quinta-feira, 7 de abril de 2011

Como chegámos aqui, porque chegámos e quem são os responsáveis...

O que hoje sinto, como português, é uma autêntica desilusão pelo estado a que chegou este nosso Portugal, mas sobretudo, pelo que nos espera no futuro imediato, e constatar ainda, que praticamente, não nos restava outra alternativa.

O "resgate" do FMI é um verdadeiro atentado às soberanias nacionais, como aliás se confirma na Irlanda e na Grécia, onde as pessoas dizem que estão a perder o que tanto custou conquistar.

Estes termos que por aí navegam, tais como “ajuda externa” ou “resgate”, deveriam ser imediatamente banidos do nosso vocabulário, pois do que se trata é de uma verdadeira INTERVENÇÃO EXTERNA.

Tradicionalmente, "resgate" é o dinheiro que se paga para libertar alguém que tenha sido aprisionado por outrem.

No entanto, o que pode verificar, nesses países em que essa “ajuda ou resgate” está em curso (Grécia e Irlanda), é que esse pretenso "resgate" corresponde, na prática, a uma verdadeira prisão, sendo especialmente atingidas as classes mais baixas com cortes violentíssimos nos salários, aumentos brutais de impostos, e tudo isto sem que a desconfiança dos mercados seja minimamente aliviada, pois as taxas de juro mantêm-se a níveis altíssimos, como parece que hoje continua a acontecer em Portugal, apesar do anúncio de ontem.

Quer-se fazer crer, que a vinda do FMI a Portugal em 1983 não foi problema. Pois eu, lembro-me bem da vinda do FMI em 1983, que teve como medidas emblemáticas o corte do subsídio de Natal retirado através de um imposto extraordinário e retroactivo, e a fome que na altura assolou o país (sobretudo na península de Setúbal), sendo confrangedora a situação de miséria que víamos atingir cada vez mais pessoas, e só não foi mais catastrófico, porque em 1986 entrámos na CEE (o nosso ouro do Brasil do século XX).

Que ninguém se iluda, o que por aí vem, é que vai ser a verdadeira CRISE, que nos vai por a viver com aquilo que produzimos, e isso, sejamos honestos, é muito pouco. Os números não enganam, apesar dos fundos comunitários que continuam a entrar em Portugal (que desperdiçamos com investimentos que não interessam nem ao menino Jesus), todos os anos aumentamos, em pelo menos 10%, a nossa dívida externa.

O que se deve questionar é que culpa têm a classe média e baixa (quando há prémios? são para os gestores), para terem que suportar as medidas de austeridade. Não deveriam ser aqueles que deixaram irresponsavelmente acumular os défices públicos e privados que os deveriam pagar?

Passos Coelho disse ontem, que "o País não pode ser tomado pela responsabilização da culpa".

Pois eu acho precisamente o contrário: que pode e deve ser tomado por essa responsabilização. É precisamente nos julgamentos eleitorais que os políticos devem prestar contas dos seus actos.

Eu por mim tudo farei para, neste espaço, dar a conhecer o pouco que vou sabendo e não aceito as “peias” do esquecimento e da não inscrição, de que o “português” tanto gosta.


Nota à navegação:


A partir de hoje vou passar a publicar estas minhas reflexões de carácter mais geral na minha casinha ali ao lado, deixando para este espaço os temas centrados sobre Marvão. Embora considere que no Editorial de princípios enumerados do Fórum, esse tema não tenha a exclusividade.

Não quero ferir sensibilidades no conturbado período político que se advinha, nem contribuir para a desunião de grupo, cujo principal foco é “Marvão”.

Aos amigos que gostem saber sobre as minhas opiniões, poderão sempre fazê-lo em: http://retoricabugalhonica.blogspot.com/

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