quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Acerca de feiras PERMANENTES de produtos regionais



Depois de ler atentamente a notícia publicada na imprensa regional acerca da proposta de criação de um mercado de Produtos Regionais, que ao parecer, foi apresentada ao Presidente da Câmara de Marvão, quero deixar-vos aqui a minha opinião pessoal acerca de duas coisas: da feira permanente de produtos regionais, por um lado; daquilo que se deixa ler nas entrelinhas, por outro.

Esta feira é uma ideia maravilhosa. Só que, hoje em dia, e em face da realidade do Município, tem tanto de maravilhosa como de utópica. Não chegaria a fracassar, porque nem existem condições para a instalar. Quantos empresas ou pessoas existem, no Concelho de Marvão, em condições de produzir permanentemente e sem riscos de roturas de stock, artigos com interesse para esta Feira? Que eu conheça, não há meia dúzia. A Nunes Sequeira e um ou dois apicultores.
Só que, como é compreensível, a Nunes Sequeira, cujos produtos possuem uma qualidade excepcional (que orgulho!), tem mais que fazer, que produzir e que vender, e, nas suas prioridades nem sequer está o hipotético mercado de uma mostra desta natureza. Mal da raposa se é obrigada a caçar formigas...

Fica registado o primeiro entrave a este projecto: Marvão não produz. Se não produz, não pode vender. Se não pode vender, não há Feira. Mas será que Marvão pode começar a produzir? Será que, de repente, e como por arte mágica as hortas vão-se voltar a lavrar, os montes a desmatar, o Sever vai voltar a ter peixes, e o Engenho da Lã vai ser re-activado? Não brinquemos com coisas sérias, nada mais longe da nossa realidade, a curto prazo.

É preciso encarar a realidade. Marvão não tem NADA. ZERO. É claro que serão sempre bem recebidas as novas iniciativas que comecem a germinar nas encostas da Vila. Devem ser apoiadas de molde a que, passo a passo, possamos dispor de uma oferta aceitável e só então pensar em criar infra-estruturas físicas que alberguem esse mercado emergente.

O que não se pode é começar a casa pelo telhado. E foi isso que foi proposto a Víctor Frutuoso. Só que o Presidente do executivo marvanense sabe o que faz. Não disse que não. Disse que agora não, de acordo com aquilo que é a nossa realidade.

Marvão só tem velhotes. Precisa de gente nova.
Marvão não tem espaço para instalação de pequenas ou micro-empresas.

O executivo de Frutuoso sabe disso e é nessa senda que estipulou algumas das suas prioridades. Comprar terrenos destinados a habitação e atrair população de escalões etários compatíveis com a vida activa, habilitando pequenas zonas industriais onde sejam dadas condições favoráveis à criação de postos de trabalho.

Aumentar a população activa residente e munir o Município de equipamentos que possibilitem a dinamização do sector produtivo são, sem lugar a dúvida, prioridades das prioridades para os marvanenses. E é disso que o Executivo está a tratar. Oxalá os objectivos traçados se cumpram porque eles são deveras fundamentais para o nosso desenvolvimento real e efectivo.

....

Quanto ao artigo propriamente dito, como marvanense acho-o... algo repelente.

Repelente porque trata os marvanenses como se fossemos uma tribo de canibais, que não percebe nada de agricultura, que ainda não aprendeu a fertilizar os solos e que está a anos-luz de perceber que a sua evolução está directamente ligada ao aproveitamento do biogás. Só leio isto como um insulto.

Repelente porque tenta exercer uma espécie de chantagem psicológica junto do Executivo Camarário, pressionando-o a tomar iniciativas fora de tempo e de lugar. Mas por aqui, não estamos habituados a ceder a esse tipo de pressões.

Repelente porque nos é dado a conhecer um grupo de dinâmicos inteligentíssimos que não se percebe muito bem porque é que vieram viver no meio da tribo dos estáticos subdesenvolvidos, e que, à viva força, nos querem civilizar contra a nossa vontade.


Há uma coisa que caracteriza estes estáticos subdesenvolvidos: a amor à sua terra e às suas gentes, por muito humildes e incultas que estas sejam. E quando temos ideias e projectos que podem ser interessantes mas que não são exequíveis a curto prazo, aguardamos melhor oportunidade e não vamos a correr ver se outro chefe indígena adquire, a troco do seu ouro, os préstimos do nosso “armamento sofisticado” .Porquê tanta pressa, pergunto eu? Já há alfaces biológicas para vender ...? Hummmm...


Finalizar dizendo que, como considero que Marvão, de momento, não reúne condições para desenvolver este projecto, já Portalegre está numa situação completamente diferente.
Portalegre - concelho produz, por si só, um leque atraente de produtos regionais e de artesanato que pode servir de motor de arranque para uma iniciativa desta índole. Ali há doces conventuais, uma vasta gama de enchidos e queijos certificados, muitos e bons vinhos, mel, fruta biológica e artesãos que produzem em quantidade e qualidade.

Quando nós reunirmos essas condições será hora de pensar em procurar alternativas para escoar os nossos produtos. Mas só então.

Entretanto, boa sorte a essa feira, mas lá para as bandas de Portalegre ou onde qualquer “Gerónimo” do nosso interior assim o entenda. Por cá, somos capazes de perceber que ainda não é o momento.

6 comentários:

Ligia CasaNova disse...

Não vou comentar o artigo publicado na imprensa.
Apenas quero aqui fazer um exercício de reflexão:
Habituámo-nos durante muitos anos a alguns vícios maus, nomeadamente a subsídios e apoios estatais e comunitários de todas as formas e critérios.
Desabituámo-nos a reciclar e a reaproveitar, utilizando uma qualidade que possuímos, se analisarmos a nossa História: a imaginação.
Também nos habituámos nestas paragens a não saber aproveitar as ideias uns dos outros, transformando-as ou adaptando-as á nossa realidade.
O concelho de Marvão tem um Mercado semanal em Santo António das Areias que se realiza aos Sábados pela manhã, num espaço comum, igual a tantos outros. Com algumas pessoas da terra que sazonalmente vendem os seus produtos. Alguns dos seus clientes habituais, além dos cidadãos do concelho, são os residentes de fim-de-semana; alguns turistas que se alojam na nossa unidade hoteleira e noutras, visitam o mercado, comprando queijos, mel, fruta ou algum outro produto que possa transportar, tendo em mente o facto de uma produção mais natural.
Será que este espaço de costumes enraizados, de convívio de gentes locais, de experiências verdadeiras, não será uma mais valia turística, uma daquelas que os turistas procuram quando nos visitam?
Porquê criar algo de novo, mais despesas de implantação, manutenção, marketing, etc, se grande parte já está feito?
Será que não é saudável criar sinergias entre os novos com os agricultores existentes - “ velhotes” cheios de histórias de vida de encantar ?
A pressão tem que ser só obrigatoriamente só com as Câmaras?
E as Juntas de Freguesia?
Continuamos a deixar escapar por entre os dedos os pequenos projectos que pouco a pouco poderão fazer muito. Continuamos a não conseguir dialogar em conjunto.

Luís Bugalhão disse...

Estes dois (post e comentário), aprofundando-as, complementam as ideias dos comentários que fiz em dois posts anteriores e descrevem de modo mais sistematizado e realista a situação em que Marvão se encontra.

Não acho que esperar para ver seja 'começar a casa pelos alicerces'. Não fazer nada parece-me não mais isso mm: não fazer NADA! ZERO!, e por aí discordo da acutilância do Garraio.

já é começar pelas fundações arrancar com o (os) projectos em portalegre, e aí só posso estar de acordo com o mê amigo toño...

mas a solução de compromisso aventada no comentário que precede o meu, da lígia, já me parece uma muito boa maneira de usar o que existe para construir uma nova realidade, e isto tb é começar a casa por onde se deve.

o que acho de relevar neste aprofundamento das ideias a que vimos assistindo nos últimos posts, é que duas ideias são fundamentais (e que por tê-las já defendido em várias ocasiões, e sem concertações de qq tipo, fico contente):

- certificação precisa-se - para o que já há, e pq é um 'anexo' que deverá levantar-se antes do início das obras para construir o 'edifício principal'; e

- devemos começar por potenciar o que existe, em vez de dar 'saltos quânticos' que em menos de nada criam infraestruturas que, por não corresponderem à realidade no terreno, por não servirem, por si só, cm polos de atracção de massa produtiva (os tais jovens, as tais empresas) ficam cm elefantes brancos para a posteridade. estou-me, por exemplo, a lembrar dum post do pedro sobreiro lá na taxca sobre um 'escrito' de v'vende-se numa cas dum seu vizinho que iria deixar de o ser...

de resto acho que o debate, mais uma vez, está a um nível muito elevado. é coisa para os 'condutores' do fórum compilarem e sistematizarem de modo a subir à discussão municipal, nos fóruns oficiais para o fazer, ou seja, as assembleias e executivos, das juntas e da câmara do concelho.

abraço

ps algum destes projectos (o parque empresarial e a feira/mostra permanente de produtos regionais) tentou concorrer a fundos do qren (ou seusderivados)? e em caso afirmativo, qual foi o resultado?

Luís Bugalhão disse...

só mais isto, e pedindo desculpa pelos erros grafados no comentário anterior, queria acrescentar que sim garraio, já há alfaces biológicas para vender no concelho, ou seja, elas já são produzidas de modo biológico. em poucas quantidades, é certo, com práticas não compatíveis mas facilmente alteráveis, mas há-as (e só no tempo delas, que tomates todo o ano, verdes ou maduros à escolha do freguês, só dá com trasgénicos). há é que certificá-las e embalá-las. depois disso até as podes vender no feira nova de rio de mouro...

abraço outra vez

Bonito disse...

Acutilante e pragmático o post do Garraio! Mas, algo pessimista…

Na sequência do que já tinha dito sobre o artigo da feira de produtos regionais, junto-me à indignação do Garraio perante o discurso e comportamento daqueles senhores…

Mas discordo com o Garraio, sobre a total incapacidade de apresentar produtos. É muito pessimista! Há, de certeza, mais que seis produtores e existem outros produtos… E Marvão, atendendo aos visitantes que atrai, justificava outra oferta! Não digo numa grande infra-estrutura para a tal feira mas, por exemplo, noutros espaços que a Câmara tenha eventualmente disponíveis.

Relativamente às afirmações da Lígia sobre o mercado de Santo António de Areias e as Juntas de Freguesia apetece-me dizer o seguinte:

1 – Também considero que as Juntas de Freguesia poderiam/deveriam ter uma atitude mais dinâmica neste e noutros assuntos. O seu papel, apesar dos parcos recursos, não se devia cingir a limpar caminhos, gerir cemitérios e organizar matanças do porco…Com mais dinamismo poderiam motivar a população para outras organizações/actividades.

2 – O “upgrade” do mercado de Santo António das Areias é uma excelente ideia! Contudo, operacionalizar essa ideia esbarra num dos pontos fracos do nosso concelho:

“Falta de uma sede que fosse um núcleo urbano forte e agregador de vontades.”

Esse “upgrade”, como outros, seria mais fácil de realizar se a infra-estrutura estivesse localizada na sede de Concelho!


Grande Abraço
Bonito Dias

Ligia CasaNova disse...

Não concordo contigo quando falas, em núcleo urbano forte e agrega dor. Penso que o pensamento de que a vila de Marvão é uma sede, pensamento este enraizado na nossa história, e que tem sido o causador das separações também históricas das populações deste concelho. Houve alguém que disse neste fórum: Marvão não é só Marvão.
Vou tentar apresentar-te razões, na minha fraca aprendizagem, que poderão abraçar um requisito muito importante: o dinheiro para pôr em prática a ideia.
- Turisticamente falando:
O turismo tem sofrido evoluções impressionantes nos últimos tempos.
Desde sempre que quem nos visita apenas fica um dia no nosso concelho; sempre houve e há pouco para ver – Castelo, Vila, agora Ammaia (divulgada maioritariamente pelas unidades hoteleiras), Parque – paisagem. São os “ culturalmente atraídos”, porque realizam visitas de um dia a sítios de interesse cultural ou patrimonial, maioritariamente. Temos alguns denominados culturalmente inspirados “culturalmente inspirados”, todos querem ver os mesmos locais, passando curtos períodos de tempo e não estão motivados para voltar. Depois temos os “ culturalmente motivados”, segmento de mercado pequeno atraído por motivos, factos, resultando a passarem várias noites no mesmo sítio. Não conseguimos aumentar a procura neste tipo. ( teoria de Bywater , perfil do Tur. Europeu).
Paralelamente a isto, “o mercado turístico está a passar de venda de serviços para a venda de experiências. Ou seja, os turistas são os convidados e os colaboradores (cidadãos) as estrelas do elenco.” Jorge Nascimento, Expresso.
Cada vez mais o turista quer locais pouco explorados, genuínos, quer envolvência com o meio, com as gentes, está retornando a “ velhos “princípios e valores.
Por outro lado, o nosso turista desloca-se em carro próprio e percorre toda a região (não lhe aumentamos a rota turística no nosso concelho?).
E repara que já muitos turistas se chocam com a falta de pessoas em Marvão, principalmente á noite. Que fazemos? Criamos estruturas colossais para o nosso bolso, estandardizadas, para turista ver que já estão ultrapassadas?
Ou convidamo-lo a entrar na nossa casa que é o nosso concelho TODO, informando-o da pitoresca Pitaranha, das histórias engraçadas dos Galegos, das choças dos Cabeçudos, informando-o que pode beber água daquela fonte que lá existe, comprar os queijos que a Sr.ª Joaquina faz e leva ao Mercado todos os Sábados, as alfaces da horta do Sr. Cristóvão, já sem falar das largadas do Porto da Espada, das sestas no rio Sever? Não será interacção entre forasteiros e residentes – mesmos os mais idosos – um meio de troca de conhecimentos e saber, um meio de aprendizagem colossal para todos nós? E Santo António tem algo único que surpreende os turistas: as pessoas.
Concluindo, penso que o upgrade estará em aglutinar sem sedes, sem centros, porque é disso que sofremos quando criticamos as decisões de Lisboa. Aglutinar pensamentos, acções, prática de ideias. Aí está o papel da nossa Câmara, também. Gastar mais energias a ouvir profundamente uma ideia, estudá-la e apresentar contra propostas. Gastar-se- ia menos recursos humanos e financeiros, quebra de rotinas e procedimentos. Aumentariam o diálogo com os cidadãos, actualmente quase nulo, e a sua motivação numa população caracterizada por faltas de iniciativas. (As ideias não têm que ser obrigatoriamente seguidas á risca pelos seus autores. As boas ideias são resultado do desenvolvimento de um conjunto de factores, entre eles a humildade dos seus autores de aceitarem as contra propostas, compreendendo dificuldades).
A Junta de Freguesia: na minha opinião não tem parcos recursos – referes-te a que tipo? - , mas sim pouca imaginação, iniciativa e dinamismo, concordo. Á Junta cabe também “pescar” as ideias e “puxar a brasa á sua sardinha”. Ser também um órgão dinamizador e inovador e não apenas ter um comportamento marcadamente eleitoralista de má gestão corrente.

Garraio disse...

Vamos por partes. Amigo Luís:

Tu e o Fernando estão a confundir acutilância com realidade. Jamais manifestei estar de acordo com a nossa “triste” realidade. E ponho umas “ ” porque basta recuarmos cinquenta ou sessenta anos no tempo para vermos que as condições de vida presentes dos nossos indígenas são infinitamente melhores das de então.
Vou-te contar uma história que tu bem conheces, mas parece ser que não te lembras:

Lá pelos anos trinta – quarenta, do século vinte, algures por terras de Marvão, nasceu um miúdo pobre, filho de pobres, neto de pobres.
Antes dos 10 anos já ele andava a guardar gado, porque lá em casa eram cinco ou seis e havia que ganhar para comer. Nunca aprendeu a tabuada, porque não pisou a escola. Na sua infância ou adolescência “atravessou a nado” a II Guerra Mundial, entre fegas de azeitona e mochilas de contrabando, bastante sofridas e miseravelmente pagas.
Casou, teve filhos. E a história foi-se repetindo, semelhante às gerações anteriores. Hoje está reformado, viúvo ou não, tem a sua casita, uma reforma miserável de 250/300 euros,
e só pede a Deus ou a quem corresponda, para continuar a ter saúde que lhe permita semear duas belgas de batatas, uma de feijão, as cebolas e os tomates. No galinheiro sempre vai havendo uns ovos, e não seria de estranhar se, por perto, morassem alguns coelhitos.

Esta é a história do marvanense actual. Mais de 50 % da população residente do concelho de Marvão reúne a totalidade destas características, ou anda lá perto.
E são felizes, simplesmente felizes. São tão felizes, tão felizes, que nunca ouviram falar de stress.
Estarás de acordo comigo, amigo Luís, se disser que as grandes metrópoles confundem as pessoas. Juntam-nas fisicamente, mas distanciam-nas em tudo o resto. E aquilo a que se tem assistido por aqui, nos últimos anos, é à aterragem de vários confusos, tão perdidos, tão perdidos, que não conseguem perceber nem respeitar a realidade social em que decidiram inserir-se.

...

Passemos à frente:

Vamos aos produtos biológicos:
Os que se produzem actualmente no Concelho de Marvão estão todos vendidos. Eu compro tudo. Tudinho. Não fica nada para trás.
Só faço estas pequenas exigências:

a) Certificação suficiente para atestar a qualidade e origem do produto;
b) Embalagem adequada, nos termos da Lei;
c) Facturas de toda a mercadoria passadas pelo dono da mercadoria (eu cá ainda pago os meus impostos (ou obrigam-me a pagá-los);
d) Preços normais de mercado;
e) Entrega da mercadoria em local a indicar.

E dito isto, Luís, vou-te confessar uma coisita: Não tenho um cêntimo. Mas não te preocupes que não te vou pedir dinheiro para consumar este negócio. Não vai haver negócio. Não há nada para vender, nestas condições. Repito: NADA. ZERO.

A não ser que o Bonito me surpreenda e me apresente mais de meia dúzia de empreendedores marvanenses que estejam já preparadinhos para soltar pra cá a mercadoria!!! Se for caso disso, retiro tudo o que práqui estou a soltar...

Amigos, desculpem lá qualquer coisinha, mas parece ser que a forma como vocês encararam este assunto foi algo leviana.
Quando falamos de actividade económica, mas Actividade Económica a sério, estamos a falar de produzir em quantidade (e neste caso específico em qualidade!) suficiente e necessária para que essa mesma actividade seja rentável. O resto é brincar às hortas e as empresas. E a vida, essa marota, parece ser que não está para brincadeiras.

E digo mais. O escoamento dos nossos produtos, faz-se numa semana. Depois não há mais nada para vender. A minha memória está deteriorada demais para o meu gosto, mas tenho perfeitamente presente o grande impulso dado por Manuel Bugalho e Madalena Tavares à actividade económica na Feira da Castanha. Tarefa depois continuada pelo actual executivo. E vocês lembram-se do que acontece na Feira da Castanha? Se o tempo ajudar, vendemos as castanhas, as nozes, os marmelos, as romãs e tudo aquilo que a nossa horta produz durante essa época. E acabamos no Domingo à tarde a vender fanicos por castanhas e nozes podres, porque já se esgotaram as nossas existências.

Esta é, meus amigos, a nossa realidade. Espero que compreendam que só estou aqui a relatá-la. Não estou, nem quero, fazer a sua apologia. Antes pelo contrário. E até podem contar comigo para tentar inverter essa situação. Só que eu sou demasiado burro e cego para conseguir vislumbrar receitas milagrosas, que venham alterar o nosso figurino do dia prá noite. Quem as tiver, que as ponha em cima da mesa. Mas, por favor, que sejam válidas.





Beijinhos e abraços. Lembro que também à vida para além dos maratonianos e acho que está na altura de fazer uma passeata e juntar “el grupo del Pino”. Ou não!?!?!?