sexta-feira, 2 de março de 2012

Ecos da Assembleia Municipal de 28/2 - A Saúde

Nos próximos Posts irei fazer algumas reflexões críticas sobre alguns dos assuntos abordados durante a AM de 28/2, procurando com a minha opinião, de cidadão e munícipe, contribuir para a tomada de consciência colectiva sobre alguns dos problemas que afectam os marvanenses.

Como escrevi na crónica que fiz sobre a AM, o presidente da Câmara elegeu 4 temas que me parecem de crucial importância para a vida futura do concelho: a saúde, os consumos de energia, a água e a habitação.

Irei abordar os assuntos individualmente, para não tornar demasiado extensa a escrita, porque estamos em tempos do pessoal não se moer muito com temas demasiado maçudos.

- Saúde

Em relação aos cuidados de saúde no concelho de Marvão, por muito que o presidente queira desvalorizar e atenuar a situação, o facto é que os marvanenses continuam prejudicados em relação a todo o distrito de Portalegre, com menos 20 horas por semana de acesso aos cuidados de saúde que os concelhos em idênticas condições. Deixo aqui mais uma vez, a realidade dos Horários de Abertura dos CS dos concelhos com populações idênticas a Marvão.

Como se pode verificar no Quadro 1, todos eles têm no mínimo 55 horas de abertura dos seus CS, enquanto Marvão continua com apenas 35 horas semanais.



Para além destes dados, e dos responsáveis se continuarem a desculpar com a ladainha de pouco pessoal, convém que todos os marvanenses saibam que o CS de Marvão tem actualmente no seu Mapa de Pessoal 4 Médicos: José Silva, Vitoriano; Margarida Carradinha e Ana Briosa (embora esta última tenha apenas funções de gestão).


Todos eles, segundo sei, têm Horários Acrescidos de 42 horas semanais (os horários completos dos médicos são de 35 horas), o que leva a cada um receba mais 30% sobre o vencimento base. Tem 6 enfermeiros prestadores de cuidados com horário completo e uma Enf.ª Chefe a meio-tempo.

Teoricamente, com estes recursos humanos, os rácios no CS de Marvão que tem cerca de 3 500 habitantes (cerca de 15% não estão inscritos no CS de Marvão), dá aproximadamente 878 utentes/médico (mesmo contando apenas com 3 médicos dá cerca de 1 000 utentes/médico); e 585 utentes/enfermeiro.


Comparando estes rácios, constatamos que eles são excepcionais, pois as orientações do SNS em cuidados de saúde primários apontam para rácios mínimos de 1 500 utentes/médico e 800 utentes/enfermeiro.

No Quadro 2,
podemos verificar que ao comparar recursos humanos com Centros de idêntica dimensão, que as razões do Horário reduzido do CS de Marvão serão todas, menos pela falta de recursos humanos.


Nunca, no passado, o concelho de Marvão teve tão poucos habitantes e tantos recursos humanos em saúde e consequentemente custos. Que se passa então em Marvão?



Da minha parte, enquanto cidadão, já o disse aos actuais dirigentes da ULSNA, e volto a afirmar aqui, que não existe nenhuma razão objectiva para que horários de 55 horas semanais (até ás 19 horas nos dias de semana e 5 horas num dia aos fins-de-semana), não funcionem na Sede do CS de Marvão, que tem todas as condições físicas para tal.

Se os habitantes de Marvão se podem deslocar a C. de Vide, também os habitantes de C. de Vide se podem deslocar a Marvão, a distância é exactamente a mesma. É lógico que se estas actividades puderem ser centradas em SS da Aramenha, todos ficarão beneficiados.

Espero bem, agora que os novos Dirigentes da ULSNA vão tomar posse, se estabeleça um ambiente negocial favorável, frontal mas com conhecimento de causa, não se enveredando por climas de confrontação e “ameaças de tribunais”, tão do agrado de Vítor Frutuoso, pelo menos para consumo caseiro.

Não é necessário que ninguém se ponha em “bicos de pés” senhor presidente, porque se vê perfeitamente, com os calcanhares assentes no chão, que o acesso dos marvanenses aos cuidados de saúde terá de ser igual aos outros concelhos!

O que é urgente é terminar com esta situação, porque os marvanenses devem ter direitos iguais aos dos restantes habitantes do distrito e, o presidente da câmara, enquanto 1º representante dos marvanenses, tem obrigação de estar na primeira linha para que esta injustiça, que já tem barbas, seja corrigida.


Se quiser exemplos de estratégia, fale com o seu colega de Avis.

2 comentários:

victoria disse...

Estimado João ,sabe bem que estes dados não são reais, e acho que não se deve confundia á população , porque embora no quadro figuram quatro médicos, a triste realidade e que estamos só dois “ a trabalhar”, eu com 1600 utentes, outro com 1400 e outro com apenas 290, pelo que o ratio não de 878 utentes /médico está desactualizado.
Assim , com o José e eu , pretendes manter aberto Marvão 55 horas semanais?
Se os habitantes de Marvão se podem deslocar a C. de Vide, também os habitantes de C. de Vide se podem deslocar a Marvão, a distância é exactamente a mesma. É lógico que se estas actividades puderem ser centradas em SS da Aramenha, todos ficarão beneficiados.
Totalmente de acordo , estou lutando por isto desde sempre

João, disse...

Meu caro Vitoriano, grato pela sua intervenção, que me permite esclarecer melhor a coisa.

Percebo perfeitamente o seu ponto vista profissional e funcional e sabe que não tenho a mínima intenção de confundir ninguém, sobretudo aqueles que sentem na pele e no bolso a DESORGANIZAÇÃO dos serviços de saúde.

Mas se percebo o seu ponto de vista, não posso ignorar, tal como o meu amigo diz que não são 2 médicos, mas sim 3 (tanto que é você que afirma no seu comentário que um tem 1 600, outro tem 1 400 e outro 290), logo o rácio é tal como afirmei, sem qualquer confusão de 1 000 utentes/médico, e isso seria se apenas tivessem e recebessem 35 horas/semana. No entanto, tanto quanto sei os 3 recebem com horários acrescidos de 42 hora semanais. E ainda existe outra médica aí colocada: Ana Briosa.

Quanto a ter Centros abertos 55 horas e 3 médicos, como deve ter visto no Quadro 2 tem: Arronches, Monforte, Fronteira e ainda há mais. Não pode continuar a ser é receber 42 e trabalhar 20 ou 25.

Logo meu caro, com todo o respeito que tenho pelo vosso profissionalismo, mas vendo as coisas do ponto de vista dos contribuintes, não me parece justo pagar a 4 médicos no concelho de Marvão com horários acrescidos e na prática só ter 2 a prestar cuidados, com todo o prejuízo para os marvanenses.

Quem paga tem o direito de exigir ser bem servido e não são aqueles que cumprem o seu dever, como parece ser o seu caso, que merecem ser prejudicados, mas sim aqueles que o não cumprem e quem dirige os serviços (é a eles que me dirijo e não aos profissionais cumpridores), pois esse problema é de mera ineficácia de gestão.

João Bugalhão