(O convite oficial)
(clicar)
Informação apresentada na última reunião de Câmara, no dia 15 de Abril, pelo Vereador da Cultura e divulgada no seu blog:
"Fazendo uma retrospectiva da forma como decorreu este longo e duro mandato, olhando para os seis meses que restam até ao final do mesmo, poderia qualquer um mais incauto ser levado a pensar que já pouco ou nada o poderia espantar.
Pensava eu que a peculiar forma de gestão dos destinos do município, a singular evolução das relações pessoais entre o executivo e as constantes surpresas / desfeitas já me tinham preparado para tudo.
Mas eis que não param de me surpreender.
Percebi que estava errado quando há dias tomei conhecimento por um cartaz afixado na porta de entrada do edifício da Câmara Municipal que iria ser lançado um novo número especial... da revista cultural… do concelho… do qual sou Vereador da Cultura.
Sendo eu uma pessoa naturalmente bem disposta e de bem com a vida, poderia tentar discernir alguma graça no inusitado da situação mas vejo-me obrigado a confessar publicamente a minha falta de habilidade para tal.
Não deixa de ser duro, algo vil e até ultrajante, para alguém como eu, que tem desempenhado o cargo de responsável pela Cultura sempre no limite do seu esforço, capacidades e responsabilidade, ser informado desta forma humilhante de um acto tão nobre e de tamanha importância como é a publicação de um novo marco na produção bibliográfica com raiz marvanense.
Parece incrível, mas acaba por ser sintomático, que esta obra cultural não tenha passado pelas mãos do responsável pela área antes de entrar em produção, que o mesmo não tenha tido conhecimento prévio da data de lançamento ou sequer sido ouvido sobre a oportunidade da mesma.
Assim sendo, na eventualidade e previsibilidade de que tal possa acontecer, renuncio publica e oficialmente qualquer menção que possa ser feita ao meu nome na referida obra pelos motivos óbvios que aqui enuncio.
No entanto, porque a Cultura e Marvão haverão sempre de estar acima destas meras questões dos homens, faço questão de honrar o convite que me foi entregue para o lançamento da nova obra e marcarei óbvia presença, quanto mais não seja, por a mesma ser sempre, no meu entender, um motivo de regozijo para o titular da pasta por delegação de competências.
Para que conste e fique em acta.
Marvão, 15 de Abril de 2009
O Vice-Presidente,
(Pedro Alexandre Ereio Lopes Sobreio)"
Conheço o Sabi há mais de vinte anos e, além de bons amigos, quis o destino que nos tornássemos também familiares com uma forte vivência em comum. Essas duas vertentes permitem que o conheça particularmente bem. Conheço, profundamente, as suas virtudes e os seus defeitos, como ele, naturalmente, conhecerá as minhas e os meus! E habituámo-nos a criticar-nos e elogiar-nos mutuamente, de uma forma frontal e com respeito. Diria até que, às vezes, em privado, sou o seu primeiro crítico. E duro, se necessário!
Por isso, apesar do Pedro Sobreiro ser Vice-Presidente da Câmara Municipal de Marvão e, portanto, figura pública do concelho, tenho evitado comentar publicamente as muitas situações “anormais” em que nos últimos anos tem estado envolvido, no âmbito das suas funções.
Não tenho comentado porque, atendendo ao que antes referi, não me sinto confortável nesse papel. Quer nas situações em que, com ele, concordo como nas em que discordo parece-me de “mau tom” expressar-me publicamente, estando a referir-me a um amigo e familiar.
Contudo, hoje vou abrir uma excepção devido à relevância, também excepcional, da situação. E, também, devido ao facto do Pedro a ter tornado pública, através da informação apresentada em reunião de Câmara!
A situação que ele descreve na referida informação é, a vários níveis, lamentável!
O facto do Vereador da Cultura tomar conhecimento do lançamento de mais um número da revista “IBN MARUÁN”, um dos momentos mais relevantes na área da cultura em Marvão, apenas através da publicidade a esse acto é inqualificável!
É certo que as reiteradas aparições públicas de Pedro Sobreiro com opositores políticos do actual Presidente da Câmara, numa época de pré campanha eleitoral, que ultimamente presenciámos, não serão muito agradáveis para este. Contudo, elas serão, certamente, consequência da atitude que o Presidente teve, durante todo o mandato, para com o seu Vice.
Apesar de tudo, o comportamento do Presidente na questão que agora analisamos ultrapassa em muito o aceitável!
Se no patamar estratégico a actuação do Presidente da Câmara me tem parecido positiva, visto que apostou em áreas assumidas como prioritárias no programa eleitoral, já no que diz respeito à gestão corrente a sua actuação tem deixado muito a desejar.
E em termos de liderança tem sido uma verdadeira nulidade: desfez uma equipa ganhadora, desperdiçou recursos humanos (como é o caso do seu Vice) e nunca teve, nem conseguiu transmitir, uma visão forte para o concelho, a qual envolvesse e mobilizasse as pessoas (com excepção daqueles que tinham alguma coisa a ganhar).
Mas agora, com esta atitude, mostra-nos uma faceta mais grave. Mais grave, porque é ao nível dos valores. Com esta atitude atinge, de forma violenta, a dignidade do Vereador da Cultura, ao qual nunca permitiu ser um verdadeiro Vice. E é ainda mais grave estando este de saída!
Mas o Presidente, sendo o principal, não é o único responsável nesta situação. Para que o Vereador tenha tido conhecimento do lançamento da revista apenas quando viu a publicidade a esse acto existiram, certamente, muitas pessoas coniventes!
Desde logo, alguns funcionários da Câmara e, talvez, até executivos. Contudo, a posição destes até se percebe porque, assim, estão a defender os seus interesses, pois dependem de quem está no poder e, simultaneamente, poderá voltar a estar.
Depois, também, algumas pessoas responsáveis pela elaboração e direcção da revista, as quais nem tiveram a obrigatória gentileza de pôr o Vereador ao corrente da situação (que era o mínimo exigível). São pessoas que, independentemente dos executivos vigentes, sempre ganharam alguma coisa na autarquia e, por isso, se comportam assim…
Torna-se claro que a defesa desses interesses se sobrepõe a uma certa rectidão de valores que, às vezes, tanto apregoam!
Finalmente, sublinhava, o tom sereno do comunicado do Vereador. Perante esta situação, e conhecendo o personagem, esperar-se-ia do mesmo o comportamento do elefante quando entra numa loja de louça…
Surpreendeu-nos!
Esta alteração de comportamento será consequência da vivência reiterada de situações algo parecidas durante todo o mandato e do natural amadurecimento do jovem. Digo eu!
Qualificar este episódio da C.M.M. não é fácil. Diria apenas que é triste…muito triste!
Grande Abraço
Bonito Dias