Funcionários Públicos: Atirar areia para os olhos
por Fernando Moreira de Sá, in Forte Apache
Existe uma direita, por vezes acompanhada de certa esquerda envergonhada, que gosta de encher a boca com os funcionários públicos e apelidá-los a todos de “meliantes”. Um discurso gasto e repetitivo que esconde uma outra realidade.
Nunca fui funcionário público, como nunca fui funcionário por conta de outrem. Já perdi a conta aos anos que levo a trabalhar e sempre lidei com uns e outros. No funcionalismo público encontrei dos melhores e no sector privado idem. Não sei se foi por acaso ou mera sorte mas nunca notei que no sector público existissem mais incompetentes que no privado. Da minha experiência direi que é “ela por ela”, ou seja, o número de incompetentes com que me cruzei no público, uma minoria, é idêntica à mesma minoria que encontrei no privado.
Quem ouve certas almas fica com a ideia que a culpa do estado a que chegou o país é dos funcionários públicos. Ninguém se lembra ou faz um ligeiro esforço de memória para recordar (ou não interessa) que boa parte dos cargos de chefia no Estado, aqueles cargos que realmente decidem em matérias fundamentais para o presente e futuro do país, foram escolhidos e nomeados pelos diferentes actores políticos. Seja na Administração local, seja na administração regional ou central. É na Estradas de Portugal, nas principais empresas de transporte público, nas diferentes Comissões de Coordenação Regional, nas Direcções Regionais disto e daquilo. Tudo nomeações políticas. Desses, ninguém fala nem da responsabilidade dos mesmos em matérias de gestão irresponsável. Um verdadeiro manto de silêncio.
Os funcionários públicos, nos últimos anos, sofreram cortes atrás de cortes nos seus vencimentos, nas suas regalias e nem por isso os serviços pararam. Nem a qualidade piorou. Por isso mesmo, estes constantes ataques são uma estupidez. O país precisa, igualmente, dos seus funcionários públicos nesta missão de recuperar Portugal. Estes constantes ataques de certa classe política só servem para desmotivar e, pior, criar um clima de revolta desnecessário e contraproducente. Não perceber isto é trágico. Continuar a bater na mesma tecla é coisa de meninos, de garotada. Não é assim que se faz a mudança. Todos somos poucos para mudar o rumo do país.
Tenho em casa uma funcionária pública. Raro é o dia que não trabalhe mais de 12 horas. Raro é o fim-de-semana que não trabalhe. Sem qualquer ganho financeiro suplementar. Conheço, nos vários locais por onde passei e ainda passo, centenas e centenas de exemplos idênticos. Quando ouvem estes dislates ficam sem palavras. Sobretudo, por saberem que é essa gente que, quando no poder, costuma premiar os incompetentes e ignorar os competentes...
por Fernando Moreira de Sá, in Forte Apache
Existe uma direita, por vezes acompanhada de certa esquerda envergonhada, que gosta de encher a boca com os funcionários públicos e apelidá-los a todos de “meliantes”. Um discurso gasto e repetitivo que esconde uma outra realidade.
Nunca fui funcionário público, como nunca fui funcionário por conta de outrem. Já perdi a conta aos anos que levo a trabalhar e sempre lidei com uns e outros. No funcionalismo público encontrei dos melhores e no sector privado idem. Não sei se foi por acaso ou mera sorte mas nunca notei que no sector público existissem mais incompetentes que no privado. Da minha experiência direi que é “ela por ela”, ou seja, o número de incompetentes com que me cruzei no público, uma minoria, é idêntica à mesma minoria que encontrei no privado.
Quem ouve certas almas fica com a ideia que a culpa do estado a que chegou o país é dos funcionários públicos. Ninguém se lembra ou faz um ligeiro esforço de memória para recordar (ou não interessa) que boa parte dos cargos de chefia no Estado, aqueles cargos que realmente decidem em matérias fundamentais para o presente e futuro do país, foram escolhidos e nomeados pelos diferentes actores políticos. Seja na Administração local, seja na administração regional ou central. É na Estradas de Portugal, nas principais empresas de transporte público, nas diferentes Comissões de Coordenação Regional, nas Direcções Regionais disto e daquilo. Tudo nomeações políticas. Desses, ninguém fala nem da responsabilidade dos mesmos em matérias de gestão irresponsável. Um verdadeiro manto de silêncio.
Os funcionários públicos, nos últimos anos, sofreram cortes atrás de cortes nos seus vencimentos, nas suas regalias e nem por isso os serviços pararam. Nem a qualidade piorou. Por isso mesmo, estes constantes ataques são uma estupidez. O país precisa, igualmente, dos seus funcionários públicos nesta missão de recuperar Portugal. Estes constantes ataques de certa classe política só servem para desmotivar e, pior, criar um clima de revolta desnecessário e contraproducente. Não perceber isto é trágico. Continuar a bater na mesma tecla é coisa de meninos, de garotada. Não é assim que se faz a mudança. Todos somos poucos para mudar o rumo do país.
Tenho em casa uma funcionária pública. Raro é o dia que não trabalhe mais de 12 horas. Raro é o fim-de-semana que não trabalhe. Sem qualquer ganho financeiro suplementar. Conheço, nos vários locais por onde passei e ainda passo, centenas e centenas de exemplos idênticos. Quando ouvem estes dislates ficam sem palavras. Sobretudo, por saberem que é essa gente que, quando no poder, costuma premiar os incompetentes e ignorar os competentes...
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