São quase três da matina. Saí agora na estação dos pesadelos, empapado em suor, aqui neste meu sofá amigo, cúmplice de tantas noites de ansiedade e angústia. E a insónia, recém-chegada ela, tem a culpa deste desvario…
Acabaram as Festas da Senhora dé Estrela. Se ainda houvesse Inverno, ele vinha a chegar. Ai vinha, vinha, que eu fui lá fora ver como está fresquinho e como a caruma do pinheiro se move em silêncio, de forma sinistra, talvez. E fui descalço, mesmo correndo o risco de me picar algum alacrau e morrer envenenado (ele, claro).
Escrevendo em Festas, invadiu-me a nostalgia. Nostalgia daqueles tempos em que por estes reinos dos senhores havia festança rija, com gentes a rir e a bailar, com sorrisos na cara e o vinho a correr sem parar e a populaça de outras paragens cá nos vinha visitar. E nós, que nem perús emproados, algo tínhamos para nos orgulhar.
Hoje já não há Festas. Sim, porque as Festas não se inventam. As Festas são um estado de espírito. E, se nos trocaram o saco do optimismo e da alegria pelo da tristeza e do cinzentismo atroz, não há condições para que nos possamos divertir. Está instaurado, contra a nossa vontade, o estado dos caras de pau. E como não nos podemos ou não sabemos divertir, às Festas, só vamos se de lá pudermos sacar algum proveito. Se assim não for, nem lá pomos os pés, mesmo que sejamos convidados de honra.
Qual será a razão pela qual o nosso bom humor se encontra em paradeiro desconhecido? Será que fomos invadidos pela incerteza, pela descrença, pela dúvida permanente? Ou será que já não acreditamos em nada do que nos rodeia e desconfiamos até da própria sombra?
Se assim for, não me façam festas.
E para o ano que vem há mais festas. Muitas festas. Não se sabe, é quando começam a estoirar os foguetes.
…
Para bom entendedor, meia palavra basta. As Festas mencionadas no texto supra, não têm nada que ver com as Festas da Senhora da Estrela 2012. Sobre estas últimas, gostaria de dizer o seguinte:
Melhor ainda: A organização desta Festa é a prova provada de que o Povo de Marvão sabe pensar (e pensa) pela sua cabecinha, ainda que alguns crâneos narcisistas e descompensados talvez opinem o contrário. As históricas colectividades de Marvão (Santa Casa, Centro Cultural e Maruam) demonstraram vontade, capacidade e um bairrismo invejáveis, que os legitima inequivocamente para toda a participação cívica possível e necessária na vida desta Mui Nobre e Sempre Leal. Parabéns a todos.
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