- Uff, Uff, está quase, pensa um.
- Ajuda-me, que eu não vou conseguir, grita o outro.
- Uff, Uff, já está, estou salvo, consegui.
- Vou morrer. Grita em desespero, o outro.
Salta de felicidade, o sobrevivente confirmado.
A arfar do cansaço, olha em redor, e grita:
- Estou numa ilha, mas estou vivo.
Agonia, desfalece o outro.
Já passaram algumas horas depois de o navio se ter afundado, faltam-lhe as forças, mas ainda lhe resta a esperança, “ de se salvar ou de ser salvo ”, porque houve outro que já o conseguiu.
O que está em terra firme, quase refeito do susto, mais calmo, aprecia agora aquela beleza natural e mar apreçado.
Senta-se, ainda um pouco ofegante, como o guerreiro que venceu a luta da vida.
-O que é aquilo? Outro Homem, exclamou.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?
O que acontece nestas circunstâncias, é o Homem pôr-se a pensar.
E, ele pensa.
É frequente dizer-se que, o Homem é um animal egoísta, pois precisa dos seus semelhantes para atingir o seu grau de prazer e satisfação, medindo pelos outros o nível desse grau, ou dito de uma forma mais proverbial, e porque é frequente ouvir-se no dia-a-dia:
“ Só estás bem, com o mal dos outros ”
“ Com o mal dos outros, posso eu bem ”.
Pois é, lamento, mas temos que ser egoístas juntos.
É também frequente dizer-se que, o Homem é um animal social, porque só pode viver e evoluir no meio dos seus semelhantes.
É destas duas realidades, que nasce a tão necessária política.
Para que os conflitos de interesses se resolvam sem recurso à violência, mas com a palavra, e para que nossas forças se somem em vez de se oporem, e assim cresçam em vez de diminuírem.
É por isso que precisamos de uma ilha, perdão, de um Estado.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?
Continua a pensar.
Isto da política é necessário, e como alguém disse:
“Não porque os homens são bons ou justos, mas porque não são”.
“Não porque são solidários, mas para que tenham uma oportunidade de, talvez, vir a sê-lo”.
Como é possível não se interessar pela política?
Seria o mesmo que não se interessar por nada, pois tudo depende dela.
Mas o que é a política?
Será uma relação de forças entre o animal social, entre aqueles que têm de aprender a arte de viver juntos numa ilha? Perdão, num Estado.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?
O Homem pensa mais um pouco.
Não o conheço, não tenho sentimentos por ele, se calhar até pode ser meu rival, e se ele quiser assumir o poder do Estado? Perdão, da ilha.
Haverá choques, desacordos.
Já sei !!!
Estabeleceremos regras, pois eu não quero obedecer a qualquer um, nem a qualquer preço.
Pensando melhor, posso obedecer livremente, se o poder dele fortalecer o meu e o garantir.
Pois é, por isso é que se faz politica, para sermos mais livres, mais fortes e para nos opormos sobre a melhor forma de nos reunir.
- Eh pá, já sei !!!, diz o Homem gritando, - a politica é como o mar que rodeia este Estado, perdão esta ilha.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?
Bom, e se o Homem que ali vejo quase a desfalecer, é politico de profissão?
Obedeço-lhe, se quiser o bem comum, no entanto, vou estar vigilante em relação às suas virtudes e competências, pensou.
- Ajuda-me, que eu não vou conseguir, grita o outro.
- Uff, Uff, já está, estou salvo, consegui.
- Vou morrer. Grita em desespero, o outro.
Salta de felicidade, o sobrevivente confirmado.
A arfar do cansaço, olha em redor, e grita:
- Estou numa ilha, mas estou vivo.
Agonia, desfalece o outro.
Já passaram algumas horas depois de o navio se ter afundado, faltam-lhe as forças, mas ainda lhe resta a esperança, “ de se salvar ou de ser salvo ”, porque houve outro que já o conseguiu.
O que está em terra firme, quase refeito do susto, mais calmo, aprecia agora aquela beleza natural e mar apreçado.
Senta-se, ainda um pouco ofegante, como o guerreiro que venceu a luta da vida.
-O que é aquilo? Outro Homem, exclamou.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?
O que acontece nestas circunstâncias, é o Homem pôr-se a pensar.
E, ele pensa.
É frequente dizer-se que, o Homem é um animal egoísta, pois precisa dos seus semelhantes para atingir o seu grau de prazer e satisfação, medindo pelos outros o nível desse grau, ou dito de uma forma mais proverbial, e porque é frequente ouvir-se no dia-a-dia:
“ Só estás bem, com o mal dos outros ”
“ Com o mal dos outros, posso eu bem ”.
Pois é, lamento, mas temos que ser egoístas juntos.
É também frequente dizer-se que, o Homem é um animal social, porque só pode viver e evoluir no meio dos seus semelhantes.
É destas duas realidades, que nasce a tão necessária política.
Para que os conflitos de interesses se resolvam sem recurso à violência, mas com a palavra, e para que nossas forças se somem em vez de se oporem, e assim cresçam em vez de diminuírem.
É por isso que precisamos de uma ilha, perdão, de um Estado.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?
Continua a pensar.
Isto da política é necessário, e como alguém disse:
“Não porque os homens são bons ou justos, mas porque não são”.
“Não porque são solidários, mas para que tenham uma oportunidade de, talvez, vir a sê-lo”.
Como é possível não se interessar pela política?
Seria o mesmo que não se interessar por nada, pois tudo depende dela.
Mas o que é a política?
Será uma relação de forças entre o animal social, entre aqueles que têm de aprender a arte de viver juntos numa ilha? Perdão, num Estado.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?
O Homem pensa mais um pouco.
Não o conheço, não tenho sentimentos por ele, se calhar até pode ser meu rival, e se ele quiser assumir o poder do Estado? Perdão, da ilha.
Haverá choques, desacordos.
Já sei !!!
Estabeleceremos regras, pois eu não quero obedecer a qualquer um, nem a qualquer preço.
Pensando melhor, posso obedecer livremente, se o poder dele fortalecer o meu e o garantir.
Pois é, por isso é que se faz politica, para sermos mais livres, mais fortes e para nos opormos sobre a melhor forma de nos reunir.
- Eh pá, já sei !!!, diz o Homem gritando, - a politica é como o mar que rodeia este Estado, perdão esta ilha.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?
Bom, e se o Homem que ali vejo quase a desfalecer, é politico de profissão?
Obedeço-lhe, se quiser o bem comum, no entanto, vou estar vigilante em relação às suas virtudes e competências, pensou.
Não vou acreditar cegamente nas suas palavras, mas também não vou denegri-lo diariamente, pois, se fosse eu a mandar, também não gostaria que ele mo fizesse.
- Ajuda, preciso de ajuda, balbucia o naufragado.
O nosso pensador olha.
- E se …
- Não, não, não posso pensar mais.
- Tenho de agir, lutar, inventar, salvaguardar, transformar...
A história não é um destino, é o que fazemos juntos.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, sou apolítico, não me satisfaço.
-E se salvo, sou político, como o faço?
- Ajuda, preciso de ajuda, balbucia o naufragado.
O nosso pensador olha.
- E se …
- Não, não, não posso pensar mais.
- Tenho de agir, lutar, inventar, salvaguardar, transformar...
A história não é um destino, é o que fazemos juntos.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, sou apolítico, não me satisfaço.
-E se salvo, sou político, como o faço?
Mário Bugalhão
P.S. – Só me atrevi a escrever, porque sei que poucos irão ler, pois alguns leitores habituais, apesar de ainda faltar algum tempo, já estarão repartidos e ocupados a pensar onde ir no segundo fim-de-semana de Novembro, se à Matança do Porco no Porto das Espada, à Feira da Castanha de Marvão ou à tal passeata em Santo António das Areias, fora os outros eventos que por aí haverá e de que não há noticia na ilha; perdão no Concelho.
5 comentários:
Isto está a ficar muito “intelectualoide”. Ainda por cima ao fim-de-semana…, o expresso e o sol que se cuidem!
Estou a ver os meus amigos leitores, desse “tabeloides”, fazedores e moldadores de opinião, ao sábado de manhã, em vez de se passearem com o saquinho de plástico intelectualizado dos periódicos, a caminho do café; a vê-los de “portátil” debaixo do braço, para irem “estudar” o Fórum…
Coisas dos tempos.
Mas que Post de ciência política pura! Depois da temática educacional com que nos brindaste na tua primeira aparição, vens agora dar uma “pedrada no charco”, muito certeira e oportunista. Talvez te percebam!
Pois há muito pouco tempo dizia-me um presidente autárquico muito convictamente e textualmente assim: “isso é para os políticos e eu não sou político…! “
Estivesse por ali o ti scolari, e logo diria: “…. e o burro sou eu?”
Oxalá ele possa ler este teu Post, bem como os candidatos que por aí se perfilam a gerir isto da ilha, perdão!...do concelho, e concluir como o nosso pensador:
- Ajuda, preciso de ajuda, balbucia o naufragado (Marvão…e os marvanenses).
O nosso pensador olha.
- E se …
- Não, não, não posso pensar mais.
- Tenho de agir, lutar, inventar, salvaguardar, transformar...
A história não é um destino, é o que fazemos juntos.
-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, sou apolítico, não me satisfaço.
-E se salvo, sou político, como o faço?
Um abraço Mário
jbuga
somos todos políticos, mas vivemos cada vez mais sob o primado do individualismo e das carreiras pessoais .
Thomas Hobbes ou Jean-Jacques Rousseau?
O mesmo que dizer:
“Estado Natureza ou Sociedade?”
“Egoísmo ou Perfectibilidade?”
“Liberdade ou Desigualdade?”
Aristóteles falou-nos no politikon zoon, isto é, existe uma tendência natural para o animal político; todos os homens devem assumir o desafio de constituir uma união política. O problema está no que é melhor: o Estado Natureza, como defende Rousseau, ou o Estado Sociedade como defende Hobbes? O que é preferível: o mar ou a ilha? O mar onde somos livres, porém indefesos; ou a ilha, onde estamos presos mas seguros.
Thomas Hobbes, como pessimista antropológico, acreditava que os homens em regime de paz civil eram movidos pela inveja, egoísmo e pelo medo da morte. Assim descrevia o Estado Natureza, pré-social e pré-político, onde a vida solitária, de cada um, era animal, suja e miserável. O pacto social (covernant) surge por ambição e utilidade, onde há uma alienação dos direitos subjectivos em favor de um soberano com poderes ilimitados. Só com o nascimento do Estado pode haver direito, bem como noções de propriedade privada. O Estado Sociedade existe para segurança dos indivíduos, e para por termo à guerra individual entre os homens. Hobbes preferia a ilha.
Para Rousseau o Estado Natureza era a juventude do mundo, onde todos eram livres e iguais. O homem era feliz, saudável e com o coração em paz. Este, utópico, conceito tinha como bens – o ócio, a fêmea e o repouso, e como adversidades – a dor e a fome. Em oposição, o Estado Sociedade constitui um regime de profunda desigualdade. O fundador da sociedade civil, foi o primeiro indivíduo que cercou uma parcela de terreno, e se lembrou de dizer: “isto é meu”. O que deu origem às desigualdades entre ricos e pobres, senhores e escravos. Desta desigualdade nasce o corpo político estabelecido por um contrato social. O Estado Natureza era, portanto, moralmente superior ao Estádio Sociedade. Rousseau sonhava com o mar.
O mar ou a ilha – cada um tem de fazer a sua escolha! Mas será que é possível?
Cumprimentos a todos,
Tiago Pereira
Em jeito de provocação: Maquiavel dizia que a política era a relação entre a elite e a massa. Quem será a elite Marvanense?
Brilhante reflecção sobre o Homem enquanto animal social !
"Os homens em regime de paz civil, são movidos pela inveja, egoísmo e medo da morte ".
Quando esta última passa perto, os homens tomam consciência de quão efémero pode ser o poder e a sua passagem pela estrada onde se atropelam uns aos outros .
tamem hove um gajo que disse que a política é a loucura de muitos em benefício de alguns. eu acredito nele.
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