domingo, 31 de janeiro de 2010

100 dias

Cumprem-se hoje 100 dias da tomada de posse dos Órgãos Autárquicos, aqui no cabeço do Ibn Maruán, o galego.

Após o 23-OUT, já choveu, já fez sol, já nevou, já gelou. Digamos que já decorreu tempo suficiente para que a vida voltasse à pacata normalidade, depois de uma campanha eleitoral e um sufrágio inéditos pelo número de candidatos, mas, ao mesmo tempo, carentes de propostas que marcassem a diferença entre as próprias candidaturas, exceptuando talvez o MpM, que, curiosamente, não conseguiu representação em nenhum dos órgãos a que se candidatou.

Num concelho cada vez mais despovoado de pessoas e de ideias, a elaboração dos programas eleitorais consistiu seguramente em copiar os anteriores e acrescentar meia dúzia de pormenores de última hora, num despejar sem fim de pequenas coisitas, quase todas de gestão corrente, misturadas com os eternos chavões da habitação, educação, acção social e outras que tais.

Nada mais errado que tentar incutir nas pessoas a ideia de que possuímos a receita mágica para, em quatro anos, poder resolver todas as inúmeras carências que se foram acumulando ao longo dos tempos, aqui no nosso pequeno território ao lado de Valência de Alcântara plantado. Isso é impossível, e as pessoas sabem-no.

Neste contexto de ausência de ideais claramente divergentes, a escolha que o povo de Marvão y su campiña fez em Outubro passado, foi uma escolha pelas pessoas e pela continuidade daquele modus operandum que, durante o mandato anterior, soube satisfazer as expectativas da maioria da população.
Em termos concretos, a diferença mais marcante dos programas eleitorais do PS e do PSD centrou-se na localização da zona industrial do concelho. Os rosas defenderam a opção da fronteira, devido talvez às melhores acessibilidades e à recuperação que surgiria naquela zona degradada, verdadeiro espelho da incompetência e da cegueira dos nossos governantes lá do Terreiro do Paço.
Já os laranjas optaram por colocar a futura zona industrial em Santo António das Areias, o maior aglomerado do concelho, onde assentam as maiores tradições industriais cá do burgo. Duas opções substancialmente diferentes, ambas com nuances positivas e negativas, que poderiam, de facto, levar o cidadão a optar por uma ou outra força política. A fronteira implicaria uma maior mobilidade de pessoas, ao passo que o acesso a Santo António é mais sinuoso e complicado.

Eu cá sou dos que penso que o desenvolvimento de Santo António passa forçosamente por executar uma estrada em condições, direitinha a Valência de Alcântara e que escancare, de uma vez por todas, as portas destas duas localidades, separadas em linha recta por uma escassa dezena de quilómetros. As relações comerciais e industriais, agora inexistentes surgiriam fluentemente, em consequência da proximidade gerada e aí essa tal zona industrial iria certamente rebentar pelas costuras, e S. Marcos teria reunidas as condições de voltar a viver os momentos áureos de um passado não muito longínquo.

Mais ainda: essa via de comunicação constituiria o caminho mais perto para Espanha não só para as freguesias de Santo António e Beirã, mas também para a quase totalidade do Concelho, colocando Santo António das Areias muito mais no centro e tornando a localidade num ponto de passagem obrigatória para muita gente do lado de cá e do lado de lá do Sever.

Voltando aos programas eleitorais, os mais atentos recordarão sem necessidade de consultar, que alguns deles referiram essa obra, mas nenhum a considerou uma obra prioritária para o desenvolvimento do concelho. Eu acho que é. Questão de opções e de opiniões.

3 comentários:

Salvador disse...

"...carentes de propostas que marcassem a diferença entre as próprias candidaturas, exceptuando talvez o MpM..."

Na minha modesta opinião o MporM não passa de um grupo de jovens saudáveis com vontade de brincar aos políticos, convencidos que são a força mais importante do concelho.
Se são importantes ou não.. não sei. Acho que são como o "Melhoral": não fazem bem nem fazem mal. De qualquer forma estão de parabéns pela forma apaixonada com que brincam aos políticos.

Mas isto da política tem destas coisas, quem está no poder, na opinião dos que não estão, nunca faz nada bem. Por outro lado, os que querem ir para o poder, têm a capacidade de fazer sempre tudo bem. Esta capacidade só é perdida, quando finalmente chegam ao poder. Confuso, não é?... Utópicamente o ideal seria quem não está no poder, ensinar aos que lá estão o melhor modo de desenvolver este concelho... Apenas posso concluir que falar de fora é muito fácil, o pior é quando se chega lá. A coisa torna-se mais díficil... Mas também se não fosse assim esta coisa tão interessante que a política (ainda que ao nível do nosso lindo concelho), não tinha piada nenhuma.

Saudações,
Salvador Mendes Rodrigues (Um Anónimo com nome...)

Bonito disse...

Estou em perfeita sintonia com o Garraio sobre a importância de uma nova ligação a Valência de Alcântara!

Por isso, permitam-me que repita algo que já aqui havia escrito:

“…Curiosamente, mesmo junto ao futuro Ninho de Empresas inicia-se uma estrada em direcção a Valência de Alcântara cujo percurso até esta localidade espanhola é de, somente, cerca de dez km. A mesma, poderia constituir uma saída extraordinária para a zona norte do concelho de Marvão, só que pelo meio surge o rio Sever, faltando uma ponte que possibilite a ligação das duas margens.

Esta visão foi lançada há já alguns anos, também com “marca” Sequeira, mas ninguém com responsabilidades, até ao momento, ainda a levou a sério, iniciando as conversações que pudessem conduzir a uma eventual concretização deste projecto tão importante e estruturante: a ponte!

Com infra-estruturas que facilitassem a instalação de pequenas unidades empresariais e com esta ligação tão próxima a Espanha promover-se-iam, certamente, crescentes relações socioeconómicas com os vizinhos espanhóis que poderiam inverter esta tendência de inviabilidade do norte do concelho…”

É claro que não se pode exigir a nenhuma força política que “prometa” a concretização deste projecto, porque o mesmo não será, certamente, de fácil implementação e envolve a conjugação de muitas “vontades” não dominadas por marvanenses. Contudo concordo, também, com o Garraio que este assunto, apesar de ser mencionado nalguns programas eleitorais, nunca foi abordado pelas candidaturas como uma prioridade e, pior, (que se saiba) não parece despertar qualquer interesse ao actual executivo.

Abraço
Bonito

Unknown disse...

Muito bem Garraio...acutilante como sempre!