UM POUCO DE HISTÓRIA
(EPÍLOGO)
Em princípios de 1897, os Regeneradores no Governo Central caíram enfraquecidos pela acção das oposições, e D. Carlos de acordo com a lei da rotatividade, chamou os Progressistas a formarem governo, que após eleições que promoveram, haveriam de vencer, e assim, serem legitimados nas urnas.
Logo de início este Governo Progressista, começou a tentar criar condições para a restauração da reforma administrativa de Mouzinho da Silveira. Assim em 13 de Janeiro de 1898, fez sair um decreto com o seguinte conteúdo: “Artigo nº 1: São Restaurados os concelhos mencionados no mapa nº 1, que com o presente decreto baixa devidamente autenticado, ficando constituídos com as freguesias que no mesmo mapa lhes são respectivamente designadas e sendo incorporados nos distritos administrativos a que o mapa alude.”
Assim, e pelo mesmo método, com que tinha sido anexado (por decreto central), Marvão e as suas 3 freguesias, voltava a ser uma unidade administrativa, e era de novo Concelho, incorporado no distrito de Portalegre.
Não perderam tempo estes nossos antepassados, e 11 dias depois, em 24 de Janeiro de 1898, os de Castelo de Vide, marcando encontro com os de Marvão, na povoação de Escusa, ali mesmo restituíram aos marvanenses, aquilo que dois anos antes lhes haviam levado. Em acta de 27 de Janeiro da nova vereação de Castelo de Vide, era explicado o seguinte sobre esse acto “… em 24 de Janeiro, na melhor ordem, e de acordo com as instruções do magistrado distrital, fora feita a entrega dos utensílios, mobília e arquivo, que pertenciam ao concelho de Marvão.”
Por Marvão, sabemos hoje, que estava presente António Matos de Magalhães, mas também, muitos marvanenses anónimos.
Em 27 de Janeiro de1898, em cerimónia da Restaurada Câmara Municipal de Marvão, foi nomeada pelo novo Administrador do Concelho, João José Magalhães, uma comissão administrativa que viria a gerir o concelho até à realização de eleições. Essa comissão era presidida por Matos de Magalhães, que era coadjuvado pelos vogais Manuel Joaquim Semedo, Francisco José de Carvalho, José Maria Forte e José Machado.
Na acta da sessão extraordinária que se seguiu a esta posse, ficou lavrado o seguinte: “… estando presentes todos os membros da comissão municipal do concelho, o Sr. Presidente julgando interpretar os sentimentos dos cidadãos d´este concelho, propoz, sendo approvado por unanimidade, um voto de louvor a todos os cooperadores da grande obra patriótica da restauração deste concelho, sendo esta deliberação aclamada entusiasticamente por todos os cidadãos presentes à sessão.”
Opinião do autor:
A um leitor desatento ou apressado, será levado a pensar que os colaboradores heróicos referidos poderiam ser os membros dessa mesma comissão, ou alguns marvanenses anónimos. No entanto, em minha opinião, e da análise que faço do descrito anteriormente, Matos de Magalhães estaria a referir-se a “colaboradores externos”. Esta tese pode ser sustentada em Ofícios que esta comissão municipal endereçou a diversas personalidades e assinados por José Maria Forte, das quais destacamos o Chefe do Governo Central, José Luciano de Castro, a quem foi endereçado o seguinte: “…Tenho a honra de levar ao conhecimento de V. Ex.ª que a Câmara da minha presidência resolveu, como protesto da mais viva gratidão e agradecimento pelo restabelecimento d´este concelho, que o retrato de V. Ex.ª fosse collocado na sala das suas sessões a fim de que a posteridade possa attestar os serviços prestados por V. Ex.ª à causa dos municípios pequenos.”
Outro com teor diferente foi enviado, simultaneamente, ao Governador Civil de Portalegre João de Pina Callado e a José Frederico Laranjo, que dizia o seguinte: “… Tenho a honra de comunicar a V. Ex.ª que a câmara da minha presidência resolveu que à custa d´este município se obtivesse o retrato de V. Ex.ª a fim de ser collocado na sala das sessões, prestando o mais vivo protesto da gratidão e agradecimento pelos serviços que sinceramente prestou à câmara do restabelecimento d´este concelho.”
Por estranho que pareça, consta no Livro de Correspondência Expedida que, um Ofício com o mesmo teor terá sido enviado a António Matos de Magalhães!
Quem terá sido afinal o “HEROI” e a quem se deve a restauração do concelho de Marvão?
Quanto a esse dia 24 de Janeiro, haveria de ser proclamado por muitos anos FERIADO MUNICIPAL EM MARVÃO…
Nota Bibliográfica: A maioria dos factos históricos aqui descritos tiveram por base a Obra de Maria Ana Rodrigues Bernardo: “Centenário da Restauração do Concelho de Marvão”, as opiniões, são do autor destas pobres crónicas.
(EPÍLOGO)
Em princípios de 1897, os Regeneradores no Governo Central caíram enfraquecidos pela acção das oposições, e D. Carlos de acordo com a lei da rotatividade, chamou os Progressistas a formarem governo, que após eleições que promoveram, haveriam de vencer, e assim, serem legitimados nas urnas.
Logo de início este Governo Progressista, começou a tentar criar condições para a restauração da reforma administrativa de Mouzinho da Silveira. Assim em 13 de Janeiro de 1898, fez sair um decreto com o seguinte conteúdo: “Artigo nº 1: São Restaurados os concelhos mencionados no mapa nº 1, que com o presente decreto baixa devidamente autenticado, ficando constituídos com as freguesias que no mesmo mapa lhes são respectivamente designadas e sendo incorporados nos distritos administrativos a que o mapa alude.”
Assim, e pelo mesmo método, com que tinha sido anexado (por decreto central), Marvão e as suas 3 freguesias, voltava a ser uma unidade administrativa, e era de novo Concelho, incorporado no distrito de Portalegre.
Não perderam tempo estes nossos antepassados, e 11 dias depois, em 24 de Janeiro de 1898, os de Castelo de Vide, marcando encontro com os de Marvão, na povoação de Escusa, ali mesmo restituíram aos marvanenses, aquilo que dois anos antes lhes haviam levado. Em acta de 27 de Janeiro da nova vereação de Castelo de Vide, era explicado o seguinte sobre esse acto “… em 24 de Janeiro, na melhor ordem, e de acordo com as instruções do magistrado distrital, fora feita a entrega dos utensílios, mobília e arquivo, que pertenciam ao concelho de Marvão.”
Por Marvão, sabemos hoje, que estava presente António Matos de Magalhães, mas também, muitos marvanenses anónimos.
Em 27 de Janeiro de1898, em cerimónia da Restaurada Câmara Municipal de Marvão, foi nomeada pelo novo Administrador do Concelho, João José Magalhães, uma comissão administrativa que viria a gerir o concelho até à realização de eleições. Essa comissão era presidida por Matos de Magalhães, que era coadjuvado pelos vogais Manuel Joaquim Semedo, Francisco José de Carvalho, José Maria Forte e José Machado.
Na acta da sessão extraordinária que se seguiu a esta posse, ficou lavrado o seguinte: “… estando presentes todos os membros da comissão municipal do concelho, o Sr. Presidente julgando interpretar os sentimentos dos cidadãos d´este concelho, propoz, sendo approvado por unanimidade, um voto de louvor a todos os cooperadores da grande obra patriótica da restauração deste concelho, sendo esta deliberação aclamada entusiasticamente por todos os cidadãos presentes à sessão.”
Opinião do autor:
A um leitor desatento ou apressado, será levado a pensar que os colaboradores heróicos referidos poderiam ser os membros dessa mesma comissão, ou alguns marvanenses anónimos. No entanto, em minha opinião, e da análise que faço do descrito anteriormente, Matos de Magalhães estaria a referir-se a “colaboradores externos”. Esta tese pode ser sustentada em Ofícios que esta comissão municipal endereçou a diversas personalidades e assinados por José Maria Forte, das quais destacamos o Chefe do Governo Central, José Luciano de Castro, a quem foi endereçado o seguinte: “…Tenho a honra de levar ao conhecimento de V. Ex.ª que a Câmara da minha presidência resolveu, como protesto da mais viva gratidão e agradecimento pelo restabelecimento d´este concelho, que o retrato de V. Ex.ª fosse collocado na sala das suas sessões a fim de que a posteridade possa attestar os serviços prestados por V. Ex.ª à causa dos municípios pequenos.”
Outro com teor diferente foi enviado, simultaneamente, ao Governador Civil de Portalegre João de Pina Callado e a José Frederico Laranjo, que dizia o seguinte: “… Tenho a honra de comunicar a V. Ex.ª que a câmara da minha presidência resolveu que à custa d´este município se obtivesse o retrato de V. Ex.ª a fim de ser collocado na sala das sessões, prestando o mais vivo protesto da gratidão e agradecimento pelos serviços que sinceramente prestou à câmara do restabelecimento d´este concelho.”
Por estranho que pareça, consta no Livro de Correspondência Expedida que, um Ofício com o mesmo teor terá sido enviado a António Matos de Magalhães!
Quem terá sido afinal o “HEROI” e a quem se deve a restauração do concelho de Marvão?
Quanto a esse dia 24 de Janeiro, haveria de ser proclamado por muitos anos FERIADO MUNICIPAL EM MARVÃO…
Nota Bibliográfica: A maioria dos factos históricos aqui descritos tiveram por base a Obra de Maria Ana Rodrigues Bernardo: “Centenário da Restauração do Concelho de Marvão”, as opiniões, são do autor destas pobres crónicas.
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