domingo, 31 de maio de 2009

Notícias “curtas”!



No último AA podemos ler a notícia acima digitalizada, intitulada “Câmara viabiliza Cooperativa do Porto da Espada", a qual eu adjectivo de notícia “curta”. É curta, não pelo seu escasso tamanho, mas sim pelas informações que não nos transmite; pelas questões que ficam por responder…

Antes de especificar tais questões, devo dizer, desde já, que considero que a Cooperativa do Porto da Espada é uma “Associação” importante para o Marvão. É importante, desde logo, pelo simples facto de ser uma “Associação” e depois, sobretudo, porque associa agricultores e, consequentemente, defende produtos agrícolas do concelho, preservando a sua produção e facilitando a sua colocação no mercado.

E parece-me, ainda, que o presidente da Câmara tem razão quando afirma que: “…se a Cooperativa não tiver viabilidade todo o concelho fica mais pobre…” e “...a Cooperativa é quase já o único comércio existente e se fechasse portas a aldeia ficava mais pobre e prejudicada...”.

Por isso, considero que é obrigação da Câmara apoiar a Cooperativa do Porto da Espada como, aliás, já apoiou recentemente!

No entanto, gostava de ver esclarecidas algumas questões neste negócio:

1 – A Cooperativa vende o seu património à Câmara e depois… continua a existir? Se sim, como desenvolverá, então, a sua actividade sem património?

2 – A Câmara adquire o património da Cooperativa e fica a geri-lo, eventualmente alterando o seu estatuto? Que tipo de entidade será constituída então?

3 – Ouvia-se dizer que o buraco (passivo) da Cooperativa rondava os €20.000,00. Então qual a necessidade desta alienar todo o património, encaixando €90.000,00?

4 – Se o passivo é inferior a €90.000,00, para onde vai o remanescente? Irá a Cooperativa adquirir outro património? E qual?

5 – Será que o passivo da Cooperativa é de €90.000,00 e a alienação de todo o seu património foi a única forma encontrada para o liquidar? A Cooperativa não conseguia gerar recursos para manter a sua viabilidade? E como, e com quem, vai a Câmara gerir esse património de forma a inverter essa situação?

4 – Adquirir todo o seu património era a única forma de a Câmara viabilizar a Cooperativa?

Não conheço quaisquer pormenores desta operação. Tive conhecimento dela apenas através desta notícia do AA, de onde me surgiram estas questões. Estas e, eventualmente, outras questões deveriam ser esclarecidas para que esta operação não pareça uma "negociata" em época de eleições…

Este será, naturalmente, um assunto abordado na próxima Assembleia Municipal!

Grande Abraço
Bonito Dias

10 comentários:

Jorge Miranda disse...

Demorou a acordar ...mas acordou!
Ou haverá outros interesses?
Porque ninguém se pergunta como chegou a cooperativa a esta situação; é para isso que servem as auditorias.
Ou estarão todas as instituições do Concelho dependentes da boa vontade do Municipio.
Estranho, no mínimo, muito estranho.
Um abraço

Jorge Miranda

PS Também não deixo de realçar que a maior parte dos comentadores assíduos nada disse.

João, disse...

Meu caro Jorge vivemos num mundo em que quase nos habituámos a ver e ouvir tudo, e esta notícia é mais uma.

Se queres a minha opinião: é estranho…, mesmo muito estranho esta forma de proceder.

Em minha opinião este procedimento é paralelo, ou mesmo idêntico, ao que a Caixa Geral de Depósitos fez com o BPN (da malandragem que tirou o “curso” num governo dos anos 80/90).

A partir de agora todas as Instituições privadas têm procedimento idêntico às públicas. Os seus gestores podem fazer as gestões mais ruinosas que quiserem (incluindo “desvios”), que depois o “o poder público” irá reparar e cobrir tudo (com os nossos impostos), com o argumento do “interesse público” (no caso do BPN diga-se dos accionistas, no caso da Cooperativa do Porto da Espada, dos seus “cooperantes”) …

A partir de agora todas as Associações do concelho estão a coberto por estas “medidas estratégicas”.

Até eu, que sou Presidente de uma delas, estou já a dormir “descansado” pelo passivo que herdei dos que me precederam. E estou à vontade porque, essa até foi classificada pela “tal malandragem” lá de cima, como Instituição de Utilidade Pública, já não precisa do reconhecimento da “malandragem d`agora”.

A bem da nação!..., cá vamos cantando e rindo...

jbuga

TA: Jorginho, da próxima vez não escrevas só o óbvio. A malta quer é “tema”, com cara descoberta e sem a “face lunar” de que nos fala o Garraio.

Jorge Miranda disse...

Meu amigo Bugalhão (acho que tenho o privilégio de o tratar assim).
Concordo consigo , visto que isso é constituir um total enviesamento ao que devem ser as instituições.
Se a sobrevivência do GDA ( você deu o exemplo)depende da boa vontade do Municipio então mais vale acabar, porque não acredito que o meu amigo se "prostitua" por meia duzia de euros, nunca o fez e tenho a certeza que nunca o fará, isto porque continuo a acreditar na condição humana. Eu disse -lhe que você estava farto de estar bem, quando se assumiu como alternativa a presidente do GDA
E se há gente que convive diáriamente com a outra condição menos humana,sou eu.
Dar mais a cara é impossivel sou eu que assino, mas são vocês que nas asssembleias com maioria, que viabilizam todas estas questões, e será a vocês quando no concelho crescer um sentimento de cidadania serão pedidas contas.
Politica meu caro, nada mais que Politica
Sempre a considerá-lo
Jorge

João, disse...

Meu caro Jorge, a mensagem da “cara descoberta” não era para ti. Era para aqueles que não fazem, e é difícil estar a responder a que não se conhece, sobretudo em temas polémicos e profundos.

Quanto ao “tema”, o que eu te desafiei é a dares a tua opinião sobre, por exemplo cada uma das questões laçadas pelo Bonito.

Aqui o “foco da coisa” não és tu, é a temática do “nacionalizar”! E penso que o Bonito situa e fundamenta bastante bem o que está em causa.

Quanto ao GDA, está descansado, porque o meu pensamento é diferente, e a hipótese que lanço é meramente para chamar à atenção, que a partir daqui, e com aquele proceder, tudo é possível.

Agora foi a Cooperativa, e a seguir qualquer outra nas mesmas condições deverá ter o mesmo direito. Quanto à Associação a que presido, descansa que enquanto eu for Presidente, tal não acontecerá.Mas porque não as Instituições do concelho terem todas os mesmos direitos?

Penso que o associativismo anda a ser pervertido. E isso não trás nada de bom.

Um abraço

jbuga

Garraio disse...

Transcrevo o escrito pelo Bonito em Abril do corrente ano, num post intitulado São Marcos 2009:

"O S. Marcos deste ano teve um momento mágico e outro inovador.

Mágicas, foram as duas peças de teatro interpretadas pelo grupo de teatro da Associação de Cultura e Acção Social de Marvão (ACASM). A sala do G.D.A. encheu-se de gente que aplaudiu de pé os pequenos/grandes actores de Marvão, os quais estiveram simplesmente brilhantes!

Na minha opinião, o teatro é uma actividade cultural, actualmente existente no concelho, que merece um forte apoio da autarquia! Que há por aqui jovens com enorme jeito para a interpretação, não há dúvida!

Esta tarde de teatro em S.A.A. fez-nos relembrar ainda outro pormenor: O desperdício que é não utilizar mais assiduamente esta sala!

Correndo o risco de ser controverso, não tenho dúvidas em afirmar que o ideal seria que estas instalações viessem a ser propriedade da C.M.M. Isso permitiria o investimento na sua remodelação e requalificação. Então, tornar-se-iam a sala de espectáculos do concelho. Sala que, actualmente, não existe e deveria existir!"


...


Agora digo eu:

Talvez mesmo o problema do concelho de Marvão seja ter um cabeço no meio...


E com isto não quero dizer dizer que seja a favor da aquisição da Cooperativa, por parte da Câmara. Não conheço os pormenores, nem a situação actual, nem as perspectivas de futuro (algo importante,concordarão...) e como não conheço esses dados, nem gosto das teorias da conspiração, não me pronuncio, no mínimo até estar por dentro do assunto. Certamente quem tomou esta decisão, que não foi tomada por unanimidade, tinha os elementos necessários para decidir, elementos esses que eu ainda não possuo para julgar.



Meus amigos, como diz um movimento independente dos que nós por cá temos, Marvão é da Pitaranha aos Carris, dos Alvarrões aos Barretos, da Escusa aos Aires, das Reveladas aos Cabeçudos. Isso, não sejamos cabeçudos.

Bonito disse...

Amigo Garraio,

Querer fazer um paralelo (e alvitrar nisso uma contradição) entre uma hipotética cedência da sala do GAD (quando eventualmente o for) à Câmara, para que esta pudesse fazer daquela uma verdadeira sala de espectáculos, com esta situação da Cooperativa e, ainda, ver nas questões levantadas algum “sentimento geográfico” é, no mínimo, RISÍVEL!

É que no enquadramento da possibilidade da cedência da sala ninguém falou em Euros e esta situação envolve (só) € 90.000,000.

E eu, perante a notícia daquilo que parece ser uma “municipalização” da Cooperativa do Porto da Espada (após notícias da existência de um buraco financeiro significativo, com origem em activos sobreavaliados) poder-me-ia, eventualmente, sentir “cabeçudo” se não levantasse as questões que apontei.

Abraço
Bonito

Garraio disse...

Amigo Fernando:

Sinto-me no dever de apresentar as minhas desculpas por ter interpretado mal as tuas palavras, que anteriormente transcrevi.

Acontece que eu não tinha percebido que onde escreveste:

(passo a transcrever novamente...)

"...Correndo o risco de ser controverso, não tenho dúvidas em afirmar que o ideal seria que estas instalações viessem a ser propriedade da C.M.M. ..."

querias dizer:

"... uma hipotética cedência da sala do GAD (quando eventualmente o for) à Câmara...".

As palavras não as escrevi eu. Escreveste-as tu.

Eu só me limitei a confundir. Afinal de contas, pode ser que propriedade seja a mesma coisa que cedência. Ainda não estou muito por dentro do novo acordo ortográfico...

Por falar em acodo ortográfico, se estivesse na pele do saudoso Scolari, não teria dúvidas em afirmar: O burro sou eu.

Abraços "risíveis".

Bonito disse...

Amigo Garraio

Então eu esclareço:

1- Com “cedência” quero mesmo dizer passar a ser propriedade da CMM.

2 - A questão do “quando eventualmente o for” quero dizer quando as instalações forem propriedade do GDA (porque agora ainda não o são, juridicamente falando).

Explico ainda melhor:

O que eu defendo é que quando as instalações do GDA forem registadas como sua propriedade seria benéfico para o concelho aproveitar aquela estrutura para, remodelando-a, fazer dali a sala de espectáculos que agora não tem (e todos os outros têm).

A única entidade com capacidade para o fazer tamanho investimento seria a Câmara. Contudo, esse investimento só seria viável sendo a câmara proprietária a imóvel.

Então eu, como sócio do GDA, como Arenense e como Marvanense, acredito que o ideal seria o GDA ceder a propriedade do imóvel à Câmara e, em contrapartida, ficar com uma parte (através da constituição de propriedade horizontal ou protocolo) que também seria remodelada e onde instalaria um bar, uma sala de jogos e troféus e um pequeno escritório, por exemplo, o que seria mais que suficiente para desenvolver a sua actividade. Em contrapartida a Câmara poderia, eventualmente, participar na remodelação desta parte, por exemplo! Seriam pormenores a negociar…numa perspectiva de ganhar/ganhar.

Isto seria uma verdadeira parceria!

Como todos sabem, o edifício dá para tudo isto e muito mais! Contudo, não sei se os sócios aprovariam esta cedência de propriedade e julgo que esse seria, talvez, o maior obstáculo a transpor…


Agora, diz-me: é algo do género que se vai fazer na Cooperativa do Porto da Espada? Os €90.000,00 não indiciam isso! No entanto, esperemos pelo esclarecimento das questões…

Abraços sinceros
Bonito

Garraio disse...

Fernando:

Como te disse no primeiro comentário que fiz, não disponho de dados para avaliar ese affaire "cooperativa", nem estou a defender uma coisa para a qual não tenho elementos de avaliação. Tu poderás em sede própria, e vais fazê-lo certamente, pedir esclarecimentos sobre o assunto.

No entanto, na minha ignorância, há várias coisas que se me afiguram lógicas.

A Câmara Municipal está a tentar salvar uma associação que não é própriamente uma sala para fazer um pé de dança, ou dois ou três espectáculos esporádicos ao longo do ano; está a tentar salvar uma associação que é única no concelho no seu género e se situa como o veículo mais indicado para ser pivot no escoamento da produção agrícola do concelho, entre outras actividades (económicas, não lúdicas) que poderá desenvolver.

O preço (os tais 90000 euroskis) não me parece minimamente exagerado, sendo que a câmara passará a ser proprietária do imóvel cuja área me parece considerável, e que dispõe de vários equipamentos, como por exemplo, um surtidor de combustíveis, que bastante geito dá, pelo menos aos nossos agricultores.

Se me questionas sobre o facto de ser a melhor forma de resolver o problema, se havia outras, não sei responder. Mas se as havia, poucos melhor que tu para depois nos expores as alternativas.

Continuo a estranhar que precisamente tu, que serás provavelmente dentro da assembleia municipal, aquele membro que mais defende a criação de meios que mantenham e estimulem o desenvolvimento económico, estejas agora tão radicalmente contra esta solução (e reitero que eu não a estou a defender...) encontrada pela Câmara para tentar que a cooperativa do Porto da Espada não feche as suas portas.

Repara numa coisa, Fernando:

Como tu disseste (e tenho a certeza que assim seria), no hipotético cenário de que a sociedade de SAA fosse do clube, os seus sócios só a venderiam se não houvesse nenhuma outra alternativa que viabilizasse o funcionamento da instituição.

Nunca pensaste que se calhar essa é a dramática situação financeira que a cooperativa vive? E que os associados da cooperativa, em assembleia geral decidiram que não havia outra saída senão desfazer-se do seu património, contra a sua vontade?

E sendo que, perante a necessidade de alienar o património será melhor que ele passe para as mãos do Município, evitando-se assim que o imóvel seja adquirido por algum especulador atento à dramática situação da cooperativa?

Não sei se a solução encontrada vai dar bons resultados e se a cooperativa pode sair do atoleiro em que está metida. Oxalá que sim, a bem do concelho de Marvão.

Mas isso já é um problema da Cooperativa e dos seus associados.

Do prisma do município, este só fez um negócio. Digamos que investiu 90 000 euros num imóvel.

Investimento, foram também os 90000 + 10000 euros que a Câmara investiu só no terreno onde se instalará o ninho de empresas. O futuro falará também do êxito ou fracasso deste investimento.

Mas, como te tenho ouvido dizer tantas vezes, ou investimos ou morremos.

Verdad?

abraço verdadeiro.

Bonito disse...

Garraio:

Estou de acordo com quase tudo o que afirmaste neste último comentário. Aliás, muito do que disseste afirmei-o também eu no próprio post. Contudo, gostaria, ainda, de “limar algumas arestas”:

1 – Aquilo que preconizo para as instalações do GDA não é uma simples sala de bailaricos. É uma sala remodelada, com todas as condições de conforto para teatro e cinema, por exemplo. E neste caso, não seria apenas para dois ou três espectáculos anuais.

2 – Nunca disse que estava “radicalmente contra esta solução” da Cooperativa. O que me levanta grandes dúvidas é o destino dos € 90.000,00. Só quando entender esse processo é que poderei afirmar se sou a favor ou contra! E daí as questões que levantei! É verdade que no Ninho de Empresas já foram investidos cerca de €100.000,00, mas trata-se de um processo claro perante o qual cada um poderá ou não concordar apenas com o investimento.

3 – Neste caso da Cooperativa gostava ainda de sublinhar outro aspecto que pode estar a determinar esta polémica: a inabilidade desta Câmara em comunicar com os munícipes. Essa inabilidade e a falta de comunicação tem sido, aliás, extremamente prejudicial para este executivo durante este mandato, quer nas situações positivas comos nas negativas!


Abraço
Bonito