Uma cerimónia de “espírito pobre”, engendrada por pobres de espírito
Assisto à cerimónia oficial de comemoração do 25 de Abril em Marvão há cerca de 20 anos. Na sua organização ela foi sempre, praticamente, a mesma. Apenas com uma ligeira nuance nos últimos 5 anos, que se prende com a intervenção, de um pequeno discurso, efectuado pelos representantes dos partidos com assento na Assembleia Municipal; quando, anteriormente, apenas intervinham o Presidente da Câmara e o Presidente da Assembleia Municipal.
De resto, é sempre a mesma coisa: chegada da Banda, desfile pelas ruas principais da vila até aos Paços do Concelho, hastear da bandeira, toca o hino, discursos, distribuição de cravos (que deveria ser antes da cerimónia) e beberete.
A minha crítica a esta organização prende-se com a pobreza da sua estrutura, sempre igual e, nos últimos anos, quase sempre mal organizada: sem definição prévia de quem vai intervir, sem instalação sonora para que os intervenientes se façam ouvir, sem um simples púlpito para poisar papeis, e, tornando-se um verdadeiro calvário para quem assiste, sobretudo, para os elementos da Banda Filarmónica que ali sofrem um verdadeiro castigo, como se eles fossem os responsáveis pelo fracasso da data que se comemora.
A coisa vem-se repetindo ano após ano. No final todos criticam, mas na próxima tudo estará na mesma. Já não nos chega o falhanço quase total do projecto programático dos capitães, como temos que suportar a incompetência daqueles, a quem pagamos, para nos representarem. O que vale é que aqui Vitor Frutuoso não pode culpar ninguém de fora, como quase sempre faz. A incuria tem sido mesmo sua e dos "seus". Uma tristeza, e pobre democracia.
Quando por iniciativa minha, do Sr. Ribeiro e do Manuel Joaquim Gaio, propusemos esta intervenção dos representantes da Assembleia Municipal (não faz sentido que seja alguém que não pertença ao Órgão como vem fazendo o Partido Socialista), não foi para ser desta maneira, apenas para cumprir calendário e dizer umas baboseiras. Mas que tal se fizesse numa Sessão Solene, no Salão Nobre ou na Casa da Cultura, com as pessoas bem aconchegadas, onde os seus representantes dessem conta acerca da sua visão da data, e, de como cada um dava contas aos munícipes eleitores. Esta estrutura passa-se assim em quase todos os Municípios que conheço, mas parece que em Marvão, o sentido organizativo faz ricochete nas muralhas que rodeiam o burgo.
Isto para não falar, certamente, mais uma vez, na ausência voluntária daquele que deveria ser o responsável máximo por estas Comemorações: o presidente da Assembleia Municipal. O sr. José Luís Catarino tem o direito, pessoalmente, de pensar do 25 de Abril o que quiser (como expressou na última AM); mas enquanto Presidente do Órgão mais representativo dos marvanenses, só tem é que os representar de acordo com o Regimento da Assembleia Municipal. Ao não o fazer, e consecutivamente, está a desrespeitar aqueles que o elegeram. Vai uma apostinha como amanhã vai faltar outra vez...
2 comentários:
Mas quando nos julgarem bem seguros
cercados de bastões e fortalezas
hão-de ruir com estrondo os altos muros
E chegará o dia das supresas...
José Saramago/Eduardo Gageiro
Fui muitos anos a essa comemoração. Na altura, em virtude da minha tenra idade, a motivação principal era saborear a boleima. Faço votos que a tradição da boleima persista para atrair jovens marvanenses a essas comemorações civicas e culturais.
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