quarta-feira, 2 de março de 2011

(Re)Candidatura de Marvão a Património Mundial - Capítulo 1

De acordo com a Edição de ontem do Jornal Fonte Nova:


Dossier já está em marcha - Marvão (re)candidato a Património Mundial




Depois de ter retirado, na sequência de um parecer negativo do Conselho Mundial de Monumentos e Sítios (ICOMOS), a sua primeira tentativa a Património Mundial, Marvão volta a atacar esta importante classificação atribuída pela UNESCO. 25 de Fevereiro fica assim para a história da vila como o data de arranque do dossier que, a curto/médio prazo, pode traduzir-se como o "primeiro dia do resto da vida" de Marvão.

A tarde de sexta-feira ficou marcada pela conferência de imprensa que assinalou o arranque da composição do dossier que irá resultar num trabalho científico que poderá classificar finalmente Marvão como Património Mundial da UNESCO.

Depois de uma sessão de trabalho, com a equipa que integra a construção desta candidatura orientada por Ray Bondim, e onde foram decididos e atribuídos os critérios pelos quais a candidatura será orientada, o vereador marvanense José Manuel Pires, o coordenador Ray Bondim e os professores Jorge Oliveira e Francisco Ramos falaram à comunicação social, revelando grandes expectativas no sucesso desta segunda tentativa.

José Manuel Pires foi o primeiro a usar da palavra, começando desde logo por explicar que a primeira conclusão retirada desta reunião de trabalho foi a lista de critérios para a inscrição de bens na lista de candidatura a património mundial, nomeadamente:

- Ser um exemplo excepcional de um tipo de construção ou conjunto arquitectónico;

- Constituir um exemplo excepcional de fixação humana ou ocupação do território nacional;

- Representar fenómenos naturais ou áreas de uma beleza natural e importância estética excepcional;

- Conter os habitats naturais mais representativos e importantes para conservação in city da diversidade biológica, incluindo aqueles onde sobrevivem espécies ameaçadas com valor universal excepcional do ponto de vista da ciência ou conservação.


Para além disso, e de acordo com o vereador, ficou também definida a estratégia e os timings para a construção dos textos, mas sempre centrados nestes quatro critérios. Na verdade, e segundo nos revelou, dentro de oito semanas surgirão os primeiros textos escritos e, em Setembro, pode já haver uma compilação e algum trabalho físico. No entanto, o prazo para a apresentação deste trabalho científico tem um prazo de dois anos.

"Queremos o melhor dossier de sempre"

Orgulhoso com esta segunda tentativa, José Manuel Pires lembrou que este dossier tem em vista "provar que Marvão tem um valor universal excepcional" e "uma importância cultural ou natural tão excepcional que transcende as fronteiras nacionais", e se reveste de "um carácter inestimável para as gerações actuais e futuras de toda a humanidade".


"Será um trabalho árduo provar que Marvão tem esta singularidade e há um conjunto de características que teremos de comprovar junto da Unesco, mas o objectivo final será comprovar o seu valor universal excepcional", afirmou, recordando que o dossier elaborado no passado "tinha algumas deficiências" mas que é também importante "beber dessa experiência" para fazer "o melhor dossier de sempre".

"Esta candidatura tem também um objectivo de promover Marvão como destino turístico, pois o turismo pode ser a âncora do desenvolvimento do concelho, e pode arrastar todos os outros sectores. Além disso, com esta certificação da Unesco queremos prestar uma justa homenagem aos marvanenses"
, sustentou, garantindo que Marvão quer ser "o quarto vértice de outros locais que já são património mundial", nomeadamente Cáceres, Mérida e Évora.

Seguiu-se o discurso de Francisco Ramos que considerou a sessão de arranque "verdadeira sementeira de ideias, houve reflexões, opiniões, considerações muito úteis para estabelecer pistas que possam alimentar o dossier".

Na sua opinião, a candidatura deve-se orientar para dois aspectos importantes: o património edificado, e o património natural envolvente, uma vez que o facto de Marvão estar integrado no parque natural, e de a acção humana ter afectado positivamente a zona envolvente, "dá-nos garantias mínimas para que a candidatura se faça na componente "paisagem cultural".

"Marvão é único, peculiar e excepcional exactamente porque consegue juntar e consubstanciar uma serie de valores que não se limitam ao rochedo que domina a planície
", frisou.

"Marvão é um espanto"

A sessão contou ainda com a presença de Jorge Oliveira, um filho da terra, e grande entusiasta deste projecto. Abordando o diálogo que sempre existiu entre o homem e a rocha e que deu origem ao "espanto" que Marvão é nos dias de hoje "tem de ser projectado para o futuro".

"Esta candidatura é sobretudo uma aposta na preservação do património, na sua divulgação e em fazer a justa homenagem a todos os indígenas que souberam, ao longo destes milénios, preservar uma imagem e um património",
concluiu.

A última palavra foi de Ray Bondim, embaixador da UNESCO e coordenador desta candidatura. Satisfeito com a coragem de Marvão por voltar a tentar candidatar-se a património mundial, o responsável começou por congratular "o profissionalismo com que todos estão a tratar esta nova candidatura".

"Sempre que venho a Marvão vejo grandes melhorias no estado de conservação e embelezamento da vila, o que lhe traz ainda mais valor acrescentado. Marvão é excepcional, principalmente pela magnífica paisagem que rodeia as muralhas do castelo, construídas pelo homem que aqui marca presença desde sempre. É isto que faz com que Marvão, apesar de pequena, seja tão importante",
declarou Ray Bondim.

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