sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

À "CONQUISTA" DO LESTE: Eles vên´aí...

E esta hein..., de 28/10/2009. Afinal o fumo sempre tinha origem no “fogo"!


(in JORNAL FONTE NOVA DE 15/12/2009)

Caso seja aprovado na próxima Assembleia Municipal, o concelho, que nas últimas décadas tem vindo a perder população, contará com um acréscimo de habitantes.


No início do ano arrancou o projecto Novos Povoadores, criado pelos amigos Frederico Lucas, Alexandre Ferraz e Ana Lindares, com o objectivo de levar famílias das grandes cidades para o interior do País. Depois de Évora, Marvão poderá ser o segundo destino a acolher este projecto.


O nosso jornal contactou o vereador José Manuel Pires que nos revelou que, depois de aprovado na última reunião de Câmara, tudo indica que o programa mereça também parecer positivo em Assembleia Municipal, uma vez que "trará muitos benefícios" para o concelho.

Lamentando a perda de população que o concelho tem registado – 6500 habitantes na década de 50 e menos de quatro mil nos dias que corre – o vereador manifestou que para combater a desertificação "não basta apenas boas vontades, nem pensar só em políticas de educação e habitação". Nessa medida defende que "há que fazer um investimento a sério" e, por essa razão a Câmara Municipal decidiu aderir ao projecto Novos Povoadores.
Segundo José Manuel Pires, trata-se de um programa de "marketing territorial", no sentido de "inverter a tendência do êxodo do interior para o litoral". A ideia é fazer agora o contrário, isto é, "um êxodo das cidades para o interior". Contudo, o vereador confidenciou que, se calhar, a palavra êxodo é "ainda demasiado pesada", na medida em que "não vamos conseguir uma orla de pessoas virem viver para o interior, mas temos de dar algumas pistas para que as pessoas despertem para esta hipótese".
Considerando que sozinhas as autarquias não têm essa capacidade, José Manuel Pires declarou que, por essa razão, é que a Câmara de Marvão decidiu aliar-se ao programa Novos Povoadores, à semelhança do Município de Évora.

Ainda de acordo com o vereador, para já, no Distrito de Portalegre, não vai haver mais nenhum município envolvido. "Quisemos ser os primeiros a entrar para dar um sinal de que temos belíssimas condições, qualidade de vida, e deixar o convite para que façam o favor de vir viver para Marvão", salientou.
A pensar nas condições de vida da população metropolitana - endividamento, baixa qualidade de vida social e ambiental, stress, foi criado o projecto Novos Povoadores que leva famílias a deslocarem-se das cidades para o Interior do País.
Até agora, já se inscreveram cerca de 370 famílias, que querem regressar à terra ou aí terem a possibilidade de desenvolverem o seu próprio negócio ou combaterem o desemprego e a crise. Nesse sentido, José Manuel Pires explicou que este programa é dirigido para "aquelas pessoas que têm a sua actividade liberal, que são empresárias, professoras, polícias, que têm a sua vida montada, que muitas vezes trabalham à frente de um computador e nessa medida tanto faz estarem em Lisboa como em Marvão". Assim, a ideia é "chamá-los para virem viver para cá", acrescentou.
Se o projecto for aprovado em Assembleia Municipal, os novos povoadores começam a chegar a Marvão em Fevereiro do próximo ano. Apenas dez novas famílias irão instalar-se no concelho, mas o vereador mostrou-se confiante ao revelar que este número deverá subir consideravelmente numa fase posterior.
"Temos um mini programa só para 10 famílias, agora isto tem um efeito multiplicador", dado que "a partir do momento em que toda a publicidade e divulgação que será feita e nível local e nacional, Marvão entrará numa divulgação a um nível que depois já ninguém o consegue quebrar. O efeito multiplicador é que é interessante, espera-se que outras famílias sigam o exemplo das 10 primeiras famílias que se instalarão em Marvão", garantiu José Manuel Pires.
De realçar que o programa Novos Povoadores tem um custo para a Câmara de 37 mil euros e tem de garantir 10 novas famílias a viver em Marvão, perfeitamente identificadas.
Para o vereador, este é um investimento inicial que "vai ter um retorno continuado". Segundo avançou, "são pessoas com capacidade para chegar, arrendar uma casa, comprar uma quinta ou uma casa numa aldeia qualquer do concelho, recuperá-la e transformá-la na casa dos seus sonhos, isto é, são famílias com a vida montada e estabelecidas", elucidou.
Garantindo que a Câmara de Marvão não irá dar nada às novas famílias que se estabelecerão no concelho, José Manuel Pires realçou que se trata apenas de uma "decisão de mudança de vida, em que as pessoas que estão fartas de andar no trânsito das cidades, venham viver para o interior porque aqui não há esse stress e, se calhar, podem até produzir mais".
Sem poder ainda avançar com o projecto, na medida em que o mesmo ainda não foi aprovado em Assembleia Municipal, José Manuel Pires lembrou que o próprio Presidente da República já está conhecedor deste programa e em 2010, da parte da presidência da República, vai haver um incentivo de divulgação. "Já todas as pessoas perceberam que as grandes cidades estão saturadas e que o interior está a ficar despovoado" e, nesse sentido, o vereador defendeu que todos os concelhos do Distrito de Portalegre "têm de ter alguma política diferente" para reverter a situação de despovoamento que estamos a viver "e se algum tinha de tomar a dianteira que seja Marvão". Note-se que de acordo com um estudo, em 2015 a população do Distrito de Portalegre irá rondar apenas as 90 mil pessoas e, nesse sentido, a adesão ao projecto Novos Povoadores poderá atrair novas pessoas à nossa região evitando, assim, a perda de população.

2 comentários:

Bonito disse...

Se o projecto for desenvolvido com o tipo de pessoas que esta entrevista do Vereador José Manuel Pires indicia:

“aquelas pessoas que têm a sua actividade liberal, que são empresárias, professoras, polícias, que têm a sua vida montada, que muitas vezes trabalham à frente de um computador e nessa medida tanto faz estarem em Lisboa como em Marvão".

"são pessoas com capacidade para chegar, arrendar uma casa, comprar uma quinta ou uma casa numa aldeia qualquer do concelho, recuperá-la e transformá-la na casa dos seus sonhos, isto é, são famílias com a vida montada e estabelecidas"

“Garantindo que a Câmara de Marvão não irá dar nada às novas famílias que se estabelecerão no concelho, José Manuel Pires realçou que se trata apenas de uma "decisão de mudança de vida, em que as pessoas que estão fartas de andar no trânsito das cidades, venham viver para o interior…”

acredito que o mesmo possa ser muito positivo, sendo que, nesse caso, a verba dispendida pela câmara me parece bastante aceitável relativamente ao benefício que o projecto pode representar para o concelho.

Como referi no primeiro Seminário “Pensar Marvão”, penso que o principal objectivo estratégico do concelho deverá ser estagnar/inverter a tendência do seu despovoamento, pelo que tudo o que for feito nesse sentido será bem feito…

Contudo, julgo que será necessário analisar, pormenorizadamente, o documento sobre este programa que será proposto na próxima Assembleia Municipal para que se possa ter uma ideia (opinião) mais clara sobre esta matéria.

É que já somos muito grandes para acreditar no Pai Natal…

No entanto, também não concordo com atitudes radicais opositoras ao projecto, logo à partida (sem conhecimento pormenorizado do programa), seja porque não se acredita que o mesmo se desenvolva como foi inicialmente apresentado, seja porque se é opositor a quem o vai implementar, seja, até, porque não se considera importante atrair pessoas.

Discordo, sobretudo, daqueles que acreditam que não são precisas mais pessoas no concelho…

Que os há!


Abraço
Bonito Dias

Tiago Pereira disse...

Como diz o Bonito é preciso inverter a tendência de despovoamento do nosso Concelho. Há duas fórmulas, a saber:

1. Atrair novos habitantes - seja através de empresas de repovoamento, seja por intermédio de contrapartidas económicas, ou por via da criação massiva de emprego;

2. Combater o abandono do Concelho (especialmente por parte de pessoas qualificadas) - esta estratégia pode ser prosseguida através da criação de postos de trabalho, bem como estágios profissionais (como referi em Reunião de Câmara), que possam fixar os marvanenses qualificados, criar condições para jovens empresários, e inclusão dessas mesmas pessoas no processo de tomada de decisão do município;

O que eu tenho estado a alertar é para que não se despreze a segunda opção; o que eu tenho vindo a dizer é que, também, urge apostar no pessoal qualificado do Concelho, que eu vejo ano após ano a partir; e acredito, doutrinalmente, que essas pessoas podem ser facilitadoras no processo de desenvolvimento local.

Sigo com o maior interesse o projecto do Frederico Lucas (que disse recentemente ao Jornal Público que está a pensar, também, vir viver para Marvão), e partilho muitos dos princípios desse projecto. Mas estou a assistir no meu concelho à colagem de um rótulo que pressupõe que aqui é tudo uma cambada de analfabetos, e aí são precisos novos povoadores qualificados para trazerem know how para o Concelho, transportarem os saberes gestionários para instalar empresas criativas em Marvão. Mas eu conheço uma série de gente, aqui no Concelho, ou que se viu obrigada a partir, que poderia fazer exactamente o mesmo.

Como tenho dito é tudo uma questão de hierarquização de prioridades!