domingo, 29 de novembro de 2009

FALEMOS DE SAÚDE

LEITURAS DE FIM-DE-SEMANA

Num tempo de medicalização intensiva, em que se trata “quase tudo” com recurso às “pílulas milagrosas", convém ter em conta alguns conhecimentos sobre possíveis efeitos secundários dos ditos, pois tal como na vida não existem “almoços grátis”, também não existem Medicamentos sem efeitos secundários. No artigo que aqui reproduzo e que fui buscar ao Suplemento Médicos de Portugal, analisa-se a interacção de alguns medicamentos muito em voga na actualidade, como é o caso dos antidepressivos e ansiolíticos (as chamadas pílulas da felicidade), que parecem não o serem tanto como nos querem fazer crer, gerando muitas vezes um círculo vicioso, ao potenciarem “o desprazer”, e levando ao aumento do consumo e, consequentemente, a um aumento desse mesmo “desprazer”.


Medicamentos e desejo sexual: Relações delicadas


Entre os medicamentos e o desejo sexual existe uma interacção delicada: é que muitos dos que tomamos para doenças como a depressão e a pressão arterial podem causar uma baixa na libido. A homens e mulheres.
Já aqui se tem escrito - e por mais do que uma vez - que os medicamentos não são inócuos. Significa isto que, apesar de concebidos para restaurar o estado de saúde, produzem efeitos secundários, sendo benéficos para alívio de determinada condição mas causando pequenos incómodos a outros níveis. São incómodos como febre, náuseas e vómitos ou sonolência, entre muitos outros que vêm descritos no folheto informativo que acompanha cada embalagem.

E, nessa lista, há um efeito associado a medicamentos prescritos para problemas de saúde muito comuns: uma diminuição da libido. Há uma perda de interesse na actividade sexual que pode ficar a dever-se ao facto de o medicamento em causa gerar letargia ou ao facto de interferir com os mensageiros químicos do cérebro.

Bem conhecida é a interacção entre os antidepressivos e a libido, mas não são os únicos: também os ansiolíticos, tranquilizantes e sedativos podem ter o mesmo efeito e tudo porque actuam sobre o sistema nervoso central, enfraquecendo a ligação entre o centro sensorial e o centro motor, o que faz com que os músculos relaxem.


Antidepressivos e C.ª

Um dos efeitos secundários do tratamento com antidepressivos é a nível sexual, que geralmente incluem diminuição do desejo sexual (libido). Mas a baixa da libido é apenas uma das consequências possíveis, podendo também ocorrer disfunção eréctil (dificuldade em obter e manter a erecção), ejaculação retardada e orgasmo diminuído ou até dificuldade em conseguir um orgasmo.

O mecanismo exacto desta interferência é ainda alvo de debate, indo desde a sedação à interferência com os mediadores cerebrais na zona do cérebro que regula o desejo sexual. Os inibidores selectivos da recaptação de serotonina são dos que mais têm efeitos a este nível, embora os antidepressivos tricíclicos possam causar disfunção eréctil.

Também quem sofre de pressão arterial elevada pode ver o desejo sexual diminuir: é um dos efeitos secundários dos medicamentos para tratar este problema, sobretudo dos chamados beta-bloqueadores. É ainda possível que ocorra disfunção eréctil, dificuldade em alcançar o orgasmo (nos homens e nas mulheres) e insuficiente lubrificação vaginal acompanhada de dor durante o acto sexual.

Os diuréticos, ao diminuírem o fluxo sanguíneo no pénis, podem tornar difícil uma erecção, bem como interferirem na formação de testoterona devido à diminuição de zinco. Medicamentos ainda mais comuns, como os usados no tratamento da constipação, da gripe e das alergias, podem interferir a este nível. Neste caso estão os anti-histamínicos de primeira geração que causam sonolência: e quando se está sonolento pode ser difícil manter o interesse no sexo.

Estas interacções entre medicamentos e a libido tornam-se mais comuns com o avançar dos anos: é que os idosos são normalmente polimedicados, o que pode ter um efeito cumulativo. Nos homens, baixos níveis de testosterona podem também induzir uma quebra no desejo sexual. Já nas mulheres, a pílula contraceptiva parece igualmente ter alguma influência, embora alvo de discussão. Alguns dados apontam para cerca de cinco a 10 por cento das mulheres que tomam a pílula poderem ter diminuição da libido e lubrificação.

Todavia, o facto de estas interacções estarem identificadas não significa que sejam inevitáveis. Ou irreversíveis. Significa apenas que são possíveis. E há que esperar para ver: numa pessoa podem afectar a libido, noutra podem não ter qualquer interferência. E mesmo que haja perturbações é possível actuar: por exemplo, mudando o medicamento, de modo a obter o mesmo resultado terapêutico sem o inconveniente da baixa de desejo sexual.


Por isso, atenção meus amigos e minhas amigas, deverão sempre, em conjunto com os vossos médicos, ponderar muito bem o “custo benefício”, antes de iniciarem uma terapêutica com os ditos.

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