terça-feira, 27 de julho de 2010

Entrevista do Presidente da CM de Marvão

Grande Entrevista ao Jornal "Diário do Sul" do Presidente da CM de Marvão Vitor Frutuoso

Nesta edição da rubrica em foco o Diário do Sul (DS) foi até interior profundo do Norte Alentejano ao encontro do presidente da Câmara Municipal de Marvão. O social-democrata Vítor Frutuoso tem 53 anos, é engenheiro técnico civil e foi eleito em 2009 pela segunda vez consecutiva. Em tom calmo e perseverante disse estar apostado em reabilitar o resort turístico de golf abandonado há anos e em retomar a candidatura de Marvão a património da humanidade. A mais de 800 metros de altitude, sobre a paisagem que deslumbra quem visita o castelo, garantiu que a sua luta por Marvão é suprema.



Diário do Sul (DS) - Em que estado se encontrava Marvão quando chegou à presidência da Câmara em 2005?

Vítor Frutuoso (VF) - Havia uma orientação estratégica quase exclusivamente virada para candidatura de Marvão a património da humanidade e, sobretudo, todas as energias do concelho estavam viradas para as questões do património. Apostava-se muito, não na candidatura, mas na certeza de que Marvão viria mesmo a ser património da humanidade.

DS - Mas isso não era positivo para o concelho?

VF- Conseguirmos essa classificação é, no meu entender, muito positivo para Marvão. É uma luta muito positiva que pode vir a favorecer muito o concelho e toda a região. Mas na altura em que me candidatei e depois assumi a presidência, tinha a ideia de que não devíamos dirigir todas as energias só para uma coisa porque, se falhasse, não tínhamos alternativas. Efectivamente, foi o que aconteceu. Falhou.

DS - Mas porque é que falhou?

VF - O primeiro sinal foi dado numa entrevista que o embaixador da Unesco, Ramalho Urtigão, concedeu à Rádio Renascença. Nessa entrevista, considerou Marvão como uma jóia do património mas, ao mesmo tempo, afirmou que devíamos baixar as expectativas porque a Europa - especialmente a Europa do Sul - já tinha sido muito beneficiada com localizações classificadas como património mundial e que a orientação da Unesco estaria ‘virada’ para o hemisfério sul. Mais tarde chegou-nos a informação final de que Marvão não reunia todos os requisitos necessários para ser classificado.


DS - Mas não havia, nessa altura, um outro projecto alternativo para o desenvolvimento do concelho?

VF - Quando eu cheguei à Câmara praticamente só existiam dois projectos estruturantes e ambos virados para o turismo. Um deles era a tentativa de classificação pela Unesco e outro muito conhecido que era o campo de golfe. Primeiro acontece o desaire do património mundial e, logo de seguida, o desaire do projecto do golfe, que entra em insolvência. Na altura houve quem me fizesse propostas para a Câmara assumir o projecto, mas, se eu tivesse avançado com uma coisa dessas, hoje, era bem possível que não existisse nem golfe, nem a própria Câmara. Assim existe a Câmara e o golfe ainda tem uma esperança. (risos)

DS - Dois desaires seguidos foram um golpe duro para o concelho...

VF -
Sim. E se os dois projectos deram bastante visibilidade positiva a Marvão, essa visibilidade resultou, por outro lado, em especulação. E quando há um aumento de preços acima da realidade, isso resulta em estagnação do mercado (imobiliário) porque não se compra, nem se vende. Quem coloca à venda tem imensas expectativas e quer ganhar muito dinheiro, e quem está comprador duvida e espera para ver se os projectos avançam ou não. Tudo isto resulta em estagnação.

DS - Quando foi eleito, Marvão era um concelho imobilizado?

VF - Completamente. Do meu ponto de vista, era um concelho parado e em expectativa, à espera, talvez, de um D. Sebastião...

DS - Mas nem sempre foi assim...

VF- Não. Este concelho já foi um dos mais ricos do Alentejo e dou-lhe um exemplo. A freguesia de Santo António das Areias – que é uma aldeia – era, nos anos ’60, uma das maiores zonas de industria e criação de emprego do Alentejo, ao lado de Campo Maior e Portalegre.

Era uma zona de fronteira que gerava muito emprego por via do serviço de controlo aduaneiro rodoviário e por via dos serviços ferroviários da linha internacional. Por outro lado, se nessa altura se praticava ali uma agricultura de subsistência, em determinado momento deu-se o ‘fenómeno’ da industrialização dos lacticínios com a criação da empresa Serraleite. Era uma zona rica.


DS - Quando é que deixou de o ser?

VF - Quando entrámos para a União Europeia acabaram os empregos ligados à alfândega e surgiu toda a concorrência nos produtos agrícolas que decorreu da globalização dos mercados, primeiro a nível europeu e, mais recentemente, a nível mundial. Por exemplo, hoje podem-se comprar castanhas na China... A partir daí, esta região começou a perder população e não encontrou uma alternativa para a criação de riqueza.

DS - Qual é a situação hoje?

VF - Muitos dos habitantes são pessoas com alguma idade, algumas são pessoas desempregadas. Temos algum emprego no Estado, sector em que a Câmara surge como o maior empregador. Do meu ponto de vista somos um concelho a viver basicamente do orçamento geral do Estado. E quando há uma crise como a que estamos viver agora, vamos sofrer de certeza algum impacto.


DS - E como é que se consegue inverter a situação, ainda para mais, em plena crise?

VF -
Eu penso que uma pessoa que está à frente de um Município como Marvão não pode pensar em respostas clássicas, mas sim em alternativas. Para já, temos que fazer com que as pessoas não saiam daqui, implementando para isso uma política de habitação social de custos controlados e, ao mesmo tempo, uma política de criação empregos.

DS - Mas como é que se criam empregos em Marvão?

VF - Não é de certeza com a instalação de grandes empresas porque temos grandes condicionantes como o facto de todo o concelho estar inserido no Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM). A sua maior parte está em plena Reserva Ecológica Nacional e toda a parte sul – onde existem os melhores solos - faz parte da Reserva Agrícola Nacional.

À nossa dimensão temos que criar alternativas para as famílias que têm expectativas em relação a um filho que, por acaso não consegue ou não quer ser doutor – também já lá vai o tempo que havia empregos certos para doutores e engenheiros – e vai fazer formação para ser carpinteiro ou canalizador. Por isso, no mandato anterior avançámos com o projecto de criação do Ninho de Empresas que se está a desenvolver na localidade de Santo António das Areias e cujo processo estará finalizado a meio do próximo ano.

DS - Mas com a especulação imobiliária e as restrições que refere, há terrenos suficientes para loteamentos e zonas empresariais?

VF - Quando assumi a presidência, a Câmara não dispunha de um único terreno e adquiri-los não foi fácil, muito por causa da especulação que referi atrás. Não foi fácil convencer alguns proprietários de que, ao venderem ao Município, era bom para eles e para o concelho ao mesmo tempo. Mas ainda assim conseguimos comprar terrenos nas freguesias da Beirã, Santo António das Areias e São Salvador da Aramanha. Neste momento temos aprovada uma candidatura ao programa Prohabita para a construção de 40 habitações que, apesar de ter tido alguns reveses, é agora um processo irreversível.

DS - Mesmo sem a classificação da Unesco, qual é a estratégia do Município para o sector do turismo?

VF - Marvão é, por si só, um destino turístico de muita qualidade. Eu posso parecer ‘suspeito’ ao dizer isto mas não sou só eu que o digo. São as pessoas dos mais variados sectores e interesses que nos visitam e são especialistas em turismo. Há quem compare a nossa região a zonas distintas da Europa que tiveram grandes futuros e eu tenho muita esperança nisso.

Agora, para sermos realmente uma zona turística temos que ter equipamentos que não podem resumir-se a turismo rural e de aldeia. Essas pequenas unidades são muito importantes mas Marvão necessita de uma unidade hoteleira feita de raiz com capacidade para receber grupos de 20 ou 30 pessoas ao mesmo tempo. E a localização mais lógica será junto ao golfe.

DS - Mas para isso é necessário reactivar o golfe. Qual é a situação do projecto?

VF -
Quando se criou o golfe, o hotel já fazia parte do projecto, a par do aldeamento, só que, como é sobejamente conhecido, o promotor inicial teve problemas financeiros e o projecto está parado há estes anos todos. Entretanto, o PNSSM converteu a zona do aldeamento e o local para onde se previa o hotel, numa zona protegida, através de um plano de ordenamento... Isto numa altura em que havia um investidor interessado, credível e com capital, mas que acabou por desistir, dizendo que não ia investir sem poder construir o hotel. Isto foi um problema que o meu antecessor deixou passar porque não leu a acta de concertação que condicionava a zona.


Neste momento, porque consideramos haver erros no plano de ordenamento, pedimos a sua revisão, mas para agravar a situação toda aquela zona foi integrada na Reserva Ecológica Nacional... Esperamos, ultrapassar estas questões, até porque temos um outro investidor espanhol interessado que, para já, se dispõe a montar a empresa de exploração do golfe e a socorrer-se das unidades de turismo rural para colmatar a falta do hotel. Para isso é necessário que o Turismo de Portugal, que é o actual proprietário do campo, agilize o processo de venda que, na minha opinião, não deve ser através de hasta pública, mas sim a preços de mercado. De lá dizem-me que para isso é necessário fazer uma avaliação primeiro... Bem, temendo que essa avaliação seja demasiado morosa ou que resulte em valores muito acima do mercado – lembro que o Turismo de Portugal comprou o golfe por 550 mil euros – a Câmara está estudar a hipótese legal de o comprar directamente para acelerar o processo e vender ao investidor espanhol, antes que desista também.

DS – Igualmente importantes para o turismo, para além do alojamento, são as acessibilidades, as infra-estruturas públicas, bem como, o ordenamento. Como é que está Marvão nesta área?

VF - Neste momento o abastecimento e tratamento de águas estão sob a alçada das Águas do Norte Alentejano (ANA), mas existem duas ou três situações pontuais onde a Câmara vai intervir como, por exemplo na localidade de Vale de Rodão. É uma zona idílica, muito bonita, composta por uma série de quintinhas que se sucedem umas às outras onde, com estas alterações climáticas, começa a haver alguma escassez de água. E estamos também a estender condutas de abastecimento a outros pontos isolados onde sabemos que a ANA não vai intervir. Quanto ao saneamento também vamos intervir em situações às quais sabemos que a ANA não vai responder.

Na área das acessibilidades internas, julgo estarmos bem e penso que devemos ter uma densidade superior à maioria dos concelhos. Contudo, houve que fazer alguns melhoramentos e temos algumas obras candidatadas, como por exemplo, a estrada de acesso ao golfe... sim porque eu acredito no golfe!

DS - Para si o golfe é mesmo um projecto estruturante para Marvão... É uma luta?

VF - Eu penso que um presidente da Câmara deve estar no lugar só para fazer aquelas obrazinhas como as rotundas, etc., que toda a gente espera de um presidente de Câmara faça. Não. Eu penso que um presidente deve, sobretudo, fazer com que os projectos e as obras dos outros funcionem. Quem cria a riqueza não é a Câmara, quem cria a riqueza é o povo e são os empresários. A Câmara tem que ser o facilitador, tem que se mexer e lutar. A minha luta suprema é Marvão.

17 comentários:

mgmarvao disse...

Sim, sim.

João Carlos Claro disse...

Tendo recebido a oferta de uma noite à escolha entre quase 20 pousadas portuguesas, escolhi a de Marvão por estar integrada num Parque Natural.
Porém, nesta entrevista nem uma referência à mais-valia turística que é a existência do PNSSM, apenas uma observação de constituir um impedimento à instalação de grandes empresas.
Ao ler outros textos neste blog, deparei com aquele publicado no dia 2 de Junho, que apenas vê aspectos negativos para a existência do PNSSM. Em vez de acarinhar esta verdadeira galinha dos ovos de ouro, somente registo ser tratada ao pontapé e com desprezo.
Comecei a visitar Marvão e a contribuir para a economia local, há mais de 30 anos para observar uma ave, o chasco-preto (Oenanthe leucura), que em todo o Alentejo apenas nidificava nas muralhas de Marvão e no castelo de Noudar. Volto regularmente para efectuar os percursos em redor de Marvão, fotografar o seu património natural e histórico, falar com as gentes e escutar a sua opinião sobre a sua terra.
O golfe é um projecto estranho à realidade local, sem viabilidade económica já comprovada mas que consumiu elevado montante de dinheiros públicos em adução de água, benefícios fiscais e promessas ilusórias de criação de dezenas ou centenas de postos de trabalho.
Tal como eu, que faço milhares de quilómetros para visitar o mundo rural da Suécia, Alemanha ou Itália, preferindo áreas com parques naturais, com paisagens e arquitecturas genuínas e não campos de golfe e hotéis de luxo que são sempre idênticos em toda a parte. O turismo da natureza significa cerca de 300 milhões de euros anualmente, e está associado a pessoas com médio ou elevado poder de compra. É esse o futuro para Marvão, caso saiba valorizar o que tem e eventualmente o que se perdeu, como a presença do chasco-preto nas suas muralhas, ou semi-arruinado como as choças em Cabeçudos.
Aí estarei, entre 4 e 5 de Setembro, esperando ser bem recebido e contar com a companhia de pessoas que possam partilhar o seu conhecimento sobre a fauna, flora e geologia da região.

Cumprimentos,
João Claro

João, disse...

Meu caro Claro, chamo-me João Bugalhão, e desculpe dirigir-me assim directamente a alguém, que apenas aqui veio dar a sua opinião, que é algo que muito prezamos neste espaço. Fui eu que escrevi o “tal artigo” sobre alguns dos aspectos negativos do tal PNSSM (vulgo parque), juro-lhe, que não me arrependo, e que nem de perto nem de longe, consegui dar uma ideia, não sobre a filosofia dos ditos, mas sobre a pratica dos seus agentes.

Eu, felizmente para mim, não conheço Marvão e os seus termos, apenas para observar e para ouvir periodicamente os seus sons e, se por cá ando há 53 anitos, não sendo muito parvo, algo também hei-de ter aprendido e formado alguma opinião, sobre estas coisas do mundo.

Penso, meu amigo, que já ficou claro anteriormente, que o que nos divide, não são valores ou princípios, nestas coisas de preservação da natureza. O que nos divide, são as práticas e fundamentalismos, de agentes humanos, que vêem em cada seu semelhante, um bandido e devastador de sonhos citadinos sobre a natureza.

Se o meu amigo por cá andar mais uns anos, como desejo, não virá a Marvão apenas para observar o escasso chasco-preto (Oenanthe leucura), mas terá oportunidade, certamente, de observar uma outra raridade em vias de extinção, o marvanense (amaia-pithecus).

Para já ainda existem 3 500 exemplares, mas há 40 anos éramos ainda cerca de 8 000 exemplares. Dos cerca de 3 milhares existentes, 35% ultrapassou já os 65 anos de existência. Veja o meu amigo, que daqui a dias, quando visitar estas terras, sujeita-se apenas a encontrar como interlocutores os “guardas” cá da zona, e meia dúzia de exemplares da “espécie”!

A culpa não será toda dessa gente do PNSSM, mas eles, impunemente, como inquisidores, também lhe dão um jeito…

O sempre grato para olhar, ver, observar… e pensar, enquanto os nossos dirigentes não nos metam uma espécie de chip na tola, e nos façam pensar todos da mesma maneira.

A bem da Natureza

João Bugalhão

João Carlos Claro disse...

Caro João Bugalhão, agradeço a sua resposta frontal e sentida por quem vive quotidianamente em Marvão.
Escolhi o exemplo do chasco-preto, que é uma espécie com distribuição mundial restrita à Península Ibérica e a Marrocos mas que já não ocorre em Marvão. Ainda existem 3.500 marvanenses mas já não há chascos-pretos neste munícipio.
Todos os dias temos autarcas, blogistas e outras vozes a clamarem pela ameaça de extinção dos alentejanos, mas houve um silêncio ensurdecedor aquando da extinção deste símbolo do património natural da região. A sua presença, complementada por oferta gastronómica e de alojamento (não o tal hotel do campo de golfe…), que seria um factor de elevada atractividade para observadores de aves de toda a Europa, foi simplesmente ignorada pelas autoridades locais e entidades públicas de turismo. Perdeu-se assim, na indiferença ou ignorância de muitos, mais uma das galinhas dos ovos de ouro da região.

Quase todos os municípios do Alentejo têm sofrido fenómenos de despovoamento desde os anos 50, em virtude da mecanização da agricultura, erosão e outros factores de perda de fertilidade dos solos resultantes de más práticas agrícolas, falta de empreendedorismo por parte das populações locais, baixa qualificação que dificulta o surgimento de indústrias tecnológicas, etc.
Em Marvão diz-se que é por culpa dos fundamentalismos do Parque e do ICNB. Em Gavião, Fronteira, Sousel ou Crato, onde também existe despovoamento, a culpa também é do ICNB?

Todos os dias, como professor e como cidadão, tento promover a qualificação dos portugueses, contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida e alertar para a necessidade de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
Se empresas agro-industriais ou grandes empresas tecnológicas não serão para já viáveis no concelho de Marvão, restando a aposta no turismo de qualidade, há que saber preparar esse caminho. Ao ler os comentários sobre os alojamentos de Marvão, as respostas são quase unânimes sobre a simpatia dos donos, beleza da vila e da paisagem envolvente, mas também sobre a dificuldade de comunicação em inglês.
Em todos os locais que já visitei a facilidade de comunicar em inglês no alojamento, no restaurante, na loja ou na rua, aliada à simpatia das pessoas e ao património natural e construído, têm sido os factores que me levam a regressar em anos sucessivos aos mesmos lugares e a recomendá-los a amigos. Creio que muito há fazer nesse campo antes de se avançar em projectos de campos de golfe.

Os verdadeiros jogadores de golfe ingleses, alemães, dinamarqueses ou espanhóis gostam de percorrer 3 ou 5 diferentes campos. Assim, a existência de um único campo nunca será economicamente viável, como já foi anteriormente comprovado. Em vez de avançar em novos domínios de futuro incerto, por que não gastar as mesmas verbas na reabilitação da ferrovia, na requalificação dos aglomerados rurais, no saneamento básico, na divulgação do património, na assistência médica, na manutenção das escolas rurais? Temos que saber escolher o nosso futuro e não ficarmos à espera que surja um D. Sebastião para nos salvar.

Cumprimentos e até Setembro,
João

Felizardo Cartoon disse...

Faço minhas as palavras do João!

Eu sou um marvanense que não vive nos limites do seu concelho,embora lá perto, a menos de 1Km, mas sinto-o na pele como se lá vivesse.

Às vezes as distâncias que mantemos em relação às coisas e às pessoas não são físicas, são mentais.

Há quem diga que nunca devemos voltar a um sítio onde fomos muito felizes.

Eu não tomo para mim este chavão, esta frase feita, mas às vezes ir à minha terra natal,
Cabeçudos,é um exercício doloroso, pois ver a aldeia despida de gente, a casa onde nascemos e vivemos muitos anos a ruir todos os dias, assim como as outrora, altivas e imponentes choças.

a casa de que falo, era a taberna da aldeia, a loja ou a mercearia. Representava como que uma espécie de centro de lazer: ali se convivia, se confraternizava, se discutia, onde se comprava de tudo um pouco: o pão, as mercearias, vestuário e até o petróleo.

Para grande superfície só lhe faltava mesmo o tamanho. Tinha animação audio-visual e tudo. A partir dos anos 70, nas noites de verão, era possível assistir às transmissões directas da Rádio Televisão Portuguesa, nomeadamente, touradas e marchas populares, através de um televisor estrategicamente colocado no largo principal, alimentado a um gerador, porque a luz eléctrica, assim como a água canalizada e os esgotos só chegariam uma década depois.

Agora há isso tudo, só não há pessoas, mas também não faz mal, pois o mais importante são os turistas que aparecem de vez em quando a ver os indígenas persistentes e resistentes no seu habitat natural.

Para que servem as pessoas, quando as comunidades de morcegos, ginetes, sacarrabos e outras espécies, não registaram decréscimos populacionais dignos de registo?
abraço!

Felizardo Cartoon disse...

Quando digo: faço minhas as palavras, do João referia-me ao J. Bugalhão, embora subscreva e concorde com algumas das coisas que o João Claro aqui disse, neste seu último comentário que parece ter sido colocado no blogue, quase em simultâneo com o meu.

P.S.
A ofensiva contra o mundo rural há muito tempo que se instalou neste país, que parece estar envergonhado com a sua memória colectiva e as suas tradições ancestrais.

João Carlos Claro disse...

Caro Hermínio Felizardo, hesitei em acrescentar algo a este debate, com o receio entrarmos numa conversa redundante, em que cada um se fecha no seu ponto de vista.

Porém, os seus últimos dois parágrafos criaram a sensação que o turismo não é uma alternativa económica para o concelho e motora da revitalização das suas aldeias, ou que para esses turistas urbanos, os animais ou plantas são sempre mais importantes que as pessoas.

Todos sabemos que as serranias e campos de Marvão não representam a floresta ancestral intocada pelo Homem, mas sim o resultado de uma milenar presença humana. É essa história, contada pelas antas, arquitectura rural e urbana, culinária e, sobretudo, pelas pessoas que muitos de nós (dos tais 8 milhões de portugueses que vivem em cidades, mais os estrangeiros) apreciamos ver, escutar e saborear. Há muito que não passo férias no ALLgarve, com os seus aldeamentos very typical e a sua gastronomia de fish and chips, optando pelo que ainda de genuíno existe no interior ou num litoral ainda não violentado pelos PIN’s.

Estamos de acordo sobre a ofensiva sobre o mundo rural. Basta recordar que o TV Rural apresentado pelo eng. Sousa Veloso, foi substituído por programas de pretenso humor onde surgem uns personagens de bochechas pintadas de vermelho e constante aspecto ébrio, a balbuciarem disparates. Mas as próprias populações também têm alguma responsabilidade, pois muitas vezes deixaram cair casas antigas para construírem segundo a tipologia que viram em França ou na Suíça quando lá estiveram emigrados ou desperdiçaram-se fundos comunitários destinados à modernização das explorações agrícolas em jipes e patuscadas. Era a elas próprias que competia dignificar e valorizar o seu passado e não ficar à espera que fosse o Estado a prestar esse serviço.

Fiquei também um pouco desorientado relativamente à descrição do quotidiano em Cabeçudos. A sua memória de gente feliz em casas sem água canalizada ou electricidade creio não ser compatível com o presente. No seu texto ignora a fraca escolarização das pessoas, a elevada mortalidade infantil ou a sazonalidade e precariedade do emprego agrícola. Se deixaram de fazer compras na mercearia para irem ao Pingo Doce, se deixou haver trabalho para a apanha manual da azeitona ou pastoreio do gado, tal como era nos anos 70, não me parece que a culpa tenha sido dos morcegos ou dos turistas urbanos.
A não ser os casos das aldeias de Vilarinho das Furnas e mais recentemente da Luz, não conheço outras situações de pessoas forçadas a abandonar a aldeia natal. Se o fizeram foi porque procuraram alternativas melhores noutras paragens e se não regressaram foi porque julgaram não ser interessante contribuir para a recuperação desse lugar.

Por isso pergunto, quais as soluções para a revitalização das aldeias do concelho de Marvão? Subsidiar “novos povoadores” (já li algumas opiniões neste blogue sobre esse assunto)?
Subsidiar proprietários agrícolas para contratarem mão-de-obra local?
Subsidiar…

Não me atrevo a dar qualquer opinião, tanto mais que não sou de aí natural e já vi que em Marvão mandam os que lá estão. Fico então à espera da resposta por quem de direito.

Cordialmente,
João

Felizardo Cartoon disse...

Caro João Claro: Quero dizer-lhe, que fez no seu comentário ( em jeito de resposta), algumas considerações imbuídas de alguma ficção e que de modo nenhum, considero poderem emergir do meu modesto desabafo.
- Como pôde concluir das minhas palavras, que as pessoas viviam idilicamente, sem água canalizada, esgotos e electricidade?
Meu caro: eu vivi essa realidade e não a recomendo!
O que me espantava então, era capacidade de resistência e de perseverança de gente no limiar da pobreza, a viver em pleno século vinte sem as mais elementares e básicas condições de vida, com “empregos” precários, mal remunerados e sazonais. Este cenário atravessou toda a nefasta e hedionda ditadura, que felizmente caiu na madrugada de 25 de Abril.
Com o tempo foram criadas as condições que faltaram durante tanto tempo, mas as aldeias despiram-se de gente, as escolas fecharam, modos de vida definharam, devido presumivelmente aos motivos que muito bem elencou. O meu comentário não pretende ser saudosista, mas sim um grito de revolta e de perplexidade contra o que parece ser uma ofensiva contra o Portugal, dito profundo.
O Turismo é uma alternativa valiosíssima ( ao contrário do que depreendeu das minhas palavras), desde que seja solidamente alicerçado em projectos consistentes e com futuro, que criem de facto riqueza e postos de trabalho não precários e que fixem novos povoadores.

Também não disse, que a culpa é dos morcegos ou dos turistas urbanos, estes serão sempre bem vindos. O que os habitantes locais não gostam é de ser tratados com sobranceria, o que não é de todo o seu caso. Conforme disse no comentário anterior, concordo com muitas das suas reflexões (muito bem fundamentadas e apropriadas) : Se gosta da nossa terra é um privilégio que nos visite. Para cá de Marvão não mandam os que cá estão… mas têm opinião.

Um espaço como o Fórum Marvão, serve exactamente para isto: para a opinião e para o contraditório. Volte sempre e bem haja!

João Carlos Claro disse...

Caro Hermínio Felizardo

Realmente prefiro falar com as pessoas olhos nos olhos (e já agora com a mão no copo e o garfo na febra), que isto da prosa electrónica demora um bocado e escrever e mesmo assim dá azo a equívocos.
Mas afinal estamos entendidos e tenho todo o prazer em regressar a Marvão.
Fica a faltar a "receita mágica" para o nosso mundo rural, mas desconfio que depende do contributo de todos nós.

Cordiais saudações,
João

João, disse...

Meu caro João Claro, antes de entrarmos no que realmente interessa, gostaria de referir três pontos prévios:

Em primeiro lugar, quero mais uma vez agradecer-lhe a sua intervenção neste espaço, tão carente que anda de debate e opiniões que possam contribuir para a discussão séria sobre Marvão, finalidade principal deste Blog. E que o amigo, enquanto intervier como o tem feito, creia que é bem-vindo e apreciado, não faça cerimónia. Podemos é as vezes não estar de acordo.

Em segundo lugar, gostaria de esclarecer, que seria bom que “em Marvão mandassem os que lá estão…”, mas tenho muitas dúvidas! E mesmo que “alguns” mandem alguma coisa, tenho dúvidas que o façam da melhor maneira, como tantas vezes aqui tenho referido.

Em terceiro lugar, este espaço não está vinculado ao poder instituído, é de todos aqueles que aqui queiram entrar com seriedade, desde que respeitem os princípios e valores editoriais, e que, sobretudo, pretende permitir debate de ideias e respectivo contraditório.


Agora indo ao debate das suas opiniões, com as quais estou na generalidade de acordo (e não devo ser só eu). O que não concordo é com alguns desconhecimentos práticos, que talvez o meu amigo não faça a mínima ideia que existem, como por exemplo, as dificuldades e obstáculos ao acto de se tentar recuperar uma Casa Rural, dessas tais que o meu amigo refere sem condições de adaptabilidade à vida de hoje, mesmo que se queira manter todos os traços de originalidade, é praticamente impossível.
E sabe o meu amigo, quem são as entidades dificultadoras? Na sua maioria não são os eleitos pela comunidade, são esses tais castradores citadinos dos PNSSM’ s, ICMB’s, RAN’s, etc. Não acredita? Quando por cá vier, fale com quem já tenha tentado.
Se essas entidades existissem no século XII ou XIII, o castelo de Marvão jamais teria sido construído.

Já agora à pergunta que faz “Por isso pergunto, quais as soluções para a revitalização das aldeias do concelho de Marvão?” Eu respondo. Pergunte-se a essa entidades: PNSSM’ s, ICMB’s, RAN’s, eles terão certamente a resposta, pelo menos é para isso que existem. Ou será só para cobrar taxas e aplicar coimas?

Outra questão que põe ao meu amigo Hermínio, é a de nos anos 70 se poderia “ignorar a fraca escolarização das pessoas, a elevada mortalidade infantil ou a sazonalidade e precariedade do emprego agrícola.”
Ao que eu contraponho: Há excepção da mortalidade infantil, agora é diferente?

Atenciosamente

João Bugalhão

Garraio disse...

Para os desinformados:

Turismo: receitas da indústria do golfe desceram 17% em 2009
por Cláudia Reis com Lusa, Publicado em 25 de Junho de 2010

As receitas obtidas pela indústria do golfe em Portugal desceram 17 por cento em 2009 face ao ano anterior, de acordo com o relatório anual da atividade de 2009, hoje divulgado em Torres Vedras.

De acordo com o relatório elaborado pela empresa Delloite, no ano passado registou-se uma “retração acentuada” na procura pelo golfe, com uma quebra de receitas na ordem dos 17 por cento, apesar de terem sido faturados 1,3 milhões de euros.

O Algarve, principal destino de golfe do país, ficou abaixo da média nacional, tendo arrecadado menos 12,3 por cento de receitas.

Para o decréscimo das receitas contribuiu “o fortalecimento do euro, que diminuiu a capacidade de compra do principal mercado principal, o Reino Unido, que se traduz na numa perda significativa de receitas”, justificou Vasco Anjo, secretário geral do Conselho Nacional da Indústria do Golfe (CNIG).

Além disso, a quebra das receitas deve-se também ao aparecimento de novos destinos de golfe, como a Tunísia e a Turquia, e a conjuntura económica, que veio reduzir o poder de compra.

As conclusões do relatório anual de golfe de 2009 foram conhecidas durante a apresentação do Portal do Golfe, que decorreu hoje no hotel Campo Real, em Torres Vedras.

Segundo o documento, registou-se uma quebra de cinco por cento nos jogos e três por cento na taxa de ocupação dos campos de golfe.

O estudo teve em conta os resultados obtidos por 46 dos 80 campos de golfe existentes no país.

Anualmente, o golfe contribuiu com 500 milhões de euros para a economia portuguesa, justificados por cerca de 1,7 milhões de voltas pelos campos de golfe.

João Carlos Claro disse...

Caro João Bugalhão

Pensava eu que estava já dispensado desde fórum (ao qual pelos vistos sou bem-vindo), mas as conversas são como as cerejas… de S. Julião.

Para melhor enquadramento da minha opinião, sou funcionário do Estado mas não do ICNB ou do Ministério da Agricultura. Discordo de leis mal pensadas e desfasadas da realidade, embora tenha o dever de as cumprir, e elogio quando algum de bom é legislado ou planeado correctamente.

O ICNB é um organismo cada vez mais subfinanciado relativamente às competências que lhe são atribuídas. Com orçamento que mal chega para pagar a conta do telefone e os ordenados ao fim do mês, muito fica por fazer ao nível do contacto permanente com as populações e da informação antes da coima. Por outro lado, os mitos que “o Parque anda a soltar víboras”, que nada se pode construir ou que a Rede Natura 2000 é a causadora do despovoamento do concelho x ou y, também não ajudam a população a ter uma atitude positiva nas sessões públicas, como já presenciei diversas vezes.

O ProDer (Programa de Desenvolvimento Rural), consagra 11% do seu orçamento para o empreendimento de Alqueva, com 110.000 ha (0,27% do território continental), mas apenas 3% desse mesmo orçamento para a totalidade da Rede Natura 2000, que é mais de 20% do país.
Caso as Intervenções Territoriais Integradas, da responsabilidade do Ministério da Agricultura, estivessem já em vigor e devidamente orçamentadas, há muito que os agricultores e produtores florestais dessas zonas estariam a ser justamente pagos pelos serviços ambientais prestados. Cabe também às associações de agricultores exigirem a implementação dessas ITI, algo que tem falhado até agora.

Porém existem linhas de financiamento que disponibilizam fundos para benefício directo das áreas rurais, como sejam alguns Eixos do ProDer e ajudas comunitárias através do Programa Interreg ou do LIFE+. Além disso, caso a administração central seja cumpridora, desde 2007 que a lei de financiamento das autarquias consagra uma majoração do Fundo de Gestão Municipal para os concelhos com mais de 50% do seu território classificado como Rede Natura.

Quanto à recuperação de casas situadas em núcleos urbanos, estes nunca podem fazer parte da Rede Natura, da REN ou da RAN, sendo unicamente da competência da câmara municipal o licenciamento das obras.
Quanto à edificação em espaço rural, quer o PROTA recentemente aprovado, quer os PMOT revistos consequentemente, não colocarão entreves à reconstrução de habitações dispersas, apenas a novas edificações. O que faz todo o sentido, pois havendo núcleos urbanos com casas devolutas para quê permitir habitações dispersas, dificultando o fornecimento de electricidade, a ligação a redes de saneamento básico já existentes, mais encargos na manutenção de caminhos rurais, recolha de crianças por transportes escolares ou o combate a incêndios, a não ser que essas habitações se destinem a agricultores e estejam inseridas em explorações com viabilidade económica?

Cordialmente,
João

Unknown disse...

Esse desenvolvimento do Concelho passa por "roubarem" os visitantes?!
Exemplo: ao cobrarem, nas entradas da Piscina da Portagem, os preços da Piscina de S.A.Areias e rasurando os preços impressos nos bilhetes?

cpts

mgmarvao disse...

Estou muito admirado com os vossos comentários, pois, deveriam dirigir-se á entrevista do Sr Presidente da Câmara e não aos conteudos que estamos a visualizar.

No inicio da sua entrevista, diz que «o concelho de Marvão estava estagnado, ou seja parado, isto quando o Sr. inicio funções ao substituir o Dr. Bugalho; não vá pensar que eu estou a defender o Dr. Bugalho pois nunca o apoiei nem morro de amores por ele. E actualmente está assim tão desenvolvido o nosso concelho? Não se nota nada. O que é certo é que o Dr. Bugalho desenvolveu obra no nosso concelho, eis o desenvolvimento da Portagem, eis a piscina coberta de Santo António das Areias, a extensão de saúde da mesma localidade, entre outras obras. Como o Sr. disse um dia « não funcionam bem» mas para melhorar está o que sucede, neste caso o Sr. Presidente. Anote uma obra sua com esta envergadura...

Ao longo do seu discurso refere que há anos S. António das Areias e Beirã, foram... agora estão a entrar na estagnação, de quem é a responsabilidade? Do seu executivo (2 mandatos) e o que foi feito para ajudar essas populações,que na sua maioria são idosos? Nada. Até lhe posso dar uma dica, a qual eu sempre considerei importantissima para o desenvolvimento do nosso concelho a restauração das termas da Fadagosa, dá trabalho, eu sei, mas para ter trabalho o eleitorado aí o colocou.

A certa altura, diz, que quer criar empregos, implementação de uma política de habitação social, é um antigo discurso seu, que deixa os jovens abandonar o nosso concelho, pois eles já não acreditam nessa sua versão pois, não há nada que os motive a permanecer aqui. Vão para os concelhos vizinhos ou para outros pontos do país e até estrangeiro. É com tristeza que ao falar com jovens que estão a terminar o 9º ano ou 12º ano de escolaridade me digam: estamos ansiosos por sair deste desterro, pois, aqui não há nada que nos incentive a permanecer aqui.
E, eu, posso dizer-vos com tristeza, que, logo que possível irei embora com a minha família, é triste mas é a realidade. Olhemos para o nosso concelho vizinho, a diferença. (Castelo de Vide).

Frederico Lucas disse...

Caro Sr Garraio,
Foi recentemente publicado pela Editorial Novembro o livro "Aeroportos e Turismo Residencial".

Trata-se de uma tese da Profª Cláudia Ribeiro de Almeida, sustentada em inquéritos no Aeroporto de Faro e na entrevista aos mentores do "Turismo do Golfe" em Portugal na década de 80.

Julgo um documento interessante para se compreender que oportunidades existem em territórios de baixa densidade em Portugal no segmento turístico.

Atentamente


Frederico Lucas

mgmarvao disse...

Continuando a análise ao discurso do Sr. Presidente, se não se criam empregos neste concelho, os jovens a irem embora para quê a construção de 40 habitações? Estamos EM CRISE FINANCEIRA; E FORA DO NOSSO CONCELHO OS JOVENS SEMPRE CONSEGUEM TRABALHO, quem quer trabalhar sempre consegue.

Em relação ao turismo – ponto fundamental do nosso concelho, no entanto tão mal aproveitado está, é um turismo de fraca qualidade. Só a paisagem, que é maravilhosa.

O golfe sempre considerei desnecessário no nosso concelho, outras prioridades há. «A câmara comprar directamente para acelerar o processo e vender ao investidor espanhol» o seu executivo não deve não deve saber que estamos em crise, ou deve ser um município com muita riqueza. Eu não acredito no golfe; assim como muitas pessoas do nosso concelho não acreditam.

A nível da educação – o agrupamento, considero vantajoso, pois é preferível um a funcionar bem, do que dois a funcionarem menos bem. Para quê dois concelhos executivos? (quando um deles tantos conflitos provocou quer a nível interno «professores, trabalhadores em geral alunos, etc.», quer a nível externo «pais, educadores», já devem saber de quem se trata... «S. A. A.» a nível de secretaria também uma boa medida. Desejo as maiores felicidades ao concelho executivo da Portagem, no desempenho da direcção das duas escolas. Confio muito em vocês.

A nível da Saúde, parece que o município está de costas voltadas, e como técnico de saúde que o Sr. João Bugalhão foi, actualmente aposentado, deve saber a importância que tem o trabalho em conjunto, pois a saúde é o bem dos utentes, como tal do concelho. Há extensões, a funcionar sem as mínimas condições para tal, não tendo água canalizada, tendo que ir buscar água a casas vizinhas. Porque não seguir o exemplo do agrupamento escolar; é preferível umas a funcionarem bem do que todas a funcionar mal. Restando poucos utentes nessas extensões, que têm piores condições. Não sei bem o que acontece com a extensão de saúde de Aramenha, está funcionar com a consulta aberta, as condições não são as melhores para esta zona, vi após a saída da caixa agrícola, o início do arranjo das instalações, que seria o ideal para a extensão de saúde funcionar, no entanto após uma visita do Sr. Presidente ao local pararam, porquê? Eu até sei mas, queria que o Sr. me esclarecesse. Pois, a saúde é um bem precioso para todos nós. Na extensão que eu também frequento, gostava que as instalações fossem mais acolhedoras, para todos nós utentes.

Reparo em algumas estradas do nosso concelho, como exemplo temos a estrada de S. A. A. – Ponte Velha – Portagem, pudesse dizer que é uma vergonha, talvez o Sr. não passe lá, é uma estrada com muito movimento, onde por vezes nos cruzamos com camiões, e difícil é conduzir nessas condições. As bermas deveriam ser alargadas e a estrada arranjada. Em relação á entrada do nosso país dos estrangeiros e não só, (possíveis turistas) aí é uma vergonha, uma zona tão bonita, e está ao abandono.

Para finalizar gostava de um esclarecimento, em relação aos gastos da verba do município, que também é nossa, para que é necessário a autarquia ter um acessor? Bom vencimento. São as promessas eleitorais! Cuidado com as nossas verbas, estamos em crise económica.

Marilia Rosado Carrilho disse...
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