domingo, 16 de novembro de 2008

A Festa do Castanheiro e os seus cartazes publicitários


Foi com grande e agradável surpresa que recebi do Vereador do pelouro da Cultura, Pedro Sobreiro, a obra documental “ Marvão - Festa do castanheiro, feira da castanha / 25 anos de memórias “ . Constam nesta iniciativa editorial, quatro cartazes da feira, da minha autoria (realizados entre os anos de 94 e 97, inclusive ) .

Trazem-me à memória, momentos importantes da minha vida e cada um deles, tem como que uma vida própria e uma história para contar .

Na escolha dos cartazes anteriores aos meus, fui em duas ocasiões, elemento do júri, juntamente com o Dr. Caldeira Martins, o Arquitecto Teotónio Pereira , O Sr. Andrade, entre outros .

O cartaz, durante alguns anos era escolhido mediante a realização de um concurso público, e enviado para o júri em envelope selado com a obrigatoriedade do autor se apresentar com pseudónimo. Um dia, alguém terá dito ao senhor António Moura Andrade, Presidente da C.M. de Marvão na altura :
- talvez se pudesse, simplesmente encomendar o trabalho a alguém da terra, evitando toda esta burocracia .

Assim foi : o trabalho foi-me encomendado, corria o ano de 94. Este tipo de trabalho, é geralmente do foro de artistas com formação em Artes gráficas - Design . Eu sou de Artes plásticas /escultura . Aceitei o repto, timidamente e algo inseguro .

O trabalho teve no entanto, boa aceitação na altura e nos três anos seguintes, de uma forma mais ou menos inspirada, fui eu o autor do cartaz deste evento, ao qual me encontro emocionalmente ligado desde o primeiro dia .

Concebia-o , talvez com algumas cedências de gosto do ponto de vista estético, pois sabia que a grande maioria das pessoas a quem se destinava, gostavam de ver lá elementos imediatamente identificáveis : o castelo ; as castanhas ; as peças de artesanato e o próprio castanheiro . Considero que este tipo de trabalhos gráficos também pode ser figurativo .

O cartaz era pois destinado ao grande público ( que pode ter parâmetros de gosto tão exigentes como os estetas e puristas consagrados, das Artes gráficas ). Não me arrependo !

O senhor Andrade, a quem estarei sempre grato, às vezes fazia- me algumas sugestões .

- Ó Felizardo : se calhar a partir de agora, temos que passar a dar mais ênfase à Festa do castanheiro e menos à Feira da castanha, pois o evento é mais uma festa do que uma feira . Ponha umas letras grandes, para a frase mais importante e umas mais miudinhas para a segunda .

Como na altura era uma autêntica nulidade em conhecimentos informáticos, aquilo era tudo feito manualmente, incluindo os caracteres do texto, que eram meticulosamente colados ao suporte de papel.

O Cartaz de 97, foi concebido, uns meses antes do nascimento da minha filha ,num ano em que devido às circunstâncias da minha profissão, tive de ir com os tarimbecos às costas, da casa onde vivia em S. António das Areias, para ir leccionar para o Barreiro .

Parece-me que foi o único ano que não pude ir à Festa do Castanheiro - enviei o cartaz pelo correio, creio eu . Há muitas histórias associadas à História deste grande evento . São as histórias de todos aqueles que o viveram por dentro e que ainda o vivem, talvez agora por fora, mas ao qual estão ligados pelo coração .

A ideia da colocação deste post, surgiu na sequência de um comentário, a um artigo do Bonito Dias sobre o mesmo assunto .

9 comentários:

Marilia Rosado Carrilho disse...

Pois é... são exactamente esses os do tempo da minha meninice/juventude, daquela idade em que passamos a perceber bem tudo à nossa volta. Do tempo em vinha "à terra" de visita, o tempo em que ainda vendi castanhas com os meus avós.

São magnificos!

Por ser parte desse povo para o qual elabororu o seu trabalho, digo: obrigada :)

Felizardo Cartoon disse...

Muito obrigado Marília, e bem haja ! Às vezes é reconfortante saber que não se trabalhou em vão !

Marilia Rosado Carrilho disse...

Felizardo, colega, talvez por eu ser exactamente da época das tecnologias, sinto uma admiração pelo trabalho feito pelo próprio dedo (e também por não desenhar rigorosamente nada!!!).
A técnica trouxe inúmeras possibilidades, mas também a possibilidade de perceber o contraste entre esta época e a anterior, a época do fazer à mão. Não há "um melhor" ou "um pior" na comparação entre ambos, penso. Mas há o destaque de que são, sem duvida, diferentes. A mim este contraste coloca, inevitavelmente, a tónica no trabalho de minúcia do "antes tecnologia".
São muito bonitos e a edição do livro está bem organizada e bonita quando coloca cada cartaz como separador/introdutor a cada ano.
(Até dou aqui o "bitate" que, pessoalmente, não gostei muito do deste ano. Já o do ano passado gostei muito (é questão de gosto mesmo, nada de criticas escondidas - se o/a autor(a) ler estas palavras)).
Bem haja o seu trabalho e o de todos, agora eternizado ;) Venham mais 25 anos, e saúde e alegria para os vermos ;)

Bonito disse...

E foi boa ideia Hermínio!

É um testemunho importante de alguém que viveu a Festa da Castanha “por dentro”. Digno, aliás, de estar no livro comemorativo da 25ª edição.

Afinal, deves ser a pessoa que fez mais cartazes…


Grande Abraço
Bonito Dias

Garraio disse...

Atão e de calendários não fazias colecção???


(Prometi a mim próprio não falar do livro, para não deixar mais uma série de marmanjos a olhar pra mim de mau olho... e neste momento não estou prá í virado...)

Quanto aos cartazes, são do melhorzito que esta Feira produziu, em termos gerais. Eu orgulho-me muito da Feira da Castanha e do que ela representa na nossa imagem. Ela, a Feira, também me fez alguns cabelos brancos e alguns buracos no estômago, até que resolvi dizer basta. É talvez por isso que também sou dos mais críticos e dos mais minuciosos, porque conheço bem os seus meandros. E vejo à légua o que está bem e o que está mal.

Voltando aos cartazes, lembro-me perfeitamente de abrir esse envelope onde vinha o cartaz que o Felizardo pendurou no seu post. E espero que ele, algum dia, volte a ser convidado para produzir outro cartaz. Teria sido esta uma boa oportunidade para que um marvanense tivesse elaborado o cartaz dos 25 anos?
Esperaremos aos 50 anos... e oxalá possamos ver esse cartaz e oxalá haja Feira da Castanha, porque entretanto, não se sabe bem o que pode acontecer.

João, disse...

Ò Garraio, estás a alvitrar que não tenha sido um marvanense a fazer o Cartaz deste ano? E estás com "receio" de dar opinião?

Onde está a "cepa raiana” de que és feito?

Então ali no Blog do outro lado da fronteira desancas neles, e aqui os "olhares" dos marmanjos arreliam-te...

Temos que chamar a "armada", ou o comandante também murchou?

Em frente…, e fogo à peça, que eu sou de cavalaria!

jbuga

Felizardo Cartoon disse...

Foram feitos calendários com os cartazes ??? Novidade das novidades ! nunca me chegou nenhum às mãos, um dia gostava de ver um deles .
Só conhecia os autocolantes !

Garraio disse...

Não ponhas isco, J. Buga, que não me apetece picar...

Para além disso, não ia por aí, nem sei quem fez o cartaz, mas suponho que marvanense não é... e também não sei porque é que suponho tal coisa.

João, disse...

O "isco" eu pu-lo Garraio, o peixe é que não é da escola do Quique!

Andas jogando muito na defensiva.

O Flores, esse pelo menos menos, mete muitos para o ataque (demasiados na minha opinião), mas muito na "retranca" também não..., senão qualquer dia esta "coisa" parece uma especie de revista cor- de-rosa...!

jbuga