanha eleitoral: tudo quanto é patriótico decorre da acção governativa; tudo quanto é mau vem do estrangeiro. Nomeadamente a "grave crise económica e financeira que se desenvolveu a partir de 2008", segundo lembrou Sócrates.

Claro que não disse - nem ninguém lhe perguntou - por que motivo depois disso decidiu aumentar os salários da função pública, baixou o IVA e anunciou o “cheque-bebé”, entre outras medidas ditadas pelo puro cálculo político, destinadas a garantir-lhe a vitória nas legislativas de 2009.

"Fizemos o que podíamos para melhorar a vida das famílias", declarou o primeiro-ministro, sempre incapaz de reconhecer um erro. Como se não fosse ele, que se encontra há seis anos como 1º ministro no Governo, o principal responsável pela crise profunda em que vivemos, e o PS há 13 nos últimos 16.

Há dois países em Portugal: o país real - o da monumental dívida pública (a maior da história dos últimos 159 anos), do desemprego (o maior desde que existem estatísticas), do défice externo e do crescente afastamento em relação à média europeia - e o país do neo-nacionalista José Sócrates, orgulhosamente só. O único cor-de-rosa é este último. Por azar, também é o único que não existe.

5 comentários:

Jorge Miranda disse...

JB, não bata mais no homem, já todos percebemos o seu ponto de vista.
Não se esqueça de dois pormaiores, até ao lavar dos cestos é vindima, e o seu "clube" continua a dar tiros nos pés...
Não faça é de este espaço a página oficial do seu "clube", não precisa e fica-lhe mal.
Um abraço
Jorge Miranda

Jorge Miranda disse...

Chegámos á conclusão que o PSD não tem nada a ver com o que se passa, pois tudo o que foi dinheiro para infraestruturas que chegou entre 1985 e 1995 foi o PS que desbaratou, mas, era o actual presidente da república o 1º ministro...
Não existe nenhum ministro da época que não esteja rico, mas isso sou eu a fazer confusão, só pode.
O BPN que nos custou 1,8% do défice foi criado e gerido pelo actual 1º ministro?
Não me parece, mas devo estar enganado, porque um individuo que em 1984, ganhava 82 contos por mês, hoje tem uma fortuna incalculável, foi por esforço e trabalho, o resto dos Portugueses é que são preguiçosos...
Comprámos dois submarinos para ver as enguias no Caia, que custaram mais 0,8% do défice, mas isso não é má gestão, é visionário...
Ora desculpem a expressão, todos BARDAMERDA.

João, disse...

Meu caro Jorge, então mas agora também és contra a liberdade de expressão frontal e responsável? Até tu?

Pensava que este espaço era livre, mas se me enganei... (aqui o Sócrates não me manda calar, como fez na segunda feira aos jornalistas, e não tem hipótese de me chamar ignorante, como também fez aos da tv pública).

O meu “clube” não está agora em julgamento, espero que saibas que tenho poucos alinhamentos, se isso for necessário sabes que não hesitarei...

Quanto ao BPN concordo com tudo o que dizes, mas quanto a mim isso só tem um responsável, chama-se: Vítor Constâncio, e em ultima análise o Pinto de Sousa, vais ver que no futuro se tornarão amigos...

jbuga

Jorge Miranda disse...

Caro JB, aquilo a que o meu AMIGO chama "liberdade de expressão frontal e responsável", eu chamo plasmar as noticias dos outros, e não tenho grandes duvidas (peço perdão pela imodéstia)que a maior parte das pessoas que acompanham este blog, também as viram antes de serem publicadas neste espaço.

Sempre a considerá-lo
Um abraço
Jorge Miranda

João, disse...

Olhe que não, meu caro Jorge, olhe que não!

Por exemplo a do "ABC" só 48 horas depois é que chegou à SIC.

Espero que o meu amigo não queira insinuar que ando a plagiar artigos, ´se assim for, é bom que vejas os títulos, ou as referências.

Que se passa contigo? Estás para ser candidato a deputado? Não te reconheço, este espaço, alguma vez te pôs peias às tuas intervenções?

Vamos à argumentação de conteúdos e deixa-te de "processos"...