domingo, 14 de setembro de 2008

Marvão vs Óbidos







(clicar para ampliar)
É costume fazer-se um paralelismo entre Marvão e Óbidos. Têm em comum uma vila e um castelo preservados. Contudo, não será exagero de “filho da terra” afirmar que Marvão é incomparavelmente mais genuíno e fantástico que Óbidos e que o castelo de Óbidos ao pé do de Marvão parece uma brincadeira.

Contudo, a marca “Óbidos” atingiu uma visibilidade incomparavelmente superior à de “Marvão”! A localização foi determinante para essa realidade mas parecia-me haver ali mais qualquer coisa!

No caderno “Emprego” da última edição do jornal “Expresso” está o artigo acima digitalizado que nos ajuda a perceber melhor o fenómeno “Óbidos”.

A certa altura, neste artigo o presidente da câmara de Óbidos afirma:

“Há sete anos, os únicos eventos que aqui existiam eram as celebrações religiosas. Ou seja, partimos de uma situação onde existia uma marca forte, com um castelo e um centro histórico único e bem preservado, mas nós queríamos mais que uma relíquia do passado. Queríamos construir uma economia criativa para as pessoas e para os investidores. O caminho passou pela mediatização cultural. E hoje não há ninguém que não associe Óbidos aos eventos que entretanto fomos organizando…”

Bem sei que existem enormes diferenças na dimensão e no orçamento com origem na localização, contudo penso que esta afirmação deveria inspirar Marvão!

Se "Óbidos tinha uma marca forte, com um castelo e um centro histórico único e bem preservado…" o que dizer de Marvão?

Causam-me “comichões” as afirmações que acusam que em Marvão não há dinheiro para nada mas se fazem, constantemente, festas/eventos…

E com que orçamentos?

Então Marvão quer-se ou não um destino turístico?

À nossa medida, com as nossas limitações, este devia de ser um caso inspirador para nós: Autarquia e privados!

É que por cá até a aplaudida orçamentação de verbas para o desenvolvimento da marca/imagem “Marvão” teima em não ter desenvolvimentos palpáveis…


Grande Abraço
Bonito Dias

5 comentários:

Felizardo Cartoon disse...

Marvão tem como Óbidos um Centro Histórico único, como já afirmei num comentário anterior .

A nossa localização geográfica( afastados dos grandes centros urbanos ),associada à interioridade, constituem factores que apresentam algumas desvantagens do nosso burgo, relativamente a Óbidos .

A estes factores, há ainda o facto de Marvão possuir um micro clima muito sui-géneris, que tornam esta vila menos atractiva, sobretudo no período do Inverno .

É diferente assistir a um espectáculo ao ar livre numa noite de Outono em Marvão e em óbidos .

No caso da Feira da Castanha, as multidões começam a dispersar, logo após as 19 horas, devido aos factores climatéricos por vezes adversos, ainda que o programa das festas possa ser atractivo .

É evidente que estas condicionantes, não devem ser desmotivadoras e poder-se-ão encontrar soluções num futuro próximo como por exemplo a construção ou reabilitaçção de um edifício que sirva de grande auditório, com as condições acústicas e de climatização adequadas para receber espectáculos de maior dimensão, sobretudo na época baixa .

É notório que os espaços existentes em Marvão para a realização de espectáculos de uma certa nomeada, estão desadequados relativamente às exigências que estes requerem, nomeadamente no que diz respeito às condições acústicas; de climatização;de capacidade de ocupação etc.


Provavelmente estarei a sonhar muito alto, mas os sonhos é que comandam a vida .

Ligia CasaNova disse...

Boa noite, Bonito

Acabei de ler o teu tópico e não posso deixar de comentar este tema:
Primeiro, claro que a localização é determinante – Óbidos encontra-se em plena rota de ofertas turísticas variadas e importantes, a 1 hora e pouco de Lisboa, com acesso muito fácil; mas ainda mais importante é o nº de residentes e a sua caracterização – insere-se numa região muito industrializada. População caracterizada pelo seu espírito empreendedor e dinâmico. É por acaso, uma região que conheço bem e onde tenho alguns amigos de longa data.
Não se fazem omoletes sem ovos…
Também concordo: não há dinheiro para nada mas fazem- se festas e eventos.
E aqui também há diferença nos ovos:
Os Eventos / Festas em Óbidos cumprem uma estratégia de um grupo vasto e coeso de participantes, entre eles o executivo camarário o qual iniciou o processo há vários anos atrás. As ideias surgem de grupos de trabalho e discussão onde se inserem de forma preponderante os agentes económicos na área turística – hotéis, restaurantes, animação, agências de viagem. Trabalha-se com muito respeito entre todos, porque todos sentem que devem colaborar. Como o principal objectivo é o de atrair turistas que deverão pernoitar, as estratégias não são estáticas, evoluindo todos os anos tematicamente e em qualidade. Agrupam-se sinergias e de forma sistemática.
Os Eventos / festas em Marvão nem sempre têm a coesão do executivo camarário; nem sempre são ouvidos e quase sempre são ignorados os agentes económicos na área do turismo.
Veja-se o “ Gastronomia 2008 “, por exemplo. Disseste que havia muita gente neste evento, de Portalegre e espanhóis. De proximidade : vieram passar uma tarde, um dia, almoçando ou jantando. Um turista, é-o quando pernoita e consome pelo menos uma refeição. Logo, a afluência a este evento-festa não é de turistas mas sim de população local. A estratégia de muitos eventos em Marvão é nula ou se existe não tem como finalidade atrair turistas mas sim criar animação para os residentes do distrito : a temática, a repetição, a qualidade das mesmas não é suficiente para a sua captação.
E ás vezes não é preciso muitos ovos, mas é obrigatório serem frescos!
Marvão – destino turístico: só se for no País das Maravilhas, perdoa-me dizer-te.
Agora explico-te porquê:
1- repara quando procuras num motor de busca internacional Google, por exemplo, Portugal : surge Algarve, Madeira/ Funchal , Lisboa, únicos destinos turísticos portugueses. Ás vezes, já surge Porto – deve-se principalmente mercado empresarial e de feiras.
Nem Alentejo surge. Primeiro sai Évora. Depois vai saindo a Costa Extremoz, Vila Viçosa, , etc, etc.
2- A Marca Alentejo vai surgindo no mercado internacional, devido ao trabalho de promoção internacional da Agência do Alentejo. Mas não temos qualidade e oferta suficiente para destino. Há cerca de dois meses numa reunião de hoteleiros o responsável do grupo Sonae pela promoção turística de Tróia comentou que nem fazíamos ideia do trabalho que teve nas feiras internacionais deste ano a explicar aos agentes estrangeiros onde se localizava o Alentejo no mapa de Portugal…. E o que se está a investir nestes PINs…
3- A marca Óbidos , como dizes, resulta do impacto da animação, não sendo responsável pela projecção da vila . Então para quê a gastar dinheiro com a marca Marvão? Onde? Como? Sem Portalegre e Castelo de Vide?
Vila Viçosa, Extremoz , Alter, preocuparam-se primeiro em classificar o Património, classificar os agentes turísticos, não estão preocupados com marcas. Elvas segue-lhe o exemplo. A saída da Candidatura a Património de Marvão não preocupou ninguém e foi aceite anormalmente por cidadãos de Marvão, Castelo de Vide, Portalegre…. E o fluxo de turistas estrangeiros nas excursões opcionais em visitas a esses locais em detrimento a Marvão e Castelo de Vide é crescente….
Estamos a perder pontos, Bonito e muitos…
4- A inspiração de que falas e que a mim e a muitos outros que fazem parte do grupo dos privados nesta área não nos falta….
Há ovos mas não há galinha ….

Uma noite descansada,
Ligia Casanova Boto

Bonito disse...

Muito bom… o comentário da Lígia.

Obrigado!

Um comentário estrutural! Eu sinto-me desarmado de argumentos para fazer qualquer tipo de contraditório. Outros que avancem!

Sublinho, apenas, um dos aspectos referenciados que considero dos mais importantes: a falta de estratégia conjunta de Marvão, Portalegre e Castelo de Vide!

Mas, sobre este tema ando a magicar outro post.


Grande Abraço
Bonito Dias

Luís Bugalhão disse...

muito bom comentário, lígia! excelente!

abraço

lbugalhão

Marilia Rosado Carrilho disse...

Concordo plenamente com a Lígia. Só há um ano visitei Óbidos e fiquei maravilhada: a alegria, o primor com que os residentes adornam as suas portas e janelas com flores, tochas e madeira trabalhada a lembrar a época medieval. Em Marvão, uma vez, tentei ter um vaso de planta, fixado ao chão com cimento e vem um distinto vizinho com seu automóvel (grandão, claro, para conseguir derrubar - e também tal a vontade de o colocar mesmo em cima da minha casinha) e pimba... derruba o dito cujo. Voilá... nunca mais nos preocupámos, nem nunca mais o pusemos lá! É um pequeno exemplo... Não há união no povo de Marvão. Há sempre criticas, mas união, não. A região de Óbidos é diferente, as pessoas também são diferentes (também lá tenho amigos e já morei não muito longe de lá: gente empreendedora, trabalhadora). Não é a perfeição versus a imperfeição, mas Marvão não perde pontos com Óbidos, fisicamente, mas perde-os nos pequenos (grandes) pormenores sociais e políticos.