sexta-feira, 31 de outubro de 2008

BALANÇO DE SETEMBRO E OUTUBRO DE 2008

Após dois meses desde a apresentação do último Balanço, o Fórum Marvão volta a apresentar o resumo dos últimos dois meses: Setembro e Outubro.

Neste período foram apresentados 27 Posts, num total de praticamente uma centena (97), que levamos publicados desde o nosso nascimento há 6 meses atrás.

Estes 27 Posts tiveram 92 comentários, numa média de quase 4 comentários/Post, o que atesta o interesse que os vários temas aqui trazidos pelos nossos colaboradores.
O Fórum cresceu, cresceu muito, surpreendendo até os seus próprios criadores.

O Fórum é, hoje em dia, um local de visita diária para muitos marvanenses, dentro e fora do concelho, como o atestam, as 150 visitas diárias.

Mas o que cabe mais realçar, tem sido o grau educacional e civismo que tem prevalecido em todas as intervenções. Sem que, até agora, se tenha resvalado para a crítica ou ataque pessoais. O Fórum está grato a todos vós.

Contraditório é de ideias e opiniões. Bem hajam pela vossa participação.

Durante este período realizámos 3 sondagens: Uma em Setembro e duas em Outubro.

Na primeira quisemos saber a opinião nos nossos visitantes acerca da possível adesão do Município de Marvão ao Projecto NaturTejo/Geopark.
Este Projecto que tem como finalidade associar um conjunto de municípios, que têm em comum o Tejo por vizinhança, com vista a agirem em conjunto, para uma possível candidatura a reconhecimento deste território a nível mundial como Geopark, tem deparado com algumas dificuldades, nomeadamente pela rejeição de algumas AM (como C. de Vide) e recuo de outras como Gavião e Marvão, devido às suas elevadas quotas financeiras.

Como se pode verificar no Quadro 13, apenas 31% dos nossos visitantes concordam com a adesão de Marvão a este Projecto, 44% referiram “Discordar” e 24% referiram que desconheciam o Projecto.


A segunda sondagem que efectuámos, dizia respeito à possível primeira Candidatura Independente à CM de Marvão, protagonizada por Madalena Tavares, actual vereadora pelo PS e ex. Vice-Presidente do anterior executivo liderado por Manuel Bugalho.

A exemplo do que já havíamos feito com Nuno Lopes, quisemos saber, qual a opinião dos nossos visitantes a respeito desta candidatura.
Assim, como podemos observar no Quadro 14, a maioria dos nossos visitantes 57% são de opinião que se trata de uma “Má” candidatura, em oposição a 43% de visitantes que acha que é uma “Boa” candidatura.

É de realçar o elevado número de votantes nesta sondagem, que pela 1ª vez ultrapassou as duas centenas.

Relembra-se aqui, que Nuno Lopes tinha recolhido 71% de opiniões favoráveis.
Daqui a um ano se verá…

Na terceira sondagem, procurámos saber a opinião dos nossos visitantes, acerca do desempenho do actual executivo, liderado por Vítor Frutuoso, na CM de Marvão, que segundo este painel “parece não estar muito bem na fotografia”.

No Quadro 15 podemos verificar, que apenas 18% tem uma opinião positiva sobre o desempenho do actual executivo marvanense, com a grande maioria, 82% dos visitantes do Fórum (230 votantes) a emitirem uma opinião “Negativa” e mesmo “Muito Negativa” do desempenho de Vítor Frutuoso, Pedro Sobreiro e José Manuel Pires.


Se bem que saibamos que estas “sondagens” não têm qualquer valor científico e são meros indicadores, talvez não fosse má ideia que às mesmas fosse dada alguma atenção por parte dos visados, já que como diz o povo: “homem (ou mulher) prevenido (a) vale por dois”!

Por fim, queremos realçar uma das última rubricas que por aqui tem aparecido, procurando apurar os gostos musicais dos nossos visitantes, através de alguns temas musicais que vos propomos para vossa escolha e preferência, a que denominamos: “em defesa do que é nosso” e da música portuguesa.

Até agora os grupos ou cantores eleitos foram os seguintes:
- Projecto Deolinda
- Os Perfume
- Os o-i-o-a-i
- Os Donna Maria
A estes quatro, juntaremos, de acordo com as vossas preferências mais dois. E depois, de entre esses seis procederemos à eleição do “tema do ano” do Fórum Marvão.

Contamos sempre com a vossa colaboração.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Turismo do Alentejo, E.R.T.

(clicar para ampliar)
Ao ler a documentação relativa à próxima Assembleia Municipal, a realizar no dia 30 de Outubro, deparei-me com um assunto interessante, o qual originou uma votação curiosa na reunião de câmara do passado dia 15 de Outubro (como se pode verificar na certidão acima digitalizada).

O assunto é a possível integração do Município de Marvão na futura Entidade Regional de Turismo do Alentejo que adoptará a denominação de “Turismo do Alentejo, E.R.T." e terá a sua Sede em Beja.

Esta entidade viu os seus estatutos aprovados pela Portaria nº 1038/2008, publicada no Diário da República, 1ª série, nº 178 de 15 de Setembro de 2008 e, nos termos das normas constantes no Decreto-Lei nº 67/2008 de 10 de Abril, substitui as extintas Regiões de Turismo de São Mamede, Évora e Planície Dourada.

No artigo 9º dos seus estatutos (Objecto) lê-se:

Incumbe prioritariamente à Turismo do Alentejo, E.R.T., a valorização turística da sua área territorial, visando o aproveitamento equilibrado das potencialidades turísticas do seu património histórico, cultural e natural, no quadro das orientações e directivas da política de turismo definida pelo governo nos planos anuais e plurianuais do Estado e dos municípios que a formam.

Na reunião de câmara antes mencionada, a proposta do Sr. Presidente de o Município de Marvão integrar aquela entidade foi aprovada por maioria, com duas abstenções, sendo uma do vereador do PSD, José Manuel Pires e outra da vereadora do PS, Madalena Tavares.

Curioso!

O vereador do PSD justificou a sua abstenção por considerar que esta adesão é prematura, pretendendo conhecer melhor os benefícios da mesma. A vereadora do PS absteve-se devido à dispersão dos Municípios que irão constituir esta entidade.

Com esta divisão na votação dos vereadores, transversal aos partidos, será curioso o debate e votação na Assembleia Municipal!

A mim, parecem-me pertinentes as dúvidas levantadas pelos vereadores que se abstiveram.

Julgo que o argumento da dispersão territorial da Turismo do Alentejo, E.R.T é até bastante pertinente. Sempre considerei que a eficácia da Região de Turismo de S. Mamede estava diminuída devido à grande dimensão territorial que abarcava. Sempre pensei que, para esta região, seria muito mais lógica uma entidade que promovesse o Nordeste Alentejano (Castelo de Vide, Marvão e Portalegre). Faria muito mais sentido e, sobretudo, seria mais eficaz!

Desta forma, agora, penso que esta nova entidade poderá ser ainda menos eficaz. De facto, esta nova Região de Turismo abarca todo o Alentejo, com excepção dos Alqueva e do Litoral Alentejano, que constituem dois pólos de desenvolvimento turístico, de certa forma, autónomos.

Por outro lado, esta será uma entidade pública, que terá recursos públicos à sua disposição, pelo que se não a integrarmos não obteremos qualquer benefício desses recursos. Por muito ineficazes que sejam.

O ideal seria que a “quota-parte” dos recursos referentes aos três municípios do Nordeste Alentejano lhes fosse disponibilizada, para uso na promoção desta, mais coerente, pequena “Região de Turismo”.

Mas isso, infelizmente, não está em cima da mesa. Nem os três municípios têm lutado por tal!


Grande Abraço
Bonito Dias

IMAGENS QUE VALEM POR MIL PALAVRAS...


ABERRAÇÕES NO CONCELHO DE MARVÃO: Quem as resolve?


1 - Campo de Golfe Ammaia e Aldeamento



2 - Edifício de Bar e Restaurante na Fronteira





3 - Bairro da Fronteira de Galegos




4 - Edifício da Escola em Galegos



5 - Antigo Posto da Guarda Fiscal em Galegos





6 - Monumento ao Castanheiro na Portagem




7 - Casas de Banho na Portagem




8 - Fonte sem Água nos Alvarrões



Aqui ficam oito exemplos a precisarem de solução.

Alguns deles verdadeiras neoplasias entranhadas em locais nobres do concelho e a necessitarem de intervenção urgente e, simultaneamente, um desafio aos futuros Candidatos que por aí se perfilam.

Só aqui têm matéria para um programa eleitoral.

Mãos à obra...

sábado, 25 de outubro de 2008

02- Político ou apolítico?

- Uff, Uff, está quase, pensa um.
- Ajuda-me, que eu não vou conseguir, grita o outro.
- Uff, Uff, já está, estou salvo, consegui.
- Vou morrer. Grita em desespero, o outro.

Salta de felicidade, o sobrevivente confirmado.
A arfar do cansaço, olha em redor, e grita:
- Estou numa ilha, mas estou vivo.

Agonia, desfalece o outro.
Já passaram algumas horas depois de o navio se ter afundado, faltam-lhe as forças, mas ainda lhe resta a esperança, “ de se salvar ou de ser salvo ”, porque houve outro que já o conseguiu.

O que está em terra firme, quase refeito do susto, mais calmo, aprecia agora aquela beleza natural e mar apreçado.
Senta-se, ainda um pouco ofegante, como o guerreiro que venceu a luta da vida.
-O que é aquilo? Outro Homem, exclamou.

-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?



O que acontece nestas circunstâncias, é o Homem pôr-se a pensar.

E, ele pensa.
É frequente dizer-se que, o Homem é um animal egoísta, pois precisa dos seus semelhantes para atingir o seu grau de prazer e satisfação, medindo pelos outros o nível desse grau, ou dito de uma forma mais proverbial, e porque é frequente ouvir-se no dia-a-dia:

“ Só estás bem, com o mal dos outros ”
“ Com o mal dos outros, posso eu bem ”.

Pois é, lamento, mas temos que ser egoístas juntos.

É também frequente dizer-se que, o Homem é um animal social, porque só pode viver e evoluir no meio dos seus semelhantes.

É destas duas realidades, que nasce a tão necessária política.
Para que os conflitos de interesses se resolvam sem recurso à violência, mas com a palavra, e para que nossas forças se somem em vez de se oporem, e assim cresçam em vez de diminuírem.
É por isso que precisamos de uma ilha, perdão, de um Estado.

-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?



Continua a pensar.
Isto da política é necessário, e como alguém disse:

“Não porque os homens são bons ou justos, mas porque não são”.

“Não porque são solidários, mas para que tenham uma oportunidade de, talvez, vir a sê-lo”.

Como é possível não se interessar pela política?
Seria o mesmo que não se interessar por nada, pois tudo depende dela.

Mas o que é a política?
Será uma relação de forças entre o animal social, entre aqueles que têm de aprender a arte de viver juntos numa ilha? Perdão, num Estado.

-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?



O Homem pensa mais um pouco.
Não o conheço, não tenho sentimentos por ele, se calhar até pode ser meu rival, e se ele quiser assumir o poder do Estado? Perdão, da ilha.
Haverá choques, desacordos.

Já sei !!!
Estabeleceremos regras, pois eu não quero obedecer a qualquer um, nem a qualquer preço.
Pensando melhor, posso obedecer livremente, se o poder dele fortalecer o meu e o garantir.

Pois é, por isso é que se faz politica, para sermos mais livres, mais fortes e para nos opormos sobre a melhor forma de nos reunir.

- Eh pá, já sei !!!, diz o Homem gritando, - a politica é como o mar que rodeia este Estado, perdão esta ilha.

-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, não me satisfaço.
-E se salvo, como o faço?



Bom, e se o Homem que ali vejo quase a desfalecer, é politico de profissão?
Obedeço-lhe, se quiser o bem comum, no entanto, vou estar vigilante em relação às suas virtudes e competências, pensou.
Não vou acreditar cegamente nas suas palavras, mas também não vou denegri-lo diariamente, pois, se fosse eu a mandar, também não gostaria que ele mo fizesse.

- Ajuda, preciso de ajuda, balbucia o naufragado.

O nosso pensador olha.
- E se …
- Não, não, não posso pensar mais.
- Tenho de agir, lutar, inventar, salvaguardar, transformar...

A história não é um destino, é o que fazemos juntos.


-Que faço? Salvo-o ou não?
-Senão o salvo, sou apolítico, não me satisfaço.
-E se salvo, sou político, como o faço?


Mário Bugalhão


P.S. – Só me atrevi a escrever, porque sei que poucos irão ler, pois alguns leitores habituais, apesar de ainda faltar algum tempo, já estarão repartidos e ocupados a pensar onde ir no segundo fim-de-semana de Novembro, se à Matança do Porco no Porto das Espada, à Feira da Castanha de Marvão ou à tal passeata em Santo António das Areias, fora os outros eventos que por aí haverá e de que não há noticia na ilha; perdão no Concelho.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

FALEMOS DE SAÚDE - 01

Dou hoje início aqui, a uma nova rubrica que há muito me anda na cabeça, que é escrever umas coisitas sobre saúde e, duma forma simples, poder contribuir para alguma transmissão de conhecimento aos visitantes do Fórum, sobre uma temática que interessa a todos.

Desafiava também outros colaboradores aqui do Fórum (o Kasa, o Jorge e a Maria), com formação nesta área a fazê-lo, porque estaremos, certamente, a fazer algum serviço cívico.

Falar sobre saúde, não é coisa fácil, já que de “poetas, curandeiros e de loucos…, todos sabemos um pouco…”. Mas enfim, arrisquemos, que é para isso que temos um Fórum.

Outra coisa também nada fácil é falar de saúde de uma forma que toda a gente entenda. Eu vou tentar, sabendo de antemão, que me sujeito a algumas críticas por parte dos meus correligionários.

VEM AÍ A VACINA CONTRA O CANCRO DO COLO DO ÚTERO

Vai estar disponível em todos os Centros de Saúde do país, a partir de segunda-feira, dia 27/10, a vacina contra o cancro do colo do útero (HPV).

Este ano pretende vacinar-se apenas as meninas nascidas em 1995, isto é, todas aquelas que fizeram ou fazem 13 anos em 2008.

Em 2009, iniciarão a vacinação as meninas nascidas em 1996 e 1992.

Em 2010, iniciarão a vacinação as nascidas em 1997 e 1993.

Em 2011, iniciarão a vacinação as nascidas em 1998 e 1994.

O que quer dizer que ao longo destes 3 anos serão abrangidas todas as jovens entre os 13 anos e os 18 anos.

A vacinação completa, engloba 3 doses: A segunda dose deve ser administrada 2 meses após a primeira; e a terceira dose, seis meses, após a primeira (0-2-6 meses).

O custo de cada dose ao Serviço Nacional de Saúde será de 55 euros. O que quer dizer que as 3 doses custarão 165 euros.

Cada uma destas coortes (ano) custará ao país cerca de 15 milhões de euros, ou seja, até 2011 (vacinação de 7 coortes), o país irá investir nesta vacinação, cerca de 105 milhões de euros (21 milhões de contos em moeda antiga).

E O QUE PODEM FAZER AS OUTRAS MULHERES

Actualmente a vacina é recomendada pela DGS a todas as mulheres que ainda não tenham iniciado a sua “vida sexual”, sobretudo até aos 26 anos de idade. O que quer dizer que se deveriam vacinar todas as nascidas antes de 1992 (1ª coorte abrangida pelo PNV), e que ainda não tenham completado 26 anos, isto é, as nascidas até 1982.

Só que para estas, a vacina nem tão pouco é comparticipada pelo SNS, e as 3 doses custam actualmente no mercado cerca de 500 euros (veja-se a roubalheira que é, esta coisa do comércio de medicamentos).

Mesmo com este custo, e de acordo com o conhecimento científico actual, é considerado um bom investimento, pois temos de ter em conta, que isto são custos de 6 meses. E quantos idosos não têm de gastar mais que isso em 6 meses para sobreviverem? Este investimento pelo menos é para prevenir…

E as outras? As com mais de 26 anos?

Para essas, aconselha-se, sobretudo a vigilância, através de rastreios periódicos e aconselharem-se junto dos seus médicos de família se deverão fazer a vacinação.

A divisa actual da DGS é inclusivamente: LEVE A SUA FILHA À VACINAÇÃO E FAÇA O RASTREIO.

Se tudo isto correr direitinho evitar-se-á que morram em Portugal por ano entre 300 a 350 mulheres, e que cerca de 1 000 contraiam cancro de colo do útero, sobertudo mulheres jovens, com ganhos de anos de vida.

PARA OS MAIS ESTUDIOSOS ALGUNS DADOS SOBRE O CANCRO DO COLO ÚTERO


A taxa padronizada de incidência do cancro do colo do útero em Portugal, estimada para o ano 2000 foi de 17 casos por 100.000, correspondendo a 958 casos de cancro do colo do útero (Pinheiro et al, 2003).
Em termos de mortalidade, em Portugal ocorreram, respectivamente, 220, 220, e 207 óbitos por cancro do colo do útero em 2002, 2003 e 2004.

No entanto, estes valores poderão estar subavaliados por não incluírem possíveis cancros do colo do útero que foram registados como “neoplasias malignas do útero, porção não especificada”.

Se considerássemos que cerca de metade das mortes por “neoplasias malignas do útero, porção não especificada” estaria localizada no colo do útero, obteríamos anualmente mais de 4,5 mortes/100.000 mulheres (entre 300 a 350 casos por ano).

Estes números são superiores aos dos países da “Europa dos 15” e admite-se que resultem principalmente da inexistência, na prática, a nível nacional, de um programa organizado de rastreio do cancro do colo do útero.

Justificação da introdução de uma vacina contra infecções por Vírus do Papiloma Humano no Programa Nacional de Vacinação

De acordo com a Direcção Geral da Saúde “O Vírus do Papiloma Humano (HPV) é responsável por uma das infecções por transmissão sexual mais comuns a nível mundial.

As infecções genitais por HPV são, geralmente, transmitidas por via sexual através do contacto epitelial directo (pele ou mucosa) e, mais raramente, por via vertical, durante o parto (National Advisory Committee on Immunization – NACI, 2007). Estão também descritos alguns casos de transmissão por contacto orogenital.

A exposição nos primeiros anos após o início da vida sexual é frequente mas não é universal. Num estudo realizado nos Estados Unidos da América (Winer e tal, 2003) 39% das estudantes universitárias tinham sido infectadas por HPV aos 24 meses após o início da actividade sexual, aumentando para 54% aos 48 meses.

Outros estudos identificaram infecção assintomática por HPV em 5-40% das mulheres em idade reprodutiva e referem que a maior parte das mulheres e homens sexualmente activos infectar-se-ão com, pelo menos, um tipo de HPV durante a vida (ECDC, 2008).


O risco estimado de infecção por HPV ao longo da vida é da ordem dos 50 a 80%, em ambos os sexos (Lowndes, 2006).


A vacinação com a vacina HPV, de forma gratuita e universal, das raparigas no início da adolescência tem como objectivo diminuir a incidência das doenças preveníveis pela (s) vacina (s), com destaque para o cancro do colo do útero.

Esta decisão baseia-se na informação epidemiológica sobre as infecções/doenças por HPV em Portugal, sua incidência, letalidade e mortalidade e nas limitações e dificuldades verificadas com o rastreio do cancro do colo do útero a nível nacional.

Para além de não conferir protecção contra todos os genótipos com potencial oncogénico, o impacte da vacinação na incidência do cancro do colo do útero, só se verificará a médio/longo prazo, pelo que é necessário incentivar programas de rastreio organizado cujos resultados na redução da doença se verificam a curto prazo.

Estas estratégias são complementares e permitem cobrir um amplo leque etário de mulheres em diferentes níveis de risco, potenciando os ganhos em saúde.

NOTA: Informação mais completa consta da monografia “Vacinação contra infecções por Vírus do Papiloma Humano (HPV)”, de Maio de 2008, disponível em www.dgs.pt .

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Renúncia de Fernando Gomes à Assembleia Municipal de Marvão


Acabei de ler, no seu blog pessoal “Percursos” (num post intitulado “O fim de um ciclo político”), a carta do Fernando Gomes a renunciar à Assembleia Municipal de Marvão.

“22-10-2008

Deixo aqui a minha carta de demissão enviada hoje mesmo, ao Presidente da Assembleia Municipal, que encerra um ciclo na minha vida através da acção política ao serviço do Partido Socialista, tentanto contribuir para o desenvolvimento e progresso social do Concelho de Marvão.
A política como meio de transformar a sociedade em que estamos inseridos continuará a ser o meu Percurso de vida.
Sempre pelo Concelho de Marvão!

"RENÚNCIA AO MANDATO DE DEPUTADO MUNICIPAL, ELEITO PELAS LISTAS DO PARTIDO SOCIALISTA"

Conforme tive oportunidade de comunicar aos membros da Assembleia Municipal de Marvão na sua última reunião, venho por este meio formalizar o meu pedido de renúncia ao mandato de deputado municipal, eleito pelas listas do Partido Socialista.
Este pedido surge na sequência de uma reflexão que venho fazendo sobre a situação do Concelho de Marvão, nomeadamente quanto à acção dos partidos, que se reflecte na incapacidade de envolver as pessoas nos seus projectos e de se adaptarem aos novos desafios que a sociedade hoje nos coloca.Apesar desta demissão, por razões políticas, poderão os munícipes contar comigo para ajudar a que se alcance o tão desejado desenvolvimento e progresso social do Concelho de Marvão.A todos os membros da Assembleia Municipal desejo votos de sucesso no desempenho das suas funções públicas e pessoais.

Marvão, 22 de Outubro de 2008"

Publicada por Fernando em 16:50


A declaração não me surpreendeu visto que o Fernando já tinha feito pública essa sua decisão.

Contudo, fico curioso em saber o que quererá exactamente dizer este parágrafo:

“Apesar desta demissão, por razões políticas, poderão os munícipes contar comigo para ajudar a que se alcance o tão desejado desenvolvimento e progresso social do Concelho de Marvão.”


O futuro dirá!

Grande Abraço
Bonito Dias


NOTA: Aproveito para endereçar os meus mais cordiais cumprimentos ao Fernando Gomes, com o qual debati várias vezes em desacordo, tendo o mesmo, apesar de acutilante, sido sempre muito correcto para comigo.

" Conta-me como foi "

( carregue no botão da tv que a imagem aumenta )

Fui um espectador atento da excelente série de ficção , intitulada : “ Conta-me como foi “, que passava em horário nobre, no canal 1 da RTP . Alguns dos episódios emitidos, reavivaram as minhas memórias de infância e juventude ( sobretudo no período que compreendeu a década de setenta ) do século XX .

A televisão foi um luxo ao qual só pude aceder , por volta de 73, quando já tinha dez anos . A energia eléctrica, só chegaria à minha aldeia em 1981, pelo que, os primeiros programas veiculados pela “caixinha mágica” a que assisti, foram vistos num minúsculo televisor, com vidro grosso e convexo, cujo aspecto, antecipava o design dos primeiros microondas da era moderna .

A fonte de alimentação era uma bateria de automóvel, que era necessário recarregar com a periodicidade de uma semana .

Recordo-me de assistir á primeira telenovela brasileira : “ Gabriela cravo e canela “, baseada no romance de Jorge amado . Ao princípio não percebia patavina do que diziam as personagens, que de episódio em episódio, evoluíam no pequeno ecrã, pois aquele português com açúcar, era quase indecifrável .

Com o tempo, eu e miúdos da minha idade, lá nos fomos habituando, àquele estranho sotaque, ao mesmo tempo que íamos interiorizando expressões estranhas como : “oposição ao regime “ ( dos coronéis ) ; “opressão do povo “ ; “ luta de classes “, o tipo de retórica que seria amplamente difundida no pós 25 de abril de 74 .


O meu imaginário televisivo ficou mais consolidado com as emissões, desta vez obrigatórias, dos programas lectivos do ciclo preparatório - Telescola ( correspondente ao actual 2º ciclo ) , cujo edifício se encontrava enclausurado entre uma espécie de colina com sobreiros e a Casa do Povo de Santo António da Areias .

Guardo na minha memória visual, as aulas televisivas do professor de Francês, um senhor muito sério de cabelo branco, que dizia frases curtas ( arrancadas ao contexto das lições do manual escolar ) do tipo :

- Le chien de Madame cardin S’appelle Patapuf !
- Répétez vous maintenant !

Após esta voz de comando, o professor de carne e osso que estava na sala de aula, relativamente ao qual guardo óptimas recordações, mandava-nos repetir à vez ou em uníssono :
- Le chien de Madame cardin S’appelle Patapuf !

Ficávamos assim a conhecer aquele cão francês da Madame Cardin, com aspecto de ovelha tosquiada, que se chamava Patapuf .


As minhas primeiras experiências cinéfilas, também ocorreram por esta altura, em Santo António das Areias, na Sociedade recreativa .

Creio que um dos primeiros filmes a que assisti nesse espaço foi, “ O planeta dos macacos “, que na altura vinha com o nome de , “ O homem que veio do futuro “, cujo protagonista principal era desempenhado pelo actor Charton Heston, o mesmo que fez de Moisés e que foi brilhantemente satirizado num dos filmes De Michael Moore, pelo facto do primeiro ter sido um verdadeiro activista e defensor do uso indiscriminado de armas, nos States .

“ O homem que veio do futuro “, dava conta das peripécias de um grupo de astronautas que depois de passar algum tempo no espaço, voltava à terra, que tendo sido alvo de um cataclismo tecnológico e ambiental, era dominado pelos grandes símios .

Este filme daria origem a uma saga, a fazer lembrar as actuais trilogias, como ,” O senhor dos anéis ou “ Matrix “.


Apesar do som roufenho que saía das colunas obsoletas colocadas em cima do palco e que por vezes não coincidia com os movimentos labiais dos actores, as imagens no grande ecrã, eram belas e avassaladoras, quando comparadas com as dos minúsculos televisores a preto e branco .

A noite cinéfila era anunciada, nas tardes de Sábado, através dos altifalantes colocados no tejadilho de um automóvel, que percorria as aldeias do Concelho . o discurso era repetitivo mas eficaz :

- Hoje em Santo António das Areias... não perca um filme colorido... a cores .

O projectista e proprietário deste cinema itinerante, tinha um bigode à Clark Gable e o cabelo penteado para trás, vergado pelo peso da brilhantina . Creio que lhe chamavam Frontelas .

Nestas noites de cinema, em algumas ocasiões, os espectadores mais novos eram convidados a sair após a projecção do filme em cartaz, pois a segunda sessão estava destinada ao publico mais adulto, atendendo à sua natureza hardcore .

Como o fruto proibido é sempre o mais apetecido, numa dessas noites, nós os miúdos, conseguimos iludir a vigilância do controlador da bilheteira e fomos para os camarotes assistir a esta misteriosa segunda sessão .

Numa destas ocasiões a aparelhagem sonora deixou de funcionar . Alertado para a anomalia, o projectista, procedeu à reparação da avaria e perguntou :

- Já se ouve bem ?
- Não ! Respondeu a assistência .
- E agora ?
- Ainda não, mas deixa estar mesmo assim, que isto percebe-se à mesma. Retorquiu um espectador com voz arrastada, denotando o enfado de alguém a quem tinham interrompido o prazer de uma forma abrupta .


Um dia, o filme em cartaz começou uma hora mais cedo do que era habitual, mas o senhor Frontelas, fez questão de explicar as razões desta alteração :

- Queria avisar os senhores espectadores que hoje ... quando chegar a altura do Intervalo... não há intervalo ! É que eu ainda tenho que ir passar este filme a outro sitio .
Este e mais tarde o de Portimão, foram os meus "Cinema paraíso "... quase toda a gente tem o seu .

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A GOLPADA MESTRA!

Se por cá andamos é porque queremos alguma coisa...

Esperei muito tempo, mas parece ser que agora é que consegui dar a minha grande GOLPADA!!

Ora vejam, vejam...!!!

http://www.tsgnet.com/pres.php?id=46832&altf=Boupojp&altl=Hbssbjp





Beijnhos e abraços
do vosso

ANTÓNIO GARRAIO
THE NEXT PRESIDENT

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

VI Matança do Porco




As tradicionais matanças do porco, estão cada vez mais a cair em desuso, pelo facilitismo com que encontramos nos supermercados, os produtos de que necessitamos.


Mas os bons enchidos ainda são aqueles que tradicionalmente se fazem: a carne sobre a “banca”, cortada pelas mulheres ou com duas facas (o que requer alguma habilidade), sabiamente dividida pelos alguidares e pela “mestra” temperada, cheia em tripa de porco ou de vaca, e seca à chaminé com a dose certa de lenha… o sabor é ímpar!

A matança do porco era sempre um pretexto para se reunir a família à volta mesa, e do porco.
É o “lavarinto” de ir buscar o porco à malhada e de o matar, a azáfama das mulheres para irem lavar as tripas, é a dona da casa que atarefada prepara o almoço da matança, com as tradicionais sopas, as febras, o arroz doce…
Alguns sabores são únicos e só a matança os proporciona.

A Portus Gladii, Associação Cultural, Desportiva e Recreativa do Porto da Espada, vai mais um ano fazer a matança do porco, no recinto da Casa do Povo em Porto da Espada.

Saborear as sopas e as febras, em ameno convívio é o convite que vos deixo…

Apareçam, cá vos espero.

Adelaide Martins
Inscrições: 966445022

sábado, 18 de outubro de 2008

A longa caminhada da Educação

(clicar para ampliar)
Às vezes, quando ouço alguém dizer que, nos dias de hoje, não vale a pena fazer um curso superior porque, depois, a maior probabilidade é seguir-se o desemprego, fico indignado!

Se tenho alguma confiança com o emissor desta afirmação, costumo perguntar-lhe: e se for o seu sobrinho, afilhado, neto ou filho mantém a mesma opinião?

Noto, quase sempre, que os deixo incomodados com esta pergunta.

De facto, o ensino em Portugal está pelas ruas da amargura. Instalou-se o hábito do facilitismo e os cursos, muitas vezes, não têm qualidade e não estão adequados à oferta de trabalho existente.

Falta de organização e coordenação de médio/longo prazo, como é hábito neste país, diria eu!

Mas, apesar de tudo, a aposta na educação para nós, para os nossos filhos ou para os elementos da comunidade em que nos inserimos é, sem sombra de dúvida, o principal factor crítico de sucesso.

E de confiança e auto-estima!

Se puder ser o 9º, que não seja o 6º; se puder ser o 12º que não seja o 9º; se puder ser uma licenciatura que não seja o 12º; e por aí fora…

E depois… não acabou. A formação ao longo da vida, seja profissional ou mais “pessoal”, é uma exigência deste mundo louco, em permanente mudança, em que vivemos.

No meu caso, a aposta que eu e os meus familiares fizemos na minha educação foi determinante. E mais não digo!

Tudo isto para vos apresentar a notícia acima digitalizada que, na minha opinião, merece a maior atenção.

Os jovens que, em cada ciclo, obtiveram os melhores resultados foram bem premiados e merecem este destaque.

Parabéns!

E que sirvam de exemplo, motivando todos os colegas (e respectivos pais) a aproveitarem ao máximo as suas capacidades e a chegarem o mais longe possível nesta longa caminhada que é a educação.


Grande Abraço
Bonito Dias

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O forno de pão comunitário da aldeia de Cabeçudos

(clicar para ampliar )

O forno de pão comunitário dos Cabeçudos , ladeado pelos lageados onde se colocavam os tabuleiros do pão a fermentar (à esquerda ) e o banco onde as pessoas se sentavam ( à direita ).


Resiste ainda à passagem do tempo, o forno de pão que servia a povoação de Cabeçudos . Nascido do esforço e da vontade dos moradores locais, era de grande utilidade para a pequena comunidade, desde as primeiras décadas do século xx, que o utilizava numa altura em que ainda não se processava a distribuição diária do pão, como ocorre hoje em dia .

Ergueu-se do solo rochoso (à força do trabalho árduo não remunerado dos homens da aldeia), sem projecto, num terreno na altura baldio ; sempre foi de todos e nunca se lhe conheceu um dono . Funcionava como uma embrionária cooperativa comunitária, muitos anos antes da revolução de Abril, a partir da qual proliferaram, unidades produtivas de maior dimensão, mas com o mesmo objectivo : criar metodologias de produção, mais ou menos organizadas, que funcionassem em prol da comunidade, mas servindo também o individuo .

Cada família fazia uma “massa”, em dias previamente acordados e sujeitos ao consenso da população . O produto final, o pão daí resultante, durava em média para uma semana e meia para cada agregado familiar. Quando por alguma razão, este bem (já na altura de primeira necessidade) faltava, era usual pedir-se emprestado ou ser trocado por outros produtos, junto daqueles cuja produção tinha sido excedentária .


Havia também famílias que possuindo um forno próprio, tinham mais autonomia e maior margem de manobra, neste processo . Ainda existem na aldeia dois fornos privados com as mesmas características daquele que servia a comunidade . Todos se encontram ainda em condições de laborar e têm sido utilizados nos últimos anos, essencialmente em épocas festivas como a Páscoa, para produção dos chamados “bolos fintos” ou folares .

Hoje em dia, como no passado, os processos de manufactura, são semelhantes : depois de amassado, o pão ou o bolo vai a cozer no forno previamente aquecido através da combustão de arbustos rasteiros, ou de galhos resultantes da limpeza das árvores, sendo utilizada mais comummente a giesta, que existe em abundância na região durante todo o ano .

De salientar que o Concelho de Marvão era nesta altura, praticamente auto-suficiente no que respeita à produção cerealífera .

Devido à natureza do relevo de Marvão: extremamente acidentado e à grande compartimentação dos terrenos em pequenas propriedades com solos de características mistas : aráveis, mas com áreas onde o granito aflora aqui e ali de uma forma aleatória, o Concelho, nunca teve uma agricultura de cariz latifundiário, (exceptuando talvez aquela que se praticava na herdade do Pereiro) .

Com efeito, sempre vigoraram as pequenas explorações familiares ou minifundiárias . Não obstante, qualquer “courela” horta ou curral eram semeados . Muitos terrenos, atendendo à especificidade do solo, eram polvilhados por pedras soltas que era preciso reunir em pequenos amontoados, tornando a terra arável, permitido desta forma uma sementeira mais abrangente .

Ainda hoje é possível apreciar estas pedras metodicamente empilhadas, muitas vezes a fazer a divisão entre as áreas de cultivo e procurando nivelar parcelas de terreno em socalcos que permitissem a rega, sem arrastamento de terras. Na localidade do Porto da Espada, este “lego”, que se espalha por montes e vales é no meu entender particularmente belo e digno de se apreciar .


Este tipo de divisão da propriedade, tão característico, apresenta algumas semelhanças com a paisagem da cultura da vinha, na ilha do Pico, nos Açores e que foi classificada como Património Mundial da Humanidade .


No processo que conduzia à manufactura do pão, os moleiros recolhiam, os cereais (trigo e centeio), junto dos produtores e procediam à sua moagem nos moinhos estrategicamente localizados ao longo do rio Sever a partir da povoação da Portagem . Posteriormente eram entregues já transformados em farinha, aos respectivos donos, em sacos de pano grosso a que se dava o nome de talegos .

O preço a pagar pelo produtor ao moleiro, não era mais do que uma porção do produto em causa, a que se dava o nome de "maquia " . Na verdade nenhum agricultor gostava de levar uma grande maquia , entenda-se .

Estas pequenas unidades de produção, os moinhos, funcionavam um pouco à semelhança dos lagares de azeite e movimentavam um número significativo de trabalhadores do Concelho .

Nas propriedades de maior dimensão, onde eram servidas ou confeccionadas refeições, cuja base era o pão, como por exemplo a açorda ou as migas, podiam-se encontrar dois tipos de “pratos” : um à base de centeio: “as sopas centeias” destinadas aos ganhões e outro à base de trigo : “as sopas trigas “, destinadas aos encarregados ; ” manageiros”e aos patrões .

O pão de centeio era assim o” parente pobre “da culinária da região, não obstante o seu valor nutritivo ser semelhante ao do pão de trigo .

Às vezes a esperteza dos intervenientes, contornava esta descriminação : quando o superior hierárquico comia junto com os trabalhadores, havia alguém que sub-repticiamente, distraía o primeiro, tendo outro assalariado a incumbência de misturar as sopas trigas com as sopas centeias , repondo assim igualdade e justiça na distribuição da paparoca .

Não posso atestar a veracidade destes procedimentos, pois não os vivi, foram-me transmitidos por um ancião dos Cabeçudos, o ti Zé da Vila, ( já falecido ) que com os seus quase noventa anos, tinha certezas mais firmes daquilo que se passara há 70 anos atrás, do que aquilo que comera ao almoço, nos dias em que repetidamente contava esta e outras histórias .

As informações contidas neste post, emergem de testemunhos de protagonistas reais, que sentiram na pele as vicissitudes destes tempos difíceis , de privações e de miséria e fazem parte do seu conhecimento empírico e das suas vivências.

Se há aqui informações erróneas, estas fazem parte do imaginário popular . Decidi dar conta destes episódios, que nos remetem a um passado não muito distante, da vida da comunidade marvanense, com o objectivo de elucidar os mais jovens para o facto dos bens de consumo, nem sempre terem chegado ao prato das pessoas com a mesma facilidade com que chegam hoje em dia .

Numa altura em que a Educação para o Consumo, faz parte das indicações programáticas do Ministério da Educação, para as Áreas Curriculares Não Disciplinares de Área de Projecto e Formação Cívica, talvez não seja despropositado fazer aqui referência ao tipo de consumo que se praticava no passado, em última instância, para estabelecer uma analogia, com o consumismo desenfreado dos nossos dias .

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

01 - APOIO AO DESPORTO JOVEM


Lá estou eu, cara leve e esguia, olhos vivos e envergonhados.

Os outros estão como eu, também um pouco nervosos, afinal o momento é importante.
- Agora, agora, diz o homem da máquina.
- Já está, ficou bem à primeira.

Assim foi tirado o único retrato da época futebolística, à equipa de futebol.Pensei, agora só para o ano, quando já for Juvenil.

Recordo-me como se fosse hoje, sempre que olho para esta fotografia tirada há trinta anos.Que saudades, que tempo maravilhoso e despreocupado.
O que ficou?

Tanto que, senão tivesse feito parte dessa equipa, esse grupo, essa família de irmãos de idade, de cumplicidade, de vivências várias, não seria certamente a pessoa que sou hoje.

Quantos não terão essas mesmas recordações? Quantos reconhecem a importância desse passado comum? Quantos foram moldados, pelas corridas, pelos chutes na bola, pelas conversas e traquinices aos colegas? Quantos aprenderam, sem dar conta, o que é trabalhar em equipa e para a equipa? Quantos aprenderam lições de bom comportamento e o que é respeitar os outros? Quantos ganharam autoconfiança, aprendendo a lidar e ultrapassar os problemas da equipa, o carácter, a capacidade de sacrifício, o trabalho?

Podia continuar a focar outros aspectos importantes, mas fico por aqui.

Os que tiveram esta experiência, sabem a resposta às perguntas feitas. O que é que pretendo com tudo isto?

Apenas alertar, para o importante papel que os clubes ou outras colectividades de futebol têm na formação dos jovens, e que, alguns teimam em esquecer. Jovens esses, que sem se aperceberem, já têm o homem que serão plantados no seu interior, e que mais tarde, há-de emergir com os valores e conquistas semeados nesses tenros anos.
Que importância tem isto? Toda, senão vejamos:

- Ao nível de saúde, os miúdos ganham desenvolvimento muscular em detrimento da obesidade, que lhes dará força, lhes molda o corpo, numa época em que a perfeição corporal é procurada a todo custo.
- Os jovens hiperactivos, com energia a mais, ficam mais calmos, com menos stress, e aprendem a dosear esses piques de energia, por outro lado, os mais calmos aprendem a ser mais espevitados.
- Serão confrontados com um dos aspectos mais importantes da vida, o ter que pensar e decidir com rapidez em prol da equipa, o resto da vida terão que o fazer.
- A nível social, estes jovens fazem amizades duradouras, para a vida.
- Aprendem a trabalhar em grupo, onde cada um tem a sua importância, onde cada um se sente importante, ganha-se a vaidade de fazer parte de algo, de se sentir útil, e mais tarde, entende melhor os conceitos de autoconfiança, do ser positivo e optimista, do que é capacidade de trabalho e humildade.
- Estes clubes ou colectividades de futebol, permitem-lhes deslocações a outros lugares que até então desconheciam, tendo acesso a outros comportamentos, a outras formas de pensar, vão aprendendo a conviver de outra forma.

- Um miúdo no campo de futebol pode ser artista e sonhador, disciplinado ou rebelde, companheiro ou individualista, reclamar o seu território, lutar, decidir, pode ser ele próprio, em liberdade.

Tudo isto sob o olhar atento do treinador, orientador, gestor, mentor, amigo, ou o que lhe quiserem chamar. Pessoalmente, prefiro chamar-lhe companheiro, porque a sua função mais importante não deverá ser a de apontar o dedo ao jovem atleta e indicar-lhe o caminho a seguir, mas sim, o de ser o primeiro a entrar nesse caminho chamando o jovem para seu lado.Tudo isto se irá reflectir na escola.

Claro que não é só nos clubes de futebol que se verifica esta realidade, ela verifica-se nas mais variadas colectividades e actividades, sempre que os jovens são chamados a participar.O fundamental e imperioso é chamar os jovens a participar.

Como é que isso se faz?

Com muita vontade, sacrifício e gosto pelo “fazer”, isto na grande maioria das vezes basta.Os jovens na maior parte do tempo estão só à espera, aborrecidos, esperançados, ansiosos que haja alguém com vontade de “fazer”.

Mas falta ainda outra parte, também ela muito importante e, que retira muitos ganhos futuros da simbiose clubes/jovens desportistas.Refiro-me às Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e empresas locais, que muitas vezes, com um pequeno grão, uma pequena ajuda, alimentam a vida de muitos jovens e tornam possível as coisas acontecerem.
Pensarão alguns, se calhar não é o momento certo para falar em apoios ou ajudas, estamos em crise económica.Não estou de acordo, o momento é certo, é sempre certo, porque a crise que está instalada, não é deste mês nem deste ano, talvez seja dos últimos 10/15 anos, porque a crise não é económica, é de mentalidades.

As Câmaras queixam-se que não têm pessoas, os jovens que representam o capital activo vão-se embora para as cidades que lhes fornecem melhores condições de trabalho. Pois é, prevejo que se vão continuar a queixar, até porque serve de desculpa para muita coisa.

Não há jovens, não há empresas, não há dinheiro, não há desenvolvimento, pára-se no tempo e mais grave na mentalidade.

Mas é legítimo, mais tarde perguntar, porque já se foi jovem, nasceu e cresceu nessas povoações, se pergunte às Câmaras, Juntas e empresas:

- O que fizeram por mim?

- O que me deram?

- Apostaram na minha formação, ou foi mais importante gastar umas massas na celebração de acordos que saem nos jornais, mas que só trazem benefícios fantasmas?

Afinal, somos alentejanos e por isso muito ligados à terra, não podemos por isso esquecer do sábio popular:

“Conforme semeares, assim colherás.”“Conforme fizeres, assim acharás.”
Os jovens devem ser cuidados, acarinhados, ensinados a gostar do que é seu, porque se assim não for, no futuro, aqueles que ficarem, pouca vontade terão de intervir e de melhorar as instituições da sua terra, afinal, só as raízes mais fortes são difíceis de arrancar.

Por isso, a única solução que estas instituições têm, é ajudar, porque na maior parte das vezes, o dinheiro gasto numa rotunda ou numa escultura que ninguém percebe e que nem sequer acrescenta nada à paisagem, dava para apoiar o futebol jovem num clube durante dois ou mais anos.

Não se devem enganar, nem enganar os outros, porque não estão a gastar dinheiro no futebol, estão a ajudar na formação de jovens.

Muito mais coisas haveria a dizer, algumas até desagradáveis, mas os tempos são de realçar o positivo, de encorajar os que têm capacidade mental para intervir, de fazer as coisas acontecer.

Parabéns e um abraço de estima àqueles que quando chegaram ao alto muro, não desistiram, saltaram-no, e a seu lado vão acompanhando os jovens de agora, e que daqui a trinta anos recordarão com saudade este tempos.
Mário Bugalhão

domingo, 12 de outubro de 2008

DESPORTO



CD Portalegrense 3
GD Arenense 6



O GDA disputou este sábado no Campo Sintético dos Assentos em Portalegre, o seu primeiro jogo do Campeonato Distrital de Infantis, tendo vencido por uns convincentes 6 -3 a equipa da capital do distrito.
Podemos assim anunciar um bom começo para a Equipa treinada por Luís Barradas e capitaneada pelo jovem André, autor de dois dos seis golos marcados.
Se bem que os campeonatos nunca se ganham quando se começam, mas sim quando se acabam, este grupo de jovens está de parabéns. Pois para além do bom resultado alcançado, tiveram em campo uma atitude e comportamento exemplares.
Oxalá isso se mantenha no futuro.
No próximo sábado será a recepção aos Gavionenses.

sábado, 11 de outubro de 2008

INFORMAÇÃO FÓRUM

De acordo com o aqui anunciado, realizou-se ontem a VI Sessão de Leituras Partilhadas, que se realizou na Casa da Cultura em Marvão.

Sessão bastante frequentada, com muitos jovens de uma turma da Escola de S. A. das Areias que transmitiram uma animação extra ao evento.
Aspecto da Sala bem composta

Foram diversos os participantes que nos brindaram com as suas escolhas de leituras, tendo as mesmas atingido os momentos mais brilhantes com as participações da Mafalda Machado e do José Caldeira Martins. Sem esquecer a pequena Leonor, que com os seus seis aninhos nos brindou com uma pequena história.

A pequena Leonor Sobreiro


Mafalda Machado

Caldeira Martins

Quem por lá estiveram em peso, foram alguns dos colaboradores aqui do Fórum, nomeadamente, a Luísa Garraio, o Fernando Bonito, o António Garraio e o João Bugalhão. No entanto o colaborador mais citado, apesar da ausência física, haveria de ser um tal "poeta" lbugas!

Luísa Garraio

Fernando Bonito

João Bugalhão

António Garraio

Excelente iniciativa, muito bem organizada pelo Pelouro da Cultura da CM de Marvão, coordenada com elegância e simplicidade pela Catarina Machado.

A Anfitriã: Catarina Machado

Parabéns, venha a próxima. E que tal descentralizar?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Candidatura independente à Câmara de Marvão!

(clicar para ampliar)
Aquilo que há algum tempo se comentava em surdina já é público. O jornal “Alto Alentejo” (AA) de hoje informa-nos que haverá uma candidatura independente nas próximas eleições autárquicas em Marvão.

Madalena Tavares será, então, candidata a Presidente da Câmara de Marvão, tendo Gomes Esteves a encabeçar a lista para a Assembleia Municipal.

O primeiro parágrafo da notícia do AA parece, ainda, sugerir que esta poderá não ser a única candidatura independente em Marvão. O futuro dirá!

Na mesma “caixa” o AA lança alguns nomes como podendo ser os candidatos das listas do PS e do PSD. Se os do PS não serão grande novidade, já o alegado número dois da lista do PSD parece ter surpreendido muita gente! Ou talvez não?

Nesta altura, e antes de outros desenvolvimentos, estes dados levantam algumas interrogações:

1 – O que se passa na governação de Marvão para que apareçam candidaturas independentes?

2 – O que se passa nas estruturas partidárias de Marvão para que apareçam candidaturas independentes?

3 – Esta(s) candidatura(s) indicia(m) apenas problemas internos nos partidos ou, por outro lado, aparece(m) porque os marvanenses a(s) “exige(m)”?

O futuro dirá…


Grande Abraço
Bonito Dias

GDA INICIA A SUA PARTICIPAÇÃO NO CAMPEONATO DISTRITAL DE INFANTIS



No próximo dia 11 de Outubro, Sábado, pelas 10H30, o Grupo Desportivo Arenense, irá iniciar o Campeonato Distrital de Infantis (Série B), em Portalegre.

CD Portalegrense 1925 – GD Arenense




Equipa de Infantis do GDA 2008/2009



O GDA é constituído por jovens oriundos de todo o concelho de Marvão, e espera-se um bom campeonato, não apenas em termos de resultados, mas sobretudo em termos formativos, tanto técnicos, como sociais.
Este campeonato terminará em final de Março de 2009, com 22 jogos e 2 treinos/semana.

Desta Série, fazem parte as seguintes equipas:
- GDR Gafetense (Campo de terra batida)
- Sport Nisa e Benfica (Campo de terra batida)
- AD Lazer Condestável de Sousel (Campo de terra batida)
- GD Vidense (Campo de terra batida)
- Sport Clube Estrela (Relvado sintético)
- CD Portalegrense 1925 (Relvado sintético)
- Eléctrico FC (Relvado sintético)
- CF Os Gavionenses (Relvado sintético)
- GD Arenense (Campo de terra batida)
- AD de Castelo de Vide (Relvado)
- FC do Crato (Relvado sintético)

Como se pode ver por esta apresentação 60% dos campos já apresentam campos de futebol relvados.

Relembramos aqui que está a decorrer um Projecto, a nível nacional, para dotar todos os concelhos do país, com um campo relvado/sintético. Condições mínimas consideradas para a prática formativa do Futebol.

Esperemos que em breve o concelho de Marvão também possa desfrutar dessas condições indispensáveis para uma boa aprendizagem.

domingo, 5 de outubro de 2008

AlMossassa 2008

















(clicar para ampliar)

Eu gosto da “AlMossassa”!

A 3ª edição da “AlMossassa”, com a ajuda do bom tempo e apesar da crise económico-financeira instalada, está a ser, conforme anos anteriores, um êxito. Ainda não tenho informação sobre o número de visitantes deste ano mas também não é essa vertente que me leva a escrever sobre o evento.

Trago-o aqui porque gosto da “AlMossassa”… e pronto!

Gosto… porque este evento cria um ambiente extraordinário em Marvão. Tão, ou mais, extraordinário que a Feira da Castanha. Com a particularidade de, ao contrário daquela que já é bastante conhecida, ter o condão de surpreender os visitantes forasteiros e locais.

Ontem observava uns visitantes a almoçar, o saboroso porco assado, numa mesa mesmo junto à muralha, com toda aquela envolvência e paisagem deslumbrantes, e pensava que aquelas pessoas só poderiam ficar arrebatadas por este lugar. E que serão excelentes veículos publicitários desta terra.

A “AlMossassa” é um exemplo pragmático de como, mesmo sem grandes orçamentos, se podem fazer coisas positivas por estas paragens, aproveitando as características naturais existentes.

E, é de toda a justiça afirmá-lo, este evento/sucesso tem um responsável… tem um rosto: Pedro Sobreiro!

Como noutras iniciativas do passado e do presente nota-se nesta, também, o fraco envolvimento das gentes do concelho. E esse envolvimento seria muito importante para a grandeza dos eventos, para o seu êxito e para a sua continuidade. Não sei se esta lacuna é da responsabilidade dos promotores, se é dos marvanenses ou se é de ambas as partes. Mas ela existe e é lamentável.

Por exemplo, ouvi ontem, em tom sarcástico, um ilustre residente na vila de Marvão dizer: ...Sim, vim até aqui à … “esta coisa”…

E fiquei triste!

É nisto que reside também a nossa pobreza…

Mas vi, também, além dos que faziam negócio, alguns (poucos) marvanenses imbuídos no espírito da festa, vestindo túnicas ou turbantes…

Neste e noutros eventos é por aí o caminho: o envolvimento da população, independentemente da sua maior ou menor simpatia pelos dirigentes de cada momento!


Grande Abraço
Bonito Dias

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

VI Sessão de Leituras Partilhadas

Vai decorrer durante a V Feira do Livro do concelho de Marvão uma sessão de leituras partilhadas, no dia 10 de Outubro, às 21h.

Como o tema já foi abordado no Forum Marvão, foi-nos endereçado um convite para participarmos.



LEITURAS PARTILHADAS
Uma sessão de leitura………

“Nenhuma boa história se gasta, por muitas vezes que se conte”

O Município de Marvão convida-o a estar presente na VI sessão de Leituras Partilhadas, a ter lugar no próximo dia 10 de Outubro, pelas 21 horas, na Câmara Velha – Casa da Cultura de Marvão.




Se quiser partilhar um texto, por favor confirme com a Catarina, na Câmara Velha, até ao dia 9 de Outubro (telef. 245909137 / email camara.velha@cm-marvao.pt)