Uma pequena história com muito significado…
Chega o Verão, chega Agosto…
Começa a azáfama dos preparativos para a festa, sim, é a festa do Porto da Espada, festa em Honra e Louvor de Nossa Senhora das Dores…
Nem sempre a festa foi em seu louvor, primeiro S. Semião era o padroeiro, que passou a esquecido… por devoção de uma família a Nossa Senhora das Dores, desde esses tempos que por milagre ou novas vontades passou a ser a padroeira da aldeia.
Se antigamente a festa era de dois dias, com duas procissões uma a Nossa Senhora das Dores e outra a Nossa Senhora de Fátima, com duas bandas de música, vistosos arraiais, onde os leiloeiros, leiloavam as ofertas da quermesse (uma das mais ricas da região), até altas horas da madrugada, ninguém arredava pé do adro da Igreja… até que as rodas de fogo, vindas das pirotecnias do norte, faziam as delicias dos espectadores até ao rebentar do “castelo”, (até isso já se acabou, a lei não o permite).
As bandas tocavam ao desafio, para ver qual era a melhor…
Nas barracas de chá vendiam-se os “pirolitos”, as farturas da “Ti Peseta” e as barracas da quinquilharia faziam as delícias dos mais novos, era uma festa…
Vem a família de Lisboa ou de fora, trazem-se os amigos e os conhecidos… passa-se o tempo em amena cavaqueira…
São saudades que ficam de quem conhece as pedras da calçada, as soleiras das portas, os rostos das gentes…
São memórias que não se apagam e não se esquecem, que ainda hoje me delicio com estas histórias de antigamente.
Mudam-se os tempos mas não se muda a festa… é sempre no último domingo de Agosto, já são de 7 dias e algumas tradições estão a ser revividas, o Domingo, o dia da festa, passou desde 2002 a ser feito no Largo da Igreja, ninguém imagina a sensação que tive com esta teimosia:
- Chegou o tal Domingo, e a quermesse veio para o largo da Igreja, a Igreja abriu-se, e a festa fez-se… vendiam-se as rifas, no palco actuavam os grupos de dança e de cantares, e em cima do fardo da palha, servindo de mesa, vendiam-se os bolos, (que as meninas da comissão fizeram), os “pirolitos” (em copos de plástico), e o cacau quente, o leilão de garrafas e da borrega interrompia das conversas:
– “Quanto vale?... Quem dá mais… E dou-lhe uma… e Dou-lhe duas… e duas e meia, …e três… está entregue!....”
Via nos olhos dos portoespadenses, uma lágrima de saudade por reviverem uma tradição… até eu chorei (o que não se estranha), segredavam-me ao ouvido, a satisfação daquela noite: “– Esta é que era a nossa festa…”, e o meu rosto enchia-se de beijos e um abraço apertado rodeava-me os ombros…
Foi uma noite feliz… a felicidade estampada no rosto das pessoas, esquecia o trabalho que esta mudança causa…
Andamos de casa às costas da Casa do Povo para o largo da Igreja… mas garanto se há coisas na vida que valem a pena, esta foi uma delas…
Um grupo de amigos reuniu-se e com muitas vontades, sempre foi fazendo a festa, a Associação Portus Gladii, é o rosto de muitos portoespadenses. Dedica-se com alma e coração (como tantos sem nome de associação o fizeram) a realizar mais umas festas, touradas, quermesse, bailes, arraial com o espectáculo de dança pela Companhia de Dança da Escola Silvina Candeias e pelo grupo de música tradicional portuguesa Cordas Soltas de Évora, Tiro ao Alvo, Jogo da Malha e as largadas de toiros…
As famosas largadas, quase com 40 anos de existência são as mais famosas do concelho e arredores, as festas são conhecidas pela sua realização…
Um pouco da sua história…
Primeiro eram feitas à tarde, “pelas 3 da tarde…”, muita gente as vinha ver, e passava a palavra… depois passaram a ser à noite… um mar de gente… portugueses e até os nossos vizinhos espanhóis, gritam e fogem pelas ruas, à laia de brincadeira até digo que é “Pamplona”, na minha aldeia (estou mesmo a brincar…)
Uma pacata aldeia, linda e majestosa transforma-se: é a família que chega, os amigos que vêem, é o chibo para as sopas e para o assado ou ensopado do Domingos de festa, é o fato novo da festa, é um cem número de coisas… que passam rapidamente mas que ficam na memórias dos que chegam e que partem com um sorriso nos lábios e um brilhozinho nos olhos… porque no fim temos sempre: a “… barraca fechada…” mas a promessa de que “para o ano continuamos…”
É uma história que vivo e revivo todos os anos, mas que sei, que não é só minha e da minha aldeia… é do nosso concelho…é da aldeia vizinha…onde também há histórias do passado e acontecimentos presentes que recordamos e vivemos com a magia que a vida nos proporciona com maior ou menor intensidade…
Por tudo isto, vale a pena conhecer as festas das nossas aldeias…
A festa da minha aldeia… Porto da Espada…
Fica o convite…
Adelaide Martins
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