No sábado passado, encontrei-me com o amigo Sabi na piscina da Portagem. Ele passeando o seu “amorenado”, acabadinho de chegar do reino dos algarves, e eu a fazer o meu baptismo de piscina, a mostrar o meu bronzeado de pedreiro, fruto das muitas horas de sol, apanhando nas minhas passeatas diárias.
A conversa resvalou para a área musical, onde ele enaltecia e dava conta dos progressos da sua nova, e grande paixão: o projecto “a grupa”, uma espécie de agrupamento musical, que lhe anda a tirar o sono.
Mal me dei conta, já lhe estava a dar palpites sobre o reportório que poderiam adoptar, e falei-lhe de um tema que tenho vindo a ouvir, do qual nem sequer sabia o nome e, muito menos quem o interpretava.
Tentei ainda soletrar, mas a música, não é muito o meu forte. Faço parte dos mal-educados (musicalmente falando!), mas lá lhe fui dizendo que era um tema de exaltação familiar, que tinha no refrão frases como: “brindo a nós, brindo aos avós…”
Claro que o Pedro me chutou logo, esclarecendo: são os “Virgem Suta”.
Fiquei curioso, e lá fui à procura dos ditos nestas coisas do “YouTube”, e o que encontrei foi, na minha modesta opinião, mais uma “pérola” esquecida da música portuguesa, e que não posso deixar de partilhar convosco, neste tempo de verão.
Ainda pensei que se tratava de mais um daqueles grupos de lesboa. Mas não, qual quêi…, estes são alentejanos, e de Bêja.
Deixo-os aqui para vossa apreciação, e aguçar a curiosidade, dois temas, dos quais chamo a vossa especial atenção para o primeiro (o meu preferido), letra espantosa: “tomo conta desta tua casa”; e o segundo: “dança de balcão”, a tal, do “brindo a…”.
Tomo conta desta tua casa
imprópria para amar sei lá porquê
não consigo agarrar o que me resta
pedaços do que foste e ninguém vê
rendido ao teu sofá, nele me encontro
repouso agora, em sono mal dormido
pretendo esclarecer o desencontro
do nosso amor que há muito anda perdido
eu sei, que não é fácil conversar,
nem decidir
nem tudo é falso, e sem cor,
vamos mentir
que a perversão será ainda mais real…
a breve embriaguez passa a febre
no quente desconforto de mendigo
que aguarda numa esperança duvidosa
o gesto carinhoso de um abrigo
pensar, sentir, querer… é tão confuso,
a sensação de dor está revelada!
agora o que fazemos de nós dois?
vivemos como se não fosse nada?
eu sei, que não é fácil conversar,
nem decidir,
nem tudo é falso, e sem cor,
vamos mentir
que a perversão será ainda mais real…
"DANÇA DE BALCÃO"...vamos lá brindar!
"Agora que as comemorações em redor da Virgem já terminaram e os pastorinhos não têm mais segredos a contar, chega a nossa vez de animar os fiéis revelando os Virgem Suta.
A história dos Virgem Suta não é a história normal das bandas de hoje em dia. Não foram descobertos através do Myspace, não fizeram uso das autoestradas da informação para conquistar os milhares de fãs com que poderíamos abrilhantar esta nota. Valeram-se de duas guitarras, da voz e da quase ‘ousadia’ de
uma mão cheia de canções e, sem exageros líricos, as suas auto-estradas foram outras. Perderam a conta às vezes que fizeram o País de Sul a Norte e de Norte a Sul. Mais uma vez, não o fizeram como as bandas normais, a tocar em todas as aldeias e terriolas onde os quisessem a actuar. Não! Habituem-se. Em Suta é um estado exagerado de estar, de viver, de pensar. Eles eram virgens no mundo da música e quiseram demorar o tempo que fosse necessário para se considerarem prontos. Conseguiram-no e brindam-nos com uma belíssima estreia.
Ah! É preciso dizer que os Virgem Suta residem em Beja. E aí o tempo, é relativo.
Sempre apoiados na conselheria e depois na produção do disco por Hélder Gonçalves, dos Clã, os Virgem Suta penaram até ao vislumbre de um trabalho que considerassem decente. Naquela dúzia de canções que compõem o disco, nas repetidas audições, consegue-se perceber o que os caracteriza e porque vão agradando a quem quer que os oiça. Porque não descartam a tradição, transpiram portugalidade e assumem-no. Mas são tão contemporâneos que a raiz portuguesa só lá está porque não têm outro remédio. Não tenhamos dúvidas que se fossem espanhóis, tocariam castanholas. Assim, tocam adufe e cavaquinho porque é isso que lhes é natural. A isto aliam uma ironia que aparece a espaços, insólita, não de riso fácil, mas daquele que só é esboçado depois de se ter desconstruído a mensagem.
Os Virgem Suta são Nuno Figueiredo e Jorge Benvinda.
Ainda curiosos? Fiquem mais!"
A conversa resvalou para a área musical, onde ele enaltecia e dava conta dos progressos da sua nova, e grande paixão: o projecto “a grupa”, uma espécie de agrupamento musical, que lhe anda a tirar o sono.
Mal me dei conta, já lhe estava a dar palpites sobre o reportório que poderiam adoptar, e falei-lhe de um tema que tenho vindo a ouvir, do qual nem sequer sabia o nome e, muito menos quem o interpretava.
Tentei ainda soletrar, mas a música, não é muito o meu forte. Faço parte dos mal-educados (musicalmente falando!), mas lá lhe fui dizendo que era um tema de exaltação familiar, que tinha no refrão frases como: “brindo a nós, brindo aos avós…”
Claro que o Pedro me chutou logo, esclarecendo: são os “Virgem Suta”.
Fiquei curioso, e lá fui à procura dos ditos nestas coisas do “YouTube”, e o que encontrei foi, na minha modesta opinião, mais uma “pérola” esquecida da música portuguesa, e que não posso deixar de partilhar convosco, neste tempo de verão.
Ainda pensei que se tratava de mais um daqueles grupos de lesboa. Mas não, qual quêi…, estes são alentejanos, e de Bêja.
Deixo-os aqui para vossa apreciação, e aguçar a curiosidade, dois temas, dos quais chamo a vossa especial atenção para o primeiro (o meu preferido), letra espantosa: “tomo conta desta tua casa”; e o segundo: “dança de balcão”, a tal, do “brindo a…”.
Tomo conta desta tua casa
imprópria para amar sei lá porquê
não consigo agarrar o que me resta
pedaços do que foste e ninguém vê
rendido ao teu sofá, nele me encontro
repouso agora, em sono mal dormido
pretendo esclarecer o desencontro
do nosso amor que há muito anda perdido
eu sei, que não é fácil conversar,
nem decidir
nem tudo é falso, e sem cor,
vamos mentir
que a perversão será ainda mais real…
a breve embriaguez passa a febre
no quente desconforto de mendigo
que aguarda numa esperança duvidosa
o gesto carinhoso de um abrigo
pensar, sentir, querer… é tão confuso,
a sensação de dor está revelada!
agora o que fazemos de nós dois?
vivemos como se não fosse nada?
eu sei, que não é fácil conversar,
nem decidir,
nem tudo é falso, e sem cor,
vamos mentir
que a perversão será ainda mais real…
"DANÇA DE BALCÃO"...vamos lá brindar!
"Agora que as comemorações em redor da Virgem já terminaram e os pastorinhos não têm mais segredos a contar, chega a nossa vez de animar os fiéis revelando os Virgem Suta.
A história dos Virgem Suta não é a história normal das bandas de hoje em dia. Não foram descobertos através do Myspace, não fizeram uso das autoestradas da informação para conquistar os milhares de fãs com que poderíamos abrilhantar esta nota. Valeram-se de duas guitarras, da voz e da quase ‘ousadia’ de
uma mão cheia de canções e, sem exageros líricos, as suas auto-estradas foram outras. Perderam a conta às vezes que fizeram o País de Sul a Norte e de Norte a Sul. Mais uma vez, não o fizeram como as bandas normais, a tocar em todas as aldeias e terriolas onde os quisessem a actuar. Não! Habituem-se. Em Suta é um estado exagerado de estar, de viver, de pensar. Eles eram virgens no mundo da música e quiseram demorar o tempo que fosse necessário para se considerarem prontos. Conseguiram-no e brindam-nos com uma belíssima estreia.
Ah! É preciso dizer que os Virgem Suta residem em Beja. E aí o tempo, é relativo.
Sempre apoiados na conselheria e depois na produção do disco por Hélder Gonçalves, dos Clã, os Virgem Suta penaram até ao vislumbre de um trabalho que considerassem decente. Naquela dúzia de canções que compõem o disco, nas repetidas audições, consegue-se perceber o que os caracteriza e porque vão agradando a quem quer que os oiça. Porque não descartam a tradição, transpiram portugalidade e assumem-no. Mas são tão contemporâneos que a raiz portuguesa só lá está porque não têm outro remédio. Não tenhamos dúvidas que se fossem espanhóis, tocariam castanholas. Assim, tocam adufe e cavaquinho porque é isso que lhes é natural. A isto aliam uma ironia que aparece a espaços, insólita, não de riso fácil, mas daquele que só é esboçado depois de se ter desconstruído a mensagem.
Os Virgem Suta são Nuno Figueiredo e Jorge Benvinda.
Ainda curiosos? Fiquem mais!"
5 comentários:
Olá Tio.
Não são uma pérola esquecida,cantam há uns anos mas lançaram agora um CD (salvo erro fim de Abril/Maio).
Este CD tem duas musicas inéditas ("tanto por dizer" e "menina princesa"), já agora, a minha preferida é "a mula da agonia".
Se quiser posso emprestar-le o CD.
Um abraço da Madeira.
Ah, ah. Muito bom! Vê lá como são estas coisas… estava eu sentadinho na soleira minha porta, descansadinho, gozando o ar fresco da noite com a minha pequena ao colo e soube logo por alguém que passou que tu te tinhas andado a desbocar sobre “A Grupa” na net.
Tu nem te acreditas o que o Hernâni me tem chateado para aprender a tocar esta música. Que neura!
Os gajos são verdadeiramente muito bons, quer lírica quer musicalmente. Já os conheço desde que começaram através da Antena 3 que continua a ser, sobretudo através do grande Henrique Amaro e a sua “Portugália”, a grande montra da nova música portuguesa. Olha, aí tens uma excelente proposta diária para o teu serão! Tudo o que é luso, novo e bom passa por ali, pelo que te recomendo vivamente o programa. Deixa-te de novelas!
O disco já cá canta há muitos meses mas não me perguntes como é que o consegui. Digamos que o “arranjei” por aí. Arranja tu uma pen que a coisa multiplica.
Lamentavelmente , os acordes ainda não estão disponíveis da net e pelo que me pude aperceber, não são nada fáceis. Teremos de esperar.
Tenho andado a treinar outras coisas… Hoje, posso-te dizer, andei agarrado ao “instrumento” desde as 7h da tarde até agora, que é quase 1h da manhã. É uma paixão de sempre cuja prática me chegou tardia, mas como nunca é tarde para começar, tenho feito para recuperar o tempo perdido. É um gozo do caraças!
Já agora, que falamos nisso, a história do nome da “Grupa” também é curiosa. Já tem uns anos bons e está relacionada com o nosso amigo Pituxa, claro. Numa noite daquelas mais aceleradas, metemos conversa para aí num bailarico qualquer com um alemão que andava por aqui e arranhava no português. O gajo só dizia que adorava rock e tinha uma “Grupa” e não parava de perguntar ao nosso amigo se ele também tinha uma “Grupa”. O outro partia-se a rir e não parava de perguntar a toda a gente (nesse dia e nos muitos seguintes), se tinham uma “Grupa”. Ficou então decidido que se algum dia singrássemos no universo musical, o conjunto se haveria de chamar “A GRUPA” (no feminino), assim ao jeito da história do sonho do John Lennon que disse ter tido em adolescente uma visão nocturna, uma espécie de profecia divina, que lhe transmitiu que se queria ter sucesso deveria de chamar ao seu recém-formado grupo: “The Beatles”, escrito erroneamente com um “a” em vez de dois “ee”, como seria correcto (The Beetles, ou seja, Os Besouros).
Sabes como é… quem quer fazer história no universo do rock tem que ter pancada e esse requisito acho que não só ninguém mo nega como ninguém mo tira.
Anyway, para terminar que já vou longo: vai esperando novidades! Se fores ao mercado da tua cidade, vai dando uma voltinha pelas cassetes. Pode ser que qualquer dia tenhas notícias nossas.
Quanto à proposta para Manager, lamento mas tinhas de ir para a bicha (nem sequer é para a fila). Há nomes pesados que se andam a oferecer há meses. Agora, para comissionista, claro que sim! Em cada 5 mil euros de cachet recebes um porta-chaves do Modelo (daqueles que dá para meter o carrinho a andar), uma nota de 10 euros para o almocito e um cromo do mundial que ainda não tenhas na caderneta.
Depois não digas que vais daqui…
;)
Abração
Pedro
Saudações de uma ''arenense-bejense''.
Meus caros amigos!...
Recordo-me Pedro de te ter falado no ano 2008 deste grupo aqui de Beja, lembras-te?
Fica aqui o convite, quando passarem por Beja podemos ir até á Galeria do Desassossego, que é o bar dos Virgem Suta, temos lá o amigo Jorge Benvinda a servir uns copos, fonte de inspiração para algumas das suas letras.Com um bocadinho de sorte ainda os vemos actuar.
Obrigada João pelas noticias que vai publicando aqui neste espaço.Sempre que posso dou uma espreitadela.
Sandra Bugalhão
Desculpem mas estas palavrinhas vão ainda dirigidas ao Pedro, cá fico á espera de novidades musicais e fica a pergunta para quando o LIVRO?
Tanto eu, como muitas pessoas que leem o teu blog gostamos muito da forma como escreves.
Sandra Bugalhão
Simpatia tua, estimada Sandrinha.
Quem sabe um dia...
:)
Beijinho
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