(continuando a conversa com o Tiago sobre a venda da "coutada"...)
Gostava de enquadrar a continuação da conversa sobre o tema da venda da “Coutada” com uma imagem que utilizei no seminário “Pensar Marvão”. Trata-se de uma “matriz” que pretende resumir uma ideia estratégica para Marvão.
A mesma, aponta para aquilo que eu considero ser o objectivo mais crítico para Marvão: tentar parar/inverter a tendência de despovoamento do concelho!
A mesma, aponta para aquilo que eu considero ser o objectivo mais crítico para Marvão: tentar parar/inverter a tendência de despovoamento do concelho!
Até já para quem, como eu, vai a Marvão (concelho) apenas de visita (assiduamente, no entanto!) faz “impressão” a escassez de gente na nossa terra. Contudo, é ao falarmos com os conterrâneos residentes que nos apercebemos melhor do drama que esta realidade envolve.
Se uma terra é um corpo, as pessoas são o seu sangue. Um corpo que perde o sangue, perde a vida. Morre.
Esta é a realidade de Marvão!
Parece-me, então, óbvio que o principal objectivo estratégico das políticas em Marvão deverá ser o combate ao despovoamento. Isso faz-se promovendo condições que facilitem a criação de mais emprego.
Coloco o património natural e edificado desta terra como um dos factores que integram a base (os alicerces) desta estratégia. Portanto, o património deverá ser preservado e defendido. Mas de que forma?
Qual o caminho?
Uma defesa/preservação do património a todo o custo, sem concessões?
Ou…
Uma defesa/preservação do património com algumas concessões controladas que contribuam para a promoção do emprego?
Eu defendo, claramente, o segundo caminho. Considero que é indo por aí que se poderá tentar atingir o objectivo estratégico.
Desta forma, não estou, à partida, logo determinantemente contra a venda da “Coutada” apenas pelo argumento de que se deverá defender o património. A todo o custo. E as pessoas?
No entanto, este negócio é muito melindroso, porque pode, de facto, vir a desvalorizar a “Jóia”. A Jóia de todos os marvanenses, naturalmente! Por isso, não sendo muito bem explicado (como não foi) o mesmo não tem o meu acordo. Porque o que está em causa é um dos factores da tal base (dos alicerces).
Actualmente, como marvanense, estou, portanto, contra ao negócio apenas por “cautela”, porque não foi suficientemente explicado…
Concordo com a questão lançada pelo MporM de “Quem é o investidor inocente que está disponível para comprar este terreno sem ter qualquer tipo de permissão para construir?”; já não concordo com a questão de “Com o terreno onde nasceu o aldeamento do golfe não se passava exactamente a mesma coisa?
Naturalmente que o negócio do aldeamento do golfe (e do próprio golfe), ao ter corrido como correu, não pode ser defendido. Mas se tem corrido bem, não seria importante para o concelho? Para o emprego no concelho? Para fixar e atrair gente para o concelho? Eu creio que sim!
Preservar sim. E desenvolver também!
Por exemplo: a calçada romana é um património que deve ser preservado porque tem um valor extraordinário. Correcto. E esse valor extraordinário não deverá ser colocado ao serviço do desenvolvimento do concelho, organizado e promovendo percursos que atraiam/fixem os turistas e, portanto, fomentem o emprego? Eu creio que sim!
Devo dizer que não me seduz um Marvão preservadíssimo, intocável, se isso não contribuir para o seu desenvolvimento.
Um Marvão assim e sem gente é um Marvão triste. Não me seduz. Porque não sou um mero visitante…
Julgo, portanto, que os melhores dirigentes para Marvão serão aqueles que melhor saibam gerir este paradoxo: “preservar” e “desenvolver”!
E quando pareça que o “desenvolver” põe em causa o “preservar” será necessário que saibam envolver os marvanenses. Explicando e solicitando contributos…naturalmente.
Cumprimentos
Bonito Dias
bonitodias@gmail.com
Se uma terra é um corpo, as pessoas são o seu sangue. Um corpo que perde o sangue, perde a vida. Morre.
Esta é a realidade de Marvão!
Parece-me, então, óbvio que o principal objectivo estratégico das políticas em Marvão deverá ser o combate ao despovoamento. Isso faz-se promovendo condições que facilitem a criação de mais emprego.
Coloco o património natural e edificado desta terra como um dos factores que integram a base (os alicerces) desta estratégia. Portanto, o património deverá ser preservado e defendido. Mas de que forma?
Qual o caminho?
Uma defesa/preservação do património a todo o custo, sem concessões?
Ou…
Uma defesa/preservação do património com algumas concessões controladas que contribuam para a promoção do emprego?
Eu defendo, claramente, o segundo caminho. Considero que é indo por aí que se poderá tentar atingir o objectivo estratégico.
Desta forma, não estou, à partida, logo determinantemente contra a venda da “Coutada” apenas pelo argumento de que se deverá defender o património. A todo o custo. E as pessoas?
No entanto, este negócio é muito melindroso, porque pode, de facto, vir a desvalorizar a “Jóia”. A Jóia de todos os marvanenses, naturalmente! Por isso, não sendo muito bem explicado (como não foi) o mesmo não tem o meu acordo. Porque o que está em causa é um dos factores da tal base (dos alicerces).
Actualmente, como marvanense, estou, portanto, contra ao negócio apenas por “cautela”, porque não foi suficientemente explicado…
Concordo com a questão lançada pelo MporM de “Quem é o investidor inocente que está disponível para comprar este terreno sem ter qualquer tipo de permissão para construir?”; já não concordo com a questão de “Com o terreno onde nasceu o aldeamento do golfe não se passava exactamente a mesma coisa?
Naturalmente que o negócio do aldeamento do golfe (e do próprio golfe), ao ter corrido como correu, não pode ser defendido. Mas se tem corrido bem, não seria importante para o concelho? Para o emprego no concelho? Para fixar e atrair gente para o concelho? Eu creio que sim!
Preservar sim. E desenvolver também!
Por exemplo: a calçada romana é um património que deve ser preservado porque tem um valor extraordinário. Correcto. E esse valor extraordinário não deverá ser colocado ao serviço do desenvolvimento do concelho, organizado e promovendo percursos que atraiam/fixem os turistas e, portanto, fomentem o emprego? Eu creio que sim!
Devo dizer que não me seduz um Marvão preservadíssimo, intocável, se isso não contribuir para o seu desenvolvimento.
Um Marvão assim e sem gente é um Marvão triste. Não me seduz. Porque não sou um mero visitante…
Julgo, portanto, que os melhores dirigentes para Marvão serão aqueles que melhor saibam gerir este paradoxo: “preservar” e “desenvolver”!
E quando pareça que o “desenvolver” põe em causa o “preservar” será necessário que saibam envolver os marvanenses. Explicando e solicitando contributos…naturalmente.
Cumprimentos
Bonito Dias
bonitodias@gmail.com
4 comentários:
E a própria Câmara não terá mecanismos para "desenvolver" sem vender? Poderá fazer concessão por "x" anos para o investidor explorar os percursos pedestres e criar os "tais" empregos... Ahh pois, assim o investidor não estará interessado... Porque será? Não sejamos "naif"... Há tanta forma de criar emprego. Onde está o ninho de empresas? Onde estão os incentivos aos empreendedores? Deixemo-nos de teorias e passemos a prática enquanto é tempo, mas "preservando" o que ainda nos resta. Aproveito para relembrar um documento importante que poderá ter mais algumas respostas: Marcas de Território do Movimento por Marvão.
Fico muito feliz de ver esta discussão sobre um tema que a todos nos interessa. Partilho da angustia de quem tenta evitar a venda destes prédios rústicos por se recordar do processo de licenciamento do Golf, numa área protegida, em Reserva Agricola e em Reserva Ecológica e que implicou corte de raízes de árvores património municipal bem como o desvio de cursos fluviais.
Claro que também percebo a autarquia e o interesse em alienar activos que não lhe dão (à priori) mais valias significativas.
Assim, e porque defendo que aqueles terrenos são de interesse extratégico para a autarquia (embora não conheça os detalhes deste processo), parece-me que estes activos deviam ser mantidos na esfera pública. Quando vivia em Marvão, a autarquia tinha direito de preferência na alienação de imóveis dentro da vila (penso que esse direito ainda existirá). Essa directiva tem todos os argumentos pelos quais me parece (e, volto a referir à priori porque não conheço todos os detalhes) que estes terrenos não deveriam ser vendidos.
Estou também de acordo com os mecanismos que sugeridos pelo Joaquim Silva. A concessão de terrenos seria uma boa ideia. Um acordo de colaboração com a Maruam, UJA (caso ainda exista...o que sinceramente desconheço), com os empresários do Turismo locais seria outra oportunidade. Percursos pedestres, campo de paintball, observação de aves são apenas algumas das actividades que criariam dinamismo em Marvão para além de criarem empregos.
Quanto ao desenvolvimento de Marvão, deixo aqui um repto às entidades competentes: Façam pressão junto do governo central e entidades regionais para re-instalarem a escola do primeiro ciclo em Marvão e assistiremos a uma localidade mais jovem, com mais comércio, com mais habitantes e, por inerência, com mais futuro.
Bem sei que actualmente não há muitas crianças mas confio que existirão mecanismos de excepção que permitam concretizar esta medida!
Por vezes, as medidas mais simples podem ter retornos inesperadamente surpreendentes.
"Onde está o ninho de empresas?"
O senhor Joaquim Silva já não vem ao concelho de Marvão há uns dias....
Andam distraídos.
As atenções estão completamente viradas para a coutada!!!
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