No “Notícias de Castelo de Vide” deparei-me hoje com esta notícia sobre a cooperação entre o triângulo turístico Marvão/Castelo-Vide/Portalegre:
“Na sua reunião de hoje, a segunda do mês de Junho, o Executivo Municipal de Castelo de Vide, vai debruçar-se sobre uma proposta de “saída do Município de Castelo de Vide” da denominada Associação de Municípios de Castelo de Vide, Marvão e Portalegre, como se refere na agenda de trabalhos tornada pública por António Ribeiro.
O relacionamento entre os três Municípios, todos eles de maioria PSD, no quadro desta estrutura tem sido débil e confinou-se até há cerca de um ano à publicação mensal de uma agenda turística conjunta, projecto que Castelo de Vide acabaria mesmo por abandonar em 2009.
Para além disso, restam apenas as tentativas mais recentes (2007 e 2008) de relançamento do chamado “triângulo turístico” mas sem quaisquer resultados palpáveis.”
Não deixa de ser curioso, numa altura em que se fala da junção de alguns municípios, nem nas pequenas coisas eles (os dirigentes) se entendem...
“Na sua reunião de hoje, a segunda do mês de Junho, o Executivo Municipal de Castelo de Vide, vai debruçar-se sobre uma proposta de “saída do Município de Castelo de Vide” da denominada Associação de Municípios de Castelo de Vide, Marvão e Portalegre, como se refere na agenda de trabalhos tornada pública por António Ribeiro.
O relacionamento entre os três Municípios, todos eles de maioria PSD, no quadro desta estrutura tem sido débil e confinou-se até há cerca de um ano à publicação mensal de uma agenda turística conjunta, projecto que Castelo de Vide acabaria mesmo por abandonar em 2009.
Para além disso, restam apenas as tentativas mais recentes (2007 e 2008) de relançamento do chamado “triângulo turístico” mas sem quaisquer resultados palpáveis.”
Não deixa de ser curioso, numa altura em que se fala da junção de alguns municípios, nem nas pequenas coisas eles (os dirigentes) se entendem...
4 comentários:
3 Municipios vizinhos, geridos por politicos do mesmo partido, numa região privilegiada que não aproveitam as sinergias de uma forma consolidada e com recurso ao trabalho de equipa.
É uma tristeza para quem gosta da região...
http://deseconomias.blogspot.com/2010/09/triangulo-turistico-marvao-castelo-de.html
Pedindo desculpa ao Nuno, e para poupar trabalho aos visitantes, aqui deixo na integra o seu artigo publicado no Jornal Alto Alentejo, e reproduzido nessa data no Fórum, bem como dois comentários que por aqui se fizeram sobre o tema.
Nuno Vaz da Silva in Jornal "Alto Alentejo", edição de 8 Setembro de 2010:
“Há terras, lugares privilegiados. Têm alguma coisa que os individualiza, que os distingue, que faz distinguir os seus naturais. Clima, situação geográfica, hidrografia, geomorfologia, vegetação. Serão estes os factores chave? Ou serão antes os factores históricos, a dureza da vida, a experiência de séculos?”
Assim começa o prefácio de Diamantino Sanches Trindade ao livro “Terras de Odiana” de Possidónio Laranjo Coelho, uma das mais notáveis obras escritas sobre os costumes, as gentes e a história da região que compreende os actuais concelhos de Marvão e Castelo de Vide.
Fala-se muito do triângulo turístico Marvão – Castelo de Vide – Portalegre mas para além dessa vertente turística, a região tem uma forte componente humana, social e de relacionamento com a natureza que a distingue.
Muito daquilo que somos hoje se deve a factores históricos. E esses estão relacionados com aspectos endógenos da região como as nascentes de água, a qualidade dos terrenos, a beleza das paisagens e a situação geográfica.
Durante anos, o Homem soube aproveitar a extraordinária riqueza desta região: Aproveitou a qualidade, a abundância e a diversidade das águas para consumo, para a agricultura e mesmo para a saúde.
Utilizou os terrenos férteis para sobreviver e comercializar os produtos. Apoiou-se na geografia do terreno para se proteger e para ambicionar novas conquistas. E recorreu à capacidade de trabalho de muitos habitantes para desenvolver actividades industriais como a cortiça ou os lanifícios.
(Continua)
(continuação)
Hoje discutem-se os problemas regionais nos cafés, jornais ou nas redes sociais da internet, e de facto eles existem: Poucos empregos, fuga da população jovem para regiões e países mais desenvolvidos, vias de comunicação desajustadas, excessivo peso do sector público nos empregos existentes, poucas iniciativas do governo central para promoção do desenvolvimento, e desânimo progressivo da população face à situação económico-social da região.
Mas, mesmo considerando os problemas existentes, concordo com Diamantino Sanches Trindade quando refere que esta é de facto uma região privilegiada, a ver até pelo meu exemplo pessoal: Apesar de trabalhar em Lisboa continuo a ter saudades da vista deslumbrante de Marvão, da riqueza das fontes e brasões de Portalegre, do ambiente bucólico da vila e da vida social das gentes de Castelo de Vide, das feiras das cerejas, das cebolas, do verde dos soutos de castanheiros da encosta de Marvão, do sabor inconfundível das boleimas, das empadas, dos rebuçados de ovos e da groselha, do paladar dos vinhos, dos queijos e dos enchidos, do cheiro da terra molhada, das sombras da Portagem nos dias quentes de Verão, do espólio maravilhoso dos museus, das chaminés da Robinson que ainda “vejo” a cozer cortiça, saudades das cascatas, das nascentes e dos cursos de água, de ver os pássaros pelas costas nas muralhas de Marvão, das pedras cheias de história das antas, dos menires e da Ammaia, do nascer do sol em São Mamede e, sobretudo, saudades das pessoas! Não apenas da família e dos amigos mas saudades do olhar e da hospitalidade das gentes locais sempre disponíveis para ajudar quem delas necessita.
Vivemos alguns problemas económicos, isso é indesmentível, mas ninguém nos pode tirar a riqueza da nossa cultura, da nossa história e os atractivos que fazem desta uma região privilegiada.
Sou dos que consideram que esta é uma região com futuro, com potencial turístico e natural ainda por explorar. E, não sou seguramente o único. Quem vem a esta região geralmente volta e isso só acontece porque se sente bem por aqui, porque foi bem acolhido, porque viu paisagens únicas... porque sente saudades!
Nos últimos tempos, o Tripadvisor elegeu Marvão um dos 10 segredos de viagens mais bem guardados, o The New York Times considerou o Alto Alentejo um destino desconhecido mas não por muito tempo, a revista da Easyjet descreveu o Parque Natural da Serra de São Mamede como uma zona de eleição para desfrutar da riqueza da natureza.
(Continuação)
São boas notícias para esta região e para as terras de Garcia D`Orta, Mouzinho da Silveira e José Régio. São sinais que a “matéria-prima” continua a existir e é reconhecida internacionalmente.
Marvão não foi eleita Património Mundial, Portalegre não está no mapa das Auto-Estradas, o Campo de Golfe foi uma desilusão mas o clima, a situação geográfica, a hidrografia, a geomorfologia e a vegetação são os mesmos de sempre, assim como o sangue dos naturais deste triângulo privilegiado é idêntico ao dos antepassados que conseguiram sobrepor os aspectos positivos às contrariedades da história e que fazem desta uma região a visitar, a saborear, a apreciar e onde se deseja regressar!”
Comentário de João Bugalhão em 8/Set/2010
“Claro que o tema é quase consensual. O contexto gerado pelo triângulo “Marvão - C. Vide - Portalegre”, deixa poucas dúvidas sobre as suas potencialidades, há dezenas, ou mesmo centenas de anos. No entanto, os processos, certamente, não têm sido os mais adequados, e os resultados (expressos no seu último parágrafo em sublinhado por mim), talvez, até hoje, não tenham sido os melhores.
Porque será?”
Comentário de Tiago Gaio em 9/Set./2010
“Excelente artigo meu caro Nuno!
É com agrado que regularmente "vejo" que os filhos da terra, embora menos perto por razões a que a vida obriga, não esquecem as suas origens.
Sem dúvida que pertencemos a uma região privilegiada! E sem dúvida que tem um enorme potencial. Pena não ter escala para sozinha movimentar massas que garantam a sua sustentabilidade (social, cultural, económica).
Tenho esperanças que em articulação com o enorme potencial das terras do Grande Lago possamos ambicionar um futuro melhor para a nossa região.”
Parece que estávamos enganados...
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