0 – Preâmbulo
Há dias, no âmbito da Plataforma Alto Alentejo XXI, e da Conferência sobre - Saúde, Apoio Social, Segurança e Protecção Civil; organizada pela CIMAA e IPP, que se irá realizar no próximo dia 23 de Fevereiro, como pode ver aqui, foi-me solicitado que desse um pequeno contributo, através de um pequeno vídeo pré-gravado, sobre a «área da saúde», que servisse para uma pequena introdução às intervenções dos Palestrantes convidados.
Fiquei a pensar se valeria a pena. Não por não considerar importante o meu contributo, mas pelo facto, de ser muito difícil em 3 minutos, dizer alguma coisa acertada sobre saúde, e, fosse o que fosse que dissesse, dificilmente, me conseguiria fazer perceber, ou mesmo dar algum contributo positivo.
Mas como habitualmente, não sou pessoa de não responder a desafios resolvi aceitar. Mas logo ficou na minha mente, que o melhor seria escrever alguma coisa sobre as ideias difusas que ali enumerei (agora diz-se elencar), com a finalidade de as dar melhor a conhecer, pelo menos para os mais curiosos, e, justificar perante aqueles que nada perceberem do que eu quis dizer, que passassem aqui pelo Fórum, e quem sabe, talvez pudessem ficar ainda mais confusos! Ou talvez não.
Estrategicamente elegi, para a minha intervenção, a área dos Cuidados de Saúde Primários (CSP). Não só por ser aquela que melhor conheço, mas também, por ser nesta área que se deveria centrar o foco dos parcos investimentos em saúde.
Há dias, no âmbito da Plataforma Alto Alentejo XXI, e da Conferência sobre - Saúde, Apoio Social, Segurança e Protecção Civil; organizada pela CIMAA e IPP, que se irá realizar no próximo dia 23 de Fevereiro, como pode ver aqui, foi-me solicitado que desse um pequeno contributo, através de um pequeno vídeo pré-gravado, sobre a «área da saúde», que servisse para uma pequena introdução às intervenções dos Palestrantes convidados.
Fiquei a pensar se valeria a pena. Não por não considerar importante o meu contributo, mas pelo facto, de ser muito difícil em 3 minutos, dizer alguma coisa acertada sobre saúde, e, fosse o que fosse que dissesse, dificilmente, me conseguiria fazer perceber, ou mesmo dar algum contributo positivo.
Mas como habitualmente, não sou pessoa de não responder a desafios resolvi aceitar. Mas logo ficou na minha mente, que o melhor seria escrever alguma coisa sobre as ideias difusas que ali enumerei (agora diz-se elencar), com a finalidade de as dar melhor a conhecer, pelo menos para os mais curiosos, e, justificar perante aqueles que nada perceberem do que eu quis dizer, que passassem aqui pelo Fórum, e quem sabe, talvez pudessem ficar ainda mais confusos! Ou talvez não.
Estrategicamente elegi, para a minha intervenção, a área dos Cuidados de Saúde Primários (CSP). Não só por ser aquela que melhor conheço, mas também, por ser nesta área que se deveria centrar o foco dos parcos investimentos em saúde.
Enquanto não for encontrada alguma eficácia neste sector, quiçá mesmo eficiência devido aos tempos que vivemos, bem podemos investir em Hospitais de última geração e fazê-los multiplicar como cogumelos, criar Urgências em tudo o que é sítio, ir parir a Badajoz, investir em tecnologias de ponta, que jamais resolveremos os problemas do SNS, e a saúde dos cidadãos continuar-se-á a degradar.
Parar um rio na foz é tarefa impossível. Só controlando a nascente, fazendo algumas açudas, limpando bem as levadas e vigiando bem as margens, poderemos levar a água aos diversos moinhos que por aí laboram.
Num universo tão vasto e complexo, pensei abordar 3 temas que me parecem fundamentais, sobretudo para melhorar o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde:
- Desaproveitamento dos Enfermeiros em Cuidados de Saúde Primários
- Utilização das Urgências por situações não urgentes
- O mito dos 1 500 utentes por parte dos Médicos de Família
Hoje irei apenas desenvolver o primeiro.
1 - Desaproveitamento dos Enfermeiros em Cuidados de Saúde Primários
(Se quiser conhecer, para melhor compreender a minha visão da história dos CS de 1ª e 2ª Geração pode conhece-la aqui)
Está a decorrer desde 2008, uma reorganização dos CSP. Esta reorganização baseia-se na criação daquilo que se estabeleceu chamar os Centros de Saúde (CS) de 3ª Geração.
Sobre a avaliação desta reorganização, ainda pouco há para dizer. A filosofia e os princípios mantêm-se como os seus antecessores, e em minha opinião, também os defeitos.
Ela apenas foi feita para responder aos problemas e às necessidades dos grandes centros urbanos do litoral, onde a prática de prestação de cuidados era ainda “tipo caixa”, onde se acumulam o número de cidadãos sem médico de família (estima-se que mais de 1milhão), apesar dos rácios de utentes por médico serem inferiores a toda a Europa.
A sua reorganização, mais uma vez, foi completamente controlada pelos médicos de clínica geral, que viram nesta oportunidade apenas mais uma forma de ganhar algum dinheiro, para se equipararem aos seus colegas hospitalares. Passados 4 anos, o número de cidadãos sem médico mantêm-se, e os custos não param de subir.
Como contribuir então para resolver esta situação ?
Na minha modesta opinião, a Reorganização a sério, deveria ter por base o reaproveitamento dos enfermeiros (como já reconheceu o actual Ministro da Saúde), contrapondo ao pseudo trabalho de equipa que dizem existir nas Unidades de Saúde Familiar, mas que é uma treta; dever-se-ia optar por um “Trabalho em Articulação e Cooperação” entre os diversos técnicos e onde os enfermeiros seriam os responsáveis por tudo o que fossem Actividades Prevenção Primária e alguma da Prevenção Terciária, ou seja: promoção e vigilância da saúde, prevenção de doenças e seguimento de grandes enfermidades crónicas.
Os enfermeiros deveriam ser os técnicos privilegiados no desenvolvimento destas actividades, e através de Protocolos elaborados para os diversos Programas de Saúde, seriam os responsáveis nos CS pelos programas de saúde infanto-juvenil, planeamento familiar e saúde reprodutiva, saúde materna e prevenção do cancro da mama e do útero, vacinação, seguimento dos diabéticos e de doentes hipertensivos, doentes com problemas de coagulação, seguimento de doentes dependentes nos domicílios e nos lares, e outros Programas de Saúde em execução nos Centros de Saúde.
Isto libertaria os médicos generalistas para a Prevenção Secundária, onde a sua formação e acção são essenciais nas actividades de diagnóstico e tratamento das doenças, atendimento de situações agudas ou episódios de recidiva das doenças crónicas.
Utilizar hoje em dia, enfermeiros licenciados, para desenvolverem quase exclusivamente intervenções dependentes ou interdependentes, é uma perfeita cretinice à portuguesa, que tem a sua origem num poder exagerado dos profissionais médicos, nas fracas lideranças de enfermagem, mas também, uma submissão estratégica incompreensível por parte dos profissionais de enfermagem.
Toda esta nova organização seria apoiada por outros técnicos de saúde, tais como fisioterapeutas, psicólogos, higienistas orais e de nutrição, etc. E claro, um Sistema de Informação fidedigno, compatível com os Sistemas de Informação Hospitalares; e o respectivo pessoal administrativo.
O financiamento, isto é, o “carcanhol” para cada um ou grupo de profissionais, seria feito com base em Objectivos por lista de utentes, e com avaliação de “verdadeiros resultados” obtidos; em oposição à actual avaliação de processos.
(Amanhã desenvolverei o 2º Tema)
Parar um rio na foz é tarefa impossível. Só controlando a nascente, fazendo algumas açudas, limpando bem as levadas e vigiando bem as margens, poderemos levar a água aos diversos moinhos que por aí laboram.
Num universo tão vasto e complexo, pensei abordar 3 temas que me parecem fundamentais, sobretudo para melhorar o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde:
- Desaproveitamento dos Enfermeiros em Cuidados de Saúde Primários
- Utilização das Urgências por situações não urgentes
- O mito dos 1 500 utentes por parte dos Médicos de Família
Hoje irei apenas desenvolver o primeiro.
1 - Desaproveitamento dos Enfermeiros em Cuidados de Saúde Primários
(Se quiser conhecer, para melhor compreender a minha visão da história dos CS de 1ª e 2ª Geração pode conhece-la aqui)
Está a decorrer desde 2008, uma reorganização dos CSP. Esta reorganização baseia-se na criação daquilo que se estabeleceu chamar os Centros de Saúde (CS) de 3ª Geração.
Sobre a avaliação desta reorganização, ainda pouco há para dizer. A filosofia e os princípios mantêm-se como os seus antecessores, e em minha opinião, também os defeitos.
Ela apenas foi feita para responder aos problemas e às necessidades dos grandes centros urbanos do litoral, onde a prática de prestação de cuidados era ainda “tipo caixa”, onde se acumulam o número de cidadãos sem médico de família (estima-se que mais de 1milhão), apesar dos rácios de utentes por médico serem inferiores a toda a Europa.
A sua reorganização, mais uma vez, foi completamente controlada pelos médicos de clínica geral, que viram nesta oportunidade apenas mais uma forma de ganhar algum dinheiro, para se equipararem aos seus colegas hospitalares. Passados 4 anos, o número de cidadãos sem médico mantêm-se, e os custos não param de subir.
Como contribuir então para resolver esta situação ?
Na minha modesta opinião, a Reorganização a sério, deveria ter por base o reaproveitamento dos enfermeiros (como já reconheceu o actual Ministro da Saúde), contrapondo ao pseudo trabalho de equipa que dizem existir nas Unidades de Saúde Familiar, mas que é uma treta; dever-se-ia optar por um “Trabalho em Articulação e Cooperação” entre os diversos técnicos e onde os enfermeiros seriam os responsáveis por tudo o que fossem Actividades Prevenção Primária e alguma da Prevenção Terciária, ou seja: promoção e vigilância da saúde, prevenção de doenças e seguimento de grandes enfermidades crónicas.
Os enfermeiros deveriam ser os técnicos privilegiados no desenvolvimento destas actividades, e através de Protocolos elaborados para os diversos Programas de Saúde, seriam os responsáveis nos CS pelos programas de saúde infanto-juvenil, planeamento familiar e saúde reprodutiva, saúde materna e prevenção do cancro da mama e do útero, vacinação, seguimento dos diabéticos e de doentes hipertensivos, doentes com problemas de coagulação, seguimento de doentes dependentes nos domicílios e nos lares, e outros Programas de Saúde em execução nos Centros de Saúde.
Isto libertaria os médicos generalistas para a Prevenção Secundária, onde a sua formação e acção são essenciais nas actividades de diagnóstico e tratamento das doenças, atendimento de situações agudas ou episódios de recidiva das doenças crónicas.
Utilizar hoje em dia, enfermeiros licenciados, para desenvolverem quase exclusivamente intervenções dependentes ou interdependentes, é uma perfeita cretinice à portuguesa, que tem a sua origem num poder exagerado dos profissionais médicos, nas fracas lideranças de enfermagem, mas também, uma submissão estratégica incompreensível por parte dos profissionais de enfermagem.
Toda esta nova organização seria apoiada por outros técnicos de saúde, tais como fisioterapeutas, psicólogos, higienistas orais e de nutrição, etc. E claro, um Sistema de Informação fidedigno, compatível com os Sistemas de Informação Hospitalares; e o respectivo pessoal administrativo.
O financiamento, isto é, o “carcanhol” para cada um ou grupo de profissionais, seria feito com base em Objectivos por lista de utentes, e com avaliação de “verdadeiros resultados” obtidos; em oposição à actual avaliação de processos.
(Amanhã desenvolverei o 2º Tema)
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