sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Uma “pequena” grande Lição...

Faz hoje uma semana, que sucederam os acontecimentos que hoje aqui trago à reflexão. Não o quis fazer logo no dia seguinte porque há situações que devemos deixar esfriar, dar algum tempo, para vermos melhor; sobretudo, as de alguma relevância e espectacularidade. Refiro-me, concretamente, às Eleições em “A Anta” na Beirã.

Sem querer interferir minimamente na vida desta Associação, contribuindo para algumas clivagens, na minha modesta opinião, estas eleições e o seu desfecho, deveriam merecer alguma análise social e política, ou mesmo discussão por parte da comunidade marvanense, e por isso, aqui deixo o meu contributo.

Relembro que, concorreram ao acto eleitoral 2 Listas. Uma liderada por Luís Curinha e outra por Luís Vitorino. Votaram 133 associados, tendo a Lista de Luís Curinha obtido 81 votos (61%), e a de Luís Vitorino 51 (38%), registando-se 1 voto nulo. Pode ver aqui as Listas completas.

Em primeiro lugar, quero aproveitar esta oportunidade, para felicitar a Lista vencedora liderada por Luís Curinha e toda a sua equipa, pela disponibilidade e coragem reveladas, desejando, simultaneamente, que os mandatos que têm pela frente sejam um êxito, pois essa Instituição bem o merece, enquanto uma das mais relevantes do concelho de Marvão.

Em segundo lugar, manifestar a minha surpresa pela derrota sofrida pela Lista onde estavam como candidatos à Direcção: Luís Vitorino Vice-Presidente da Câmara Municipal; a esposa do Presidente da Câmara Mª do Céu Frutuoso; e o Assessor da Câmara de Marvão Lourenço Costa!

Esta segunda constatação leva-me a deixar aqui as seguintes questões:

1ª – Sabendo nós que o actual Executivo Camarário adicionou, em relação ao anterior, meio-tempo a um Vereador e meteu um Assessor a tempo inteiro, alegando muito trabalho; porque andam agora a desbaratar recursos e tempo que deviam exercer em exclusividade nas suas funções autárquicas?

2ª – Se não houvesse nenhuma alternativa (outra Lista), ainda se podia compreender, mas havendo..., porque pretendem os Autarcas ser dirigentes associativos, e não confiam à sociedade civil esse papel?

3ª – Porque estão estes Autarcas apenas interessados nas Associações que têm trabalhadores e utentes fragilizados? Porque não apareceram por exemplo em Associações como o Grupo Desportivo Arenense, quando em Agosto de 2008, essa Associação esteve quase a fechar as portas por falta de dirigentes?

4 – Porque não se limitam os Autarcas a fazer alguma coordenação e regulação das Instituições de Solidariedade Social do concelho, colaborando activamente com todas para uma estratégia de complementaridade entre elas, que muito precisam; em vez de quererem entrar directamente nos seus corpos sociais, contribuindo para algumas hostilidades entre elas, e que mais parece uma "táctica de assalto” à boa maneira estalinista, não fazendo uso dos princípios da social-democracia de que se dizem representantes?

Se alguém souber e quiser responder a estas questões, que o façam, com educação, respeito e urbanidade de acordo com os princípios aqui do Fórum. Senão, pensem ao menos com os vossos botões...

Um comentário:

Tiago Pereira disse...

“Na ausência de «âncoras» de profundidade valorativa, a moralidade social foi-se dissipando num relativismo que tem conduzido a uma moralidade de direitos sem obrigações e feito emergir, como valores dominantes, os associados à maximização do bem material individual imediato, dando prevalência ao material sobre o intangível, ao presente sobre o futuro, ao individual sobre o comum.

(…)

Independentemente de qualquer outro julgamento que se lhe queira associar, tal quadro de valores é incompatível com a prossecução duradoura do bem comum de uma comunidade e, por conseguinte, mais cedo ou mais tarde, essa inconsistência acabará por levar a rupturas de maior ou menor gravidade.”

Vítor Bento in “ Economia, Moral e Política”