por Pedro Rolo Duarte
"Entre os comentários ofensivos que recebi (e apaguei, claro) nos últimos dias – algo que já não acontecia desde as últimas eleições... -, houve um que ficou a pairar na minha cabeça. Dizia, recheadinho de palavrões, algo como “pode ser que te lixes com o teu voto, estás à espera do tacho e ele não vai chegar”.
Ficou a pairar pela mais simples das razões: de tal forma os portugueses se habituaram a assistir à troca de votos e apoios por tachos e panelas, que lhes sai naturalmente o comentário do “deve & haver”, como se fosse óbvio, como se não pudesse ser de outra forma. No meu caso, é tão estúpido e infantil quanto é certo que sou um profissional livre, sujeito às flutuações do mercado, e menos sujeito às flutuações da política. De passagem: o mercado está péssimo, já estava antes de Sócrates, e promete continuar no futuro. É do mercado e de quem manda nele, não é do governo nem de quem governa.
Esta ideia do voto e do empenhamento a “preço certo” também ajuda a explicar a abstenção – injustificável, porém real... – e o desinteresse pela coisa pública: a maioria dos portugueses acha realmente que quem se candidata quer servir-se e “encher-se”, que “andam todos ao mesmo”, que quem se empenha e debate, ou se expõe publicamente, ou se candidata, quer ir comer ao tacho ou quer emprego ou quer qualquer coisa. Não é verdade – mas infelizmente, é este o quadro que temos vivido, essa é a memória que fica quando olhamos as composições das administrações publicas e privadas e vemos todos os Varas desta vida, ou quando descobrimos os “desaparecidos em combate” nos lugares mais obscuros dos Institutos, das Secretarias, das autarquias, dos Observatórios, das Comissões.
Ficou a pairar pela mais simples das razões: de tal forma os portugueses se habituaram a assistir à troca de votos e apoios por tachos e panelas, que lhes sai naturalmente o comentário do “deve & haver”, como se fosse óbvio, como se não pudesse ser de outra forma. No meu caso, é tão estúpido e infantil quanto é certo que sou um profissional livre, sujeito às flutuações do mercado, e menos sujeito às flutuações da política. De passagem: o mercado está péssimo, já estava antes de Sócrates, e promete continuar no futuro. É do mercado e de quem manda nele, não é do governo nem de quem governa.
Esta ideia do voto e do empenhamento a “preço certo” também ajuda a explicar a abstenção – injustificável, porém real... – e o desinteresse pela coisa pública: a maioria dos portugueses acha realmente que quem se candidata quer servir-se e “encher-se”, que “andam todos ao mesmo”, que quem se empenha e debate, ou se expõe publicamente, ou se candidata, quer ir comer ao tacho ou quer emprego ou quer qualquer coisa. Não é verdade – mas infelizmente, é este o quadro que temos vivido, essa é a memória que fica quando olhamos as composições das administrações publicas e privadas e vemos todos os Varas desta vida, ou quando descobrimos os “desaparecidos em combate” nos lugares mais obscuros dos Institutos, das Secretarias, das autarquias, dos Observatórios, das Comissões.
E como esse é o padrão, o português aplica-o religiosamente. Nessa medida, os governos de José Sócrates consolidaram o padrão até à náusea.
E como o exemplo leva ao comentário ofensivo e à incompreensão por um voto devidamente explicado ou enquadrado, o que é que dá vontade?
Dá vontade de passar a falar apenas de culinária e da meteorologia. É tão mais fácil ser alforreca, como os anónimos que arrotam postas de pescada impunemente nas caixas de comentários... "
E como o exemplo leva ao comentário ofensivo e à incompreensão por um voto devidamente explicado ou enquadrado, o que é que dá vontade?
Dá vontade de passar a falar apenas de culinária e da meteorologia. É tão mais fácil ser alforreca, como os anónimos que arrotam postas de pescada impunemente nas caixas de comentários... "
Nenhum comentário:
Postar um comentário