quarta-feira, 7 de abril de 2010

Diário Económico - 06/04/10

Fechados
João Paulo Guerra

Na manhã do meu domingo de Páscoa, em Marvão, assisti no Posto de Turismo, à passagem de um vídeo sobre a história, o património e a cultura da vila e do concelho.

Pude assim aprofundar o conhecimento sobre uma localidade das mais bem preservadas em toda a sua beleza do grande e belo Alentejo. Já na sexta-feira santa visitara o Museu e as ruínas romanas de Ammaia, em São Salvador de Aramenha, igualmente no concelho de Marvão, e pude desse modo travar conhecimento com vestígios de mais de vinte séculos de história, recuando até aos tempos em que os romanos gozavam férias no que é hoje o Alto Alentejo. Sorte a minha: a funcionária do Posto de Turismo de Marvão e o funcionário do Museu de São Salvador de Aramenha não estariam abrangidos pelas negociações do tratado a ser negociado entre os IMC e IGESPAR, por um lado, e o STFP do Sul e Açores, por outro, que em centros populacionais e de atracção turística como Lisboa fecharam museus e monumentos à visita de turistas nacionais e de fora.

Este não é aliás um problema novo na democracia portuguesa, assente toda ela em esquemas, calculismos e egoísmos, com muita burocracia à mistura. Todos os anos, por épocas como a que agora passou, sindicatos burocráticos debatem com burocratas de carreira quanto custa abrir ou fechar os museus e monumentos quando são mais procurados. Cada lado desta guerrinha prolongada defende os seus pequenos interesses particulares e a razão de ser do trabalho de funcionários e gestores que passe muito bem. E como ninguém cede, perdem os funcionários, perde a gestão do património e dos museus e monumentos, perdem os turistas, perde a difusão do conhecimento e da cultura, perde o turismo, perde a economia. Só é pena que no meio de tanta perda, não haja quem perca a paciência dê um murro na mesa.

joaopaulo.guerra@economico.pt

Nenhum comentário: