quarta-feira, 14 de março de 2012

O mundo dos outros...

Não posso deixar de partilhar convosco este artigo de Henrique Raposo. Parece que estas coisas da energia eléctrica, têm uma componente mais larga e que não afectam apenas o “tico e o teco”!

EDP, ou a cobardia do Governo
por Henrique Raposo

"Quando aterrou na Portela, a troika já sabia uma coisa: a política energética de Portugal é um luxo caríssimo e um perigo para a competitividade das nossas empresas. A energia eólica, que cobriu serras e vales, é uma actividade que tem tanto de vaidade como de ineficiência. E quem paga essa ineficiência verdinha e fofa? Nós, os portugueses, os contribuintes, os consumidores, as empresas, no fundo, os remadores dessa galé chamada EDP.

Assim, com toda a naturalidade, a renegociação das rendas dadas às empresas que produzem energia eólica foi deste sempre uma medida-chave do memorando. Por outras palavras, a troika desfez a política energética de Sócrates, Pinho, Zorrinho e do inefável dr. Mexia, esse génio-da-gestão-de-negócios-protegidos-e-financiados-pelo-meu-bolso.

Depois, no novo Governo, apareceu um homem sensato, Henrique Gomes, que teve a coragem para dizer o óbvio: a EDP tem poder a mais, e o país dá demasiado dinheiro aos produtores de energia eólica. E, convém notar, estas declarações têm o seu quê de eufemístico. É só olhar para os números. As tais unidades de cogeração do dr. Pinho vendem electricidade por mais de 120 euros por megawatt e depois vão comprá-la a 45 euros.

Isto não é um negócio, é uma renda, uma renda inaceitável. Não por acaso, o Negócios de ontem dizia que cada família portuguesa dá uma renda de 27 euros aos produtores desta energia verdinha e carinha. E, há dias, Eduardo Catroga, logo ele, dizia que quase metade da conta da luz é destinada a estes subsídios.

Na factura, alguém teve a distinta lata de rotular estas rendas de "custos de interesse económico geral". Não, não são custos de interesse geral. São, isso sim, custos do interesse da EDP e afins.

Neste quadro, a demissão de Henrique Gomes é um indício grave de que este governo não tem a coragem para enfrentar a EDP & amiguinhos. É um indício de que a coragem deste governo parou no sítio do costume: a 'Lesboa' do compadrio, a 'Lesboa' dos negócios protegidos que exploram o resto da economia, a começar nas empresas exportadoras, a 'Lesboa' da ética almoçarista, para citar Henrique Monteiro. Ora, ante esta 'Lesboa' bonitinha e nojentinha, resta-nos uma coisa: a troika. Se nós, como país, não tivermos a coragem para tirar dinheiro à EDP & Cia., então, não merecemos receber a próxima tranche do empréstimo. Ponto."


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