quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O(s) donativo(s)

Há dias tive o privilégio de presenciar algo que, de tão raro, considero digno de registo e divulgação. Após insistência, obtive autorização para tirar uma fotografia e respectiva publicação.

Na imagem vemos Carlos Sequeira (anterior presidente da Assembleia Municipal de Marvão), entregar a João Bugalhão (actual presidente do Grupo Desportivo Arenense), o cheque por ele recebido da Câmara Municipal de Marvão, referente ao quarto (e último) ano do seu mandato.

Esta verba destina-se à aquisição de equipamentos desportivos para as camadas jovens do G.D.A., os quais publicitarão o turismo rural de Carlos Sequeira: “Turimenha”.


O oferente referiu que, desde a sua juventude, nutre um reconhecimento especial pelo G.D.A., visto que, lembra-se, esta associação sempre apoiava a realização dos jogos de futebol pelas festas de S. Salvador da Aramenha, os quais tinham Carlos Sequeira como dinamizador principal. Este, sublinhou ainda a importância que o G.D.A. tem para os jovens do concelho, ao possibilitar-lhes a prática desportiva.

Apesar de pouco usual, este donativo até parece normal…

Contudo, aquilo de que tive conhecimento, nesse mesmo dia, sobre a aplicação das verbas auferidas pelo anterior presidente da A.M. de Marvão nos primeiros três anos do seu mandato reveste-se, já, de contornos extraordinários:

- O cheque referente ao primeiro ano foi oferecido ao lar de idosos do Porto da Espada (terra natal de Carlos Sequeira).

- O cheque referente ao segundo ano foi oferecido para apoiar a construção do futuro lar de idosos de S. Salvador da Aramenha.

- O cheque referente ao terceiro ano foi oferecido à Casa do Povo de Santo António das Areias, para apoiar a construção do futuro lar de idosos daquela localidade.

Conclui-se, portanto, que o anterior presidente da A.M. de Marvão doou a instituições do concelho todo o dinheiro que auferiu no âmbito do seu mandato.

Quando nos habituámos a observar muitos políticos a servir-se, nos seus cargos, daquilo a que têm direito e muito mais, esta atitude de Carlos Sequeira torna-se ainda mais extraordinária.

Louvável!


Bonito Dias
(bonitodias@gmail.com)

2 comentários:

Pedro Sobreiro (Tio Sabi) disse...

Por considerar que a homenagem é da maior justeza e por também eu ter estado presente no instante aqui retratado, naquela magnífica adega de família (solo sagrado digno de ser património da humanidade), não quero deixar de me associar ao gesto.

O Dr. Carlos Sequeira é, de facto, um homem e um marvanense extraordinário. O facto de ter abdicado da totalidade dos proveitos auferidos em razão do nobre cargo que ocupou, a favor de instituições emblemáticas do concelho, é apenas mais uma prova disso mesmo. Deve-se enfatizar que fê-lo sempre de forma discreta, sem notícia nem alarido, praticando o bem abnegadamente sem querer daí retirar dividendos. Também por isso faz agora todo o sentido relatar o feito.

Profissional de grandes méritos, empreendedor e bem sucedido, o “nosso” Dr. Carlos Sequeira é um homem de paixões. Paixão pela sua terra e o seu concelho, paixão pela sua família, pelo seu Benfica do coração e pelos amigos que sabe tratar com uma gentileza e uma nobreza notáveis, desarmantes e sem igual. O seu conceito de amizade, absoluto e de entrega total, tem-lhe granjeado ao longo da vida e por onde quer que tenha passado, grande fama e uma ternura unânime. Quem já teve a sorte de passar pela tertúlia “Sempre em festa”, permanentemente instalada no piso térreo da sua residência oficial, sabe que ali as honras são sempre de Estado.

Eu costumo dizer, e já lho disse a ele pessoalmente, como fã seu confesso que sou, que a sua amizade foi uma das riquezas mais preciosas que trouxe comigo nestes quatro anos de “serviço cívico” autárquico. É um homem de enorme dignidade e estatura moral, íntegro e de uma inteligência fina. Tenho o prazer de saber que nutre por mim uma estima especial e sabe o quanto isso me faz sentir feliz. Foi um prazer enorme ter podido trabalhar com ele e acreditem que me esforcei sempre por aprender tudo o que pude. A inesquecível jornada diplomática ao Brasil que muito nos aproximou, foi uma das mais memoráveis da minha vida.

É pena que não jogue um bocadinho melhor à bola, mas ninguém é perfeito.

E foi por tudo isto quando nessa tarde me ligou e perguntou, naquele seu estilo inconfundível, “então o Shôr não quer cá vir lanchar comigo?”, nem sequer fui capaz de lhe dizer que não lancho desde a 4ª classe, quando fui estudar para Castelo de Vide e deixei de contar com esses mimos da avó paterna. Disse que sim de imediato porque sabia que para além da mesa farta, dos excelentes vinhos de produção caseira, dos queijos e excelsos enchidos, poderia desfrutar durante umas horas (claro está! Já se sabia!) das suas conversas e da sua presença.

Há pessoas a quem nós desejamos que sejam isto ao aquilo. Ao Amigo Dr. Sequeira, eu desejo apenas que continue a ser assim, ele próprio, e a dar-nos a alegria do seu viver.

Um grande, grande abraço (do fundo do meu coração).

(Extensível ao Bonito, pela sempre oportuna iniciativa e pelo trabalho notável que tem desenvolvido em prol deste blogue, a mais ampla plataforma democrática do concelho.)

Do Pedro Sobreiro

Garraio disse...

Se tivesse que definir o Dr. Carlos Sequeira, quer como filho de Marvão, quer como pessoa, diria que ele é dos que tem lugar nos assentos da frente do autocarro...

Feita a criva, cada um sente-se onde puder...

...

Há naquela foto, coisas óbvias e coisas estranhas. Peço ao Pedro ou ao Fernando (testemunhas de mais uma dos gestos de mecenato que Carlos Sequeira, por cá tem assinado) que me expliquem as estranhas, porque as óbvias, eu sei lê-las.

Estranhos são os olhos do Buga, ilustre Presidente do GDA, já que ele não fuma cigarritos para rir (nem dos outros);

Estranhos são os copos, já que parecem de limonada;

Estranha é a cor da bebida, não me parece sumo de uva...

Sacie-se a minha curiosidade, sff...