A Feira da Castanha
(excerto de 24 de Novembro de 2009)
A vida, por aqui, continua muito animada, mas vai entrar, espero!, em total sossego…
A Feira da Castanha foi a penúltima desgraça a que assisti, este ano civil. Digo “penúltima” porque ainda não nos pagaram… Dizem que “é a crise”… Coitada da “crise” que tem as costas tão largas!!
Retomando o tema da Feira da Castanha: mais uma vez, estivemos cercados e reduzidos às dimensões das nossas casas, dois dias inteirinhos. Compras?? Almoçar fora?? Sair da vila para passear ou visitar alguém??? Grupo!!!
Os utentes aplicados e assíduos destes eventos são de opinião que os “residentes” deviam ou migrar para outra zona e deixá-los em paz enquanto usufruem e destroem tudo que existe nesta bela vila medieval, ou manterem-se longe das suas vistas, ou seja, trancadinhos nos seus domicílios para não incomodarem! Os “residentes”, por sua vez, preenchem folhas do livro de reclamações da Câmara Municipal, escrevem artigos para jornais, discutem em fóruns, expondo as suas mágoas e revolta perante a selvajaria desta gente…
Gente?? Penso que há três tipos de visitantes destes eventos, culturais e outros: gente, gentinha e gentalha!! Não querendo ofender ninguém com bons princípios e valores morais, estes últimos invasores pertencem á terceira classe referida…
Só no sábado, dia 14, contaram-se 10000 entradas… Realmente, os “residentes” estavam mesmo a mais!!
Foi um dia traumático: acordei estremunhada com um alarido do pior, vindo da rua e não consegui voltar a adormecer… Nem eu, nem as minhas sobrinhas, nem ninguém! Cumpri a rotina de todos os dias: levantei-me e abri a janela, já que o dia até nem estava mau… Má ideia, muito, muito má!! Uma enxurrada de espanhóis encontrava-se na muralha em frente, a tirar-me fotografias…. E ao meu maravilhoso pijama azul escuro decorado com renas e trenós e árvores de Natal… Privacidade, saberão o que é???
Domingo, o tempo não inspirava confiança… Até às 11.00 da manhã, o nevoeiro era tão cerrado e o vento tão forte que só se viam os bombeiros e outros funcionários da câmara… Vingança!! Abri a janela da cozinha e gritei: “Acabou a Feira da Castanha!” Errado! A meio da manhã, recomeçou a confusão. Humanos por todo o sítio. A repetição do dia anterior. Até começar a chover torrencialmente e a velocidade do vento aumentar! Grande, grande Marvão!!
Nos dias seguintes, sofremos a “ressaca” da castanha: trânsito intenso, com hora de ponta, na vila, para tirar tudo o que seja barraquinhas e tendas, lixo por todo o lado, o respectivo camião do lixo, flores partidas, pisadas e espezinhadas, os jardineiros, sempre acompanhados daquela coisa irritante e chocalhante chamada “Dumper”, furiosos… E tudo discute, tudo se zanga… E o grande objectivo camarário para 2010 é ainda trazer mais e mais gente… Para sermos felizes.
Fernanda Gomes Rosa
4 comentários:
isto anda tudo louco, só pode!!!!
é que eu nem acredito nas barbaridades que leio...
Olhem, tenho uma solução: Sugere-se à Câmara que mude a Feira da Castanha para a Portagem
Ai espera, é melhor não, é que depois os marvanenses queixa-se que lhes tiraram a Feira.
A desertificação também dá nisto. As pessoas que fazem vida em Marvão abandonam a vila e as casas vão sendo ocupadas por gente que não precisa da dinamização do comércio e turismo. Fazem vida ou fizeram-na fora das muralhas e agora querem que a suas casas se assemelhem a um monte, no que toca ao isolamento.
Tenho pena quando leio estes comentários, mas também sei que são casos isolados e apesar de terem de ser tidos em conta o que deve prevalecer é a maioria.
Nunca se agrada a gregos e troíanos.
Se se faz porque se faz, se não se faz porque não se faz.
Quêm não se sentir bem em Marvão nos dias da Feira da Castanha só têm uma coisa a fazer é ir passar o fim de semana fora!
Sinceramente!! são dois dias!!
As terras precisam de ser divulgadas,a feira tem 26 anos só agora se apercebeu do movimento que dá a Vila? está visto que só agora cá vive!!!
E que tal colocar cortinas nas janelas? conhece? assim já não era fotografada em pijama.
Ora bem...
A Feira da Castanha até é de pequena dimensão se compararmos com a agora vila natal de Óbidos. Ah, pois, mas nem vamos comparar Marvão a Óbidos: já muitas vezes feita esta comparação, não tem mesmo comparação!
Só há duas coisas que não gostei nestes eventos: 1. a indecisão de algumas das pessoas q cobram as entradas sobre se os moradores pagam ou não - decidam-se! Uns já me pediram dinheiro, outros não: todos com uma expressão de "é óbvio!". 2. A música é para ser nos dias dos eventos, não noutros dias normais. Perdoem-me lá, mas a música mesmo ali coladinha às nossas janelas horas seguidas pode dar belas dores de cabeça. Agora, sem dúvida que é bonita e alegra nos dias das festas! Aí o habitante compreende e aceita! Agora, noutros dias q não os das festas, confesso q é demais.
Para mim, é indiscutível q estes eventos, e as pessoas, fazem falta a Marvão. E sim, sofremos com o frenesim, mas não será, também, uma alegria? Ai é, com toda a certeza. A malta dança, canta, há quem venha em grupos que já trazem a sua música, o petisco... Isto alegra. Se fossem todos os dias como os de agora... que triste e "macambúzia" seria Marvão, e... quase deserta.
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