domingo, 3 de junho de 2012

O medo global

Ontem quando regressava de mais uma “jogatana” de futebol de velhas guardas, acompanhado do Fernando Bonito e do Mário Bugalhão, às tantas, confidenciei-lhes algo que me anda a atormentar:

- Não sei o que se passa com as pessoas, parece que todos se querem esconder!

Hoje talvez tenha encontrado a explicação, quando lia o meu Blog de referência actual, O Delito de Opinião, ao deparar-me com esta reflexão de Eduardo Galeano, El miedo global, que aqui partilho convosco.

"(...)
Os que trabalham têm medo de perder o trabalho.
Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho.
Quem não tem medo da fome, tem medo da comida.
Os automobilistas têm medo de caminhar e os peões têm medo de ser atropelados.
A democracia tem medo de recordar e a linguagem medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas e as armas têm medo da falta de guerras.
É o tempo do medo.
Medo da mulher da violência do homem e medo do homem da mulher sem medo.
Medo dos ladrões, medo da polícia.
Medo da porta sem fechadura, do tempo sem relógios, da criança sem televisão, da noite sem comprimidos para dormir e medo do dia sem comprimidos para despertar.
Medo da multidão, medo da solidão, medo do que foi e do que pode ser, medo de morrer, medo de viver..."


Talvez esteja aqui a resposta para a minha dúvida.

2 comentários:

Felizardo Cartoon disse...

As notícias com que somos bonbardeados todos os dias talvez não sejam totalmente alheias à idade do medo e dos medos, presentes e ocultos!

Felizardo Cartoon disse...

P.S : Bombardeados e não bonbardeados