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Na “Única”, revista do Jornal Expresso, existe uma crónica semanal, assinada pelo Nuno Ferreira, chamada “Portugal a Pé”. Esta crónica consubstancia-se no relato, acompanhado de fotografias, do jornalista sobre a sua caminhada pelo Portugal profundo, iniciada em Sagres.
A caminhada da semana passada teve início em Alter do Chão e terminou, com uma banho, na cascata de S. Julião, tendo versado, sobretudo, sobre o percurso deste a praça de touros de Portalegre, onde estava a decorrer a tourada dos Mouras, até à referida cascata. A crónica foi apelidada de “Uma piscina particular”.
Li-a com interesse e mais interessado fiquei quando verifiquei no croqui que na semana seguinte (esta) a passeata continuava para a Portagem.
Fiquei atento.
Logo imaginei que na semana seguinte veria, na revista do expresso, paisagens maravilhosas de Marvão e leria um jornalista completamente arrebatado pelas mesmas.
Hoje, assim que peguei no referido jornal, fui logo à procura da dita crónica e fiquei…muito pensativo!
A mesma chama-se “A estrada de ninguém”. E em vez de destacar a maravilhosa paisagem destaca a falta de gente!
Sintomático…
Ontem, coloquei o seguinte comentário no post “Marvão quase total…” do J.Buga:
“O fórum “roda” rápido. Ainda bem!
Mas, perde-se um pouco a discussão. Dou por mim a reparar que tinha algo a dizer neste tópico do “Verão Total” em Marvão e, entretanto, para não perder a actualidade, já coloquei, também, outro post…posteriormente!
O Sr. Vice-Presidente da Câmara colocou um post no seu blog sobre este tema, do qual fazia parte este período:
“Meus amigos, podemos não ter tanto emprego quanto gostaríamos, tantas habitações quanto poderíamos, tantos jovens e crianças quanto sonhamos… mas temos esta beleza que faz de nós um dos ex-libris de Portugal e isso, ninguém nos há-de tirar.”
Compreendo-o plenamente! Percebo o alcance das suas palavras! Mas esta ideia é importante demais para a deixar passar em claro…
Há cerca de uma década, a trabalhar em Odemira, escrevi um texto no saudoso jornal “O Altaneiro”, que o Sabi fazia o favor de nos presentear, um texto com o seguinte título:
“O Castelo não é a nossa maior riqueza!”
E, agora, estas palavras do Vice fizeram-me lembrar dele. Concordo que Marvão é único, a sua beleza natural é deslumbrante…
Mas, o que valerá tudo isto sem gente?
Considero que as habitações, o emprego e os jovens e crianças são fundamentais para que este “ex-libris” brilhe de verdade. E penso que o Pedro, também, o considera…estas suas palavras estão tolhidas pela emoção…
PS: Não pude acompanhar a emissão mas, pelo que vi na hora do almoço e pelo que alguns amigos (não marvanenses) me transmitiram, a falta de gente foi confrangedora…
Sintomático…
Grande Abraço
Bonito Dias
Grande Abraço
Bonito Dias
16 comentários:
Exite no Ministério da Educação em portugal a brilhante ideia de que as Escolas do primeiro ciclo não são viáveis nas pequenas aldeias, porque os alunos estão isolados e perdem oportunidades no que concerne à utilização de equipamentos informáticos ; multimédia etc.
Esta ideia é falaciosa e meramente economicista e passo a explicar porquê :
Primeiro, os alunos não precisam de estar "fisicamente" juntos e em grande número, nas grandes Escolas dos maiores centros urbanos para deixarem de se sentir isolados .
Se as escolas das aldeias, não têm meios, porque é que não são equipadas, de forma a proporcionar aos estudantes, condições similares às existentes nas "super escolas " ?
-Porque isso tem custos acrescidos que não se compadecem com a histeria da redução do défice e pseudo rigor das contas públicas .
A ideia é sempre centralizar . centralizar, centralizar, para poupar.
Se um aluno não pode frequentar o primeiro ciclo na sua terra natal, os pais sentem-se tentados a fixar-se em localidades onde os seviços mínimos do Estado lhe sejam proporcionados .
Como podem os pequenos Concelhos do interior, manter as suas populações se encerram as escolas ; os centros de saúde ; os postos da G. N. R. ; as estações de Correios etc.?
Nas aldeias já não se sente o pulsar da juventude : As maiores reuniões de pessoas são os funerais ; as missas do sétimo dia ;os cafés e as tabernas .
Estas últimas é bom que se mantenham, pois são os derradeiros Centros de Recreio .
As empresas em maior expansão são mesmo as funerárias .
O Bugalhão teve uma acção muito meritória, em santo António das Areias, mais concretamente no G.D. A., no que respeita à implementaçao da prática desportiva .
Não teve continuidade, não por falta de entusiasmo de algumas pessoas, que ainda vão remando contra a maré, mas por razões que se prendem ao assustador "striptease" e despovoamento do Concelho .
Um abraço .
Hermínio Felizardo .
Revejo-me totalmente neste Post do Bonito.
De nada nos vai valer a paisagem, de nada nos vai valer o Castelo, se não tivermos pessoas, neste caso marvanenses.
Neste fim-de-semana tive o prazer de visitar o local de origem do meu pai e dos meus irmãos: a zona ribeirinha da Herdade dos Pombais. Local que acerca de meio-século seria habitado por mais de 50 pessoas.
Hoje, não passa de um local em ruínas, como se saído de um bombardeamento de guerra fratricida…
(… e eu a lembrar-me da Ammaia!)
Passei depois pela Sede da minha freguesia, S. A. das Areias, e fiquei assustado (como fico cada dia que por lá passo).
Não se vê ninguém, o marasmo é quase total, e, temo, que se aproxime uma “depressão”…, a exemplo do que já se passa, nos Cabeçudos, na Beirã, na Escusa, no P. Espada, etc.
Dentro em breve o concelho de Marvão, assim como os seus vizinhos, não passará dum concelho fantasma. Daquilo que foram os cerca de 8 000 habitantes, nos anos 50 e 60, serão apenas 2 000 na próxima década…
Temo, sinceramente, que o Projecto do actual executivo, de criar zonas para habitação e espaços industriais, não resolva qualquer problema, e, não passará, quase de certeza, de um esbanjar de recursos. A finalidade de fixar ou atrair pessoas, não se fará apenas assim.
Este Projecto está atrasado no tempo, pelo menos em 20 anos e por isso ultrapassado, se executado isoladamente!
Um bom conselho aos nossos dirigentes seria, que em vez de irem para o Brasil tratar de “geminações”, que muito pouco trarão de novo a Marvão, que fizessem uma “viagem”, pelos países do leste, ou mesmo ao norte de África e aliciassem 400 ou 500 indígenas dessas terras e os trouxessem (faseados), para Marvão. Num plano concertado com os nossos empresários, com o apoio do governo central.
Outra boa medida, na minha modesta opinião, era a aquisição e transformação do “bairro da fronteira dos Galegos” num “aldeamento de terceira idade”, numa parceria público privada, com habitações uni-familiares, com as pessoas a manterem a sua individualidade e alguma autonomia que ainda desfrutassem (esta modalidade será uma galinha de ovos de ouro nos próximos tempos em Portugal).
Claro que esta iniciativa se destinaria a oferta externa, a reformados com algum poder económico, e assim, poderíamos ter mais 150 a 200 habitantes, bem como as visitas das suas famílias (50 ou 60 postos de trabalho e tudo o que andaria à volta).
Para isto é preciso visão, planos integrados e não medidas isoladas, como aquelas que andam na cabeça do Sr. Presidente e dos seus acompanhantes e conselheiros próximos. Que insistem em acções ultrapassadas, que em nada contribuirão para o recuperar desta terra abandonada.
Reconfortante, é também verificar, ver este prestigiado Jornalista do Expresso, Nuno Ferreira, acabar a sua Crónica por estas paragens, “Estradas de Ninguém”, com o mesmo refrão, com o que eu havia feito 4 dias antes em 15/7 no meu último Post:
“Ai Portugal, Portugal, do que é que tu estás à espera, /tens um pé numa galera/e outro no fundo mar… e enquanto ficares à espera, ninguém te pode ajudar!”
SINTOMÁTICO (como diria o Bonito)
jbuga
Não sou daí, apesar de passar pelo menos 1 fim de semana por mês por essas terras. Não resisto a comentar:
- porque é que sempre que há eleições as listas falam em zonas industriais para Santo Antonio e depois a lista vencedora ocupa o tempo a promover festas? Será que as Gastronomias, as Tendas, as idas ao Brasil, as Matanças - uma em cada freguesia - vos trazem pessoas que dormem, que compram, que comem, pagando ? Dizem que é cultura? Que o povo tem direito á diversão grátis?
Na minha opinião, o J.Buga tem razão quando diz que o projecto de criar zonas para instalar negócios está atrasado 20 anos. Por isso, estou tão decepcionado e revoltado quanto o(a) dica com esta incapacidade dos vários executivos, durante décadas.
Contudo, penso que criar condições para haver mais emprego é a principal obrigação da Câmara perante a crescente desertificação. Aliás, o que é que os estrangeiros viriam para cá fazer se não houvesse mais postos de trabalho?
É ao contrário! Se surgirem empregos virá gente!
Sendo esta a principal função da Câmara, não a considero incompatível com as festas, gastronomias e eventos em geral, desde que estes obedeçam a orçamentos adequados.
É que este concelho diz-se “turístico”. E para ter visitantes tem, obrigatoriamente, de oferecer eventos e outros tipos de ocupações para as pessoas. Ligadas às características endógenas, sobretudo…
Grande Abraço
Bonito Dias
Mas sem pessoas, para que queremos nós as casas? Estas já sobram actualmente às dúzias!
Sem pessoas, quem vai trabalhar nesses espaços?
As coisas terão de ser integradas.
Actualmente, as casas já sobram e com esta política, daqui a 5 anos, muitas muitas mais vão sobrar.
Vai uma apostinha?
Está muito quente dentro de casa e acabo de dar a volta à vila com a minha Maria.
Nunca encontrei Marvão tão bonito como esta noite.
Tudo branquinho, muitas, muitas flores agradecendo a brisa leve da noite.
Hoje até gostei da iluminação, da nova iluminação, ressalvando aquilo que já disse por aqui anteriormente.
Esta noite senti-me afortunado de poder morar aqui.
Pena a selecção dos Camarões, que parece que vai ficar por aqui eternamente, fazer algum barulho que certamente pertubava os nosso velhotes da Santa Casa.
Mas, estamos em Portugal e para isso não há policiamento. Isso não dá dinheirito para o Socrates investir em boys and girls.
Ou será que eles também pagam uns petiscos e ficam isentos dos cumprimentos legais que se atribuem a todos os cidadãos?
As pessoas daí têm sempre uma postura de coitadinhos, muito inactiva. O estado poderá ajudar na criação de emprego, mas aí abusa-se dos subsídios de desemprego! Lamenta-se a falta de emprego com o carro á porta de casa, com os braços cruzados porque o estado não cria mais empregos. Diz-se que a necessidade faz o engenho....
Abusa-se da falta de produtividade durante 8 horas quando se trabalha para as Juntas/ Câmara; aos fins-de-semana fazem-se biscates, fugindo aos impostos. E ainda se gabam!
Moro em Lisboa. 90 % Dos trabalhadores, levantam - se às 6h da manhã e independentemente do emprego / formação académica têm que se deslocar 20/30/40 kms, estar em filas de trânsito, não têm ajudas perto para os filhos, as creches são muito caras, as refeições idem, trabalhando mais de 8 horas por dia - normalmente não são as horas de trabalho mas o que se produziu é que é vale.
Aí, a preocupação é fazer-se apenas o estritamente indispensável. É uma questão de mentalidades, de falta de ambição, onde o que é importante é o carro novo igual ao do vizinho...
Quando o Sr. Felizardo fala em poucas escolas. E há miúdos?
A moda de escolas perto de casa correu mal (no concelho, veja-se uma escola na Ponte Velha abandonada há muitos anos atrás). O aproveitamento escolar e capacidade competitiva no mercado de trabalho está directamente interligada com a vivência de novas experiências, contacto com outras pessoas, outras mentalidades, outros lugares e outras partilhas no decurso do percurso escolar. Ensina – nos a saber compreender a nossa própria gente, a ABRIR HORIZONTES. Talvez por isso um grande número de estudantes do concelho não consegue ou tem sérias dificuldades para se adaptar quando quer seguir os estudos longe de casa. Outros, nem tentam: optam por cursos perto de casa. A ausência de outras experiências, com proteccionismo excessivo tem consequências sérias: futuros adultos com dificuldades em criar parcerias, trabalhar em grupo, em inovar aceitando novas realidades.
Por outro lado, aqueles que como eu, vamos aí de passagem, normalmente optam uma postura confortável: dizemos que sim, somos solidários com as lamentações. Mesmo que não sejamos da mesma opinião – talvez por isso, optámos por viver noutro meio com outras mentalidades –, não somos críticos justos. Para a maioria de nós, as “quezílias” da terra são um passatempo bem mais engraçado do que as conversas de futebol ou telenovelas, durante o fim-de-semana. Somos ouvidos com mais atenção do que os que aí vivem.
Outros exemplos ridículos: as eternas concorrências entre a zona sul e a zona norte do concelho; os de baixo e os da Vila de Marvão. Veja-se o Mercado da Beirã: fechado (ouvi dizer em tempos que servia de garagem). Veja-se o GDA: definha. Alguém já pensou que, se as instalações fossem da Câmara, já teriam um auditório perfeitamente equipado para servir todo o Concelho ou o Distrito, preparado para receber Encontros/ Eventos com alguma expressão - 100,200 pessoas que de outro modo não vão a essa aldeia? Talvez indirectamente aumentasse o movimento dos serviços nos arredores.Em tempos ido, o presidente Bugalho tentou. Mas não! O que é mais importante é o GDA pertencer á “população” de Santo António e continuar como há 50 anos atrás. Quando estiver em muito mau estado, a população irá reivindicar á Câmara ou outro do Estado o dever da sua conservação. Talvez nessa altura já não haja subsídios. Talvez nessa altura já exista um espaço semelhante muito perto.
Isto não é culpa dos Governos, das Câmaras, é falta de capacidade de ver um horizonte mais alargado.
É uma questão de mentalidades. ...
Mas fica bem desejar felicidades ao GDA.
dica ou di lá o que interessa é blá blá blá....
Parafraseando Paulo de Carvalho....
gostava de vos ver aqui.. bla bla bla, etc.
Já agora, com tantos conhecimentos sobre o GDA, lembro-lhe que amanhã há eleições e estando como pelos visto está só a 2,30 H de distância, venha votar e dar a conhecer essas suas iluminantes ideias. Os bacocos daqui agradecem.
Dica fez, provavelmente, o melhor comentário que akguma vez se fez neste blog.
Mete os dedos em, praticamente, todas as chagas da nossa ferida.
Parabéns.
Espero que seja convidad@ pelo administrador para fazer parte deste espaço de reflexão, devidamente identificad@, como é norma da casa.
Parabéns, de novo.
Resposta ao “dica”:
Em primeiro lugar, lamento que este nosso visitante se não identifique com um nome ou uma cara, que nos permitisse ter uma troca de ideias e palavras mais concretas, pois a forma como se exprime e pela pertinência com que coloca as suas ideias perde um pouco por isso. No entanto, por mim, tal como já tenho referido anteriormente, desde o que esteja em causa, seja a “coisa pública”, estes visitantes merecem-me a mesma atenção e respeito que outros, por conhecer o contexto em que vivemos.
Começaria por me referir aos dois amigos que me antecederam neste comentário, o Clarimundo e o Garraio. Gostaria de clarificar, que penso que me situo a “meio caminho de ambos”, isto é, nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
Em relação ao comentário “dica”, tenho algumas opiniões em que estou em completo desacordo. Nomeadamente, em relação aos apoios estatais para o interior e, especificamente, para Marvão. O meu amigo (ou amiga), está completamente enganado. Basta que consulte o INE sobre os “investimentos do Estado per-capita”, para o interior e para o litoral, nomeadamente, para Lisboa e Vale do Tejo, e… desculpe as diferenças são abismais, com goleada do litoral.
Portanto “coitadinhos” não somos.
Somos é enganados por um Estado centralista, que gasta menos de 1 000 euros/ano com cada contribuinte de Marvão. Informe-se quanto é o “investimento em cada contribuinte de “lesboa”.
Quanto à qualidade de vida, se ela é melhor aqui, porque emigram os marvanenses?
Sabe quantos Km tem de percorrer um marvanense, para ter uma consulta médica, apenas porque o seu filho apareceu com febre?
Mais, 50% da população envelhecida de Portalegre (60 000 habitantes) precisam, em média de 2 consultas de cardiologia/ano. Sabe quantos cardiologistas o Estado tem no Hospital de Portalegre: ZERO. E em Lisboa? Como é que o rácio de cardiologistas/idoso?
E que preço, em transportes públicos, tem de pagar uma pessoa que more em Marvão e trabalhe em Portalegre? Digo-lhe que não é a mesma coisa que uma pessoa que more em Sintra e trabalhe em Lisboa. Sabe porquê? O estado financia Lisboa e não financia o Alto Alentejo.
As escolas? Se tem filhos, quantos Km/dia, teria de percorrer um filho seu para frequentar o 10º ano de escolaridade? Os da Beirã 70 Km/dia.
Sabe, isto às vezes, não é apenas uma questão de mentalidades. É, a maioria das vezes, uma questão de números, e, sobre esses, estamos conversados. Sobretudo em relação aos nossos governantes.
Finalmente, em relação ao GDA.
Quando Manuel Bugalho foi eleito Presidenta da CMM, eu era “presidente” do GDA, e exercemos em simultâneo, esses mandatos, durante 4 anos.
Digo-lhe que está completamente enganado, em relação àquilo que afirma.
Quem pensava (e continua a pensar), como você refere, era o “presidente” do GDA e nunca Manuel Bugalho. Único responsável, por insensibilidade, por essa parceria se não ter realizado, como faria todo o sentido, e, aí não posso estar mais de acordo consigo.
Agora se alguém lhe contou que ele “tentou”, ENGANARAM-NO.
Manuel Bugalho, só não poderá ser apontado como um dos que mais contribuiu para esse tal “definhar” do GDA, porque quem o substituiu, ainda tem feito pior, aliás, muito pior!
Um abraço e não se sinta incomodado, porque as questões que coloco não são para si, são para nós todos.
TA: A respeito da proposta do Garraio, “falei” com o administrador, e ele disse que teria muito gosto em ter o/a “dica” neste espaço como colaborador (a), pois uma das coisas que falta à nossa terra é massa crítica e você já revelou ter alguma. Aqui não temos que ser “cordeirinhos”, quem pensa diferente, é sempre bem-vindo.
Basta revelar interesse, nesse mesmo dia terá o CONVITE.
Jbuga
O(a) dica, apesar do seu anonimato, merece atenção e “resposta” visto que apresentou opiniões e ideias e, de certa forma, foi uma “lufada de ar fresco” pela diferente perspectiva que apresentou.
Após a “dissertação” do J.Buga gostaria de deixar apenas três apontamentos (questões):
1 – O(a) dica refere-se, e bem, a um dos principais problemas do PAÍS, e não apenas de Marvão: a falta de produtividade. Muita gente vive de forma improdutiva em Marvão, como vive muita gente no resto do país e como vivem milhares em Lisboa. De quem será a culpa principal?
2 – Se Marvão tem tantas vantagens ao nível da qualidade de vida, como terão também imensas terras do interior, porque é que os “desgraçados” que vivem uma vida quase “desumana” em Lisboa não zarpam para cá? Não instalam cá empresas? Não criam cá o seu próprio posto de trabalho? Não abdicam do que Lisboa lhes oferece à pala dos impostos de todos os portugueses, numa política centralista? Porque será?
3 – Considero que o(a) dica tem toda a razão quando diz que cada um deverá ter uma postura pró-activa e não ficar à espera que lhe resolvam os seus problemas. È elementar, mas muita gente não vê.
100% de acordo!
Mas, as condições exógenas, as oportunidades concedidas, também são determinantes. E essas serão idênticas em Lisboa em Marvão? Eu acredito que, um dia…, poderão ser parecidas. Quando for infernalmente difícil viver em Lisboa!
Grande Abraço
Bonito Dias
Tenho acompanhado o forum, mas devido à falta de tempo, nem sempre consigo comentar, mas agora, face aos comentários de alguns "foristas" tenho mesmo que vos dizer o seguinte: acho-vos cá uma graça!!!
A falarem dos "outros", dos de lisboa, como se vocês morassem no concelho de Marvão.
Então sejam os primeiros a dar o exemplo e mudem-se com as vossas famílias para cá.
Isso é que era de valor.
Assim, são iguais aos de lisboa.
Porque é que muita gente que aí vive opta por não falar? Porque é que existe tão pouca motivação para que as pessoas daí exprimam e contribuam em discussões públicas sobre estes e outros temas ?
Mas vamos ao cerne da nossa “discórdia”:
Apoios Públicos- Há projectos que reúnam os critérios de avaliação? Se os há, foram recusados? É que no último quadro de apoio sobrou algum dinheiro por não haver projectos .... Discordo completamente da prática de invenção de projectos com o único objectivo de esgotar dinheiros.
Também na última campanha para as eleições autárquicas se debateu em alguns círculos o modo como algumas autarquias utilizavam os dinheiros ...
Marvão tem (teve) projectos com vista ao seu desenvolvimento futuro – a longo prazo?
Todos nós sabemos da importância do Golf Ammaia, por exemplo. Está fechado. Todos nós sabemos da importância da candidatura a Património de Marvão. Não ouço falar em nenhum destes itens, quando tento indagar. Aliás, opino que a população nunca se interessou realmente por isso – culpa também do anterior executivo que criou um grupo de trabalho fechado, pouco competente , sem conhecimento de causa, elitista e com completa ausência de informação/formação á população . O impacto destes dois projectos seria um predregulho no charco- veja-se Espanha, mesmo aqui ao lado.
Tudo se torna cíclico: pouca massa crítica nas populações, gera executivos com ambições erradas, ou pouco exigentes. Eles também são pressionados pela “ coisa “, como diz o Sr. Garraio. Depois no que respeita a Marvão o caso é especial: grande parte da massa eleitoral trabalha na Câmara; logo o poder de controle por parte dos eleitores.... Poucas pessoas geram poucos técnicos com capacidades de apresentar bons projectos, de desenvolver ideias a sério.... E voltamos ao 1º pensamento: “somos poucos, muito poucos bons, quase nenhuns excelentes, precisamos de ajuda”. Mas não vale a pena criticarmos muito com o intuito de boicote quando alguém está a fazer algo ( é Nacional, talvez).
Desculpe, Sr. Bugalhão, a terra a que se refere chama-se LISBOA, que é uma das cidades mais bonitas e elegantes do mundo , das mais antigas da Europa, na qual tenho muitíssimo orgulho, tal como sinto muitíssima vaidade quando convido amigos meus lisboetas e os acompanho em Marvão- concelho. Ambas pertencem ao pequenino País e o mais velho da Europa, que se chama PORTUGAL.
E cada vez gosto mais de Lisboa e sabe porquê? Ainda tem uma qualidade que aí no interior, em sociedades muito fechadas, existe pouco: aqui há muitos Alentejanos, Nortenhos, Beirões, Algarvios, Lisboetas que foram aprendendo a aceitar as ideias, comportamentos , posturas, pensamentos uns dos outros. Tenho amigos aí exemplos desta minha afirmação. Outros, desistiram.
Aqui na cidade, hoje em dia queremos TUDO. Ter muito por onde escolher. Mesmo que não usufruamos, queremos. Talvez também por isso haja médicos , etc, etc, etc, que não optem por viver aí, não sei. Sinto que hoje o impacto da qualidade urbana e social também é determinante. Ninguém gosta de se sentir “bicho raro” durante a sua vivência.
Por tudo o que neste blog tem sido dito, é fácil ir passar um fim de semana, para retemperar forças, mas é difícil viver .
Quanto ao GDA, o que quis dizer : é que a ideia que transmiti, foi-me dita pelo ex-presidente, interpretando eu que a mesma teria sido falada. Desculpe se induzi em erro este fórum. Mas, insisto: caso esse debate tivesse surgido em alguma altura, acha que seria possível de discutir? Teria a população, os sócios , a direcção, descernimento para tal?
Penso que o esforço no interior é injustamente colossal em relação ao litoral.
Nunca pensei que a minha contribuição para este espaço resultasse assim. Apenas me apetece contribuir, nada mais, pelos momentos muito bons que aí vivo. ( Aí há alguma massa crítica, mas não é ouvida).
Quanto ao convite, muito obrigado. Irei pensar se será positivo para este espaço.
Este sim “dica”, considero um bom comentário. As minhas felicitações em primeiro lugar.
Não concordei com aquela primeira opinião do Garraio, ao considerá-lo (a) bastante importante para o debate, apesar do respeito que me merece, como já deve ter percebido.
Quero-lhe dizer, que quando me referi a Lisboa com sarcasmo, chamando-lhe “lesboa”, não tinha intenção de ofender as pessoas, essas, para mim, são todas dignas de respeito. Queria apenas atingir, uma certa cultura “urbana”, que se instala e se difunde, considerando os restantes como “rústicos”.
Se leu com atenção o meu comentário, deve ter reparado que respondi com argumentos às suas ideias, fazendo o seu contraditório e não entrando pela ofensa de pessoas.
Quanto aos conteúdos, com que desta vez nos brindou, também estes merecem debate e deixo-lhe os meus parabéns pela forma com os traz a debate.
Em relação à sua primeira questão, penso que o enigma da sua participação neste Fórum é parte da resposta da “pouca afluência das pessoas no debate da coisa pública”:
O ANONIMATO E O MEDO.
Preferindo as “conversinhas da treta”, quase sempre nas costas dos visados.
Infelizmente, em minha opinião, esse não é só um problema dos marvanenses, é de todo o país, claro que aqui as coisas acentuam-se ainda mais. Os valores democráticos estão muito longe de ser uma prática no nosso “portugal”. Melhor que eu possa explicar, aconselho duas leituras, para o/a “dica”: o último Post de António Garraio, aqui no Fórum, CACIQUES; e “Portugal: o medo de existir, de José Gil.
Quanto à sua exposição sobre Projectos: Assino por baixo. Como diria o Bonito: 100%.
Isso sim, deveria ser alvo de um debate público. Infelizmente, assim não tem sido e assim não vai ser e, por isso, verbas que deveriam ser a chave do nosso desenvolvimento, são gastos como “trocos” para beber uns copos, em projectos e projectinhos, que não adiantam nem atrasam… antes pelo contrário.
Quanto ao GDA… bem aí a coisa pia mais fino!
Aquilo que diz que lhe contou o ex. Presidente (suponho que se refere a Manuel Bugalho), nunca, durante os 4 anos em que fui Presidente do GDA, me revelou tal intenção. Ao contrário, eu apresentei-lhe diversos Protocolos, solicitando-lhe que participasse como facilitador e mediador, para juntar vontades, para resolver um problema que nessa altura era possível, e, hoje, tenho dúvidas se ainda vamos a tempo.
O GDA, está a definhar, ontem recebeu a visita da “sua família”, que temo que seja uma das últimas… Os corvos já rondam as redondezas!
Só lhe digo, que ontem, numa Assembleia-Geral, para decidir do futuro da Instituição, nem um só membro dos executivos autárquicos compareceu. Nem Câmara, nem Junta.
E o GDA precisa de socorro, antes que seja transferido para os “cuidados intensivos”…
Quanto à sua questão, digo-lhe, que enquanto Presidente dessa altura, era essa a minha opinião. E, não me seria difícil, convencer a maioria dos Sócios, de que esse era o melhor caminho.
Isso mesmo foi feito com o Campo de Futebol.
Quanto a “cada vez gostar mais de Lisboa”… bem isso, é uma opção sua! Gostos não se discutem, diz o povo e, sabe-se lá, se com razão. Eu já vivi aí dez anos e penso exactamente o contrário.
Quanto à sua participação neste Fórum, já sabe o que pensam alguns dos Colaboradores. Pelo que revelou até agora, penso que isso seria bom para o Fórum, mas está na sua cabeça!
Um abraço
jbuga
Ibn:
Quase que enfiei o carapuço!
O seu comentário é pertinente e quase correcto. De facto, por motivos profissionais do agregado familiar não vivo no concelho. Mas, partindo de Odemira, aproximei-me o mais possível!
Contudo, não afirmo que os residentes no concelho são mais preguiçosos do que os moradores de Portalegre. Estes têm é só um pouquinho mais de oportunidades…
Grande Abraço
Bonito Dias
Em relação aos comentários da (do) Dica não vejo problemas em o fazer de forma anónima, desde que não utilize o anonimato para ofensas a terceiros, como não é o caso, mas acontece com frequência com outros comentadores anónimos.
No referente às ideias que apresenta penso que merecem ser discutidas.
1. Levanta questões pontuais sobre o GDA, sobre a falta de projectos para o Concelho por parte da autarquia, em paralelo com alguns investimentos mal feitos, que aliás proliferam pela generalidade dos Concelhos do País.
Devo referir que concordo em grande parte com o que refere nestas matérias.
2. Levanta em paralelo uma questão que me parece mais importante e que merece mais atenção da minha parte.
A(O) Dica responsabiliza o atraso do Concelho (e penso poder interpretar, da generalidade do interior do País) em grande parte pela postura inactiva da população e pela respectiva mentalidade demasiado conservadora e até obtusa.
Se bem interpreto o tema levantado pelo Garraio (caciques) e num anterior artigo que deu muita escrita no blog do Pedro Sobreiro à algum tempo atrás, a generalidade dos intervenientes no fórum e no outro blog referido, dão razão a este argumento.
Penso também que tal é um problema real do nosso meio – a generalidade pouco ou nada faz, mas adora criticar quase sempre sem suporte e de forma cobarde (por trás, nos bares, …) aqueles que têm iniciativas e desenvolvem projectos.
Como também é uma realidade que muitos se acomodam à cultura do Chico esperto, do desenrascanso e dos biscates. Todos sabemos que há pessoas que vivem dos subsídios de desemprego e subsídios de reinserção, quando se quisessem conseguiam trabalho (pelo menos nalgumas épocas do ano); e também sabemos que a(o) Dica tem razão quando refere que há um número significativo de funcionários autárquicos que pouco faz durante o tempo de trabalho para a autarquia e que depois tem outras ocupações que os ocupam mais.
3. Mas penso também que sendo este um dos problemas do interior do País, não é o principal.
Os problemas do interior, em minha opinião, têm a ver com uma política de desenvolvimento regional inexistente ou pelo menos incoerente levada a cabo pelos sucessivos governos após o 25 de Abril de 74, acentuando o fosso entre o Litoral e o Interior do País.
Como o Bugalhão bem refere, o grande volume de investimentos são sucessivamente feitos em Lisboa, mas também no Porto e noutros grandes Centros localizados no Litoral.
No interior, a maior parte do investimento público tem estado sob a alçada das autarquias, que de forma completamente desarticulada entre si, pouco mais fizeram do que multiplicar infra-estruturas e iniciativas em todos os Concelhos do País (piscinas, pavilhões multiusos, campos de futebol, pólos museológicos, …; em paralelo com festas, festinhas, matanças, passeatas, futebóis; importantes para animar as populações locais, mas sem nenhum efeito em termos de desenvolvimento).
Em minha opinião o interior do País não se vai desenvolver sem uma política de desenvolvimento regional coerente, assente em organismos supra municipais, com atribuição de orçamentos que lhes permitam desenvolver um plano de investimento plurianual e multisectorial, devidamente preparado e com impacto em termos de desenvolvimento sustentado.
A regionalização, ao contrário do municipalismo, é em minha opinião a única forma de desenvolver o interior do País. Foi o que aconteceu em Espanha, e na generalidade dos Países Europeus; e em Portugal qual seria a situação da Madeira e dos Açores sem autonomia regional?
Claro que a regionalização também tem defeitos – conhecemos os mesmos pelos exageros do líder Madeirense (expoente máximo do caciquismo) e em algumas regiões autónomas de Espanha.
Mas as vantagens são em minha opinião muito superiores por permitirem a coesão de um País em termos de desenvolvimento.
Continuar a confiar no municipalismo para desenvolver o interior de Portugal revela, em minha opinião, falta de visão e vontade de continuar a lamentar-se incessantemente com o êxodo das populações para o litoral e com o fecho de infra-estruturas que se vão tornando insustentáveis por falta de pessoas.
Mas é pouco provável que alguma vez as gentes do Litoral (Dica e mais alguns milhões) concedam ao interior o direito a desenvolver-se; ou seja, sem o voto dos milhões que vivem no Litoral (e muitos adoram o interior para virem cá passar os fins-de-semana) e mesmo que no interior todos estivermos unidos à volta do objectivo (o que está longe de acontecer) nunca o regionalismo vai avançar em Portugal.
Provavelmente é o que vai acontecer; vamos continuar a apostar no municipalismo e a queixar-nos, queixar-nos, queixar-nos, …
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