Dando seguimento à Rubrica aqui iniciada, apresentamos hoje o segundo artigo sobre “Falemos de Saúde”.
Hoje abordamos um dos temas mais pertinentes da nossa época, a que já se denomina a “epidemia do século XXI” – A Obesidade e Peso Excessivo.
Para não tornarmos demasiado extenso este texto iremos tratar este tema em 2 artigos.
Neste primeiro iremos ficar-nos pela definição deste problema de saúde e pela apresentação de alguns dados sobre a situação em Portugal, nomeadamente a situação das crianças e jovens, que irão ser no futuro os grandes prejudicados de alguns comportamentos de hoje. Deixando para depois a apresentação de algumas estratégias e actividades, simples, de como todos nós, individualmente, poderíamos contribuir para diminuir algumas consequências futuras do excesso de peso corporal.
OBESIDADE – PARTE I
A OMS (Organização Mundial de Saúde), define a obesidade como uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afectar a saúde. O excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia dispendida. Os factores que determinam este desequilíbrio são complexos e incluem factores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais.
Caminhar..., caminhar! Meio caminho andado contra a Obesidade
A OMS reconhece ainda que, neste século, a obesidade (Índice de Massa Corporal ≥ 30), tem uma prevalência igual ou superior à da desnutrição e das doenças infecciosas. Por tal facto, senão se tomarem medidas drásticas para prevenir e tratar a obesidade, mais de 50% da população mundial será obesa em 2025.
Depois do Tabagismo a obesidade é considerada, hoje, a 2ª causa de morte passível de prevenção nos países desenvolvidos verifica-se uma relação inversa entre o nível sócio económico e a prevalência de obesidade, representando ao seus custos económicos 2 a 7% dos custos totais da saúde.
A obesidade é, assim, uma doença crónica, com génese multifactorial, que requer esforços continuados para ser controlada, constituindo uma ameaça para a saúde e um importante factor de risco para o desenvolvimento e agravamento de outras doenças.
Na maioria dos países da Europa a obesidade é a epidemia em maior crescimento, afectando, actualmente, 10 a 40% da população adulta. Em 1999 foi encontrada, na população da EU com mais de 15 anos uma prevalência da pré-obesidade (IMC 25-29,9), de 41%.
O aumento da obesidade em crianças e adolescentes é, também, cada vez mais preocupante.
Ponha os seus filhos a mexer..., Também é um acto de amor!
A prevalência da pré-obesidade e da obesidade na população portuguesa adulta tem sido avaliada através do IMC, com uma prevalência média de cerca de 34% para a pré obesidade e de 14% para a obesidade, sendo de realçar a grande percentagem de homens com pré-obesidade e obesidade, em relação às mulheres (58.6% para homens; 46.5% nas mulheres).
Nas crianças dos 7 aos 9 anos de idade a prevalência da pré-obesidade e da obesidade, em Portugal, è de cerca de 31.6%, sendo que as crianças do sexo feminino apresentam valores superiores às do sexo masculino.
Não à fast food - Abaixo a comida de plástico
Outro aspecto preocupante, decorrente do único estudo de seguimento da obesidade na população portuguesa para avaliar a sua tendência evolutiva, realizado em inspecções militares entre 1960 e 1990 em rapazes com 20 anos de idade, é a constatação do aumento verificado na prevalência da pré-obesidade e obesidade (9% em 1960; para 21% em 1990).
Estima-se que, em Portugal, os custos directos da obesidade (despesas com a prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, investigação, formação e investimento), absorvem 3,5% destas despesas.
Acresce que os benefícios na saúde das pessoa obesas, conseguido através da perda intencional de peso, principalmente se mantida a longo prazo, se podem manifestar na saúde em geral, na melhoria da qualidade de vida, na redução da morbilidade e mortalidade e na melhoria das doenças crónicas associadas, com destaque para a diabetes, doenças cardiovasculares e para o cancro.
A pré-obesidade e a obesidade constituem, portanto, importantes problemas de saúde pública em Portugal, exigindo uma estratégia concertada, que inclua promoção de hábitos alimentares saudáveis e de vida mais activa.
(Continua).