Por ti Marvão
Ah Marvão, terra agreste,
dos canchos e das tapadas,
dos caminhos, das levadas,
tanto de bem me fizeste!
Por entre folhagens perenes,
com montanhas e com flores,
até com imberbes amores,
doados pelos meus genes...
Ah, altaneiro Marvão!
No meu sangue tuas gentes.
Azinhos, sobros, pingentes,
domados p'lo gavião,
fazem de ti raiano,
(entr'olivais e vimeiros,
lidados por jornaleiros)
gelado, frio, magano!
Quanto de ti Marvão,
da Asseisseira ao Pereiro,
da aloja ao palheiro,
te resta sem ser no chão?
Que padrinhos, manageiros,
que novos velhos-patrões,
donos teus e dos ganhões,
colhem ora teus castanheiros?
Velho e alto Marvão...
Que é feito dessa raça,
dessa mulher, desse homem,
desses que da terra comem,
p'la tenrura da rabaça?
Que é feito dessa casta
qu'a linha tomou d'assalto,
levando ovos, café, tabaco,
e agora, velha, se arrasta?
D'aqui saiu o grão-mouro,
p'r'áqui chegou o cristão.
Mas então, porque razão,
não te agarras ao touro,
não esmagas o texugo,
não sufocas a toupeira,
não repousas da canseira,
não desprezas o verdugo?
... que é feito de ti Marvão,
que não sais d'onde eles'tão?
Lisboa, 15MAI08
10 comentários:
Lindoooo!!
Temos poeta!!! Temos homem!!!
(Luís, e a nossa passeata, como é...?
Sem adjectivação…marinheiro do Pego Ferreiro!
Um abraço enormeeeeee…
João Bugalhão
Porra
Que pena tenho não possuir o dom de musicar tão linda prosa....
Parabéns
Nova vertente do forum...a poética...
Muito pessoal...Diferente, mas fantástica...
Viva o pluralismo...e a diferença...o sentir.
Parabéns!!!
obrigado pelos elogios. muito obrigado mesmo.
foi assim que peguei, porque me falta informação para falar com trambelho do que aqui tem sido postado anteriormente. mas um dia destes logo pego na coisa pelo prisma do costume... é que isto tem andado um pouco difícil...
como a passeata. a ir, só o poderei confirmar lá mais perto da data. é que a actividade da ans está num ponto crucial, de preparação de duas iniciativas de rua, e eu não sei se não vai calhar nenhuma nessa altura. por outro lado o 10JUN é o dia do 19º aniversário da associação, e nós costumamos sempre fazer alguma coisa nesse dia. só lá mais perto é que poderei dizer. mas avançai companheiros, que por morrer uma andorinha, não vai o gato às filoses. se eu puder ir, integro... mm que haja petisco, devo ir só eu, é questão de meter mais água na sopa.
abraço e mais uma vez mt obrigado.
Faço minhas as palavras da Luísa Garraio.
Notável!
Temos Homem!
Grande Abraço
Bonito Dias
A ideia que fazemos da nossa terra,está bem patente no poema do Luís : as marcas de oralidade; as marcas da interioridade ; aquilo que temos e o que nos falta ter .
Parabéns !
Hermínio Felizardo
Luis, se os teus superiores hierárquicos descobrem esta tua veia poética, ainda acabas a fazer uma ode à MARINHA.
Um abraço, estava espectacular..
Jorge
se não fosse muito incómodo, gostaria que o pessoal desse uma vista de olhos ao meu blog e se possível deixassem uma mensagem .
http://felizardocartoonblogspot.com
Um abraço : Hermínio Felizardo
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