Não sei se é do vosso conhecimento que houve um Concurso, reservado às Associações do Concelho, para a Manutenção dos Espaços do Castelo. Não sei também se sabem que concorreram duas Associações: Centro Cultural de Marvão e Terras de Marvão.
Até aqui tudo normal, quer dizer, na forma estava tudo legal. Do meu ponto de vista é sempre condenável que uma Associação sem associados, liderada pelo Vice-Presidente da Câmara Municipal de Marvão, se envolva neste processo.
Toda a gente pode achar tudo isto normal, mas, acreditem, não é. Todo o Concurso foi orientado para que fosse essa mesma Associação a ganhar. Tanto mais, que a Terras de Marvão já tinha até contactado pessoas para irem trabalhar para o Castelo.
Acontece que no dia 17 de Setembro há um volte-face no processo: o júri encarregue de analisar as candidaturas dá a vitória ao Centro Cultural de Marvão. Numa análise cuidada às candidaturas decidiu dar 76,67% à Terras de Marvão, que concorreu em parceria com a empresa Ocrimira, Lda., tendo o Centro Cultural sido pontuado com 80%.
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Nessa altura, respirei de alívio. Embora discorde da posição da Câmara Municipal de ceder o Castelo a uma Associação, ficou ao menos a cargo de uma Associação com bastantes associados, com história e que sempre se desviou das dinâmicas políticas e partidárias. Tenho a sorte de ser Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Centro Cultural de Marvão, mas todos estes comentários se inserem numa óptica pessoal, nada têm que ver com as minhas responsabilidades institucionais.
Na Reunião de Câmara de ontem, 17 de Outubro de 2012, os presentes foram informados que a Associação Terras de Marvão tinha recorrido daquela decisão. Nada que seja de estranhar. É um direito salvaguardado no Código do Procedimento Administrativo, claro que sim, mas convenhamos que é muito condenável do ponto de vista ético, ou não acham? Se para mim já me faz imensa confusão, enquanto munícipe, que uma Associação fantasma que tem como responsável o vice-presidente do executivo camarário concorra a um Concurso deste género, com fins eleitoralistas e manipuladores, ainda maior confusão me faz insistirem no erro, forçarem a decisão e confrontarem a decisão do júri.
Sobre esta trapalhada, há assuntos paralelos que merecem ser descortinados.
1- O processo eleitoral no Lar Nossa Senhora das Dores - Porto de Espada, em que pessoas que não olharam aos meios para atingir os mesmos fins de que lhes falei atrás, e que navegam na mesma área político-social do executivo, impugnaram o processo, que se arrastou para os tribunais, fazendo com isso com que o próprio Lar tivesse prejuízo com o processo judicial. Mau perder.
2- Consultando o processo do Concurso para o Castelo, reparei num detalhe importante. A morada da Associação Terras de Marvão é a seguinte: Antiga Escola Primária da Escusa – Rua da Casa Nova, 7330-313 São Salvador da Aramenha. Ora eu só tenho conhecimento que a Câmara Municipal tivesse cedido a Escola da Escusa à ACASM (Associação de Cultura e Acção Social de Marvão) – reunião de Câmara de 18 de Janeiro de 2012.
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Com isto se conclui haver, neste processo, e uma vez mais, intervenientes cuja postura é tudo menos transparente, tudo menos clara. Quando o mau perder se junta com a chico-espertice e a mesquinhez de carácter só há um resultado: Marvão fica a perder.
Todos estes argumentos não se aplicam à empresa que concorreu em parceria com a Terras de Marvão, a Ocrimira, Lda., cujo proprietário é o Joaquim Carvalho, arqueólogo da Fundação Ammaia, pessoa por quem tenho a maior admiração e que tem todo o meu respeito.
Por fim, podem dizer que só sei criticar, que só sei dizer mal. Aceito. Mas antes disso tive a felicidade de fazer parte de uma grande equipa que avançou com um projecto ambicioso para o Castelo de Marvão. E que ganhou. Sempre defendi que é preciso apresentar soluções antes de se criticar. E assim fiz...
11 comentários:
tiago, não dês descanso a esta gente. o que tens em marvão, é a imagem real deste país. é o chico espertismo como "cultura" dominante. grande abraço!
Pois, não é só em Marvão, conheço outros lugares, por todo o lado. Há que desmontar estes esquemas. Muito bem.
O poder a criar associações para controlar, temos a obrigação de desmontar a mafiozisse destes esquemas. Muito bem.
Pena que todos vejamos acontecer estas situações e nada fazemos para as tornar de tal maneira públicas que os responsáveis, finalmente, não ficassem impunes!
Quanto ao Lar do Porto da Espada, o processo ainda se arrasta em Tribunal, e a Instituição continua a pagar... o que podia ser canalizado para o bem estar dos seus utentes.........
Assim se faz política em Marvão, assim se faz política no nosso país...
Isto só já lá vai a golpes de gadanha!
O problema não se aplica apenas ao nível concelhio, mas ao nível sócio-nacional.
Como o nosso sistema assenta numa democracia rotativa em detrimento da representativa, resta-nos sempre uma das 2 hipóteses (com um emplastro à mistura) e o povo vota no que é menos mau na altura ou na pior das hipóteses, no que já lá está.
Neste momento não vislumbro no horizonte alternativa, pelo que prevejo que este problema não se vai resolver e, diga-se em boa verdade, o problema de fundo nunca se irá resolver, porque mesmo que a social democracia não seja corrida do poleiro o socialismo moderado é igual.
Levando isto para o caso do castelo, mesmo que a razão esteja do lado do que é correcto nunca te irão dar razão, porque a tomada de decisão está de um dos dois lados, que é como se diz, duas caras da mesma moeda.
ÃO ÃO ÃO ÂO
IO IO IO IO
Tradução
Os cães ladram e a caravana passa(ganha)
A tentativa de domínio descarado do associativismo e a promiscuidade que esta Câmara promove com determinadas associações ou empresas criadas com fins pouco claros deve merecer o repúdio e a denúncia de todos nós.
Adoro Teorias da Cospiração, sobretudo quando lhes encontro a razão. Como tu o fizeste neste caso Amigão. :) Abraço do Gilinho.
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