Dossier já está em marcha - Marvão (re)candidato a Património Mundial
Depois de ter retirado, na sequência de um parecer negativo do Conselho Mundial de Monumentos e Sítios (ICOMOS), a sua primeira tentativa a Património Mundial, Marvão volta a atacar esta importante classificação atribuída pela UNESCO. 25 de Fevereiro fica assim para a história da vila como o data de arranque do dossier que, a curto/médio prazo, pode traduzir-se como o "primeiro dia do resto da vida" de Marvão.
A tarde de sexta-feira ficou marcada pela conferência de imprensa que assinalou o arranque da composição do dossier que irá resultar num trabalho científico que poderá classificar finalmente Marvão como Património Mundial da UNESCO.
Depois de uma sessão de trabalho, com a equipa que integra a construção desta candidatura orientada por Ray Bondim, e onde foram decididos e atribuídos os critérios pelos quais a candidatura será orientada, o vereador marvanense José Manuel Pires, o coordenador Ray Bondim e os professores Jorge Oliveira e Francisco Ramos falaram à comunicação social, revelando grandes expectativas no sucesso desta segunda tentativa.
José Manuel Pires foi o primeiro a usar da palavra, começando desde logo por explicar que a primeira conclusão retirada desta reunião de trabalho foi a lista de critérios para a inscrição de bens na lista de candidatura a património mundial, nomeadamente:
- Ser um exemplo excepcional de um tipo de construção ou conjunto arquitectónico;
- Constituir um exemplo excepcional de fixação humana ou ocupação do território nacional;
- Representar fenómenos naturais ou áreas de uma beleza natural e importância estética excepcional;
- Conter os habitats naturais mais representativos e importantes para conservação in city da diversidade biológica, incluindo aqueles onde sobrevivem espécies ameaçadas com valor universal excepcional do ponto de vista da ciência ou conservação.
Para além disso, e de acordo com o vereador, ficou também definida a estratégia e os timings para a construção dos textos, mas sempre centrados nestes quatro critérios. Na verdade, e segundo nos revelou, dentro de oito semanas surgirão os primeiros textos escritos e, em Setembro, pode já haver uma compilação e algum trabalho físico. No entanto, o prazo para a apresentação deste trabalho científico tem um prazo de dois anos.
"Queremos o melhor dossier de sempre"
Orgulhoso com esta segunda tentativa, José Manuel Pires lembrou que este dossier tem em vista "provar que Marvão tem um valor universal excepcional" e "uma importância cultural ou natural tão excepcional que transcende as fronteiras nacionais", e se reveste de "um carácter inestimável para as gerações actuais e futuras de toda a humanidade".
"Será um trabalho árduo provar que Marvão tem esta singularidade e há um conjunto de características que teremos de comprovar junto da Unesco, mas o objectivo final será comprovar o seu valor universal excepcional", afirmou, recordando que o dossier elaborado no passado "tinha algumas deficiências" mas que é também importante "beber dessa experiência" para fazer "o melhor dossier de sempre".
"Esta candidatura tem também um objectivo de promover Marvão como destino turístico, pois o turismo pode ser a âncora do desenvolvimento do concelho, e pode arrastar todos os outros sectores. Além disso, com esta certificação da Unesco queremos prestar uma justa homenagem aos marvanenses", sustentou, garantindo que Marvão quer ser "o quarto vértice de outros locais que já são património mundial", nomeadamente Cáceres, Mérida e Évora.
Seguiu-se o discurso de Francisco Ramos que considerou a sessão de arranque "verdadeira sementeira de ideias, houve reflexões, opiniões, considerações muito úteis para estabelecer pistas que possam alimentar o dossier".
Na sua opinião, a candidatura deve-se orientar para dois aspectos importantes: o património edificado, e o património natural envolvente, uma vez que o facto de Marvão estar integrado no parque natural, e de a acção humana ter afectado positivamente a zona envolvente, "dá-nos garantias mínimas para que a candidatura se faça na componente "paisagem cultural".
"Marvão é único, peculiar e excepcional exactamente porque consegue juntar e consubstanciar uma serie de valores que não se limitam ao rochedo que domina a planície", frisou.
"Marvão é um espanto"
A sessão contou ainda com a presença de Jorge Oliveira, um filho da terra, e grande entusiasta deste projecto. Abordando o diálogo que sempre existiu entre o homem e a rocha e que deu origem ao "espanto" que Marvão é nos dias de hoje "tem de ser projectado para o futuro".
"Esta candidatura é sobretudo uma aposta na preservação do património, na sua divulgação e em fazer a justa homenagem a todos os indígenas que souberam, ao longo destes milénios, preservar uma imagem e um património", concluiu.
A última palavra foi de Ray Bondim, embaixador da UNESCO e coordenador desta candidatura. Satisfeito com a coragem de Marvão por voltar a tentar candidatar-se a património mundial, o responsável começou por congratular "o profissionalismo com que todos estão a tratar esta nova candidatura".
"Sempre que venho a Marvão vejo grandes melhorias no estado de conservação e embelezamento da vila, o que lhe traz ainda mais valor acrescentado. Marvão é excepcional, principalmente pela magnífica paisagem que rodeia as muralhas do castelo, construídas pelo homem que aqui marca presença desde sempre. É isto que faz com que Marvão, apesar de pequena, seja tão importante", declarou Ray Bondim.
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